Professora Sandra Wanzuit: uma história de amor pela educação - Jornal Cruzeiro do Vale

Especial 15 de outubro - Dia do Professor

Em cada escola por onde passou, a professora Sandra Wanzuit deixou um legado. Aos 64 anos, ela soma mais de quatro décadas dedicadas à educação. São 31 anos na rede estadual e 10 na rede municipal de Gaspar. Entre salas simples e travessias de arrozeiras em dias de chuva com os pés descalços, Sandra construiu uma trajetória que inspira. “Eu sempre soube que nasci para ser professora. Nunca tive dúvidas disso”.

Conhecida carinhosamente como Sandrinha, começou a vida no magistério em 1981, na antiga escola do bairro Gaspar Grande, atual Escola Olímpio Moretto. “Hoje eu começaria tudo de novo, no interior, com o pé no chão. Trabalhei no Gaspar Grande e na Garuva, em lugares onde precisávamos atravessar arrozeiras com chuva, tirando os calçados para dar aula. E hoje vejo meus alunos daquela época, que eram crianças, já adultos, formados. Isso me enche de alegria.”

Da sala de aula à direção

A vocação se revelou cedo. Ainda jovem, Sandra lecionava para turmas das séries iniciais, na alfabetização, e foi professora do curso de magistério, ministrando disciplinas como Metodologia da Ciência, que existia na época. “Sou muito realizada sendo professora, esse é o meu propósito. Sempre trabalhei com educação e pela educação, e o meu legado é o amor pela educação, mesmo com todos os desafios da profissão”.

Após 31 anos de atuação na rede estadual, aposentou-se em 2013, mas o amor pela sala de aula falou mais alto. Logo recebeu o convite para continuar sua missão na rede municipal, atuando em escolas como Zenaide Schmitt Costa, Professor Olímpio Moretto, Dolores Luzia dos Santos Krauss, Ana Lira e Vitório Anacleto Cardoso. Atualmente, ocupa a função de diretora adjunta na Escola Luiz Franzói, mantendo o mesmo brilho no olhar de quando começou. “Comecei como professora, já fui coordenadora e hoje estou como diretora adjunta. É uma alegria enorme continuar no ambiente escolar, que é onde sempre amei estar”.

Lição que atravessa o tempo

A história de Sandra é também uma história de força, fé e resiliência. Desde os 16 anos, convive com artrite, doença degenerativa que causa dores e limitações físicas, especialmente nos dias frios e úmidos. “Trabalhei a vida toda mesmo com dor. Nunca pensei em desistir. A escola sempre me deu força, sempre foi meu refúgio e meu propósito. Eu aprendi a lidar com a dor e a ter paciência com os desafios da vida.”

Mesmo enfrentando desafios de saúde, Sandra nunca deixou de ensinar. “É necessário muito amor, confiança e acreditar. Sempre estive firme, a doença nunca foi obstáculo. A escola sempre me deu coragem.”

Entre tantos momentos marcantes, um tem lugar especial na memória: a homenagem recebida na Câmara de Vereadores de Gaspar, quando uma aluna Vereadora Mirim escolheu seu nome para fazer um reconhecimento. “Foi uma emoção enorme. Eu jamais imaginei ser homenageada. Esse reconhecimento é a maior recompensa que um professor pode ter. Ver que o amor que a gente coloca no trabalho toca os alunos é algo que não tem preço. “O reconhecimento é isso, é o aluno passar do outro lado da rua, lembrar da gente e dizer: ‘Oi, professora!’.”

Décadas de dedicação à educação

Sandra carrega o orgulho de ter participado da formação de muitos gasparenses. “Hoje encontro ex-alunos que me dizem: ‘Dona Sandrinha, a senhora foi exigente, mas me ensinou muito’. Isso é o que mais me toca. Saber que contribuí de alguma forma para o que eles são hoje.”

Mesmo atuando como diretora adjunta, Sandra se define de forma simples e verdadeira: “Eu continuo sendo professora. Sempre serei. Essa é a minha essência.”

A vocação veio de berço: sua mãe também foi professora. “Fui incentivada a seguir esse caminho pelo pai de uma grande amiga. Me encantei logo na primeira aula do magistério e vi que a minha vida seria ali.”

Entre lembranças das antigas salas e as tecnologias de hoje, Sandra vê na educação um processo em constante transformação. “Hoje os alunos questionam, pesquisam, têm mais acesso à informação. A educação mudou muito, mas o nosso amor em ensinar continua o mesmo. E é isso que me move.”

Ao refletir sobre sua trajetória, ela compartilha: “Sempre tive a certeza do meu caminho e acredito que viemos a este mundo para sermos felizes. Momentos de dor existem, mas o tempo organiza tudo. O meu maior aprendizado sempre foi a paciência. Ela transforma tudo.”

Sandra sente-se parte viva da história da educação de Gaspar. “A educação me fez quem eu sou, e eu faria tudo de novo. Trabalhei com pessoas maravilhosas, que me ensinaram muito. Aprendi no olhar, no corrigir, e sou muito grata a todos que fizeram parte da minha história até aqui. A Secretaria de Educação, sempre teve um olhar por mim de muito respeito. Sempre fui muito bem recebida e acolhida em toda a rede de ensino, e sou muito grata a isso. Hoje sou muito realizada. A minha vida é a escola.”

Edição 2215