Taxista Mário Moser completa cinquenta anos de amor pela profissão - Jornal Cruzeiro do Vale

Taxista Mário Moser completa cinquenta anos de amor pela profissão

13/03/2020
Taxista Mário Moser completa cinquenta anos de amor pela profissão

Um exemplo de determinação, força de vontade, carinho pelo trabalho e muita, mas muita sabedoria. Há 50 anos, Mário Francisco Moser se dedica ao serviço de taxista no ponto localizado bem na esquina entre as ruas Coronel Aristiliano Ramos e Augusto Beduschi, no Centro de Gaspar. Prestes a completar oito décadas de idade, o simpático senhor comemorou o aniversário de profissão no dia 1º de março e, diante de tantas felicitações, abriu as portas de seu carro para uma corrida diferente: uma entrevista ao Cruzeiro do Vale.

Do capricho com o carro aos cuidados com os passageiros, Mário leva a vida de maneira leve e cheia de afeto. Quando questionado sobre o sentimento que tem pela profissão, fala de amor e, logo em seguida, do valor que dá também à família e à religião. “É um prazer trabalhar, ser bondoso, conquistar meu espaço e mantê-lo por tantos anos. Tenho o apoio da minha esposa, filhos, netos e tantos amigos. Sou muito feliz”.

O dia a dia de trabalho é tranquilo. “Hoje, atendo de segunda a sexta-feira, apenas durante o dia. Estou descansando mais, pois a idade chegou e eu preciso desse tempo. Mas, no meu ritmo, vou longe”, garante, entre risadas. O profissional é dedicado e relembra sua história com a mesma paixão de quando era jovem. “O segredo é querer trabalhar. Fui criado assim, para ser honesto. E também ensinei isso em casa. Corre atrás, se esforça... Vai dar certo”.

Religiosidade

No retrovisor central do taxi, há uma imagem: Santo Expedito, padroeiro das causas justas e urgentes. “É o meu protetor. Está comigo em todos os momentos. É para ele que rezo todas as manhãs, junto com a oração à Deus”. O taxista, inclusive, faz aniversário na mesma data em que o santo é celebrado. Ou seja, a ligação entre o profissional e seu guardião se estreita em todo 19 de abril.

Apegado à fé, Mário conta que duas situações muito assustadoras marcam sua trajetória de trabalho e, em ambas, buscou força em Jesus Cristo. Certa vez, ele presenciou um furto, foi atrás do criminoso, o pegou pelos cabelos e levou até a delegacia. “Foi perto do antigo Paraíso dos Pôneis, no bairro Bela Vista. Que susto”.

Apesar disso, o pior episódio aconteceu há cerca de três anos. “Um rapaz desconhecido acionou meu serviço e, como em todas as outras corridas, o atendi muito bem. Quando deixei ele no destino solicitado, me disse que não tinha dinheiro e pediu para pagar em outra oportunidade. Tempos depois, me ligou e disse para ir buscar. Ele me recebeu com uma martelada na cabeça”, resume o triste ocorrido.

Foi um momento difícil. Mário ficou muitas horas no hospital, levou pontos e sentiu dores que prefere nem descrever. Mas a vontade de trabalhar deu forças ao taxista que, após 15 dias, voltou ao serviço. “Não consigo parar. Sou movido pelo trabalho. Me sinto bem e não foi nenhum sacrifício retornar à minha rotina. Graças a Deus, voltei forte e muito disposto”, garante.

História que se entrelaça com relatos dos clientes

Nascido em 19 de abril de 1940, Mário Francisco Moser cresceu na região da Garuba, em Gaspar. Casado com Iracema Spengler Moser, formou uma bonita família. Até os 30 anos, se dedicou ao plantio e colheita de arroz. Motivado pelo padrinho, Leopoldo Moser, que também trabalhou muito tempo como taxista, seu Mário resolveu encarar um novo desafio profissional.

E, assim, se passaram 50 anos. “Vir para o serviço é a coisa que eu mais gosto. Como taxista, conheço tantas pessoas diferentes, aprendo muitas coisas. Já presenciei momentos ruins, claro. Mas o que eu guardo no meu coração são as histórias de amor que ouvi, os relatos de superação e a positividade daqueles que felizes entram no meu carro. É bom também saber que meus clientes confiam no trabalho que faço e me querem bem”, conclui, com lágrimas nos olhos.

Edição 1942

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