Por Herculano Domício - Jornal Cruzeiro do Vale

Por Herculano Domício

30/10/2017

 

PINTADOS PARA A GUERRA. QUEM PERDE? O CIDADÃO PAGADOR DE PESADOS IMPOSTOS!

Amanhã é o Dia das Bruxas. E elas estão soltas. Os servidores públicos de Gaspar prometem fazer um dia de paralisação antecipando e esticando o feriadão dos barnabés que passa pelo Dia de Todos os Santos, o de Finados e o enforcamento da sexta-feira, porque ninguém é de ferro na espera de Sábado e Domingo.

Estão certos no protesto, mas não no feriadão. Ele penaliza exatamente quem lhes paga, a quem os servidores servem (nas creches, escolas, postos de saúde, no atendimento em geral).

Os trabalhadores e os desempregados não possuem os benefícios que os servidores querem criar, preservar e ampliar para si próprios, mandando, mais uma vez, a pesada conta dos privilégios para todos os gasparenses. Tudo com o aval dos políticos de ocasião, eleitos ou não por nós. Esses políticos também vivem dos pesados impostos do povo que perde emprego a qualquer crise econômica, criada pelos políticos. O trabalhador na iniciativa privada não possui a estabilidade dos servidores no emprego e pagos pelo povo sofrido.

O poder político de plantão no poder de Gaspar, promete resistir aos servidores. Também está certo se tiver capacidade. Entretanto, os dois erram porque um está mentindo e jogando; outro, porque é inábil, autoritário e igualmente, joga.

O prefeito de fato, o secretário Carlos Roberto Pereira, da Fazenda e Gestão Administrativa, presidente do PMDB, advogado e coordenador da campanha do prefeito eleito de verdade Kleber Edson Wan Dall, PMDB, escreveu na sua rede social, mas apagou minutos depois num sinal claro de dúvida do que ele próprio prega à si próprio: “ser gestor público implica em ter coragem”.

E eu na coluna de sexta-feira desagradei e agradei a todos, dependendo do trecho da coluna e do lado de um dos contendores leitores. Eu não escrevo para agradar, muito menos para desagradar, mas para explicitar um ponto de vista e que necessariamente não precisa o melhor de todos. Não sou servidor, não sou político, não sou gestor público: sou pagador de pesados impostos, o que possui mais direitos de todos.

Naquela coluna, feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo e de maior circulação em Gaspar e Ilhota, completei ao “desafio” do doutor Pereira: é verdade [sobre a coragem], mas essa postura é exceção [entre os políticos e gestores públicos não só daqui, é claro]. Antes da coragem, é preciso inteligência, capacidade de negociação, articulação e plano B (pensado para ceder, mudar e até perder). Ninguém vai à uma guerra apenas com a coragem.

Eu por exemplo, tenho verdadeiro pavor dos corajosos. Nesta minha vida vi tantos se espatifarem no primeiro obstáculo, pois só tinham mesmo era a coragem (cega, juvenil ou dos idiotas). A maioria caminhou para o cadafalso sem saber que já estava no patíbulo. Agoniante foi assistir esse tipo involuntário de suicídio, apesar de todas as evidências e advertências.

Repito pela primeira vez: os servidores estão no papel deles. Eu, no lugar deles, faria o mesmo. Todos temos que lutar por aquilo que acreditamos.

Entretanto, devemos enxergar antes o patíbulo. Por isso, recomendaria mais inteligência, estratégia, assertividade e transparência aos que os lideram, interlocutores e principalmente aos incendiadores.

OS TEMPOS SÃO OUTROS

O que os servidores não perceberam ainda é que os tempos estão mudando; são outros. O fenômeno Bolsonaro não é gratuito. É uma mensagem já claramente decifrada. Há exaustão ponderável da sociedade que admite até radicalismos para livrá-la das sucessivas sacanagens, tapeações e da conta que cai sempre no mesmo bolso. Há mais consciência da sociedade sobre o papel dos servidores, da qual eles não podem ser uma ilha de exceções nos privilégios e benefícios, nas quais, o restante da sociedade e que banca tudo isso, não possui acesso ou direito igualitários aos mesmos benefícios. Pior: não dá mais conta de suportá-los.

É preciso se preparar e antecipar os novos tempos O que não funciona, parece-me, é o Sindicato no modelo que já se ultrapassou e no caso específico de Gaspar, que vem falhando sucessivamente. E não é de hoje. É de há muito. O sindicalismo continua na era do megafone, da máquina de escrever e do mimeógrafo. Já estamos na era das redes sociais, da fake news, do contraditório instantâneo, do pós-verdade... Há meio século de lapso temporal e novos procedimentos. E tem gente no sindicalismo (e no poder político de plantão) que não percebeu isso ainda. Meu Deus!

