O jovem de 19 anos se acidentou na última quarta-feira, dia 11, na rua Anfilóquio Nunes Pires, bairro Figueira, na entrada da rua Manoel Bernardes. Felipe estava conduzindo uma motocicleta quando se chocou contra um carro. Ele foi encaminhado em estado grave ao Hospital de Gaspar e, logo depois, ao Hospital Santa Isabel, onde ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva, UTI. No início da tarde de sexta-feira, 13, Felipe morreu. O caso chocou familiares e amigos do jovem e motociclistas da cidade, que se reuniram na manhã de sábado, 14, na rua Anfilóquio Nunes Pires, próximo ao local do acidente. Segundo um dos organizadores do encontro e amigo de Felipe, André Vinicius Krambeck, 22 anos, o objetivo principal era reunir motociclistas e demais pessoas que também sofrem com a falta de segurança na via para pedir por uma lombada eletrônica. ?O encontro foi válido e conseguimos reunir cerca de 40 motociclistas?, destaca. André ressalta ainda que, no mesmo dia em que Felipe se acidentou, outros dois acidentes foram registrados na via. ?Se não for feito nenhum tipo de projeto para aquele local, na sexta-feira pretendemos fechar a rua novamente?, afirma.
Comunidade pede lombadas
A comunidade do bairro Figueira considera a entrada da rua Manoel Bernardes pela Anfilóquio Nunes Pires, local em que Felipe se acidentou, como um dos pontos mais perigosos da via. Por este motivo, a Associação de Moradores do bairro Figueira elaborou um ofício solicitando a instalação de duas lombadas físicas na Anfilóquio Nunes Pires, que deverá ser entregue à Diretoria de Trânsito ainda nesta semana. De acordo com o vice-presidente da Associação de Moradores, Jean Leandro, a comunidade e os motoristas vêm sofrendo com a grande quantidade de acidentes registrados na rua e apoia a construção de lombadas físicas próximo ao Supermercado Archer e na entrada da rua Manoel Bernardes. ?Estes são considerados os pontos mais críticos da rua, que quase diariamente registram acidentes?, conta. Esta não é a primeira vez que a comunidade reivindica melhorias na rua. Em 2011, a associação de moradores já havia encaminhado um ofício à Câmara de Vereadores pedindo a construção de um trevo alemão na entrada da Manoel Bernardes.
Conforme explica o diretor de Trânsito, Jackson dos Santos, a via será melhor estudada para ver quais são as necessidades, mas ele já afirma que uma lombada eletrônica será instalada nas proximidades do Supermercado Archer no próximo ano. ?Sabemos dessa situação e do grande número de registro de ocorrências, porém para fazermos qualquer mudança é necessário que seja realizado um estudo junto a um engenheiro de tráfego?, explica. Entretanto, apesar das possíveis mudanças que poderão ocorrer na Anfilóquio Nunes Pires, Jackson ressalta que é preciso que os condutores de veículos, principalmente de duas rodas, tenham consciência de seus atos e evitem os abusos. ?Há um abuso muito grande de velocidade e de falta de consciência de jovens entre 18 e 26 anos. Além de não respeitar os limites de velocidade, eles fazem absurdos, como empinar o veículo, e acabam sofrendo graves acidentes?.
Cidade registrou 200 acidentes com motos
Para tentar controlar essa situação e diminuir os índices de acidentes de trânsito, principalmente envolvendo motocicletas, o diretor de Trânsito de Gaspar afirma que as blitze passarão a ser intensificadas em toda a cidade, de manhã, à tarde e à noite, a partir de janeiro. ?Já vimos que as campanhas de educação no trânsito não conseguem atingir todos os motoristas e por isso precisamos passar a realizar mais blitze. É necessário que os motoristas tomem consciência de que, na maioria das vezes, os acidentes mais graves ocorrem por negligência e imprudência?, completa.O caso de Felipe Borges de Oliveira se soma às outras centenas de acidentes com vítimas envolvendo motocicletas registradas apenas neste ano na cidade. De janeiro a setembro, o Corpo de Bombeiros Militar de Gaspar atendeu 1.188 pessoas em decorrência de acidentes e casos clínicos (pessoas que passam mal por algum motivo). Deste número, 202 pessoas foram vítimas de acidentes com motocicletas. ?Esse índice é bem maior do que o de acidentes envolvendo carros, por exemplo. O grande problema é que, geralmente, as vítimas de acidentes com motociclistas se ferem gravemente?, destaca o comandante do Corpo de Bombeiros Militar, capitão Alcione Amilton de Fragas.
O especialista em segurança no trânsito e policial militar rodoviário Emerson Andrade afirma que há diversos fatores responsáveis por aumentar os índices de acidentes de trânsito na cidade. Um deles seria a sensação de impunidade que os condutores possuem e que acaba fazendo com que eles trafeguem de maneira desatenta e perigosa. ?Sabemos que a fiscalização nas estradas não está satisfatória. Faltam agentes, faltam policiais, porém é preciso que os condutores entendam que isto não pode ser o agente motivador das imprudências no trânsito?, diz. Quanto aos motociclistas, Andrade afirma que hoje muitos deles trafegam de maneira arriscada, disputando lugar com veículos maiores. Dessa maneira, além de cometer infrações de trânsito, eles acabam sofrendo algum acidente. ?Dificilmente uma ocorrência de trânsito não acontece após o condutor cometer uma infração?, aponta.
Sociedade unida no combate aos acidentes
Ainda conforme Andrade, no Brasil são registrados cerca de 100 acidentes de trânsito por dia. Esse número assustador e absurdo, segundo ele, poderia diminuir consideravelmente se toda a sociedade trabalhasse em conjunto com o objetivo de levar mais segurança às estradas. ?Policiais, agentes de trânsito, escolas, motoristas e a comunidade em geral precisam estar unidos para mudar essa triste realidade. A fiscalização não pode estar em todos os lugares por isso cada um precisa estar ciente e fazer sua parte?, explica o especialista em segurança no trânsito. Andrade lembra ainda que a Organização das Nações Unidas, ONU, estabeleceu a década de ações para segurança no trânsito em 2011. A intenção é de que até 2020 sejam reduzidas 50% das mortes em consequência dos acidentes de trânsito. ?Se existir conscientização e educação nas estradas não vamos precisar de 10 anos para mudar isso. Podemos fazer hoje e ir mudando aos poucos?.
Edição 1550