Ex-funcionários da Malhas Émerson fazem protesto - Jornal Cruzeiro do Vale

Ex-funcionários da Malhas Émerson fazem protesto

08/11/2013

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Uma mistura de esperança com desconfiança. Assim era o semblante de vários dos ex-funcionários da falida Malhas Emerson, que estiveram mobilizados nesta quarta-feira, 20, em frente ao Fórum de Gaspar, para cobrar mais rapidez do processo na Justiça em processar os pagamentos para 300 ex-colaboradores.

A empresa Malhas Emerson faliu há 17 anos. Há seis anos os bens da empresa foram vendidos e o valor depositado em conta bancária, em juízo. Agora, os ex-colaboradores aguardam e pressionam por um parecer favorável da Justiça para a liberação deste recurso.

Visivelmente emocionada, a ex-colaboradora Edileusa Bruno Alves está esperançosa com um parecer favorável para os trabalhadores, mas não esconde que não aguenta mais esperar pela solução do caso. ?É um mar de incertezas. Inclusive 13 de nossos colegas já faleceram. Tenho 11 anos de empresa e meus direitos precisam ser considerados. Caso continuem nos enrolando, vamos intensificar os protestos?, prometeu Edileusa.   

A presidente do Sindicato  dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau, a Sintrafite, Vivian Bertoldi, explica que a manifestação o protesto tem por objetivo chamar atenção da comunidade gasparense, e que a Justiça precisa agilizar o parecer, pois o tempo de espera já extrapolou o aceitável por parte dos trabalhadores. ?O caso é simples. O que precisa haver é mais consideração por parte da Justiça. Não vamos sossegar enquanto algum juiz não der a resposta positiva aos ex-funcionários?, declara Vivian.

Sem definição

Em 2010, após uma assembleia de ex-funcionários, um acordo para o pagamento foi aprovado, o que animou os credores. No entanto, até novembro deste ano nenhum dos trabalhadores conseguiu receber os valores aguardados. Advogado dos 300 funcionários da Malhas Emerson, Osmar Packer destaca que a comunidade gasparense precisa ter ciência deste caso. Caso não haja uma definição até o fim deste ano, em janeiro ocorrerá protestos mais incisivos pela cidade. ?Não podemos mais levar este caso em banho- maria. Queremos chamar cada vez mais a atenção da comunidade de Gaspar, mostrar que o caso ainda não tem definição mesmo 17 anos depois?, salienta o advogado.

Segundo Osmar Packer, O fator mais agravante é que os trabalhadores terão o direito de receber apenas 21,49% dos valores totais, visto que todos os bens foram vendidos ainda em 2007, e não supriram o valor dos processos trabalhistas. 

O aposentado Valdemar Borges Ferreira trabalhou 10 anos nas Malhas Emerson e avisa que estará presente em todas as manifestações possíveis. ?Sabemos que já fez 17 anos que a empresa faliu, muitos trabalhadores estão há 18 anos esperando pelos seus direitos. Já passou de todos os limites razoáveis?, ressalta Valdemar. O caso está sendo acompanhado na 1ª Vara da Comarca de Gaspar.


Edição 1543

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Ações trabalhistas: Malhas Emerson, 17 anos depois

fotopg7abrecolorMD.jpgDesde que deixou de atuar como costureira, em 1995, Sueli Terezinha Tesck não conseguiu voltar para o mercado de trabalho. Hoje com 64 anos, ela sofreu com doenças, como as que atingiram o rim, e perdeu totalmente a visão. Depois de muita perseverança, conseguiu se aposentar, mas o gasto com remédios e injeções ainda faz parte das contas mensais da moradora do bairro Ponta Aguda, em Blumenau.

Sueli é uma das cerca de 300 pessoas que aguardam para receber valores da extinta empresa Malhas Émerson, que foi à falência em 1996. Mesmo 17 anos depois, eles continuam esperando para receber pagamentos devidos, sem uma decisão final da Justiça. Em 2010, após uma assembleia de ex-funcionários, um acordo para o pagamento foi aprovado, o que animou os credores. No entanto, até novembro deste ano nenhum dos trabalhadores conseguiu receber os valores aguardados.

No caso de Sueli, que trabalhou por aproximadamente três anos em uma unidade têxtil ligada a Malhas Émerson em Blumenau, o valor a receber é de pouco mais de R$ 12 mil, mas ela já sabe que não conseguirá reaver integralmente o valor. ?Estávamos com a esperança de receber até dezembro, mas pelo visto esse ano não sai mais. É complicado, porque quanto mais tempo passa, mais o pouco que ainda receberemos vai desvalorizando?, lamenta.

Para cobrar mais rapidez do processo na Justiça, ex-funcionários da empresa e representantes do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau, Gaspar e Indaial, Sintrafite, preparam uma mobilização para o dia 20 de novembro, uma quarta-feira, às 14h, em frente ao Fórum de Gaspar. Alguns detalhes da mobilização foram discutidos nesta semana, em um encontro na sede do sindicato.

O advogado Osmar Packer, que acompanha o caso junto com o Sintrafite, explica que já foi definido que os ex-funcionários receberão apenas 21,49% do valor total a que têm direito. O que não tira a expectativa dos trabalhadores de conseguir receber os pagamentos. ?Queremos chamar a atenção da comunidade de Gaspar, mostrar que o caso ainda não tem definição mesmo 17 anos depois?, destaca Packer.

Antônio Sebastião Florêncio, um dos líderes da comissão de ex-funcionários que luta para receber os valores devidos, confirma que o grupo está se mobilizando para participar da manifestação pacífica do dia 20. ?Até algum tempo atrás o processo estava andando, mas voltou a demorar muito para avançar. Já fez 17 anos que a empresa faliu, muitos trabalhadores estão há 18 anos esperando pelos seus direitos. É muito tempo?, ressalta. 

 

O trâmite

A equipe do Fórum informou que o juiz Rafael de Oliveira e Silva Borges, que acompanha o caso na 1ª Vara da Comarca de Gaspar, está de férias, mas ressaltou que o processo está tendo andamento e que a última movimentação foi a retificação de alguns dados da lista final de credores. O Ministério Público passava por troca de titulares na promotoria responsável e não deu mais detalhes sobre o processo.

Segundo informações do sindicato dos trabalhadores, os imóveis da empresa foram vendidos em 2007 e o valor foi depositado em juízo, mas seriam insuficientes para o total da dívida. Além disso, até agora não teria havido deliberação para os pagamentos. O advogado Olávio Pereira, síndico da massa falida da Malhas Émerson, foi procurado pela reportagem para dar mais detalhes mas não retornou as ligações até o fechamento desta edição.

Edição 1539
 

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