Aulas teóricas, práticas e simulador: o caminho até o volante para novos condutores - Jornal Cruzeiro do Vale

Aulas teóricas, práticas e simulador: o caminho até o volante para novos condutores

30/11/2015
Aulas teóricas, práticas e simulador: o caminho até o volante para novos condutores
Por Thiago Moraes

Tirar a Carteira Nacional de Habilitação, CNH, a popular carteira de motorista, é para os brasileiros uma transição importante e sempre cercada de momentos de tensão. O processo é árduo e exige perseverança e jogo de cintura diante de aulas teóricas e práticas, além das provas.

Josiane Lima Gandin, de 45 anos, aluna de uma autoescola de Gaspar, conta que o início das aulas é sempre tenso e recheado de expectativa, mas que com o passar do tempo a adaptação vem sem maiores dramas. “Estou gostando. Depois da etapa teórica, agora é a vez do aprendizado prático, com o carro, nas ruas”, declara a moradora do bairro Gasparinho.

Charlene Ribeiro, de 20 anos, moradora do bairro Gaspar Mirim, escolheu entrar na autoescola recentemente, devido a ter tempo para frequentar as aulas em suas férias de final de ano. “O conteúdo das aulas teóricas é repassado pelos professores, e o aluno precisa não deixar acumular o conteúdo para a prova”, frisa a estudante.

Instrução
Instrutora de aula prática, Nely Lucas, de 50 anos, orienta condutores desde 2008. “A demanda de alunos varia de 18 a 70 anos de idade. Cada um tem um perfil e uma necessidade que precisa ser levada em conta. Tem casos de condutores que precisam da carteira para trabalhar e casos de senhoras, por exemplo, que desejam ir ao supermercado e à igreja. O mais importante é transmitir os conhecimentos necessários com atenção redobrada para que cada condutor saia da autoescola, com sabedoria e prudência”, destaca Nely.

Instrutora teórica de Legislação, Sinalização, Primeiros Socorros, Meio Ambiente e Mecânica, a professora Caroline Bornhausen Spengler destaca que a consciência e a responsabilidade são pontos fundamentais que precisam ser pregados para o condutor. “Leciono há 10 anos e percebo que as aulas precisam ser dadas, cada vez mais, com dinamismo e exemplos reais que levem o aluno à consciência e à responsabilidade que ele terá na direção de um veículo”, informa.

Preocupações dos CFCs

Sócia-proprietária da Autoescola Gasparense, Mária Júlia Aguiar salienta que os Centros de Formação de Condutores, CFC, precisam ser criativos e aplicativos no conteúdo teórico repassado em salas de aulas. “Assim as aulas não são maçantes. Formamos condutores com responsabilidade e com atenção especifica à necessidade de cada condutor”, salienta.

Eduardo Reinert, dono da Autoescola Coração do vale, ressalta que o aprendizado é bom. “As autoescolas precisam ter veículos equipados e com tecnologia compatível com a necessidade do ensino, além do material didático sempre atualizado com a legislação vigente. É um conjunto de coisas bem feitas que faz com que o aluno saia da preparado”, analisa.

Simulador em 2016

Após adiamentos, o uso obrigatório do simulador veicular para tirar a Carteira Nacional de Habilitação parece que, enfim, vai sair do papel no Brasil em janeiro de 2016. Das 25 horas de aula que o aluno deve registrar antes de fazer o teste prático para tirar a carta tipo B, de carros de passeio, pelo menos cinco, ou um máximo de oito, terão de ser feitas em simuladores, sendo uma aula obrigatória em situação de condução noturna.

Defensores da aprendizagem por simulação apontam que aumentar a intimidade do condutor com o automóvel mesmo em emergências é o trunfo da máquina. “O simulador é um apoio importante, mas deve ser usado para ajustes depois da aula prática, e não antes”, avalia a especialista em Trânsito, Márcia Pontes.
Para o consumidor, o custo da carteira de habilitação B pode ficar até R$ 300 mais caro.

Guerra dos sexos

Uma recente pesquisa da seguradora britânica Privilege avaliou 50 motoristas ao volante e observou outros 200 que passavam por um cruzamento do Reino Unido. As mulheres somaram 23,6 pontos de um total de 30, enquanto eles chegaram a 19,8. A vantagem se deu pela maior atenção aos limites de velocidade e às regras de trânsito.

Passo a passo da CNH

Matrícula e entrega da documentação
Exame médico, foto, assinatura digital e psicotécnico
45 horas aulas teóricas
Prova teórica do Detran com 40 questões (70% corretas)
Emissão da licença para Aprendizagem de Direção Veicular – LADV
25 horas de aulas prática (para moto são 20 horas)
Prova prática do Departamento de Trânsito, Detran
Emissão da Carteira de habilitação
Carteira de habilitação, depois da aprovação na prova prática, chega às mãos do condutor entre 20 e 30 dias.

Valores

Categoria AB (carro e moto)
R$ 1.900 à vista
R$ 2.280 parcelado
*Valores aproximados para
primeira habilitação

Especialista vê ‘adestramento’

A especialista em Trânsito, Márcia Pontes, de Blumenau, avalia que no Brasil o aluno que entra em um Centro de Formação de Condutores, CFC, sofre um “choque súbito”. “O que se faz é uma espécie de adestramento, e não um ensino significativo e preventivo de tudo o que envolve o trânsito em si”, opina.
Segundo Márcia, conceitos antigos que são repassados, como pisar no acelerador a partir do momento que o veículo começar a tremer, são exemplos de quão atrasados alguns Centros de Formação de Condutores estão. “Princípios de comando de marcha a ré e movimento de volante são pouco transmitidos também. E, em especial, questões emocionais dos alunos são ignoradas pelas autoescolas. Condutores que recém-conseguem a carteira de habilitação às vezes sofrem acidente de trânsito devido à imperícia”, observa.

A especialista crava que as autoescolas deveriam dar ainda mais atenção às dificuldades dos alunos e inclusive se antecipar aos problemas. “Deveriam ensinar a fazer a baliza de estacionamento para o seu dia a dia e não somente para ser aprovado. Precisaria haver integração entre os órgãos de trânsito. Não é só fiscalização, é também apoio pedagógico, não é só punir, é orientar com experiências reais”, frisa.

Mais integração

Para o agente de trânsito Pedro da Silva, os órgãos de trânsito poderiam ter agentes integrados por meio de parcerias dentro das autoescolas, repassando experiências com maior realidade do dia a dia. “Nas abordagens, de cada 10 condutores, nove cometem infrações de trânsito. Precisa haver mais capacitação. Um exemplo é o caso da viseira, que muitos motociclistas desrespeitam. O instrutor é responsável pelos alunos que forma durante cinco anos, e poucos cobram a autoescola por isso”, avisa Silva.

Para o diretor de Trânsito de Gaspar, Dirceu dos Passos, o instrutor já é qualificado para instruir os condutores. “Não precisa de integração. O conteúdo pedagógico está sendo repassado de forma adequada. A base para se formar bons motoristas se tem, a questão é que muitas vezes os condutores sabem das leis, mas não as colocam em prática”.

 

 

Edição 1726

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