Caso Malhas Émerson: Sindicato prevê pagamentos até o final do mês - Jornal Cruzeiro do Vale

A longa espera dos trabalhadores da extinta Malhas Émerson pode estar perto do fim. Uma determinação judicial emitida na semana passada prevê que a administração da massa falida da empresa têxtil comece a fazer os pagamentos para os cerca de 300 ex-funcionários que aguardam pelas indenizações desde a falência da empresa, em 1996.

Segundo o advogado do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Fiação e Tecelagem de Blumenau, Gaspar e Indaial, Sintrafite, Osmar Packer, o prazo dado pela Justiça para o levantamento de informações bancárias dos trabalhadores termina nesta terça-feira, dia 19. ?Com isso, nossa expectativa é de que a partir de quarta-feira, dia 20, os trabalhadores que já repassaram seus dados bancários comecem a receber em suas contas os valores a que têm direito. Acreditamos que até o final de agosto todos terão recebido suas indenizações. Depois de 18 anos de luta, é uma satisfação saber que a história caminha para o desfecho?, afirma Packer.

Segundo a presidente do sindicato, Vivian Bertoldi, trabalhadores que tiveram alguma alteração nos dados bancários ou que ainda não apresentaram as informações anteriormente podem entrar em contato com o Sintrafite. Apesar da boa notícia, conforme já havia sido definido no processo, os trabalhadores receberão apenas 21,49% do crédito total que tinham a receber, já que o valor levantado pela empresa não custeia todo o crédito trabalhista. Somados, os valores devem chegar a R$ 1,1 milhão, valor obtido por meio da venda dos imóveis pertencentes à empresa, realizada em 2007.

Packer ressalta ainda que o desfecho só está sendo possível em razão do trabalho da equipe do Fórum de Gaspar, comandada pelo juiz Rafael de Oliveira e Silva Borges, e pelo diálogo com o advogado Olávio Pereira, síndico da massa falida da Malhas Émerson.

Motivos para sorrir

Durante os 18 anos em que o processo se desenrolou, Antônio Sebastião Florêncio, que trabalhou por sete anos como porteiro da Malhas Émerson, ajudou a articular os trabalhadores comandando a comissão de ex-funcionários, ao lado de Valdemar Borges Ferreira, Terezinha Angioletti, Jaime Aguiar, João Rocha e Edileuza Bruno. No ano passado, os ex-funcionários chegaram a realizar uma manifestação em frente ao Fórum de Gaspar, pedindo agilidade no processo.

Segundo o advogado do Sintrafite, o trabalho da comissão foi fundamental para que o processo tivesse sequência e os trabalhadores recebessem os valores a que têm direito. Prestes a receber o esperado valor da empresa, Antônio já planeja investir o dinheiro em melhorias na sua residência, no bairro Gasparinho, e não esconde a alegria com o provável desfecho ao longo do mês de agosto. ?Muita gente dizia para deixarmos isso de lado, achavam que não iríamos mais receber. Ainda que não seja o valor total, é um alívio grande saber que todo esse esforço não foi em vão e que os trabalhadores vão receber?, ressalta Antônio.

O Cruzeiro noticiou 

Acompanhando o caso desde o início, o Cruzeiro do Vale relembrou em novembro do ano passado o drama dos trabalhadores que esperavam pelo pagamento dias antes da manifestação realizada pelo grupo em frente ao Fórum de Gaspar. Na ocasião, uma ex-costureira da empresa, que inclusive perdeu a visão durante os 18 anos do processo, falou sobre a expectativa de receber ao menos parte dos R$ 12 mil a que tinha direito no início do caso, em 1996.

Sulfabril

Com a venda da unidade de Gaspar por R$ 4,9 milhões, realizada em leilão no início do mês, os trabalhadores com valores a receber da Sulfabril ainda devem ter que esperar mais um tempo para receber os valores. Segundo a presidente do Sintrafite, a expectativa é para o leilão da unidade de Blumenau, avaliada em pouco mais de R$ 100 milhões, além da unidade de Ascurra e da marca. O pregão está marcado para 15 de setembro. Apenas após as negociações é que deve haver novidades sobre o pagamento dos 2,5 mil trabalhadores com quantias a receber. Cerca de 15% do total já foi depositado no ano passado. No total, o crédito trabalhista da Sulfabril soma aproximadamente R$ 60 milhões. 

Edição 1615