Repito pela segunda vez: o governo de Kleber, do vice Luiz Carlos Spengler Filho, servidor municipal, e do doutor Pereira, também está certo. Eu faria o mesmo, se acreditasse que esta seria a solução. Falta-lhe, todavia, capacidade de gestão, escolha das prioridades, inteligência, estratégia, assertividade, transparência e principalmente comunicação e que é sob todos os aspectos, desastrosa. Há autoritarismo expresso. O parágrafo anterior também se repete aqui.

Vamos por partes, como diria Jack, O Estripador.

O Sindicato e as lideranças dos servidores dizem que fizeram um acordo com o prefeito Kleber: se a folha não chegasse a 48% do Orçamento municipal, em outubro, o “auxílio alimentação” seria reajustado pela inflação do período como foram os vencimentos no primeiro embate do ano. Muito bem! Onde está escrito isso? Foi apalavrado? Fio-do-bigode? Ai, ai, ai. O Sindicato é ingênuo ou não aprendeu com a pernada que o PT de José Amarildo Rampelotti e Pedro Celso Zuchi quase deu em Jovino Masson, ex-presidente, no ano passado e em outros outonos?

O ACORDO ESCRITO

O que está escrito bem no primeiro parágrafo do acordo e de pendências da negociação para todos lerem e ser ele cobrado? “Não haverá concessão de reajuste inflacionário no valor do auxílio-alimentação conforme propositura do Sindicato. Todavia, a Administração Municipal e o Sintraspug voltarão a negociar o item em outubro de 2017, para avaliar a possibilidade de atendimento ao pleito, considerando a situação das contas públicas no período”.

E a prefeitura está cumprindo a sua palavra: voltou a negociar como prometeu. O resto é chantagem, mentira e jogo. Então negociem!

O que quer dizer esse primeiro parágrafo? Que o Sintraspug caiu na própria armadilha. Não colocou formalmente nenhum parâmetro – que disse ter acertado - para cobrar nessa negociação que fez. Mente para si e os seus? A prefeitura está com a faca e o queijo na mão: ela pode considerar tudo sobre a situação das contas públicas. Inclusive que não tem nenhuma condição de alterar o valor. Onde está mesmo escrito que a métrica é de 48% no acordo de pendências com o Sintraspug assinou no dia 20 de abril? Vale o que está escrito!

A verdade é uma só. Ela passa bem longe dessa métrica! O que está em jogo na disputa e na greve de amanhã não é o reajuste merreca que não está pactuado e nem há obrigação formal em revê-lo. Cortina de fumaça! E a imprensa caiu nos jogos de morte dos dois lados.

Na verdade, o Sindicato mobiliza os seus para a preservação de um “auxílio alimentação” na forma como ele está e fora da lei, pois na lei não se expressa que tem que ser assim como se faz hoje e se quer perpetuar. A própria presidente do Sintraspug, Lucimara Rosanski Silva, admite que não há essa exigência expressa na Lei em vigor, mas um pressuposto direito adquirido. E por que? Porque foi aplicado erroneamente todos esses anos e ninguém contestou como se está contestando agora.

Nesse modelo, os R$400 mensais – um dos mais altos em Santa Catarina - de “auxilio alimentação” são salários disfarçados. Cria-se mais despesas para os pagadores de pesados impostos e gera-se direitos na aposentadoria para o servidor, além do seu vencimento nominal, aquele que está na tabela oficial de cargos e salários.

Kleber, Luiz Carlos e o doutor Pereira querem substituir essa anomalia por tickets refeição, interrompendo algo errado que vem desde 1994 e que passou pelos olhos tampados das administrações de Luiz Fernando Poli, PFL (que criou a lei em 1994); Bernardo Leonardo Spengler, PMDB; Andreone Cordeiro dos Santos, PTB; três de Pedro Celso Zuchi, PT; e a de Adilson Luiz Schmitt, PMDB. Estes são os verdadeiros culpados. Deixaram a coisa solta. Era mais conveniente. O povo paga a conta da inércia ou omissão.

Resumindo: o embate é unicamente jurídico e longo. O Sindicato e os servidores apenas querem evita-lo provocando à exposição e o desgaste políticos dos que estão no poder de plantão.

QUEM ESTÁ CERTO?

