As campanhas para arrecadar dinheiro para pessoas em tratamento de saúde vem aumentando consideravelmente. Eles chegam à imprensa e à população através de pedidos de ajuda com fotos e um histórico e emociona principalmente porque, na maioria dos casos, envolvem histórias de casos graves e anos de espera por um procedimento cirúrgico. O fato é que a fila de espera para realização de cirurgias de média e alta complexidade em Santa Catarina já ultrapassa a marca dos 100 mil pacientes. Deste total, 46.156 são pessoas que entraram na fila 2022 e 57.327 são de anos anteriores.
Em Gaspar, o número de pessoas que aguarda por cirurgias eletivas representa 1,3% da fila estadual e 1,6% da população total do município. Segundo o secretário de Saúde de Gaspar, Francisco Hostins Junior, essa demanda é significativa devido aos reflexos da pandemia e também pela reforma que está sendo feita no Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. “Tivemos mudanças na estrutura do hospital com a implantação dos leitos de UTI-Covid e isso diminuiu a capacidade de leitos pós-cirúrgicos. Estamos reorganizando tudo e a ala do hospital deve estar pronta mais próximo do fim do ano. Hoje são feitas, em média, 80 cirurgias mensais e nosso objetivo é voltar a fazer 200”.
Ainda segundo o secretário, o município vai adotar a estratégia de priorizar as cirurgias com menos tempo de internação ou que não precisam de internação para diminuir a fila de espera. Por isso, a secretaria já está planejando um mutirão de cirurgias eletivas para o mês de outubro. Ele será realizada na Policlínica e terá como foco procedimentos envolvendo problemas vasculares.
O que está previsto nas portarias quanto ao prazo de realização dos procedimentos, infelizmente não é cumprido. Em Gaspar, há pacientes esperando há quatro meses por uma cirurgia oncológica, que deve ser realizada em 30 dias. Diante da demora, o problema de saúde do paciente muitas vezes se agrava. Mas, afinal, quem assume a responsabilidade pelo não cumprimento da lei?
A realização cirurgias de média complexidade é de responsabilidade do município e de alta complexidade é de responsabilidade do Governo do Estado. Porém, o pagamento de todas as cirurgias eletivas são custeadas com verbas do Ministério da Saúde.
Em Gaspar, até o dia 10 de setembro, 817 pacientes aguardavam por uma cirurgia de média complexidade e 318 seguiam na espera por um procedimento de alta complexidade.
O secretário de Saúde de Santa Catarina, Aldo Baptista Neto, afirma que o foco é chegar ao final de 2022 com cirurgias pendentes apenas envolvendo pessoas que entraram na fila neste ano. Ou seja: zerar a fila de anos anteriores. “Nós elaboramos três grandes estratégias: reuniões personalizadas com as equipes de gestores dos 35 maiores hospitais do estado realizadas com o secretário adjunto e equipe de contratualização do estado; depuração da fila, com a estruturação de equipes de telemarketing em cada uma das oito macrorregiões, as quais buscam o contato através de ligações telefônicas para compreender a situação de cada paciente; e o acompanhamento mensal entre o que foi assinado em contrato pela unidade e o que está de fato sendo realizado”.
Uma das ações prioritárias das equipes da Secretaria de Estado da Saúde está sendo a depuração da fila de espera, buscando compreender a situação de cada um desses pacientes. Para isso, foram estruturadas equipes de telemarketing em cada uma das oito macrorregiões do estado, que entram em contato com os pacientes através de ligações telefônicas. Preliminarmente foi possível detectar que 14.588 não têm atualização cadastral no sistema de saúde, 1.560 não querem fazer a cirurgia e 1.990 já realizaram o procedimento.
No caso dos cidadãos que não estão sendo encontrados via telefone cadastrado, a SES tem encaminhado aos gestores municipais seus dados para que o contato seja refeito via telefone ou de forma presencial. Segundo regra, os municípios devem realizar cinco tentativas de contato: primeiro por telefone e depois no endereço cadastrado.
Em reunião realizada no dia 8 de setembro com os secretários de Saúde dos municípios que compreendem a Amve e representantes do governo do Estado, foi autorizada a produção de um projeto piloto de mutirão de cirurgias de alta complexidade para os hospitais da região. Este tipo de cirurgia só pode ser feito em hospitais referenciados e a fila regional deve ser respeitada.
Profissionais do Hospital Azambuja, de Brusque, e Oase, de Timbó, já se disponibilizaram a fazer as cirurgias, mas é preciso agilizar também o projeto para que o Ministério da Saúde libere a realização dos procedimentos. “Há uma esperança nisso. Começamos já na quinta passada e esperamos que dê certo para que a gente consiga agilizar os processos aqui em Gaspar. Entre passar por todas as consultas e fazer a cirurgia de alta complexidade de ortopedia, a média na Ammve é de seis anos”.
Os municípios da Ammve são responsáveis por elaborar esse projeto. Segundo Hostins, até setembro o projeto deve ficar pronto para ser encaminhado às autoridades competentes. Porém, vale lembrar que mesmo com a aprovação, o Hospital de Gaspar precisa estar com a reforma concluída para que os procedimentos passem a ser realizados na cidade. As obras devem ficar prontas no início do próximo ano.
1º. Cirurgia do sistema osteomuscular:
22.274 pessoas esperando
2º. Cirurgia do aparelho digestivo, órgãos anexos e paredes abdominais:
22.152 pessoas esperando
3º. Cirurgia do aparelho geniturinário:
14.745 pessoas esperando
4º. Cirurgia do aparelho circulatório:
7.598 pessoas esperando
5º. Cirurgia de vias aéreas superiores, da face, da cabeça e do pescoço:
6.777 pessoas esperando
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