Quem observa o sorriso nos lábios de Valdir Ademir Mette e de sua esposa Delfina não pode imaginar todo o sofrimento que o casal viveu desde a tragédia de novembro de 2008.
Nesta quarta-feira, 10, um ano e quatro meses depois de perder a residência onde moravam com os dois filhos, Valdir e Delfina receberam as chaves de sua nova moradia. "Estamos muito felizes. Nossa vida mudou completamente e agora teremos uma vida digna de volta", comemora o casal, que estava morando de favor na casa de um parente na cidade de Blumenau.
A nova casa da família do Belchior Alto foi construída pela Companhia de Habitação de Santa Catarina, Cohab, com recursos doados pelo Instituto Ressoar, e foi a primeira moradia entregue pelo Poder Público para as pessoas atingidas pela tragédia de 2008 em Gaspar.
Além de Valdir e Delfina, o casal Gelásio e Maria Cecília Zabel também foi contemplado com uma nova moradia. O casal é morador do Arraial d´Ouro e desde a tragédia estava morando em um quartinho no Parque Aquático que pertence à família. "O sol voltou a brilhar para nós. Estamos muito contentes, pois é uma emoção muito grande voltar a ter uma casa quando eu já pensava que tudo tinha se acabado", comenta Gelásio.
As casas entregues na tarde desta quarta-feira foram construídas em terrenos que pertenciam as próprias famílias. "Nós compramos um terreno junto com minha mãe e com meu irmão e não tínhamos condições de construir uma nova casa, por isso fomos contemplados", explica Valdir, que apesar do grande susto vivido em 2008 não quis deixar o bairro onde sempre morou com sua família.
Gelásio e Maria Cecília também escolheram ficar perto de suas origens. O casal perdeu a residência e o terreno onde ela estava erguida, mas como havia um espaço segundo no Parque Aquático da família, pediram que sua nova casa fosse construída no local.
Assim como as duas famílias contempladas nesta semana, outras sete famílias de Gaspar também terão suas novas casas construídas pela Cohab, com recursos do Ressoar, em terreno próprio. São denominadas casas isolada. Duas já estão sendo finalizadas e outras cinco deverão começar a ser construídas em breve.
Além destas nove moradias, o Ressoar doou para Gaspar outras 27 casas.
Enquanto em Gaspar as duas primeiras moradias erguidas com recursos públicos foram entregues somente um ano e quatro meses depois da tragédia, no município de Ilhota 65 famílias já estão morando em suas casas novas.
São famílias como dona Ignes Schmitt e seu esposo Laudelino. Conhecida como a poeta do Alto Baú, a senhora de 71 anos perdeu a sua casa durante a catástrofe do ano passado. Junto com os bens materiais, a agricultora ficou sem um dos mais importantes bens de sua vida: as poesias que escreveu. Mesmo com a triste lembrança, dona Ignes e seu marido não queriam morar em outro local e por isso foram contemplados com uma das moradias erguidas e doadas pelo Instituto Ressoar.
Ao todo, o município de Ilhota recebeu a doação de 186 moradias, sendo 66 do Instituto Ressoar, 65 do Ministério da Integração, 25 da Arábia Saudita, 15 do Instituto Guga Kurten, e 15 do Lions Club. Destas, todas as doadas pelo Instituto Guga Kurten e pelo Lions Clube já foram entregues. Das 66 doadas pelo Ressoar, 35 já foram concluídas e as demais estão em processo de construção.
As duas famílias beneficiadas na tarde desta quarta-feira, 10, são as primeiras famílias atingidas pela catástrofe de novembro de 2008 a receberem uma moradia das mãos do Poder Público. Um ano e quatro meses depois da tragédia, muitos gasparenses ainda esperam por um lugar digno para viver.
Ao todo, 170 casas foram doadas à Prefeitura de Gaspar após a tragédia porém, conforme explica o diretor de Habitação, Heriberto Geraldo Kuntz, os trâmites legais e a burocracia têm sido entraves para que as casas sejam erguidas.
Outras duas moradias estão sendo construídas pelo Instituto Ressoar e em breve serão entregues. São casas denominadas isoladas, pois foram erguidas nos terrenos que pertenciam às famílias beneficiadas. Das 36 casas doadas pelo Instituto para o município de Gaspar, nove estão sendo erguidas neste sistema. As outras 27 serão construídas no terreno adquirido pela Prefeitura, com recursos repassados pela Defesa Civil do Estado, recebidos através das doações da comunidade durante a tragédia.
O terreno fica no bairro Gaspar Mirim, foi adquirido em meados de 2009, já está com a terraplanagem pronta e aguarda apenas a liberação da documentação para que a obra de construção das moradias seja iniciada. "Nossa expectativa é de que a documentação fique pronta em breve e possamos iniciar as construções ainda neste mês de março", almeja o diretor de Habitação.
Além das casas do Instituto Ressoar, serão erguidas no local mais 30 moradias, construídas com recursos do Ministério da Integração, repassados ao município através da Companhia da Habitação, Cohab. A previsão de Heriberto é de que as casas sejam construídas pelo período de quatro meses. "Se iniciarmos as obras ainda em março, esperamos finalizá-las no mês de julho", destaca.
As moradias a serem erguidas no terreno do Gaspar Mirim possuem 36 mt², divididos entre sala, cozinha, banheiro e dois quartos. São casas de madeira, construídas em estilo de chalé.
Os contratos para a construção destas moradias foram assinados em novembro do ano passado. Apenas famílias que perderam moradias próprias é que foram contempladas. A seleção foi feita com base no laudo da Defesa Civil. Segundo Heriberto, as famílias que moravam de aluguel não serão contempladas.
Os contratos com as famílias que receberão as casas doadas pelo Instituto Ressoar ainda não têm data para serem assinados.
Outras quatorze famílias também receberam novas moradias depois da catástrofe de 2008.
Uma delas foi o casal José Sabino e Severina, contemplados com a moradia erguida pelo Jornal Cruzeiro do Vale com o apoio, e doações, de toda a comunidade gasparense. A entrega aconteceu em maio de 2009.
Em julho do ano passado foi a vez do Instituto Ressoar e o Instituto Guga Kurten entregarem uma moradia na cidade. A família contemplada tinha uma filha com deficiência mental.
No início de 2010, 12 famílias foram contempladas com moradias construídas pelas Testemunhas de Jeová, no Paraíso dos Pôneis.
Além do terreno adquirido pela prefeitura no bairro Gaspar Mirim, um outro terreno foi negociado no bairro Margem Esquerda, e fica às margens da BR-470. Segundo o diretor de Habitação, Heriberto Geraldo Kuntz, no local serão construídos 119 lotes. "Estamos apenas finalizando os projetos para poder iniciar as construções neste terreno", destaca o diretor. Apesar de anunciar apenas a falta dos projetos, Heriberto revela que não há prazo para início das obras de construção de moradias no local.
Ao todo, 74 casas serão construídas com recursos doados pela Arábia Saudita e mais 30 serão construídas com recursos doados por uma empresa privada. No local a Prefeitura pretende implantar um bairro sustentável, que está sendo projetado pela Fundação Bunge.
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