E é no embate jurídico que o Sindicato devia desde logo estar centrando as suas forças se não quiser passar desde já o recibo de perdedor. Greve não vai mudar a decisão do judiciário. Qualquer tipo de paralisação só prejudica a população. É ela quem paga os servidores, exatamente porque precisa deles para servir-se deles.

Então, qual é a razão de fazer barulho e paralisações? Encurralar, provocar desgastes, chantagear e assim encurtar o caminho da discussão jurídica? Por que? O Sindicato está com medo da decisão judicial não lhe favorecer? Como escrevi acima: falta inteligência, estratégia, assertividade e transparência a favor dos seus associados, razão da existência do Sindicato.

Os tempos são outros. A sociedade está cansada - e cada vez mais esclarecida - dos privilégios que paga para uma casta, mas não tem o mesmo direito nas leis e na relações trabalhistas para si.

Só a lei mudada na Câmara, ou a Justiça reconhecendo o tal direito adquirido, poderão dar à segurança aos servidores naquilo que já usufruem à margem da Lei e querem transformá-la em algo perene.

Ou o Sintraspug está dando razão desde agora ao doutor Pereira naquilo que escreveu, apagou e não assumiu? “Não são mentiras e movimentos políticos da oposição que irão nos fazer parar. Gaspar e o Brasil não aceitam mais regalias e privilégios no setor público. Gaspar vivia no atraso. Chegou a hora da mudança”.

É verdade? Kleber, Luiz Carlos e o doutor Pereira pedem dos outros a queda de privilégios. Incoerentemente, todavia, eles criam e concedem privilégios assemelhados para os seus. Criaram (PMDB, PP, PSC e PSDB) regalias aos seus correligionários, apadrinhados e até familiares, onerando a folha de pagamento em mais outros R$600 mil por ano para comissionados e cargos gratificados na recente Reforma Administrativa.

Então é falsa, mentirosa ou hipócrita à argumentação da economia para o Orçamento. Continua de pé apenas à suposta legalidade, que está corroída pela tese do direito adquirido. Falta então a Kleber, Luiz Carlos e ao doutor Pereira, coerência. E ela é à base de uma estratégia organizada e o sucesso de uma suposta coragem, anunciada pelo doutor Pereira.

Estranhamente não teve nenhuma greve contra esse aumento da folha. Nada foi organizado pelo Sindicato e a sociedade pagadora de pesados impostos. A polêmica matéria na Câmara, inclusive, teve votos da dita oposição (PSD e PT), a mesma oposição que agora infla o movimento dos servidores pela aplicação irregular de um benefício, mais benéfico do que a própria Lei. Oportunismo. Tudo para aparecer o que não é.

Voltando para encerrar.

O governo de Kleber, Luiz Carlos e o doutor Pereira acerta na ideia. Erra na determinação e execução.

E tudo começa na comunicação falha, torta e mentirosa (bem diferente da propaganda intencional), isso sem falar nas influências familiares, vinganças e até a mistura de seita religiosa. Está à espera de milagres. E vai precisar.

Está certo Kleber, Luiz Carlos e o doutor Pereira, quando se preocupam com o inchamento da folha. Ela saltou 66,3% em cinco anos da administração petista de Zuchi. E esse inchamento não foi com reajustes ou benefícios para os servidores. O PT e Zuchi sempre tosquearam os servidores e o Sintraspug. Este crescimento assustador está no aumento real de servidores efetivos e comissionados na máquina da prefeitura. A folha da administração petista saltou de R$48,8 milhões em 2011 para R$81,2 milhões em 2016. Meu Deus!

Mas até isso soa falso.

Primeiro. Isso só aconteceu exatamente por falta de fiscalização, ou ação, do PMDB de Keber e do doutor Pereira, bem como do PP de Luiz Carlos e especialmente, de José Hilário Melato, que comandou a Câmara para o PT. E a razão disso? Kleber, o PMDB, PP e PSC estavam em campanha pelo poder e não queriam espantar os votos dos servidores, não queriam se posicionar, não queriam polêmica como fazem agora. Ou seja, mentiam, enganavam... E onde estava o Sindicato neste jogo? Assistindo!

Segundo. Kleber, Luiz Carlos e o doutor Pereira sabem que se não controlarem esse ralo do dinheiro público, o Tribunal de Contas o fará e os gestores serão penalizados. Então, praticamente estão obrigados a enfrentarem às regalias por causa das circunstâncias e não exatamente por causa de um projeto de governo.

