Serviço funerário revolta familiares - Jornal Cruzeiro do Vale

Serviço funerário revolta familiares

10/10/2008

33PQ.jpgQuando abriu o caixão de seu filho na manhã da última quarta-feira, 8, Joraci Ortiz presenciou uma cena que jamais imaginou ser possível. O corpo de Claudemar de Brito estava despido, desarrumado e sujo. A cena chocou os parentes e amigos que estavam presentes no velório, realizado na casa Mortuária Bom Pastor, no bairro Santa Terezinha, e gerou revolta entre a família.
Claudemar estava detido no Presídio de São Pedro de Alcântara, na região da Grande Florianópolis, e era portador do vírus HIV. Ele faleceu por volta das 6h da última terça-feira, no Hospital Nereu Ramos, em Florianópolis, e teve seu corpo transferido para Gaspar na manhã do mesmo dia.
Durante todo o velório, primos, irmãos e outros parentes de Claudemar choravam indignados com a situação. "A equipe da funerária disse que não deveríamos abrir o caixão porque ele estava inchado, mas como nossos parentes vieram de longe para vê-lo, decidimos abrir e vimos o desrespeito que tiveram com ele", desabafa a mãe.
Conforme a Assistência Social do presídio, em casos como o de Claudemar, o estado fica encarregado de bancar o funeral, o que inclui a contratação de uma funerária que fica responsável pelos serviços de apoio ao velório e cuidados com o corpo. Porém, nesse caso, a preparação do corpo ficou a cargo do setor de Enfermagem do Hospital Nereu Ramos.
A gerente do departamento do Hospital, Maria Cristina Salvador, explica que a rotina adotada nessas situações é de preparar e limpar o corpo para o velório, mas que devido à hora da morte, pode ter havido um desencontro de informações. "Essa é a hora em que há troca de turno. Acredito que houve uma falha em nossa comunicação interna", destaca.
A gerente também acrescenta que a roupa utilizada nos velórios é escolhida pelas famílias. "Os parentes sempre escolhem a roupa com a qual querem vestir o corpo e, como a família de Claudemar era de longe, acredito que a equipe o enviou à cidade sem a vestimenta pois não havia recebido nenhum traje para o morto", explica.
A dor de Joraci é compartilhada pela prima de Claudemar, Cristiane Ortiz, que veio da cidade de Xaxim, no oeste do estado, para visitar seu parente. "Viajamos mais de oito horas pra chegar aqui e encontrar meu primo jogado no caixão como um animal? Ficamos chocados", destaca Cristiane, referindo-se ao fato do corpo de Claudemar ainda estar embrulhado em um lençol do Hospital.

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