APAE comemora 25 anos dedicados à educação especial das pessoas com deficiência de Gaspar - Jornal Cruzeiro do Vale

APAE comemora 25 anos dedicados à educação especial das pessoas com deficiência de Gaspar

20/03/2010

img0711800x533MD.jpgBasta andar pelos corredores do Centro Integrado de Educação Especial Fênix para sentir a alegria e o amor que fazem parte do dia-a-dia dos alunos e profissionais da escola de educação especial de Gaspar.

Há 25 anos a escola se dedica à educação das pessoas com deficiência mental da cidade e para comemorar a data uma cerimônia acontece na noite desta sexta-feira, 19, na sede da escola. O evento será marcado por duas grandes conquistas da entidade: o lançamento do livro "Apae de Gaspar: 25 anos dedicados à educação especial", produzido com o apoio do Jornal Cruzeiro do Vale, e o lançamento da pedra fundamental do Complexo Educacional e Esportivo, que será erguido em terreno adquirido pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais.

 

Livro

O livro "Apae de Gaspar: 25 anos dedicados à educação especial" conta um pouco da história da escola de educação especial de Gaspar. Para resgatar os fatos, foram entrevistados os fundadores, pais dos primeiros alunos, ex-presidentes e lideranças comunitárias da época. O livro também traz informações atuais sobre a escola, oferece explicações sobre as atividades desenvolvidas e mostra muitas imagens do atendimento especial oferecido às crianças e adultos que estudam diariamente no local.

 

Complexo Educacional e Esportivo vai atender os atuais 230 alunos

fotoparaparte5hoje800x533MD.jpgVinte e cinco anos se passaram desde o início das atividades da escola de educação especial de Gaspar e para atender aos atuais 230 alunos diversas salas de aula foram construídas e a estrutura foi ampliada, utilizando todo o espaço disponível no terreno onde a escola está construída. Com o aumento do número de alunos e das atividades oferecidas, o espaço atual tornou-se pequeno e um grande projeto foi preparado pela diretoria da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais para suprir as necessidades da escola.

Para que a construção do Complexo Educacional e Esportivo se torne realidade ainda falta muito, mas a administração e a diretoria da escola estão otimistas e esperam erguer a construção no prazo de 12 meses. Flávio Bento da Silva, presidente da Apae, conta que seu sonho é poder finalizar este projeto ainda em seu mandato e garante que vai trabalhar para isso. E para que este sonho se torne realidade, o empresário afirma que precisará do apoio de toda a comunidade gasparense.

 

O projeto

O Complexo Educacional e Esportivo da Apae terá dois mil metros quadrados. São dois pisos com 1.400 m² cada. O projeto arquitetônico está pronto e foi elaborado pelo engenheiro Edson Schmitt, que de forma voluntária contribuiu com este grande sonho do Centro Integrado de Educação Especial Fênix.

No andar térreo serão construídas nove salas de aula, que irão receber os alunos adultos e as aulas de oficinas laborais. Serão construídos quatro banheiros adaptados e um fraldário. Também haverá uma piscina com aquecimento solar, onde os alunos poderão ter aulas de fisioterapia e terapia ocupacional. Haverá ainda espaço para estacionamento de veículos e um espaço onde, futuramente, a equipe multidisciplinar da escola espera criar um Jardim Sensitivo, um local com flores, plantas e até uma cascata, que serão utilizados para trabalhar a sensação das cores e texturas da natureza junto com os alunos em desenvolvimento educacional. No andar superior será construída uma quadra poliesportiva, com arquibancada e vestiário e haverá um palco, onde serão realizadas as apresentações artísticas e culturais da escola. Haverá ainda uma praça para o recreio e lanche dos alunos.

Toda a estrutura terá um custo estimado em R$ 2 milhões. O valor é alto, mas a diretoria e a administração da APAE acreditam que, com o apoio da comunidade, da classe empresarial, e do poder público, mais uma vez a APAE poderá vencer seus limites e desafios e assim crescer para oferecer um ensino de cada vez mais qualidade para os alunos especiais de Gaspar.

 

Como tudo começou

Quem conhece a Apae de Gaspar nos dias de hoje vê uma entidade séria, comprometida com o bem estar de seus alunos, e com credibilidade em todo o Estado, mas não imagina quão difícil foi a luta para tornar este grande sonho em realidade.

Tudo começou com a luta de uma mãe para incluir seu filho em uma escola.

 

Início

personalidadesambileericardo800x600MD.jpgQuando o pequeno Ricardo Cesar Ayroso viu seus irmãos se arrumando para irem para a escola, o menino de quase cinco anos de idade também quis se preparar para estudar. A idade não permitia que Ricardo entendesse que não era uma criança comum, ele era especial e nenhuma escola do município estava preparada para recebê-lo.

