Especial Gaspar 79 anos: as mãos que fazem o progresso da cidade - Jornal Cruzeiro do Vale

Especial Gaspar 79 anos: as mãos que fazem o progresso da cidade

18/03/2013

 

Editorial: Confiança  e Otimismo aos 79

Se o nordestino é, antes de tudo, um forte ? como escreveu há mais de cem anos Euclides da Cunha, no clássico Os Sertões ? o brasileiro é, antes de tudo, um otimista. Assim como as lições do passado não são feitas para repetir, mas aprender sobre elas, o olhar que se deposita sobre a cidade nesses 79 anos tem sido, incondicionalmente, o do otimismo. O da esperança de que novos dias virão, motivados pela força do trabalho e pela tenacidade de nossa gente.

Assim, embebido pelo otimismo declarado por cada entrevistado, cada fonte, cada informação publicada nesta edição, o jornal Cruzeiro do Vale mergulha em quase oito décadas de história para compreender a constituição da Gaspar que vivemos hoje. Pelas mãos dos nossos antepassados chegamos até aqui, e por nossas mãos será construído o futuro da cidade. Talvez a visão positiva dos próximos tempos seja mais uma confiança de que o que estamos construindo hoje possa ser celebrado no futuro, muito mais do que apenas relembrado.

Ao buscarmos histórias de vida e explicações para o crescimento da cidade, encontramos o reconhecimento aos principais segmentos que movimentaram a economia e fizeram a riqueza de nossa cidade, medida muito mais no legado cultural e na força de trabalho do que em recursos financeiros. Se herdamos uma cidade dividida entre a necessidade de crescer e a dificuldade histórica de se desenvolver, cabe a nós decidirmos em qual destino vamos apostar.

É na leitura do cenário atual da agricultura, do comércio, da indústria, do turismo e lazer e dos serviços que compreendemos de onde viemos e podemos projetar para onde queremos ir. Nosso passado só nos vale de alguma coisa quando aprendemos com ele, quando nos tornamos pessoas melhores, e assim, em consequência, uma sociedade melhor. Se a vontade da coletividade for maior do que os interesses particulares e se aprendermos que sustentabilidade começa em casa, no trabalho, na escola, nas atitudes de cada um, teremos uma sociedade em que não reinará apenas o otimismo, mas a confiança no futuro e a satisfação de ter construído a própria história.

 

 

AGRICULTURA E PECUÁRIA

Sucessão no campo preocupa

pg04agriculturaMD.jpgO Brasil tem, no setor primário, a origem de sua economia e o surgimento das principais cidades e centros urbanos. Mesmo São Paulo, maior cidade do Brasil e um dois maiores centros urbanos do mundo, teve suas origens ligadas à plantação de café no século XVI, economia que se manteve forte por pelo menos 300 anos, até a urbanização da cidade.

Em Gaspar, a história segue a mesma linhagem. A cidade tem na cultura do arroz irrigado uma das principais atividades, cultivando uma área de 3,4 mil hectares, com uma produção anual de aproximadamente 32.300 toneladas. A atividade é desenvolvida utilizando basicamente mão de obra familiar, gerando renda de forma direta para aproximadamente 300 famílias. O arroz irrigado em Gaspar é todo cultivado no sistema pré-germinado, utilizando as tecnologias disponíveis para um bom desempenho da atividade.

Em nosso município, devido às condições climáticas, é possível colher-se o rebrote do arroz, ou ?ressoca?, como é comumente chamado, possibilitando alcançar em várias propriedades uma produtividade média próxima a 10.000 kg/ha, semelhante às melhores do país. A atividade orizícola caracteriza-se pelo uso intensivo de solo, ou seja, sem rotação de cultura devido às dificuldades de uso da área para outras culturas em função das condições de drenagem do solo.

A cultura se destaca pela boa produtividade e o alto rendimento de engenho. O desempenho da lavoura está associado ao desenvolvimento de tecnologias de produção promovida pela pesquisa agropecuária e repassada aos produtores pela assistência técnica. Merece destaque especial o dedicado trabalho dos produtores de Gaspar que, mesmo em pequenas áreas conseguem obter elevadas produtividades.

Mas o atual momento e o futuro são incertos neste setor. ?Quando falamos em produção de arroz, muitas vezes tem-se a impressão errada de que o produtor é o grande agricultor, que tem muitos empregados e máquinas modernas fazendo todo o trabalho. Em Gaspar, essa realidade é diferente, são pequenos agricultores cultivando arroz em propriedades modestas. São famílias inteiras vivendo desse trabalho, com uma constante preocupação: não se tem certeza da continuação da propriedade, há um problema na sucessão familiar. Os filhos não querem mais ficar no campo?, alerta o secretário de Agricultura, Alfonso Bernardo Hostert.

Além disso, atividade orizícola tem sofrido grande pressão da sociedade e de órgãos de fiscalização para o cumprimento da legislação ambiental, porém significa impor uma redução da área cultivada. Essa condição implica na redução da renda e perda do valor dos imóveis rurais. ?Os rizicultores encontram-se preocupados e com dificuldade de programar o futuro. O atendimento à legislação ambiental vem sendo uma condicionante para os produtores terem acesso ao crédito rural e ao licenciamento das propriedades, lembra o engenheiro da Secretaria de Agricultura, Henrique da Silva Pires.

Este ano, a expectativa é que em Gaspar sejam colhidas cerca de 500 mil sacas de 50 quilos de arroz. Em peso, o número corresponde a 25 mil toneladas. As áreas em que há maior concentração de plantações de arroz são os bairros Gaspar Grande, Belchior e Arraial, mas é uma economia da qual vivem famílias em mais de dez bairros do município.

 

O perfil da produção

pg05agriculturaMD.jpgA cidade também segue uma tendência nacional quando se fala do trabalho no campo: a migração do trabalhador para os demais setores da economia. ?Em nossa região, a grande concorrente é a indústria têxtil. Hoje a maioria das fazendas e localidades do interior fica próximo de uma facção, de uma indústria. É comum o pai continuar no campo, mas a mãe e os filhos trabalharem fora ou até mesmo montarem uma facção em casa?, explica o engenheiro Henrique.

O secretário Alfonso Hostert destaca que, para a Administração Pública, este é um complicador, porque não se consegue fazer um trabalho de cooperativismo, montar uma cooperativa, e fazer com que os produtores trabalhem organizados e em torno de um único ideal. ?Como cada família tem uma realidade diferente, uma economia diferente, esta diversidade acaba fazendo com que cada um administre sua propriedade do seu jeito?, lamenta o secretário. Ele ressalta que desde 2009 vem tentando, por intermédio do Sebrae, incutir no agricultor a ideia que sua propriedade é uma empresa, e precisa ser administrada como tal. O cooperativismo, segundo ele, ajuda no desenvolvimento do setor, porque dá mais força aos proprietários.

