Grávida de três meses e meio, a advogada gasparense Romana Reinert Censi, de 36 anos, teve que sair de casa para proteger sua vida e a do bebê que está a caminho. Isso porque ela mora em Tampa, na Flórida, cidade que deve ser atingida pelo furacão Milton entre a noite desta quarta-feira, dia 9 de outubro, e madrugada de quinta.
Este é o terceiro furacão que atinge Tampa desde junho deste ano, período em que ela mora lá. “Entre junho e novembro acontecem diversos furacões. É normal, a população já está acostumada. Se não me engano, são cerca de sete por ano. No entanto, as previsões para o furacão Milton são alarmantes. Como estou grávida, tomei a decisão de sair da cidade para seguir as orientações oficiais e também evitar levar algum susto”, conta.
Na segunda-feira pela manhã, quando os avisos começaram, Romana tentou comprar passagem de avião para ir para uma cidade segura, mas não conseguiu nenhum voo disponível. “E não adiantava comprar para terça, porque já tinham anunciado a suspensão dos voos para o dia seguinte. Então, a decisão que tomei foi ir para Miami de carro”.
Um trajeto que, em dias normais, poderia ser feito em quatro horas, foi percorrido em seis horas e meia. “Apesar de estar na Flórida, de provavelmente sofrer impactos como vento forte, Miami não será tão atingida quanto as cidades que o furacão vai passar por cima. Peguei trânsito, mas nada comparado às cidades do Norte. O trânsito para o outro lado estava insano, parecia coisa de filme”.
Em Miami, Romana está em segurança no apartamento de uma amiga. Seu marido, o americano Jeffrey Brown, ficou em Tampa. “Boa parte dos nossos amigos saiu da Flórida. E os que ficaram, entendem que suas casas tem estrutura para essa situação. “Existem casas e casas. Muitas foram projetadas para possíveis furacões. A nossa casa foi construída com paredes mais resistentes e vidros a prova de furacão. Mas, a gente nunca sabe. Até porque, um furacão deste nível nunca atingiu a Flórida”.
Frequentemente, algumas regiões de Santa Catarina sofrem com as cheias. Natural do bairro Santa Terezinha, em Gaspar, Romana compara as duas realidades. “Logo que cheguei, que soube da notícia do primeiro furacão, fiquei bastante assustada. Uma coisa é estar acostumada com cheias. Outra, é com furacão, que pode destelhar, quebrar vidros. É o desconhecido. Lembro que o primeiro furacão foi de muito vento à noite. Na frente da minha casa tem um coqueiro que se arcava e voltava. Meu marido disse: ‘calma, tranquilidade, nossa casa é segura’. Mas tenho que admitir que naquela noite eu não dormi”, detalha.
O segundo furacão, o Helene, foi de menos vento, mas de alagamentos. “A maré encheu e as ruas ficaram todas alagadas. Por sorte, nossa casa é um pouquinho mais elevada e a água ficou a um palco de entrar”.
O sistema de segurança dos Estados Unidos está muito à frente do disponível no Brasil. E essa eficiência deixa moradores e turistas tranquilos. “Ele pega por satélite. Então, mesmo que o número de celular não seja americano, o morador ou turista recebe uma mensagem avisando sobre possíveis evacuações. Apita um alarme que notifica sobre enchente, furacão e até crianças desaparecidas. É um sistema de alarme muito bom e que te dá segurança. Em Tampa, recebi aviso de que teria que sair. No caminho, passando por cidades litorâneas, também recebi mensagens de área de risco. E em Miami, nenhum aviso desses chegou”.
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