O prefeito Pedro Celso Zuchi recebeu a equipe do Cruzeiro do Vale em seu gabinete na manhã desta quinta-feira, 7. Em uma conversa descontraída, o administrador do município falou sobre os projetos que tem para 2010, como a contratação de assessores para os secretários, apontou as principais obras que pretende executar e fez uma análise de alguns fatos que marcaram o primeiro ano de sua Administração, como o rompimento com o Partido Verde. Confira a entrevista abaixo.
Cruzeiro do Vale - O senhor fará mudanças no primeiro e segundo escalão de seu governo neste início de 2010?
Zuchi - Não temos nenhuma pretensão de fazer mudanças. Vai depender do comportamento que terá daqui pra frente. Se for necessário, vamos mudar. Se não for, permanece como está.
CV - Com a saída do Partido Verde da coligação, há a pretensão de se juntar a outra sigla partidária para ter sustentação em seu governo?
Zuchi - Essa questão vamos analisar agora no início do ano. Vamos conversar com os companheiros do partido e também teremos uma reunião com o diretório estadual, em Florianópolis. A partir destas conversas é que vamos discutir se nos coligamos ou continuamos a administrar sozinhos, porque tudo depende da conjuntura estadual que vai estar se formando daqui pra frente.
CV - O senhor pretende manter no cargo os comissionados dissidentes do Partido Verde?
Zuchi - Os que pediram para sair do governo saíram. Nós não exoneramos nenhum cargo que pertencia ao Partido Verde até o momento. O que a gente entende é que, como foi o PV que se desligou do governo, caberia a eles tomar a decisão de sair. As pessoas que continuam trabalhando estão porque são competentes.
CV - O Senhor enviou projeto de lei para a Câmara de Vereadores em dezembro do ano passado criando dez novos cargos de confiança. O projeto foi rejeitado. Por que criar estes cargos se existe o concurso público, sendo que os mesmos iriam onerar ainda mais os cofres públicos?
Zuchi - Criamos este projeto pois são cargos que necessitamos no Governo. No concurso não temos as pessoas com a qualificação que precisamos no momento exato, pois os comissionados são cargos que ficam a disposição do prefeito. A partir do momento que eu não preciso mais, eu posso exonerá-lo. Se eu contratar através de concurso público eu não poderei exonerá-lo. Fica difícil você chamar uma pessoa pra preencher certa função e de repente ela não tem a qualificação que você precisa para aquele momento. Sendo comissionado, eu tenho condições de exonerar e chamar outro. Agora estamos pensando em criar um projeto para contratar um assessor para cada secretário. Pois a demanda de serviço que temos é muito grande. Temos muitos projetos encaminhados, muitas emendas que estão sendo liberadas pelos deputados federais e que vão demandar muito serviço. Para que possamos dar conta, vamos precisar de pessoas qualificadas para auxiliar os secretários e nada melhor do que ter um assessor de confiança. Quanto a onerar, sendo cargo comissionado ou efetivo vai onerar do mesmo jeito. Sendo efetivo, se eu u tiver problema de folha não posso demitir, sendo comissionado eu posso, ou seja, tenho mais flexibilidade para trabalhar.
CV - O senhor levou advertência do TCE sobre os excessos de gastos na Prefeitura. Faltou gerenciamento?
Zuchi - Esta advertência é o seguinte: existem projetos que tem que ser contingenciados, que tinham previsões de receitas e essas receitas geralmente são de projetos e de emendas. Essas emendas e esses projetos não sendo concretizados, principalmente do Governo Estadual e Federal, a Administração tem que fazer o contingenciamento e aí o Tribunal de Contas faz esse alerta. No orçamento está lá escrito. Essa é uma preocupação que a gente teve quando fez a nova lei orçamentária, nos preocupamos em colocar na própria lei dizendo que aquilo depende de recursos que não são próprios. Esse é um procedimento normal do Tribunal de Contas e eles fazem para toda e qualquer Administração. Inclusive, quando eles mandaram para cá nós já tínhamos feito os contingencionamentos por decretos, pois as verbas estavam previstas e não vieram. O Tribunal de contas faz este acompanhamento bimestralmente.
CV - Em meados de 2009 surgiu uma denúncia no Ministério Público acusando o senhor, e alguns membros de sua coligação, inclusive membros do PV, de compra de votos nas eleições de 2008. O que o senhor tem a dizer sobre esta acusação investigada inclusive pela Polícia Federal?
Zuchi - Na verdade ainda não fui notificado para fazer defesa nenhuma. Para mim, isso é desespero de derrotado. Não houve compra de votos. Estamos tranquilos quanto a isso. Na época essas pessoas não moravam no Jardim Primavera. Não conheço aquelas pessoas. Algumas assinaram a denuncia e nem votam em Gaspar. Então, estou muito tranquilo quanto a isso. Para mim é mais um sinal de desespero dos derrotados.
CV - Já existe algum projeto do Anel de Contorno para desafogar o trânsito de Gaspar ou são apenas ideias que ainda precisam ser colocadas no papel?
