Voluntários jamais vão esquecer imagens do desastre - Jornal Cruzeiro do Vale

A cena de um bebê sendo retirado debaixo das terras que caíram por quase toda a localidade do Baú ficará para sempre guardada na memória do bombeiro voluntário Paulo Vilmar Batista, o Expresso.

O resgate aconteceu três dias após o soterramento e a pequena criança ainda permanecia com a chupeta na boca no momento em que foi encontrada. "Aquela cena me marcou muito. Encontrar tantas pessoas soterradas e saber que elas permaneceram vivas durante horas, com a esperança de receber socorro, é uma coisa que dói, pois muitas pessoas aguardavam por ajuda e não puderam ser salvas", desabafa o bombeiro, que desde o dia 21 de novembro, quando as águas começaram a subir em Ilhota, trabalha no resgate de pessoas alagadas e soterradas.

Outros 35 bombeiros voluntários trabalham ao lado de Expresso desde sexta-feira. Foram eles, os bombeiros voluntários de Ilhota, os primeiros a chegar na localidade do Baú, ainda no sábado, quando houve o primeiro desbarrancamento no local. "Chegamos de barco e encontramos muitas pessoas em situação de desespero. As pessoas estavam chocadas e desnorteadas. Quando elas nos viram a esperança voltou a surgir, pois muitas achavam que nenhum socorro chegaria no local", relata.

O salvamento das primeiras pessoas começou ainda no sábado. As pessoas foram retiradas do local com cordas, em muitos casos os resgates foram feitos através de tirolezas, montadas nos morros da localidade.

Segundo Expresso, depois de sábado a equipe só conseguiu voltar ao Baú na segunda-feira, pois não havia equipamentos suficientes para o socorro. As equipes foram de barcos e correram riscos, pois as embarcações eram pequenas e havia muita correnteza.

"Durante dois dias nossa equipe trabalhou no local e só depois chegaram os helicópteros, que ajudaram no socorro aéreo. Recebemos também muita ajuda dos bombeiros voluntários de todo o estado. Somente depois destes socorros, é que os moradores começaram a ser retirados do local", conta o bombeiro, que jamais imaginou que viveria situação tão catastrófica na cidade de Ilhota.