As limitações do filho não impediram que Amábile Ayroso fosse em busca de uma escola para Ricardo. Durante vários dias a incansável mãe foi de porta em porta nos educandários de Gaspar perguntar se teria como matricular o filho com Síndrome de Down no pré-escolar. Em todas as escolas a jovem mãe recebeu um não como resposta.

Como a cidade não possuía um espaço para seu filho, Amábile foi em busca de apoio na cidade de Blumenau, que tinha uma escola de educação especial e já atendia um aluno de Gaspar.

Amábile se uniu à Maria Clotilde da Silva, mãe de Alexandre da Silva, e juntas as duas mães conseguiram que a Prefeitura de Gaspar pagasse as despesas com o transporte para que seus filhos pudessem estudar em Blumenau.

Aos poucos mais mães foram se unindo à Amábile e Maria e mais crianças começaram a romper os limites da deficiência e passaram a se integrar à sociedade através da educação especial.

No início, as crianças iam até Blumenau com o ônibus de linha intermunicipal, como as dificuldades eram grandes, as mães foram em busca de apoio, recursos e doações e então conseguiram uma Kombi que fazia o transporte de sete crianças com deficiência até a APAE de Blumenau.

 

Luta

Foi a luta destas batalhadoras mulheres que inspirou lideranças comunitárias e representantes do Poder Público a fundar a APAE em Gaspar.

Primeiro surgiu a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, formada em 1983. Dois anos depois, em 1985, foi fundado o Centro Integrado de Educação Especial, um espaço onde as pessoas com deficiência mental poderiam estudar e ter um acompanhamento médico e psicológico.

Um dos grandes incentivadores da ideia foi o dentista Valmor Beduschi (in memorian), empossado primeiro presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. Valmor Beduschi procurou o então prefeito Tarcísio Deschamps, que convocou uma reunião com lideranças da cidade e deu a ordem expressa de que nenhum esforço fosse medido para que a escola especial fosse fundada.

A reunião realizada no gabinete do Prefeito foi o passo inicial para que a escola de educação especial finalmente saísse do sonho daquelas batalhadoras mães e se tornasse realidade. Cerca de 40 dias após a reunião, a Prefeitura conseguiu uma pequena casa de madeira na rua Isidoro Correia, no Centro da cidade, e as atividades do Centro Integrado de Educação Especial Fênix iniciaram.

 

Início das atividades

As atividades da escola começaram em março de 1985, com 23 alunos que eram desde bebês, como Felipe Zimmermann, que tinha 16 dias de vida, e até adultos como Ana Alves, a Nina, que foi a primeira aluna a se matricular e chegou na escola com 42 anos de idade.

O espaço era pequeno. A Administração funcionava na casa e aos fundos foram erguidas três salas de aula e banheiros especiais. Os alunos tinham aulas e também recebiam cuidados para a saúde. Um médico e uma assistente social foram cedidos ela empresa Ceval, atual Bunge Alimentos, para, uma vez por semana, darem expediente na APAE e atenderem as crianças. Uma psicóloga cedida pela APAE de Blumenau também fazia parte da equipe e alguns meses depois de iniciadas as atividades uma pedagoga foi cedida, também pela Ceval. Os professores que atuavam na educação dos alunos foram cedidos pelo Governo do Estado e assim a escola passou a atender as crianças especiais de Gaspar.

"O espaço já começou pequeno, pois tínhamos três salas de aula apenas. Então, assim que começamos as atividades já começamos também a lutar por uma sede própria", conta Rosa Elsa Nunes Masson, servidora pública que foi cedida pelo Município para ser secretária da Escola de Educação Especial e até os dias de hoje está à frente do educandário, agora como diretora.

 

Mudanças

Com o início das atividades da escola de educação especial e com a divulgação dos trabalhos voltados aos excepcionais, através da diretoria da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, o número de alunos da Apae foi crescendo de forma acelerada e a casa alugada no centro da cidade ficou pequena para receber todos os alunos que chegavam para estudar no local.

No mesmo ano em que iniciaram as atividades, a diretoria da APAE e o Poder Público precisaram ir em busca de um novo espaço para atender os alunos com necessidades especiais.

A Prefeitura possuía um loteamento no bairro Santa Terezinha com um terreno que deveria ser utilizado para área verde, porém, diante da necessidade de construir uma sede própria para a APAE, o prefeito Tarcísio Deschamps, com o apoio da Câmara de Vereadores da época, autorizou que a nova escola fosse erguida neste terreno.

Como o espaço era um pouco pequeno, os responsáveis foram em busca de novos apoiadores e conseguiram a doação do terreno que ficava ao lado da área verde cedida pela Prefeitura.

 

Nova escola

A nova sede, construída em formato de U, tinha cinco salas de aula, salas para os trabalhos administrativos, cozinha, banheiros e um refeitório. Apesar de grande, o novo espaço quase não foi suficiente para comportar o grande número de alunos, que já chegava a 85 estudantes.

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