Hostert ainda lembra os ciclos de cultura que fizeram parte do passado agrícola de Gaspar, o que formou o perfil dos produtores rurais. ?Há muito tempo que o forte de nossa produção é o arroz. Ele está presente há 70, 80 anos, antes da fundação da cidade. Depois passamos pela era da cana-de-açúcar, só se via plantação de cana. Eu sou natural do bairro Bela Vista, e tudo aquilo era plantação de cana. Depois veio a fase do plantio do fumo, que também envolveu bastante os produtores rurais e gerou receita e desenvolvimento para as famílias e para a cidade. E durante todo esse tempo cultivamos arroz, que é hoje praticamente a única cultura em larga escala do município, mas que também passa por um encolhimento, por uma retração?, avalia o secretário.

Historicamente, a agricultura é a economia fundante de Gaspar. E tem sido fundamental para o equilíbrio da cidade nestes 79 anos. Hoje, as pequenas propriedades ainda produzem hortaliças, principalmente como o repolho, com 60 mil quilos/ano, couve-flor, 5 mil quilos/ano, brócolis, 5 mil quilos/ano e pepino, com 16 mil quilos/ano. Também se produz palmeira real em 200 hectares, com capacidade para 1.300.000 peças por ano, gerando uma renda bruta anual de R$ 2,65 milhões. O milho ocupa hoje uma área de mais de 230 hectares, a cana-de-açúcar é cultivada em cerca de 500 hectares e a mandioca em outros 220 hectares. Na produção animal, são criados hoje em Gaspar 10.411 cabeças de gado bovino, em 1100 propriedades diferentes. São 608 equinos em 298 propriedades e 987 cabeças de ovinos e caprinos, em 59 propriedades. Os dados são da Secretaria de Agricultura.



Piscicultura cresce e procura deixa criadores otimistas

pg06psiculturaMD.jpgGaspar apresenta um grande potencial para o desenvolvimento da piscicultura, devido a sua condição climática e também por sua localização geográfica, perto dos centros consumidores. Outro fator positivo é a reserva de água abundante, assim como o relevo, que favorece o cultivo de peixe de água doce. Com potencial de mais de 200 hectares de área alagada, a piscicultura vem ocupando destacado lugar na economia local.

De acordo com a Secretaria de Agricultura, a produção passa das 400 toneladas anuais, considerando somente os produtores profissionais. Os piscicultores contam ainda com um mercado bastante promissor, vendendo seu peixe para pesque-pagues ou agroindústrias, atingindo um público de mais de 30 mil pessoas em seus estabelecimentos, gerando uma comercialização de peixe de mais de 20 toneladas anuais por pesque-pague.

?A piscicultura tem se destacado desde 1989, com a criação de feiras do peixe vivo, pesque-pagues, capacitação dos aquicultores, apoio da Prefeitura de Gaspar e Epagri. A Aquipar ? Associação dos Aquicultores do Município de Gaspar ? também tem papel importante, pois apoia e estimula o ensino, a pesquisa, a extensão e os trabalhos técnicos e científicos, incentiva o associativismo e cooperativismo nas atividades?, lembra o secretário Alfonso Bernardo Hostert.

 

Inovação

Não se pode falar em piscicultura na cidade sem mencionar a ousada iniciativa dos irmãos Bertoldi, no Gasparinho. Em 1995, Lovídio Bertoldi apresentou aos irmãos Nivaldo e Dionísio uma reportagem em uma revista que mudou o destino da família e também da cidade. ?Éramos sócios da serraria, com a família Rampelotti. Devido à necessidade de mudar de ramo, pela proibição do corte de mata nativa, começamos a pensar em outras possibilidades. Depois que lemos a reportagem sobre criação de trutas, vimos que poderíamos fazer isso em Gaspar?, conta Dionísio.

A Truticultura Bertoldi produz 80 mil quilos de truta/ano ? são 70 mil quilos em Botuverá e outros 10 mil em Gaspar. Dionísio acredita que este é só o começo. ?A cultura do peixe na cidade pode crescer muito ainda. Hoje, se você quiser comprar 100 quilos de truta em Santa Catarina você não acha. Não tem truta, não tem peixe no mercado. E a procura continua crescendo?, comemora.

A truta é um peixe de água fria, natural do norte dos Estados Unidos, na fronteira com o Canadá. Chegou ao Brasil em 1945 e em Santa Catarina em 1966. Assim como as outras espécies produzidas na cidade, como a tilápia, é excelente fonte de renda e investimento certo para garantir o futuro dos produtores e sua permanência no campo.

 

 

 

Comércio de produção rural tem espaço para crescer

pg07prodruralMD.jpgNestes 79 anos de Gaspar, como na maioria dos municípios catarinenses, a agricultura da pequena propriedade, ou agricultura familiar, ainda é responsável por boa parte da renda do homem do campo e também da economia local. Na cidade, visando unir forças para obter melhores resultados em produtividade, negociação de preços e qualificação, produtores fundaram a Coopergaspar, Cooperativa criada em maio de 2002 e que conta hoje com 22 associados.

O objetivo é regularizar a situação dos pequenos agricultores familiares, facilitando a obtenção de alvará sanitário e inserindo as unidades fabris dentro de todas as exigências da Vigilância Sanitária e manipulação de produtos de origem vegetal e animal com serviço de inspeção de produtos de origem animal. A Coopergaspar auxilia também na obtenção de CNPJ, rótulos padronizados, além de fomentar o cooperativismo e o associativismo, e incentiva a comercialização direta para o consumidor.

?Desde a criação da cooperativa, os associados já conquistaram grandes vitórias, como a regularização das rotulagens e obtenção da Inscrição Estadual, que lhes deram acesso a novos mercados e a tranquilidade de trabalhar sem temer a fiscalização. Também patentearam a sua marca, para melhor proteção da Cooperativa?, lembra o engenheiro da Secretaria de Agricultura, Henrique da Silva Pires.

Ser um cooperado tem inúmeras vantagens. Uma é a consultoria dos órgãos ligados ao setor, como Epagri e Cidasc. A Vigilância Sanitária do município também tem contribuído, no sentido de visitas, orientações e cobranças periódicas, diretamente no local de trabalho de todos os associados, informando sobre a correta manipulação e higiene na fabricação dos produtos e na adequação das instalações  para o processamento nas agroindústrias.

 

Sobra espaço, falta produto

Um ponto importante para a produção dos pequenos agricultores tem sido as feiras do produtor ou sacolões dentro da área urbana. Apesar de ser um bom investimento e contar com boa procura por parte dos consumidores, existem poucos produtores na cidade capazes de suprir essa demanda. Danilo Brockveld, proprietário de um comércio de frutas e verduras na Avenida das Comunidades, explica que a maior parte dos produtos que comercializa vem de outros municípios. ?Gaspar produz poucos itens, como repolho, pepino em conserva, abóbora, entre outros. Talvez por causa do clima e de nossa geografia, os produtores optam por cultivar arroz e outros tipos de grão. As frutas e verduras vêm de fora, a banana vem do Baú, mas a maioria das hortaliças são do município de Antônio Carlos. Recebemos muitos produtos que vem de fora de Santa Catarina?, revela.

