Dez meses após a liminar que forçou o município de Gaspar oferecer ajuda aos três ou quatro abnegados que mantêm em suas propriedades dezenas de cães abandonados por cidadãos irresponsáveis e inconsequentes, as ações do poder público para fazer seu papel nesse assunto agora é que começam a se desenhar. Após o longo processo de cadastramento dos 347 animais e microchipagem de alguns deles, uma comissão formada pelo Executivo propõe o lançamento de duas licitações, voltadas à compra mensal de ração e à castração de fêmeas que hoje estão nesses abrigos informais da cidade.
De longe, essas são as duas reivindicações mais urgentes dos voluntários. Por mais que a população possa e deva fazer seu papel ajudando esses verdadeiros exemplos da comunidade, o poder público precisa oferecer ao menos algum tipo de apoio. A promessa leva esperança aos voluntários e a todos que almejam ver uma redução no problema do abandono de animais, mas também é uma forma de o município cumprir sua parte no processo acompanhado de perto pelo Ministério Público.
Como os próprios representantes do município reconhecem, o problema da população animal de rua, do abandono e dos maus-tratos exigem uma plena conscientização da população, e também um plano de políticas públicas claro, definido, algo que ainda não é tarde para se começar a estruturar. A partir daí, somando o planejamento e o trabalho de longo prazo às ajudas emergenciais necessárias para os voluntários e para o poder público, será possível vislumbrar uma luz no fim do longo e escuro túnel que se tornou o problema dos animais de rua em muitos municípios do país.
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