Mais do que isso. Se não colocarem as contas sob controle, vai lhes faltar dinheiro para fazer o que projetam, entre elas a de tirar a saúde do caos onde está metida pelo PT e aceita pelo PMDB, PP e PSC; criarem mais vagas em creches; suportar as crescentes demandas sociais e os investimentos que darão visibilidade ao governo que vagueia à procura de um rumo e uma possível reeleição. Ou seja, o que lhes fazem preocupar de fato é a Lei de Responsabilidade Fiscal, a mudança de imagem e a construção de um projeto de reeleição. E não o senso de responsabilidade da gestão tão decantado pelo doutor Pereira.

Os pagadores de pesados impostos de Gaspar não pagam apenas os R$400 por mês para os quase dois mil servidores. No sistema atual de “auxilio alimentação” disfarçado de salário, pagam entre tantas outras coisas, quase R$1,2 milhão por ano a mais só de INSS patronal, isto sem contar outros reflexos e o impacto futuro no caso dos acréscimos na aposentadoria. Afinal uma folha de pagamentos é feita de servidores ativos e inativos. E esta cresce a toda hora.

Então, bom feriadão, mas se o Sintraspug quiser resolver de verdade esta questão, sem prejudicar a população, judicialize esse tema do “auxilio alimentação” ainda hoje, desarme a barraca na praça e as arme com o seu jurídico na Justiça do Trabalho e na Comum. E lá vá até às últimas consequências. Na jurisdição, se ganharem, receberão, no futuro, como já aconteceu, os atrasados e mais do que pedem hoje.

A prefeitura não tem a verdade, mas tem a obrigação de procurá-la. O sindicato e os servidores também. Ou estão com medo da Justiça? Acorda, Gaspar!

TEMER REVELA O VERDADEIRO MAURO MARIANI

Neste final de semana, a jornalista Andreza Matais, que assina a coluna Estadão, no jornal O Estado de S. Paulo, fez um favor aos catarinenses: mostrou o jogo duplo do deputado Federal, Mauro Mariani, PMDB, gasparense honorário, presidente do partido em Santa Catarina e pré-candidato ao governo do estado.

Escreveu ela: “o governo decidiu demitir o diretor de gestão interna da Embratur, Tufi Michreff Neto. Ele foi indicado para a vaga pelo deputado federal Mauro Mariani (PMDB-SC), que será retaliado por ter votado pela abertura de processo contra o presidente Michel Temer no Supremo com base na segunda denúncia apresentada pela PGR. O deputado também irá perder cargos no Estado”.

Mauro Mariani votou contra o prosseguimento da primeira denúncia contra o presidente Michel Temer, feita pelo Procuradoria Geral da República e pedida pelo Supremo Tribunal Federal à Câmara. Mas, desta vez, Mauro Mariani, esperto, resolveu vestir a sua pele de cordeiro para ludibriar o eleitorado analfabeto, ignorante e desinformado. Espertamente, resolveu votar a favor de tornar Temer investigado e se apurar tudo aquilo que se acusa, incluindo dois ministros de Temer: Moreira Franco e Eliseu Padilha.

E qual a razão dessa súbita mudança de Mauro Mariani?

É que Mauro é candidato a governador no ano que vem e não ficaria bem, perante o eleitorado esclarecido, bem como daria sopa ao azar oferecendo discursos aos possíveis adversários desta corrida, o voto para livrar Temer das investigações.

Bobagem. Hoje, com as redes sociais a pleno vapor, tudo se esclarece mais fácil. Pior do que falsear no voto a favor de se apurar as denúncias contra Temer, são as companhias de Mauro Mariani na pré-campanha por aqui. Elas dizem tudo quem é Mauro e como será o seu governo, se eleito.

Entre as companhias, está a do ex-governador Paulo Afonso Evangelista Vieira, o pior de todos do PMDB na gestão estadual. Ele colocou Santa Catarina no prego com as demandas que estão na Justiça e em fase final de sentença nos graus de recursos. Os catarinenses poderão pagar caro as ideias e lambanças com o próprio bolso. Os servidores sentirão na pele.

E porque Temer, Moreira e Padilha (que conhece Mauro como ninguém) resolveram enfrentar Mauro Mariani? Primeiro porque Mauro usufruiu como um dos próximos ao Planalto enquanto pode. Segundo, porque traiu à confiança. Terceiro, porque ele é representativo no PMDB e Temer precisava sinalizar aos outros que traição tem um preço para não virar mais do que já está, a casa da Mãe Joana. Quarto, porque o Planalto e Temer não podem contar com o voto de Mauro para as reformas que Temer e o PMDB querem fazer, as quais podem melhorar ou mudar o país. Mauro sinalizou que prefere a demagogia na busca de votos e poder. E ele está em busca de votos e poder.