Há dois anos no atual ponto, Danilo diz que a família sempre trabalhou no comércio de produtos agrícolas, e sempre houve essa escassez de vegetais cultivados em Gaspar. ?Estamos há mais de 25 anos neste ramo, antes era o meu pai o responsável e hoje sou eu que administro. Se você quiser ter produtos de qualidade e quantidade suficiente, precisa trazer de outras localidades para atender a demanda, não tem jeito?, revela o comerciante.

 

 

PERFIL: O leite nosso de cada dia

pg08perfil1MD.jpgA história de Marco Aurélio Sambaqui Gamborgi foge completamente da expectativa e dos padrões. Filho de agricultores, fez faculdade com os recursos que o pai tirou do campo. Bastante jovem, foi morar na Itália, onde cursou pós-graduação em Jornalismo Científico na Università degli Studi di Ferrara. Autodidata em fotografia, investiu em equipamento, especializou-se, virou referência entre os amigos. No facebook, página de relacionamento mais badalada da rede, é fácil encontrar imagens de belas garotas, amigas, conhecidas, clicadas pelas lentes do hábil retratista.

O perfil urbano típico contrasta com sua ocupação atual: produtor de leite. Marco é o principal produtor do município, com um rebanho de 73 animais em lactação e uma produção anual de 350 mil litros de leite, em uma propriedade de 50 hectares no bairro Lagoa, interior de Gaspar. ?Eu cresci aqui no sítio. Meu pai trabalha com gado de leite desde 1968. Fui pra faculdade, fiz jornalismo, depois passei quatro anos na Itália, voltei em 2007 e até o final de 2009 trabalhei com jornalismo e fotografia. Neste tempo, comecei a amadurecer uma ideia com meu pai, que estava pensando em parar com a produção de leite e arrendar a propriedade. Foi aí que decidi mudar tudo e voltar às minhas origens?, explica.

Esta foi a primeira vez que se envolveu diretamente com as lidas do campo. Apesar de ter sido criado no meio rural, nunca se envolveu de forma mais direta com a criação ou a administração do sítio. Ajudou o pai quando mais jovem, desempenhou tarefas na agricultura e na pecuária, tirava leite, mas nunca imaginou que seu futuro fosse viver do campo. Hoje, confessa que precisa do auxílio do pai, seu Milton, nas questões que envolvem planejamento e administração. Quando precisa negociar preços, comprar ou vender, ainda ouve os conselhos de quem viveu 40 anos exclusivamente da criação de gado leiteiro e do que o campo oferece. ?Meu pai é meu consultor. É difícil encontrar alguém com a experiência que ele tem, então aproveito bastante?, comenta Gamborgi.

 

Mudança inesperada

pg08perfil2MD.jpgAos 35 anos, solteiro, o jovem produtor rural comemora o momento profissional. Afirma que fez uma boa escolha e que financeiramente não se arrepende da mudança. ?É uma vida completamente diferente. Mas estou muito contente, valeu muito a pena, em todos os sentidos?, avalia. Quando estava na Itália e estudava o rigor metodológico do jornalismo científico, jamais pensou em investir na pecuária de leite. Admite que sempre pensou em voltar para o Brasil e ganhar a vida como jornalista, porque era o que fazia melhor como profissão, mas a falta de oportunidades na área fez com que mudasse de ideia.

Gaspar perdeu um competente jornalista e ganhou um pecuarista apaixonado por fotografia. Hoje, acompanha de perto o negócio herdado do pai, auxiliado por dois funcionários. A rotina começa às 4h30 da madrugada e, duas ordenhas diárias depois, só encerra o lavoro, como diriam os italianos, no final da tarde. Todos os 30 mil litros do produto são entregues para uma só empresa, a Chocoleite, de Jaraguá do Sul, no sistema chamado formação de preço por qualidade. Um técnico da empresa monitora diretamente a produção, medindo teor de proteína, teor de gordura, contagem de células somáticas e contagem bacteriana. Quanto melhor a qualidade, melhor o preço . Por isso, para garantir a qualidade, segue o velho ditado: o boi engorda com o olho do dono.

Na contramão da lógica, Marco Gamborgi é um bom exemplo de que é possível viver do campo e realizar-se profissionalmente ao mesmo tempo. O entusiasmo e a segurança ao falar de seu ramo de atuação demonstram satisfação e comprovam que a escolha foi acertada. Uma hora de conversa e algumas fotografias depois, fica a certeza de uma boa história e a promessa de um café, para uma próxima oportunidade.

 

 

 

INDÚSTRIA

Momento das indústrias têxteis revela desaceleração e inovação tecnológica

pg09tecelagemMD.jpgA indústria têxtil catarinense vem enfrentando, a cada ano, novos e maiores desafios. A concorrência com os produtos importados e tantas variáveis na composição deste setor fazem com que as facções, pequenas e médias, assim como as grandes indústrias, precisassem se reinventar. Investir em tecnologia, qualificar a mão de obra, reduzir custos e otimizar processos foi um caminho natural. Mesmo num cenário de encolhimento e retração, há possibilidades de crescimento, como o registrado pela Confecções Andritex, localizada no bairro Bateias. Em pouco tempo, a empresa modernizou sua linha de produção, qualificou os trabalhadores e segue buscando a excelência como forma de se diferenciar no mercado.

Thiago Paulo Andrietti, administrador da empresa, acredita que as modernas máquinas mudaram o cotidiano dos trabalhadores. Ele conta que com essas mudanças os trabalhadores precisaram se aperfeiçoar, fazendo cursos para melhorar o seu desempenho na função. ?Por exemplo, no início da Andritex, nos anos 90, nunca se imaginava uma máquina para fazer os cortes da produção. E claro, hoje em nossa cidade estamos sentindo uma falta muito grande de mão de obra e principalmente qualificada para assumir funções importantes dentro da cadeia produtiva?, ressalta o empresário.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Fiação e Tecelagem, Sintrafite, Vivian Bertoldi, vai na mesma direção, ao reconhecer que houve redução e migração para outros setores, buscando melhores salários e condições de trabalho. ?Em contrapartida, há vagas por falta de trabalhadores qualificados para o setor, completa.

 

A força do setor

O jovem empresário percebe que em Gaspar o segmento têxtil corresponde a mais de 50% na economia, já que em todos os cantos da cidade tem pelo menos uma facção prestando serviço a uma empresa. E aproveita para deixar um recado para os pequenos empresários e autoridades: ?o que esse pessoal precisa é de um incentivo para abrir empresas, pois estamos sendo muito cobrados pela fiscalização. Mas também os empresários não têm qualquer instrução de como abrir uma empresa para que possam ser registrados, pagando impostos e fomentando o crescimento da cidade?, alega.

