Um impasse sobre o local onde será construída a nova escola Angélica Costa tem incomodado a comunidade do Sertão Verde. Na noite da última quarta-feira, 5, os moradores da região participaram em peso de uma reunião do Orçamento Participativo e aproveitaram a ocasião para questionar a Prefeitura sobre o assunto.
Os moradores querem que o educandário seja construído nas proximidades da antiga escola. Já a Prefeitura, pretende executar a obra no terreno adquirido para construção das casas aos desabrigados da enchente de novembro. A decisão foi contestada pela comunidade, que teme principalmente o perigo da rodovia no momento da travessia dos estudantes.
Santo Gervásio, que reside na região, revela que é contra a ideia do Poder Público. "Sou contra a construção da escola em outro lugar. A escola tem que ser construída no bairro, onde a maioria dos alunos mora. Muita gente já morreu atravessando a rodovia e muitos ainda vão morrer se a escola for construída lá na frente", desabafa.
O presidente da Associação de Moradores, Carlos Alberto Barbacovi, ressalta que o bairro não concorda com a instalação da escola em outro local. "Não queremos isso. Se for necessário faremos uma passeata pela cidade. A Prefeitura se comprometeu a reconstruir o bairro, mas desse jeito só estão destruindo o que restou", acrescenta o morador.
Carlos conta que a comunidade se reuniu e irá contratar um geólogo para avaliar o local e verificar a viabilidade da construção nas proximidades da antiga escola. "Temos um terreno de 5 mil metros e estávamos dispostos a cedê-lo para o novo colégio, mas a Prefeitura não quis", explica o presidente da Associação.
Patrícia Scheidt, diretora-geral de Planejamento e Desenvolvimento, esclarece que a principal preocupação da Administração municipal é com a segurança da comunidade. Ela ressalta que geólogos já avaliaram o local e constataram que a construção de uma nova escola no terreno ou em suas imediações é inviável. "Hoje, a decisão é pela execução da obra no novo terreno, pois não podemos arriscar a vida dos moradores construindo a escola em um local instável".
A diretora revela que a Secretaria já está elaborando medidas para garantir a travessia segura dos estudantes. Dentre as opções estão a construção de um trevo e o transporte público através de uma parceria com a Secretaria de Educação.
O vereador Rodrigo Althoff esteve presente na reunião e se comprometeu a auxiliar os moradores na luta pelas obras de drenagem, tubulação e pavimentação de ruas, solicitadas durante o encontro. Já com relação à reconstrução da escola, Rodrigo destacou que fará o possível para ajudar a comunidade. "Eles me procuraram e é meu dever lutar por seus interesses", avalia.
Escola foi destruída com os deslizamentosTrês salas de aula da EEB Angélica Costa, no Sertão Verde, ficaram completamente destruídas após um deslizamento de terra provocado pelas fortes chuvas que caíram sobre a região ainda no início de novembro, antes da tragédia. O local já apresentava problemas na época e estava isolado pela Defesa Civil. Durante a tragédia, novos deslizamentos destruiram toda a escola.
Educandário será erguido pela empresa Bunge Alimentos
O educandário irá substituir a escola Angélica Costa será construído com recursos do fundo de solidariedade, organizado pela Bunge, e seguirá um projeto arquitetônico de base ecoeficiente e sustentável, se tornando referência na região. O investimento será de R$ 1,2 milhão ao longo de um ano e o projeto contemplará três fases. A primeira delas, o lançamento da ação e a elaboração do documento, será concluída este mês.
A segunda fase deve ter início em outubro e é referente à divulgação do conhecimento técnico e científico sobre as causas da tragédia, medidas de prevenção e abordagens de urbanização focando o equilíbrio com o Meio Ambiente. A fase final do projeto, prevista para fevereiro de 2010, é o início das obras.
A gerente de Projetos Sociais da Fundação Bunge, Cláudia Calais, explica que o fator que determina o local onde a nova escola será construída é o das condições do solo.
Todo o projeto do educandário, divulgado em maio deste ano, já previa a construção no novo terreno e irá beneficiar não apenas a comunidade do Sertão Verde, mas também todas as famílias afetadas pela tragédia que passarem a residir nas moradias entregues pelo Governo.
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