A sabedoria popular está repleta de receitas de chás e uso de plantas com fins medicinais para curar ou ajudar no tratamento de algum mal. Os trabalhos podem ser feitos com ervas, cipós, folhas, raízes e outros produtos naturais oferecidos por índios de uma tribo Kaingang, do Rio Grande do Sul, pelo Brasil a fora. Eles vendem as plantas medicinais e ensinam como deve ser feito o preparo dos remédios. Em Gaspar desde o início desta semana, os indígenas estão alojados em um terreno localizado à beira da Rodovia Francisco Mastela.
Vindos da reserva indígena de Miraguaí, eles já passaram por diversos estados do Brasil levando um pouco do conhecimento que possuem sobre a natureza das plantas. ?Isso faz parte da cultura indígena, nosso conhecimento passa de geração em geração e não queremos deixar isso morrer?, afirmou um dos integrantes do grupo, Cláudio Galvão, de 31 anos.
Ele é sobrinho do chefe da tribo, Ido Galvão, que faz suas andanças pelo país há cerca de 25 anos. Eles possuem mais de 90 tipos de plantas e raízes. Cláudio comenta que no ano de 2007 chegaram até a receber um convite de um médico português para ir até seu país passar um pouco de seus ensinamentos para os europeus. ?Não fomos porque não conhecemos o país e também porque a FUNAI não aprovou?.
Os indígenas costumam passar nas casas das pessoas oferecendo os artigos naturais e ensinando sobre o poder de cada um para a cura de doenças e problemas do corpo humano. Porém, Cláudio convida a comunidade para ir visitá-los em seu acampamento, que eles estarão esperando de braços abertos. No grupo de 25 pessoas estão incluídas várias crianças, que participam das constantes migrações. Matricular as crianças na escola é algo impossível, pois ficam apenas cerca de 20 dias em cada município, então a mulher de Cláudio, que não é indígena e é professora, fica responsável pela educação dos pequenos em idade escolar.
Entre os artigos mais vendidos, o primeiro lugar fica com a ?batata de negro?, um tubérculo que age contra a impotência sexual e funciona como um Viagra natural.
Cláudio diz que a batata ajuda a combater o estresse que causa aos homens este problema. Os outros dois campeões de vendas são o ?cipó-macaco?, que ajuda no tratamento da diabetes, a castanha da Índia, que entre outros usos, é utilizada por quem tem bronquite.
Pesquisas revelam que 80% da população mundial utiliza ervas medicinais quando sente sintomas de doenças ou dor
Quem nunca tomou um chá de camomila para se acalmar ou então de guaco durante uma gripe forte? Não é a toa que estes chás estão incluídos entre as diversas plantas que são famosas por seu poder medicinal, eles provam sua eficácia, e já foi comprovado o bem que fazem para o organismo. Em entrevista à revista Época, o Dr. Dráuzio Varella, responsável por um quadro que aborda a questão do poder das plantas em um canal televisivo, comentou que o problema é que os brasileiros gostam de pensar que tudo que é natural é benéfico, o que não é verdade, pois a natureza também possui venenos poderosos.
Universidades e indústrias farmacêuticas estudam todos os dias o poder que as plantas possuem, tanto para o benefício do ser humano quanto para o mal. ?Nós, brasileiros (...) temos medo dos efeitos colaterais dos remédios, mas não nos preocupamos em saber se chazinhos ou cápsulas naturais causam reações indesejáveis?, justifica. No entanto, as plantas medicinais ou seus princípios ativos (fitoterápicos) estão na base da maioria dos remédios vendidos em farmácias.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, OMS, 60% da população mundial utiliza medicamentos tradicionais ? chás e produtos à base de plantas ? baseados em uma história de utilização prolongada, com frequência milenar. Dados da mesma instituição mostram que cerca de 80% de toda a população mundial costuma utilizar ervas medicinais quando sentem algum sintoma ou dor. Deste número, ao menos 30% fazem isso por recomendação médica.
Entre toda a diversidade de plantas brasileiras, uma das mais famosas é a babosa, que é extremamente conhecida internacionalmente. Ela é utilizada para casos de acne, amenorréia, artrite, caspa, cicatrizes, constipação, feridas, heras-venenosas, herpes, queimaduras, queimaduras causadas pelo sol, entre outros.
edição 1234
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).