Realista, Thiago acredita que o futuro do segmento na cidade de Gaspar é preocupante, já que muitos profissionais não querem mais trabalhar em costura, optando por serviços mais leves, ou até mesmo porque não são bem remuneradas. ?Hoje, todos os funcionários que iniciam na Andritex começam com no mínimo R$900, registrado na carteira. Este valor não é tão significativo e os outros setores da economia acabam atraindo esses trabalhadores?, esclarece Thiago. A presidente do Sintrafite vai além e resume o diagnóstico: ?as indústrias e propriamente as máquinas de costura vêm exigindo um maior conhecimento do trabalhador. A tecnologia hoje permite que uma máquina de bordar faça mais de 20 peças ao mesmo tempo. É um processo avançado, contudo o trabalhador está procurando aprender. Muitos ainda não têm condições financeiras de arcar com as despesas da qualificação. E também falta investimento das empresas para qualificar esses trabalhadores?, alega.

A Confecções Andritex foi criada em 1990 pela família Andrietti e mais dois funcionários, fabricando roupas infantis e revendendo em São Paulo. Hoje a empresa é formada por 52 funcionários internos e conta com 23 facções, somando em torno de 90 colaboradores. Conta também hoje com o departamento de tecelagem, num processo de compra da pluma de algodão, terceirização da fiação, passando pela tecelagem. Apesar do cenário preocupante, a empresa conseguiu expandir seus negócios nos últimos três anos, e cresce em média 30% ao ano.

 

 

Duas histórias que se fundem no tempo e projetam o futuro

pg10circuloMD.jpgA Linhas Círculo, pertencente ao grupo Lince, é uma empresa genuinamente gasparense. Tem sido um dos principais pilares da economia do município, chegando a empregar mais de mil colaboradores. Sua produção de fios e demais produtos tem alcançado o mercado nacional e mundial, sendo hoje a maior empresa do ramo na América do Sul. Segundo pesquisa de revista especializada, a Círculo ocupa a 71ª posição entre as empresas de Santa Catarina e o 300º lugar entre as maiores do sul do país. Números que dizem bem o que representa a empresa para Gaspar e para o Estado nestes 75 anos de atuação na cidade, o que prova que a história da Círculo se confunde com a própria memória do surgimento do município, há 79 anos.

O papel da Círculo sempre foi de grande importância para a comunidade, que reconhece e se orgulha de seu imponente prédio no bairro Coloninha, região para onde a cidade cresceu com o passar do tempo. Este reconhecimento se deve tanto à questão econômica quanto no desenvolvimento que proporcionou ao município. Hoje a maior parte da linha produtiva da Círculo se concentra em Gaspar, com exceção de alguns poucos serviços terceirizados. Pode-se dizer que a empresa e o município de Gaspar cresceram juntos, literalmente.

A empresa conta atualmente com área de 35 mil metros quadrados, o maior parque fabril de fios para artes manuais da América Latina, e 1,2 mil colaboradores diretos. Desta maneira, são produzidas por mês cerca de 350 toneladas de linhas, que irão se transformar em diversos produtos. O presidente José Altino Comper resgata a trajetória da empresa, que se consolidou no mercado Brasileiro lançando produtos de qualidade e também em sintonia com as necessidades dos mercados em que atua. ?Na linha de produtos para trabalhos manuais, por exemplo, a empresa exerceu e exerce esforços valorizando esta arte tão importante como geração de renda, e até mesmo como hobby?, lembra. Segundo ele, Gaspar e região sempre foram lugares com mão de obra comprometida e de qualidade, e o crescimento do setor esteve alicerçado no clima favorável e na capacidade da sua gente.

Os últimos 75 anos da história gasparense proporcionaram que empresa e comunidade desenvolvessem certa afinidade. ?Uma precisa da outra e juntas construíram e construirão uma sociedade cada vez melhor. Nestes 75 anos de Círculo, a maioria das famílias gasparenses tiveram e  têm alguma história importante para contar. E os diretores reconhecem a importância deste bom relacionamento?, sublinha o presidente.

 

Presença marcante

Além de gerar um número significativo de empregos, a empresa tem impulsionado o desenvolvimento de outros negócios em Gaspar, seja como fornecedora ou como consumidora. ?Temos muitos fornecedores em Gaspar. É importante não esquecer o retorno que os impostos trazem para o município. Também participamos ajudando escolas, Apae, hospital e outras entidades beneficentes e de classe, ressalta José Altino.

Sobre o cenário econômico, o presidente ? que está há mais de 23 anos na empresa ? diz que é difícil avaliar a cidade sem pensar no Brasil e na economia mundial. ?Observamos que os países com maiores problemas são aqueles que não têm gerado empregos. Neste contexto, as indústrias em geral são fortes geradoras não só de empregos, como de riqueza. Quem não tiver este olhar, terá ainda mais dificuldades para se manter no mundo globalizado?, coloca.

Para o presidente de uma das empresas mais importantes da cidade, Gaspar tem toda condição de se desenvolver acima da média brasileira. ?Entretanto, é imprescindível trabalharem juntos empresários e Poder Público, buscando alternativas para mão de obra e mobilidade urbana. Só o trabalho criará riqueza para ser distribuída?, argumenta. Sobre a necessidade de investimentos concretos em mobilidade urbana, José Altino diz que os órgão públicos precisam fazer a sua parte, para que a sociedade continue neste ritmo de crescimento. ?Hoje, a perda de recursos em razão de nossa condição de mobilidade gera uma estagnação econômica. Com a melhora da mobilidade, toda a cadeia produtiva sai beneficiada?, explica.

 

Futuro

pg11circuloMD.jpgNem só de passado vive a empresa pioneira na cidade. A Círculo tem projetos de desenvolvimento tanto no Brasil quanto no exterior. ?No exterior, estamos buscando firmar as nossas marcas com distribuidores locais. No Brasil, a intenção é aumentar a nossa participação no atual canal e desenvolver novos canais de vendas?, projeta o presidente,que também avalia o futuro da cidade: ?Gaspar cresceu muito e tem condições de crescer ainda mais: sabemos que está localizada entre municípios maiores, o que às vezes parece uma desvantagem. Mas por outro lado também é uma vantagem, pois tem ótima localização, é um município com amplo espaço físico para o crescimento, e que poderá servir para a expansão de toda região. Para tanto, precisa se preparar em infraestrutura e mão de obra?.

Falando em nome da diretoria, a quem faz questão de lembrar a todo momento, o presidente José Altino felicita Gaspar pela passagem de mais um aniversário, mas sem esquecer um instante a íntima relação desenvolvida com a comunidade nestes 75 anos de história da empresa. A mensagem que os diretores deixam para a população vem em tom de agradecimento e reconhecimento pela estreita relação através do tempo, cujas marcas podem ser percebidas na identidade de uma empresa que orgulhosamente cresceu gasparense.

