Trezentas mudas de palmeira foram soterradas pela lama alojada nos fundos do ribeirão que corre atrás da casa de João Kohler, morador do bairro Margem Esquerda, e deram um prejuízo que pode chegar a R$ 1 mil para o agricultor. O material foi retirado do córrego na manhã de ontem, quinta-feira, e colocado nas margens por máquinas da Prefeitura, que realizam serviços de dragagem dos rios em diferentes pontos da cidade.
Quando João viu o que estava acontecendo, não conseguiu acreditar. "A máquina entrou por trás do terreno e veio destruindo tudo", conta. O morador reconhece que diversos pontos do rio precisavam do serviço para evitar que novos alagamentos aconteçam, mas questiona a forma com que os trabalhos estão sendo desenvolvidos pelos bairros.
Para ele, um fiscal deveria acompanhar os operários. "Por que não perguntaram para gente como fazer o serviço sem nos prejudicar? Eu tinha várias plantações aqui e perdi tudo. Como vou recuperar esse prejuízo?", indaga.
No total, João contabiliza mais de 3 mil mudas plantadas ao longo de seu terreno e destaca que ainda não havia feito a colheita de nenhuma delas. Segundo ele, o palmito deve ser colhido três anos após a plantação. Faltava menos de um ano para que o agricultor pudesse colher os frutos de seu trabalho.
O diretor geral de Agricultura, Alcides da Silva, explica que funcionários da pasta estiveram no local para conversar com o morador e fazer a limpeza da margem na tarde de quinta-feira. "As máquinas voltaram lá e fizeram o serviço, mas ele deveria ter respeitado o limite de cinco metros das margens imposto pela lei. Não poderia ter plantado lá", destaca o diretor.
Apesar da limpeza ter sido realizada no local, João aguarda um posicionamento para saber se conseguirá uma indenização pelo prejuízo sofrido. "Eles limparam um pedaço, mas ainda faltou uns 20 metros. Vou tentar negociar para não sair no prejuízo", acrescenta.
Obras
Nesta primeira fase de dragagem dos rios, as máquinas estão trabalhando nos bairros Margem Esquerda, Belchior e Arraial. De acordo com Alcides, a chuva deste último final de semana atrasou os serviços.
"Iniciamos os trabalhos, na verdade, na sexta-feira, mas logo tivemos de parar por causa das chuvas. Reiniciamos nesta semana à todo vapor. Queremos terminar o mais rápido possível para que se houver mais uma chuva, a população não sofra novamente, como aconteceu em novembro de 2008", destaca Alcides. Ao todo, cerca de dez máquinas trabalham fazendo o desassoreamento dos ribeirões destas localidades. Os recursos somam cerca de R$3 milhões.
Enquanto João lamenta os prejuízos sofridos, dona Adelaide Bernardo, moradora da rua Penha, também na localidade da Margem Esquerda, comemora a execução da limpeza dos ribeirões. "Nem acreditei quando vi aquelas máquinas limpando este ribeirão. Parecia mentira. A minha casa já baixou um monte em razão das chuvas. Perdi tudo em novembro do ano passado", conta Adelaide, que foi a primeira moradora a perceber o início dos trabalhos de limpeza dos ribeirões, na última segunda-feira.
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