Eram 18h30min de quarta-feira, 12, quando o telefone tocou na casa da família Cunha, no bairro Gasparinho. O que poderia ser apenas um simples telefonema se transformou em uma notícia que trouxe ansiedade à família. Lupércio Cunha, pai da menina Pamela Thays Cunha, assassinada em 2002, foi informado de que uma testemunha poderá ter novas informações que ajudariam a solucionar o crime.
A existência da testemunha fez o Ministério Público de Santa Catarina pedir a retomada da investigação sobre a morte de Pamela. A decisão judicial foi despachada na quarta-feira à Polícia Civil, que tem inicialmente 15 dias para cumpri-la. O prazo pode ser estendido caso seja necessário. Logo após, o processo será encaminhado à Terceira Vara da Comarca de Gaspar e mais tarde seguirá novamente ao Ministério Público, que tomará as providências.
O processo está parado desde maio de 2006 por falta de provas contra o principal suspeito. Caso seja retomado, o advogado da família Cunha, Renato Nicoletti, acredita que a situação possa ter um desfecho. ?Esta é uma boa notícia, já que traz esperanças à família de Pamela. Acredito que, mesmo após 10 anos, possamos encontrar os esclarecimentos sobre o caso?, aponta.
Quando procurado pela equipe de reportagem do Cruzeiro do Vale, o delegado do Setor de Investigações e Capturas da Polícia Civil, Egídio Maciel Ferrari, disse que ainda não possui em mãos o documento que requer a reabertura do processo. Entretanto, afirmou que tomará todos os procedimentos necessários assim que o receber.
Angústia somada à esperança
Lupércio Cunha conta que ainda está surpreso com a notícia, porém, ao mesmo tempo, feliz em saber que finalmente o caso talvez possa ser solucionado. ?Todos da minha família estão muito abalados com isso. Sabemos que a esperança é a última que morre, mas também temos consciência de que já se passaram muitos anos?, ressalta o pai de Pamela.
Para Lupércio, a esposa Iara e as filhas Taynara e Vitória, a solução do caso seria o melhor presente de Natal que a família poderia receber. O pai lembra também que durante todos estes anos nunca deixou de correr atrás da justiça e de novas informações sobre o crime. ?Às vezes, fico desacreditado, pensando que nunca saberei quem foi o responsável, pois este não é o único caso não resolvido no município. Só que com esta notícia a esperança renasceu. Espero que a nossa aflição e angústia cheguem ao fim?, destaca.
O crime
O dia 23 de setembro de 2002 foi marcado pelo desespero e pela angústia de toda a família e amigos da pequena Pamela, na época com apenas nove anos de idade. Foi neste dia que a menina desapareceu, após sair de casa para comprar orelhas de gato em uma padaria próxima ao local onde morava. Os 16 dias que se seguiram ao desaparecimento de Pamela foram de intensa apreensão para os familiares e toda comunidade gasparense. Porém, no dia 8 de outubro, o corpo da criança foi encontrado em um barranco em meio a um matagal no morro do Parapente, no Poço Grande, em adiantado estado de decomposição.
Durante as investigações, a polícia chegou a um suspeito, que foi preso em 2003. Dinart Fernandes Júnior foi acusado de ser o autor do sequestro, estupro, atentado violento ao pudor e ocultação do cadáver de Pamela, porém, em agosto de 2006, o juiz de direito da Terceira Vara da Comarca de Gaspar, Sérgio Agenor de Aragão, julgou improcedente a denúncia contra Dinart e o caso foi arquivado.
Edição 1449
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