?Em primeiro lugar, gostaria reconhecer e agradecer a todas as pessoas que lutaram para que a cidade chegasse onde chegou. Sabemos que foi muito trabalho para vencer os obstáculos e que não foram poucos. Que cada cidadão gasparense, independente de sua condição social, crença ou ideologia, pensasse que nada é mais forte do que todos agindo e trabalhando na mesma direção. Acreditamos firmemente que os objetivos coletivos devem estar acima dos pessoais. E desejamos Que cada um de nós possa ajudar esta cidade ficar cada dia melhor. A responsabilidade é de todos e as consequências destas atitudes serão a herança da sociedade?, completa José Altino.

 

 

Indústria da Pavimentação ganha espaço

pg12pavimentaoMD.jpgO anúncio de que a Prefeitura de Gaspar pode receber mais R$ 27,5 milhões em financiamento para pavimentação e qualificação de ruas é a mais recente notícia quando se fala em obras de infraestrutura de Gaspar. Com a modernização da área central da cidade, a colocação de pavers, lajotas e principalmente o asfalto passaram a fazer parte do cenário urbano do município, o que mostra desenvolvimento e o crescimento no setor. Em 79 anos, Gaspar é uma cidade que caminha para uma nova fase, e o volume de obras e projetos em andamento não para de crescer.

A qualificação obtida pela cidade faz parte da segunda fase do Programa de Aceleração do Crescimento do governo federal, o PAC2, e possibilita pavimentação asfáltica e recapeamento de vias, com passeios e ciclovias, além da execução de redes de drenagem e de esgoto e implantação de equipamentos urbanos como bancos e pontos de ônibus. O processo de cadastramento de propostas para pavimentação começou em julho, quando o Ministério das Cidades disponibilizou duas cartas-consulta para cadastramento de Gaspar.

Segundo a secretária de Planejamento e Desenvolvimento, Patrícia Scheidt, dentro do planejamento da cidade, uma questão importante a ser colocada é que Gaspar é uma cidade com problemas de enchentes, o que suscita uma discussão sobre a permeabilidade do solo. Por isso, ela lembra que o asfalto tem sido utilizado prioritariamente na área central e nas ruas e avenidas principais dos bairros, onde passa o transporte coletivo.

?No restante das vezes, estudamos caso a caso, e fazemos a pavimentação com paver, ou lajota sextavada, que permitem maior permeabilidade. A verdade é que priorizamos esse tipo de pavimento, só que em algumas localidades, as ruas têm uma declividade muito acentuada, como por exemplo no Loteamento Vila Isabel, no Barracão?, ressalta a secretária. Nestes locais, onde as vias são muito inclinadas, é colocado asfalto.

Além da permeabilidade, outra consequência do asfalto é o aumento da temperatura média das cidades. Esse pavimento faz as noites nas cidades ficarem até 5 graus Celsius mais quentes, segundo estudo da Universidade de São Paulo. Esse tipo de superfície tem a capacidade de guardar calor durante o dia e liberá-lo à noite, com isso o desconforto térmico nas vias perdura mais, o que aumenta o consumo de água, energia elétrica e o desgaste físico.  O asfalto esquenta as massas de ar na superfície gerando o ?calorão? das noites, que vai diminuindo ao longo do período noturno.

A solução para o problema, segundo o próprio estudo da USP, é o aumento da cobertura vegetal das vias públicas, o que sombrearia o asfalto e reduziria a incidência dos raios solares. É um trabalho que justifica a arborização nos municípios, o que não faz parte dos projetos de urbanização da cidade. Segundo o estudo, a arborização média nas grandes cidades brasileiras encontra-se em torno de 8%, o que gerou a realização de uma conferência internacional, de 21 a 26 de abril em Foz do Iguaçu, no Paraná. O evento reúne a apresentação de estudos e propostas para solucionar ou minimizar a falta de planejamento urbano.  A conferência vai discutir temas como proteção da natureza, manejo de paisagem, silvicultura urbana, turismo ecológico, unidades de conservação e desenvolvimento regional.

 

Revestimento avança sobre os bairros

De acordo com a secretária Patrícia Scheidt, existem três processos diferentes para se pavimentar uma rua: pelo sistema de mutirão, por meio da parceria da comunidade com o município; ou por meio de recursos próprios, em obras do Orçamento Participativo ou alguma prioridade elencada como meta de governo ? ou o recurso vem através de uma emenda parlamentar ou algum convênio com o governo federal. 

No caso específico dos loteamentos, a secretária salienta que a legislação municipal não cobra que o loteamento seja pavimentado. Por isso, está sendo feita uma alteração no Plano Diretor, mas o principal problema seria a pavimentação dos loteamentos populares. ?Hoje um lote sem calçamento já custa caro para quem tem uma renda familiar mais baixa, imagina se a gente incluir a obrigatoriedade da pavimentação. É interesse da Prefeitura em exigir na nova legislação já com o pavimento e os loteamentos populares que são do município vão sendo viabilizados aos poucos?, argumenta a secretária.

 

Prioridades na infraestrutura

pg13pavimentaoMD.jpgA meta do governo é melhorar as avenidas principais dos bairros e as ligações entre os bairros. ?Estamos contratando o projeto, mas esse ano está complicado em virtude dessas obras grandes da cidade, em fase de finalização, mas esperamos que em 2014 o projeto seja viabilizado por meio de convênio ou, aos poucos, com recursos próprios. Nessa obra do centro, que envolve as ruas São José e Industrial José Beduschi, mais de R$ 2 milhões foram investidos somente com recursos próprios?.

No projeto pré-aprovado por meio do PAC2, a primeira proposta apresentada envolve a pavimentação e a qualificação das ruas Artur Poffo e Pedro Schmitt Júnior (ligação dos bairros Santa Terezinha e Poço Grande), Bonifácio Haendchen (Belchior), Carlos Roberto Schramm e ruas do Loteamento Margem Esquerda, próximo à BR-470. O valor das obras é de aproximadamente R$ 19,9 milhões. Já a segunda carta consulta apresentada é referente à pavimentação e qualificação das ruas Madre Paulina e Itajaí, no bairro Sete de Setembro. O valor da proposta é de R$ 7,6 milhões.

Uma das principais fornecedoras da região, que tem vencido a maior parte das licitações em Gaspar e cidades vizinhas é a Pacopedra, empresa gasparense fundada em julho de 1986. Pensando em aperfeiçoar os serviços prestados, na década de 90 a empresa adquiriu novos equipamentos para terraplenagem, drenagem pluvial e pavimentação. Neste período, a empresa se consolidou na prestação de serviços para empresas e prefeituras do Vale do Itajaí, com destaque para a realização das obras do projeto Microbacias do governo de Santa Catarina. Desde 2000, os novos investimentos na expansão da empresa possibilitaram a execução de serviços de pavimentação asfáltica e implantação de redes coletoras de esgoto sanitário.

