Quem passa pela rua Industrial José Beduschi, no Centro de Gaspar, já não vê mais o antigo parque municipal com os mesmos olhos. O lugar que muitos pais levaram as crianças para brincar está com a cor desbotada, árvores excessivamente grandes, muros danificados e grades metálicas enferrujadas. O que era um bonito espaço de lazer se tornou um local sujo, sem cuidados e em constante decadência. Para alguns, os problemas são apenas estéticos e não afetam o seu dia a dia. Para outros, a situação é mais delicada.
Moradores próximos ao parque estão incomodados com o descaso. Para Renata Silva, o parque de diversão se transformou em um parque de horrores. “Há andarilhos dormindo e fazendo suas necessidades, pessoas usando drogas, proliferação de animais peçonhentos e ratos... Isso tudo reflete na minha casa. Eu vivo com essa insegurança. Os moradores dali já invadiram e roubaram o estoque da minha loja. Tenho dois Boletins de Ocorrência registrados”.
A moradora diz que a prefeitura não faz a manutenção periódica do terreno e isso faz com que o espaço se torne propício para o uso indevido. “É um descaso com a população. Será que a prefeitura não tem servidor suficiente para alguém ir ali com uma motosserra podar as árvores pelo menos? As folhas e galhos vivem entupindo as calhas e sujando o telhado de casa. É ridícula essa demora para resolver a situação”.
A procura por soluções se estende há mais de um ano. Renata afirma que esteve diversas vezes na Secretaria de Obras exigindo uma posição. Porém, foi orientada a procurar pela Secretaria de Planejamento. “Dizem que há um projeto para revitalizar o espaço, tirar as árvores e muros, mas que não vai para frente agora por conta do coronavírus. Mas, e antes disso, porque não faziam nada? Eu não quero mais esperar por providencias tão simples”.
Renata resume o comprometimento da prefeitura como ‘revoltante’ e diz que já procurou um advogado e que vai levar o caso ao Ministério Público. “Eu sempre fui muito educada. Agora, chega! Não interessa quando vão executar essa revitalização, desde que façam as manutenções simples. Sou cidadã, pagadora de impostos. O mínimo que espero é que limpem o espaço, fechem o portão e coloquem tapumes altos ao redor, com uma placa explicativa do projeto em andamento”.
A estrutura do parque é de responsabilidade da Fundação de Esportes e Lazer. Roni Muller, responsável pela pasta, afirma estar ciente dos problemas apresentados pela moradora. Ele diz ainda que existem projetos futuros para o local e que a aquisição de uma nova estrutura para o parque já está em andamento. “Devido à pandemia e a própria recomendação dos órgãos de saúde em evitar a aglomeração a circulação de pessoas em espaços como esse, o projeto foi adiado e vai ser retomado assim que possível e viável. Até lá, os equipamentos serão removidos”.
Em relação ao caso dos moradores de rua no local, Roni afirma que “o poder público não pode cercear o direito das pessoas de transitarem ou permanecerem em locais públicos ou mesmo obrigá-los a internação”.
O chamado ‘parque municipal’ sempre viveu de altos e baixos. Há pelo menos dez anos, o Cruzeiro do Vale publica reportagens sobre a falta de infraestrutura do local. Em 2012, uma matéria trazia o descontentamento de mães que precisaram deixar de levar seus filhos no espaço de lazer pois as madeiras e parte metálica dos brinquedos estavam podres. Hoje, o parque não está em funcionamento, mas segue com os portões abertos.
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