Zuchi - O anel de contorno começa pela ponte. Nosso objetivo foi trabalhar em cima disso em 2009. Fazendo a ponte e a ligação da BR-470 com a SC- 470 a gente acredita que já vai ajudar a solucionar grande parte do problema do trânsito. Por isso concentramos esforços para iniciar o anel de contorno pela ponte.
CV - E a Ponte do Vale como está?
Zuchi - A ponte é um projeto em parceria com o Governo Federal. O município vai entrar apenas com a contrapartida. E acreditamos que o restante do Anel de Contorno também deverá ser feito nestas condições, com parceria do Governo do Estado e Governo Federal. O município não tem condições de bancar um projeto desta envergadura, é um projeto muito grande.
CV - E quais seriam os planos para 2010 com relação a estas obras?
Zuchi - Já temos garantido e empenhado R$5,1 milhões para a ponte, que é o início do anel de contorno. Agora encaminhar o projeto para a licitação. Em janeiro Gaspar já vai estar com o projeto da ponte sendo encaminhado para licitação. O anel de Contorno é uma etapa para depois da ponte, que vamos estudar juntamente com a Secretaria Regional de Blumenau.
CV - Ano passado Gaspar recebeu R$6,5 milhões do PAC para obras de drenagem no bairro Santa Terezinha. A obra deve acabar com os constantes alagamentos no bairro. Há previsão de quando ela será iniciada? E o bairro Bela Vista, que também sofre com os constantes alagamentos, como fica? Há previsão de vinda de recursos para obras também neste bairro?
Zuchi - O projeto do bairro Santa Terezinha foi encaminhado para a Caixa Econômica no início de novembro. Está em análise final, só estamos terminando de enviar alguns documentos que a Caixa Econômica pediu. Acredito que no início de fevereiro deveremos mandar este projeto para licitação. Quanto aos demais bairros, estamos trabalhando junto aos parlamentares federais para que possamos conseguir recursos não só para o Bela Vista, mas para a Margem Esquerda, rua Frei Canísio, e Belchior. São vários projetos que estão no Ministério das Cidades e Ministério da Integração, onde também conseguimos R$3 milhões para a obra de drenagem no Morro do Samae.
CV - Muitos bairros sofreram com a falta da coleta de lixo no início deste ano. Seria devido às mudanças efetuadas na empresa que presta o serviço? O que está sendo feito para mudar esta situação?
Zuchi - O problema da coleta de lixo está concentrado no transbordo. Pois hoje os caminhões pequenos fazem a coleta do lixo e levam direto para Timbó, no aterro sanitário. Em um dia de tráfego levam cerca de três horas para ir e voltar. São quatro caminhões, perdendo três horas, são doze horas de trabalho perdidas por dia. Já fizemos o pedido de autorização para a Fatma para fazer o transbordo através de caçambas, assim o caminhão pequeno coloca os dejetos nos caminhões grandes. Enquanto a caçamba leva o material os pequenos já estão coletando novamente. Assim ganhamos tempo e dinheiro. Mas ainda não obtivemos esta liberação da Fatma, eles já fizeram a vistoria, está tudo dentro das normas, mas ainda não liberaram. Para piorar, no final de ano o aterro sanitário restringiu o recebimento dos caminhões. Eles não receberam o lixo de nenhuma cidade. Mas no final do ano pedimos um mandado de segurança ao juiz para que liberasse o funcionamento deste sistema, mas ele negou. Agora esperamos que a Fatma libere nos próximos dias.
CV - Qual será o foco de atuação da Administração neste ano de 2010?
Zuchi - Temos várias frentes que vamos trabalhar agora, a partir de janeiro. Em primeiro lugar está a ponte, pois entendemos que ela merece nossa atenção. Paralelamente a isso, temos o bairro Santa Terezinha, que terá este grande investimento de R$6,5 milhões e temos que atuar fortemente. Temos também a situação das casas para os desabrigados, que estamos com os projetos bem encaminhados. Acreditamos que até final de janeiro, se o tempo ajudar, a empresa vai concluir a terraplanagem do Gaspar Mirim. O projeto da Margem Esquerda está em fase de acabamento. E também estamos trabalhando, junto com a Caixa Econômica, na liberação de cerca de R$24 milhões a serem investidos no Poço Grande, onde serão construídos aproximadamente 500 apartamentos, e este é um projeto muito forte para poder acabar com a demanda que temos de habitações. Nosso objetivo é tirar as pessoas das áreas de risco e dar moradia digna, pois é para esse tipo de gente que queremos governar.
Já temos assinados convênios para asfaltamento na Cohab do Gaspar Mirim, a rua José Anastácio, a rua Leopoldo Alberto Schramm, rua Prefeito Júlio Schramm, entre outras ruas levantadas pelo Orçamento Participativo e que serão pavimentadas. Temos ainda a cobertura da quadra da escola Ferandino Dagnoni, o projeto Gaspar Cidade Rio, a obra do Morro do Samae, e o acesso para pedestres no Morro do Hospital. Também vamos criar a Superintendência do Belchior, temos o IF-SC que será inaugurado este ano e também estamos projetando a Policlínica, o Centro Dia para o Idoso, entre outras obras.
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