 

 

COMÉRCIO

Consumidor exigente qualifica o comércio da cidade

pg14carrosdeluxo1MD.jpgNa economia moderna, se um empreendedor buscar a opinião de um consultor de negócios, com certeza vai ser aconselhado a pesquisar o mercado, ouvir os consumidores e encontrar um nicho em expansão. Se este investidor ainda contar com um ponto comercial adequado e escolher um produto de qualidade reconhecida no mercado, está aí a receita de sucesso no ramo do comércio.

Esta é realidade de muitos setores na cidade, cujos empresários encontraram um nicho de mercado e, a partir da comercialização de produtos de qualidade conseguiram conquistar um lugar de destaque. A loja Djeizon Automóveis seguiu esta receita, de olho no novo perfil de consumidor: exigente, qualificado, com maior poder aquisitivo e decidido. Há 13 anos no mercado gasparense, o empresário Djeizon Vanzuiten lembra que possuía uma loja mais eclética. Mudou justamente porque percebeu um novo nicho de mercado e porque o próprio cliente começou a buscar novas alternativas de veículos.

?Hoje, Gaspar é uma cidade em que os clientes têm potencial, uma cidade que está crescendo, a economia está num bom momento, e pela própria procura dos clientes começamos a perceber essa tendência. Um dia você recebe na loja um cliente que quer um carro de maior valor, mais completo, no outro dia um outro pede uma caminhonete importada e você começa a vender bem esses carros diferenciados, mais completos, com maior conforto. Percebemos isso e aos poucos mudamos o perfil da loja?, relembra Djeizon.

 

Cliente diversificado

pg14carrosdeluxo2MD.jpgA nova loja tem três anos, e foi totalmente remodelada a partir do novo perfil dos clientes. O empresário explica que a opção em investir em um mercado de luxo se deu porque a concorrência é muito grande em relação aos carros populares, de menor valor. Segundo ele, existem muitas lojas que comercializam modelos populares e o maior atrativo desses automóveis é o preço. Como resultado da concorrência, o preço baixa e diminui a margem de lucro. O carro de luxo, ao contrário, tem um mercado mais aberto, e sua expansão encontra uma procura cada vez maior e menor concorrência.

Os modelos mais procurados são os SUVs, caminhonetes esportivas das marcas Toyota, Land Rover, Mitsubishi. São veículos na faixa de preço de R$ 50 mil a R$ 150 mil, o que mostra o aumento no poder aquisitivo do consumidor. ?O cliente procura bastante carro 4 x 4, principalmente com câmbio automático. O importado conquistou um lugar significativo no mercado, porque é um produto diferenciado, no acabamento, na qualidade. A diferença de preços compensa, se paga um pouco a mais para ter um carro importado, que já vem com itens de segurança de série há mais tempo, como freio ABS e airbag. O mercado é muito bom neste segmento?, comemora.

O empresário que mudou pela exigência de sua clientela deixa uma mensagem para a cidade, no seu aniversário de 79 anos: que a população possa sempre cuidar o que vai comprar, a procedência do produto. Lembrar que preço e qualidade quase nunca andam juntos e também priorizar a compra no comércio local. Se o mercado ficar forte, nossa cidade com certeza fica forte também, com mais emprego, mais oportunidades e mais qualidade de vida.

 

 

Modernização da cidade atrai investimentos para o comércio

pg15comercio2MD.jpgO comércio de Gaspar, nos últimos anos, tem crescido a olhos vistos. Parte deste crescimento pode ser creditado à revitalização da área central, iniciada há cerca de dez anos, com a nova urbanização da Coronel Aristiliano Ramos. Depois, o asfalto e as novas calçadas nas demais vias, como São José e Industrial José Beduschi, além do investimento imobiliário em reformas e a construção de novos prédios comerciais trouxeram uma condição favorável à instalação de lojas de grandes redes. Também incentivou pequenos e médios comerciantes a reformar seus estabelecimentos e a investir em produtos e marcas de qualidade.

Quem ganha com isso é o consumidor. Todo este crescimento e constante investimento do comércio local é avaliado pelo presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas da cidade, José Rovere Passos, como positivo, pois estimula a melhoria do serviço por meio da concorrência, diversificando as opções de serviços e ampliando as possibilidades de escolhas. Segundo ele, isso demonstra que o poder de compra de seus moradores justifica inclusive a presença das grandes lojas no comércio local. ?Nós da CDL vemos isso com bons olhos, pois a população está comprando em nosso município, prestigiando nosso comércio, isso é muito importante?, destaca o presidente.

A CDL reconhece que o comércio cresceu e diversificou-se. Por outro lado, o consumidor ficou mais exigente. ?Sabemos que ainda há muito o que melhorar, principalmente na área do atendimento, capacitando o pessoal, mas estamos investindo nessa área também. Por meio de uma parceria com a Faculdade Tecnológica Senac de Blumenau, estamos oferecendo um curso de capacitação, qualificação para vendedores, e a primeira turma que formamos já teve 35 alunos?, lembra Rovere.

 

Segmentação

pg15comercio1MD.jpgHoje, é possível encontrar praticamente de tudo em Gaspar. Desde produtos simples, até os mais sofisticados, presentes, joias, automóveis populares e de luxo, vestuário para todos os gostos, modelos e tamanhos. Mesmo o consumidor mais exigente encontra na cidade produtos de diversas origens, importados, nacionais, eletrônicos, enfim, é possível comprar quase tudo na cidade. Segundo o presidente da CDL, essa diversificação qualifica o mercado e melhora a qualidade da relação que o consumidor tem com o comércio local.

Há algum tempo, a cidade vem atraindo também franquias nacionais consolidadas, como a Cacau Show, especialista em ovos de chocolate, trufas e presentes variados. Presente em Gaspar desde junho de 2012, a franquia está localizada na área central da cidade, em frente à Prefeitura, e a proximidade da Páscoa faz a procura justificar o investimento. ?Vendemos bem durante todo o ano, mas com certeza nesta época as vendas aumentam bastante. O ponto é excelente, e como nosso produto possui um diferencial de qualidade, é bastante procurado?, explica a atendente Alice Passos.

A maior procura dessa época são os ovos trufados, mas toda a linha de Páscoa tem boa aceitação. Como negócio, Alice salienta que a empresa, antes de conceder a exploração da marca para uma franquia, faz uma pesquisa no ponto de venda, no mercado local, para avaliar o potencial de compra daquela cidade. ?É feito um estudo para ver inclusive quantas pessoas passam por dia na frente da loja. E como somos uma franquia temos metas a bater, e se isso não acontece perdemos o direito de comercializar?, lembra Alice. Segundo ela, os números são bastante otimistas e justificam a aposta da Cacau Show em Gaspar, uma das mais novas franquias nacionais a investir no comércio da cidade.

