Fabiano Jovinski é sargento no Corpo de Bombeiros em Gaspar. Ele trabalha na cidade há mais de 10 anos e como bombeiro há 26. Nesta jornada já próxima da aposentadoria, atendeu diversas ocorrências marcantes. Mas, sem dúvida, a mais dolorosa foi aquela em que perdeu um colega de farda.
No dia 11 de setembro de 2014, os bombeiros foram acionados para uma ocorrência na BR-470. Porém, a viatura se envolveu em uma colisão ainda mais grave, que resultou na morte do soldado Maurício da Silva Valls, de 25 anos.
“Estávamos na sala de TV do quartel dos bombeiros, quase todos assistindo futebol, quando fomos acionados para um acidente na Estrada Geral do Arraial do Ouro. Eu fui no caminhão com o sargento Cuchava e, na ambulância, foram o motorista Valls, o então soldado Barreiros e o bombeiro comunitário Gart. O caminhão é mais lento para chegar, então fomos mais atrás e a ambulância saiu na frente. Mas, quando chegamos no local do acidente, não os vimos. Enviei uma mensagem de rádio informando o local exato e eles avisaram que estariam retornando, pois estavam no local errado. A BR-470 era pista simples e mal sinalizada, então eles haviam passado da entrada. Enquanto aguardávamos eles chegarem, fomos atendendo a vítima do acidente para o qual fomos acionados. Cerca de cinco minutos depois, chegou um motoqueiro informando um acidente mais à frente e que aparentava ser grave. Dois minutos depois, recebemos a informação de que nossa viatura se acidentou com uma carreta. Fomos até lá e, no caminho, já fomos pedindo apoio.
Cheguei lá e me deparei com metade da minha guarnição acidentada. Montei o palco de ferramentas, abri a porta do motorista e logo foi chegando o reforço do Samu e dos bombeiros de Blumenau. Retirei a porta do motorista, efetuamos a extração do soldado Valls e ele foi pra Unidade Avançada do Samu. Corri para outro lado. Ajudei a tirar o BC Gart, que estava inconsciente, e o levamos para o Samu. Logo foi a vez do agora sargento Barreiros, que não estava preso nas ferragens, mas inspirava cuidados.
Foi muito difícil ver os colegas que minutos atrás estavam ao meu lado, na sala de TV, naquela situação. Mas arranquei forças de onde não tinha para atendê-los. Depois, meu mundo desabou”.
Fabiano e os demais colegas presentes nesta ocorrência tiveram consequências psicológicas, desenvolvendo Transtorno por Estresse Pós Traumático.
Há 21 anos, Gaspar conta com o atendimento especializado do Corpo de Bombeiros Militar. Para marcar a data, uma solenidade foi realizada na noite de 26 de julho, na Câmara de Vereadores. A celebração contou com a presença de autoridades, alunos do Corpo de Bombeiros Comunitários e comunidade em geral.
No encontro, houve a entrega de medalhas e também abertura oficial da aula inaugural do Corpo de Bombeiros Comunitários. Além disso, o 2º sargento Volnei Camargo de Oliveira recebeu a réplica emoldurada do machado de arrombamento, sendo homenageado pela dedicação em sua trajetória como bombeiro por 19 anos.
Atualmente, o Corpo de Bombeiros de Gaspar é composto por 19 bombeiros militares e 43 comunitários. Entre eles estão especialistas em Busca e Resgate em Inundações e Enxurradas; Busca e Resgate em Estruturas Colapsadas; Combate a Incêndio em Edificações Verticalizadas; Intervenção em Áreas Deslizadas; Mergulho; Perícia de Incêndio e Explosão; e Salvamento em Altura.
PRIMEIRO SOCORRO:
A primeira ocorrência foi atendida pelos bombeiros no dia 11 de junho de 2002, quando os profissionais foram acionados para atender um capotamento envolvendo um veículo do Conselho Tutelar de Gaspar. O fato aconteceu por volta das 19h, na rua Pedro Schmitt Junior, no bairro Poço Grande. Quem dirigia o carro era Maria Esonita Schmitt e a carona era Márcia Pereira. Ela foi atendida e encaminhada ao Hospital de Gaspar, onde permaneceu três dias internada.
COMANDO:
O primeiro comandante dos bombeiros em Gaspar foi Evandro de Mello do Amaral, que permaneceu no cargo até 9 de março de 2006. Em seu lugar assumiu Giovani Beber, que administrou os serviços da equipe por cerca de um mês. Depois, no período de 6 de abril de 2006 a 16 de abril de 2008, os bombeiros foram comandados por José Marildo Azevedo.
Alcione Amilton de Fragas esteve à frente do quartel até 19 de fevereiro de 2014, quando passou a responsabilidade à Rodolfo Silveira Rodrigues. Ele ficou no cargo por aproximadamente três anos. Em seguida, foi a vez de Jefferson Luiz Machado ficar à frente da equipe. Em seu lugar, após três anos, assumiu o comando Douglas Tomaz Machado.
Em 2020, Levi Garcia Ribeiro assumiu o gerenciamento da corporação e segue até os dias atuais. Filho de bombeiro militar, a paixão pelo exercício da função surgiu logo na infância e a decisão de seguir a profissão foi tomada na adolescência. Para ele, estar no Comando do Pelotão de Gaspar é uma honra. “Nosso efetivo carrega o legado de 21 anos de atuação e muitas experiências vivenciadas, com profissionais que se destacam por suas habilidades nas mais diversas áreas de atuação e que buscam se aprimorar cada vez mais. Buscamos fortalecer cada elo dessa corrente, fortalecendo nossa instituição a cada dia. Encontramos desafios no caminho, mas cada homem e mulher que compõe nossa tropa faz o seu melhor com os recursos que tem, e isso é motivador e nos inspira a todo momento”.
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