 

Um vendedor 24 horas à disposição

pg16vitrine2MD.jpgNestes 79 anos, uma constante na cidade tem sido o investimento dos lojistas da área central. Arquitetura e modernidade fizeram um belo par no início do século, como se pode perceber pelas fotos antigas que remontam o centro de Gaspar. Com os novos tempos, a cidade se moderniza e, com ela, o comércio ganha cores, luzes, placas indicativas e muita criatividade na composição das vitrines, um atrativo sempre importante para atrair novos clientes.

O presidente da Câmara de Dirigentes Logistas da cidade, José Rovere Passos, afirma que a entidade oferece cursos de vitrine para os associados, com profissionais especializados nesta área. ?Inclusive encerramos mais um curso de vitrinismo e visual merchandising, agora no início de março, ministrado pela arquiteta Amanda Marques. Constantemente investimos em cursos para capacitar os nossos colaboradores do comércio?, lembra o presidente.

Rovere ressalta que além de a vitrine ter o papel de alavancar as vendas, ela é fundamental e se torna um meio de comunicação muito importante para o lojista com seu consumidor, pois ela se torna o cartão de visitas. ?A vitrine forma a opinião do consumidor sobre a loja. O visual e a composição da vitrine fazem a diferença em um mercado competitivo no qual todos os detalhes são importantes para atrair os consumidores que se identificam com uma marca ou uma determinada loja?, explica Passos.

 

Comunicação com o consumidor

pg16vitrine1MD.jpgA sócia-proprietária da Loja Julio Schramm Fashion, localizada em frente à Praça Getúlio Vargas e ao lado da Prefeitura, compartilha da opinião de que a vitrine é uma comunicação direta com o consumidor. Méri Lúcia Higashi destaca a importância de o lojista estar atento na questão estética de seu ponto comercial, o que hoje em dia é bastante facilitado pelo acesso que se tem à informação, na internet, revistas especializadas ou outras maneiras. ?O próprio fabricante das marcas com as quais trabalhamos enviam o look-book, que é a sugestão de como combinar as peças, como expor adequadamente, melhorando a estética das vitrines?, coloca.

Méri conta que já fez os cursos da CDL, que foram muito importantes para o aprendizado de composição de cores, luzes e disposição de manequins, mas que agora procura se atualizar de outras maneiras, inclusive indo a São Paulo e observando a fachada de outras lojas mais tradicionais. ?Uma boa vitrine é fundamental, porque é um vendedor 24 horas. Alguns clientes que nem são da cidade, passam pela frente da loja e conhecem nosso produto. Mas dá bastante trabalho, são sete vitrines, tem o custo do manequim, que encareceu bastante, e também o tempo que se dispõe para arrumar o local?, avalia a proprietária.

 

 

PERFIL: Motivação e alegria com os clientes

pg17perfilcomercio2MD.jpgSimpatia, alegria e disposição são características que acompanham desde pequena Maria de Lurdes Zucateli, 51 anos. Foram exatamente estas características que levaram a moradora do bairro Centro a seguir a profissão que exerce até hoje: vendedora. Há 26 anos trabalhando no comércio gasparense, que cresce e se desenvolve a cada ano, Lurdes já atendeu milhares de clientes, vendeu diversos produtos e conquistou inúmeras amizades.

O primeiro emprego na área surgiu aos 25 anos, quando começou a trabalhar na tradicional Farmácia São Pedro. A oportunidade surgiu de repente, após ter saído das empresas Artex e Hering, onde atuou como revisora. ?Na época, trabalhar era necessário e se estivessem procurando funcionários eu iria, mas começar a trabalhar no comércio foi uma das melhores chances que tive?, destaca.

Mesmo sem planejar, a gasparense se encontrou profissionalmente e teve a chance de esbanjar simpatia e conversar com dezenas de pessoas diariamente. Com muitas delas, cultivou amizade. Depois de alguns anos de trabalho na farmácia, Lurdes trocou de emprego e foi para trabalhar em uma loja de cama, mesa e banho no prédio do Gascic. A loja fechou depois de algum tempo, mas a experiência e a fama de boa vendedora fez com que ela fosse chamada para ajudar a futura proprietária da Casalinda Enxovais e Presentes a abrir a loja. 

Com o apoio e o esforço dela, a Casalinda cresceu, conquistou clientes e, com 18 anos, é uma loja consolidada no comércio gasparense. Lurdes continua trabalhando como vendedora nesta loja e já é conhecida por todos que por ali passam. ?É importante saber conquistar os clientes. Para isso, você precisa conversar e ser muito atenciosa com cada um?. Conversar e tratar o público com atenção são tarefas fáceis e realizadas por ela com muito prazer.

 


Prazer em trabalhar

pg17perfilcomercio1MD.jpgDurante os 18 anos em que trabalha na Casalinda, Maria de Lurdes segue uma rotina marcada pelo emprego, afazeres domésticos e companhia dos filhos. Apesar das eventuais dificuldades em trabalhar no comércio, como a falta de cortesia de alguns clientes e a jornada cansativa de trabalho em determinadas épocas, a mulher de 51 anos afirma que não tem do que reclamar. ?Tem que saber contornar estas situações e continuar fazendo o seu trabalho de maneira bem feita. Nem mesmo as poucas dificuldades são suficientes para me deixar desanimada, porque eu amo o que faço?, ressalta, com um grande sorriso no rosto.

Por gostar tanto do emprego, Lurdes diz, com grande entusiasmo e carinhos nas palavras, que não o trocaria por nada. Nos momentos em que não está na loja, ela aproveita para fazer passeios, visitas a famílias e também para ficar com a única neta, Maria Vitória, 5 anos, e  com os filhos, Wesley, 34, Samantha, 29 e Joel, 21, que são a grande alegria.

 

 

TURISMO E LAZER

Um banho de atrativos

 

pg19cascata1MD.jpgAo longo de toda a sua história, Gaspar se tornou reconhecida por atrativos que garantem aos turistas e visitantes contato direto com a natureza. Alguns dos locais que mais atraem pessoas de outros municípios e até mesmo de outros estados são os parques aquáticos instalados na cidade. Com uma beleza natural e infraestrutura de alta qualidade, esta opção de lazer também contribui significativamente com o crescimento do comércio e dos investimentos no setor turístico.

O Parque Hidromineral Cascata Carolina, no Belchior Alto, é destino certo de milhares de turistas durante os meses de alta temporada. De acordo com o gerente do parque, Peregrino Thais, a expansão das cascatas contribui para o crescimento de Gaspar e para o reconhecimento em demais cidades. ?A Cascata Carolina e todos os outros parques servem como ponto de referência da cidade, agregando um elevado valor econômico para o município?, destaca. Para garantir o aumento da demanda turística, a Cascata Carolina investe no lazer, diversão e qualidade de serviços. Ainda conforme o gerente do parque, o público também aumentará assim que o acesso à rota das águas for melhorado.

Outro parque de grande importância para a cidade é o Recanto Belchior. Embora não receba turistas de cidades mais distantes, a cascata é conhecida no setor por trazer um pouco de sossego e diversão para visitantes de cidades vizinhas. ?Com certeza, somos responsáveis por colocar a cidade no mapa dos turistas e isso é gratificante?, ressalta o responsável pelo recanto, José Threiss.

 

Maior visibilidade

As várias piscinas, os toboáguas e uma trilha que proporciona contato com a natureza são apenas algumas das atrações que convencem milhares de turistas a visitar o Parque Aquático Cascanéia, no Belchior. A cascata também é referência no Estado e de outubro a abril é responsável por impulsionar o setor turístico municipal. Segundo a responsável pelo setor de Marketing e Relacionamento do parque, Monique Reinert, a equipe da empresa já trabalha em novos projetos e parcerias que devem ser firmadas nesse ano para que a marca ganhe ainda mais força. ?Dessa maneira, o parque terá mais visibilidade no cenário turístico de Santa Catarina em médio prazo?, afirma.

Monique destaca também que muitos atrativos da região atraem exclusivamente visitantes das cidades próximas e, ao contrário disto, o papel das cascatas é diferenciado dentro do cenário turístico de Gaspar. ?Junto com demais atrativos na cidade atraímos turistas de outras partes do país contribuindo para a economia local, já que eles permanecem mais dias na cidade?.

 

 

Refúgio gastronômico

pg20truticulturaMD.jpgContato com a natureza aliado a boa gastronomia e ao lazer. Em Gaspar, turistas e comunidade têm a oportunidade de encontrar um local com estas características, no bairro Alto Gasparinho. A Truticultura Bertoldi, que abriga um restaurante e um pesque-pague, vem contribuindo desde 2001 para o crescimento da cidade com foco no turismo, com centenas de visitantes durante todo o ano.

Dionísio Bertoldi, um dos proprietários do estabelecimento, destaca que o restaurante recebe turistas de diversas localidades, principalmente de cidades como Blumenau e Brusque. A movimentação é intensa em todos os meses do ano e, por isso, há o desejo de aumentar o espaço do restaurante. ?Hoje há público para tudo e a nossa propaganda é a melhor que existe, que é o boca a boca. Os clientes vêm e voltam junto de outras pessoas. Percebemos que esta procura vem crescendo muito?, afirma.

Para Dionísio, o turismo rural em Gaspar cresce a cada ano. Isso porque famílias que moram em centros urbanos estão cansadas e saturadas do barulho dos veículos, das empresas e da rotina acelerada das cidades grandes. Dessa maneira, um grande público acaba preferindo um local mais sossegado para passar o fim de semana, principalmente, e aproveitar momentos de lazer. ?É importante relaxar e isto pode ser encontrado em lugares como a Truticultura Bertoldi?, destaca.

 

União necessária

Embora considere positiva a expansão deste setor no município, Bertoldi acredita que ainda há muito a se fazer para melhorar o turismo rural na região. A falta de união entre os empresários do setor é uma das necessidades destacadas pelo empresário. ?Os proprietários de pesque-pague, restaurantes, cascatas e hotéis precisam se unir para discutir o que precisa ser feito para melhorar o turismo rural na cidade, a infraestrutura necessária, investimentos públicos e muito mais?, observa. Como exemplo, o empresário destaca a cidade de Gramado, na Serra Gaúcha, que cresceu consideravelmente nos últimos anos, depois que todos os setores que dependem do turismo se uniram. ?Eu vejo que está faltando isso em Gaspar?, ressalta. 

Hoje, a Truticultura Bertoldi conta com o restaurante, um pesque-pague, um parquinho para as crianças e uma trilha que leva até os tanques de peixes. Mas a intenção dos proprietários é expandir o negócio nos próximos anos. Uma trilha ecológica por dentro da mata e a construção de cabanas pra que o turista possa passar o fim de semana com a família fazem parte dos planos dos irmãos Bertoldi.

 

 

Panorama turístico

pg22cascata2MD.jpgGaspar completa 79 anos com reconhecida evolução e preocupação em investir nos setores que mais beneficiam a economia da cidade. Nesse contexto, o setor turístico ganha espaço e se desenvolve a passos largos na cidade. De acordo com o secretário de Indústria, Comércio e Turismo, Dayro Bornhausen, hoje aproximadamente 400 mil turistas passam todos os anos pelo município com a intenção de aproveitar as belezas naturais e opções de lazer oferecidas.

O maior volume de turistas é atraído, principalmente, por dois roteiros municipais: Vila D´Itália e Rota das Águas. Segundo o secretário, o roteiro Vila D´Itália, além de possuir um dos melhores hotéis fazenda do país, encontra-se numa região que conta com uma estrutura de off-road que leva os turistas a um passeio diferente.

Já na Rota das Águas, as piscinas de águas hidrominerais e os tobogãs são os principais atrativos. Além disso, o roteiro conta com um legado de cultura alemã e os visitantes podem conhecer até mesmo o processo de fabricação de chope artesanal. ?A Igreja Matriz São Pedro Apóstolo também é destaque por ser considerada o cartão-postal da cidade?, lembra Bornhausen. Além disso, os eventos esportivos realizados na cidade, como festivais e competições de motocross, jeepcross, parapente e aeromodelismo, também trazem um número expressivo de turistas.

Ainda segundo o secretário, o setor turístico é um dos que mais movimenta a economia na maior parte das cidades. A atividade não exige grandes investimentos e aproveita o potencial já existente nos municípios. ?O setor causa um impacto na economia muito abrangente. A cada ano o crescimento desta atividade pode ser notado nos investimentos realizados nos empreendimentos e atrativos turísticos, oferecendo mais e melhores opções de infraestrutura e lazer para os visitantes?.

 

Turismo local requer inovação constante

O secretário de Indústria, Comércio e Turismo destaca que o turismo, como toda atividade econômica, está em constante transformação. ?Os turistas estão sempre em busca de algo novo, que supere suas expectativas, por isso as atividades devem estar em rápida evolução e inovação. Em Gaspar não é diferente?, afirma. Para Bornhausen, é preciso criar novas opções de lazer e continuar a desenvolver as já existentes, aproveitando tudo que o município pode oferecer, já que os atrativos existentes hoje não são suficientes para trazer a Gaspar um fluxo maior de turistas durante todo ano e não apenas na alta temporada. ?É preciso também fazer com que os turistas permaneçam mais tempo na cidade, movimentando a economia?, ressalta. Na avaliação dele, apenas com a inovação do setor será possível atrair maior fluxo turístico e, consequentemente, estimular ainda mais a economia local.

 

 

Turismo com requinte

pg23fazendaMD.jpgTranquilidade, conforto, belas paisagens e proximidade com a natureza. Quem pensa que é difícil encontrar em Gaspar u

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