Mariani está em campanha e precisa de discursos fáceis, demagógicos, de gente vestida com pele de cordeiro. Ou seja, para o Planalto, Mariani é um caso perdido nas votações que ele precisa.

Perdido estamos nós os pagadores de pesados impostos com este tipo de jogo e dissimulação de um candidato a governador.

Qual é a prioridade? O prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB, acaba de doar armas à Polícia Militar (foto), que é do Estado. É para ela estar mais segura na atuação em Gaspar (?). Ele foi até o stand do Caça e Tiro Blumenauense onde a PM testou-as e lá Kleber fez um vídeo para exibir na rede social. Já a Saúde pública, obrigação municipal nos postinhos e na policlínica, está um caos. O governo de Raimundo Colombo, PSD, que ganha armas de Gaspar para a sua PM, foge dos compromissos e piora a Saúde dos daqui. Ele não comparece ao que deve no Hospital. Então...

TRAPICHE

Favas contadas? Já está na praça a licitação para a contratação de empresa especializada na prestação de serviço de administração, gerenciamento, emissão, distribuição e fornecimento de cartões de vale refeição ou alimentação, para a prefeitura de Gaspar. Será na quinta-feira da semana que vem, dia nove.

Gozador? O prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB, em plena crise conflagrada com os servidores municipais, no sábado, Dia do Servidor Público, fez circular uma propaganda de elogios aos servidores. Impressionante a insensibilidade para o momento.

Ufa! Os vereadores de Gaspar criaram coragem e vergonha de si próprios. Tomaram a melhor decisão. Limitaram a duas por ano, ao invés de duas por mês, as moções honrosas. Tinha sido banalizado este instituto. Como estava, depunha contra os próprios vereadores e principalmente os agraciados. Não tinham mais a quem indicar nesse tipo de “homenagem” caça votos. Até donos de cavalos castrados entraram na lista.

O que aconteceu com a Havan que se instalaria até o final do ano em Gaspar? Inaugura-se por todos os vizinhos. Daqui a pouco, a unidade de Gaspar vai se tornar dispensável.

Virou e mexeu, o Hospital de Gaspar – que ninguém sabe a quem pertence, mas se sabe quem lucra com isso – sob intervenção da prefeitura e um ralo sem fim do dinheiro público escasso, tornou-se um velho Centro de Saúde, que o PT mandou um dia desabar. Agora, o Hospital possui um ambulatório, separado do pronto-socorro, para fazer o que deveria fazer os postinhos nos bairros e a policlínica ali no Sete pelos pobres, doentes e sem rumo.

Ou seja, a prefeitura, a secretaria de saúde, e os que mandam nela sem serem secretário e funcionários, ao invés melhorarem o atendimento público de saúde nos bairros, colocando estrutura lá, os postinhos viraram marcadores de luxo para consulta para o ambulatório do Hospital. É para concentrar as filas num mesmo lugar e sacrificar ainda mais a população nas suas andanças pelo Centro, gastar com ônibus, táxi e sola de sapato, à procura de cura. Sofrimento.

A comunicação do governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, é falha. Ela não é estratégica. É fazedora de press release. É reativa. Ela é mandada e faz o que gente que não entende do riscado, palpita e pensa que é o certo. E assim, erra mais ainda. Acorda, Gaspar!

Sempre escrevi aqui que o prefeito Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e seus iluminados, tiveram uma “ideia brilhante”: para as mais de 800 crianças na fila das creches e herdadas do governo do PT de Pedro Celso Zuchi, sem construir uma única creche, sem comprar vagas nas particulares como prometeu, e ainda com políticos de bons salários ocupando as vagas em tempo integral dos desempregados e trabalhadoras de salário mínimo, magicamente eles iriam cortar a ida das crianças para meio período e assim dar oportunidade a mais gente (por meio período).

Fui desmentido, como sempre. Fui apedrejado, como o normal e na própria mídia amiga do poder ou agarrada aos níqueis dele. Amaldiçoado pelos discursos dos políticos vassalos e que ajudam destruir o próprio poder que usufruem.

Como o Ministério Público se interessou pelo assunto, admitiram então que tiveram essa “ideia brilhante”. E abortaram-na parcialmente. Lavaram a minha alma, mais uma vez. Agora, quem está na creche em período integral, garantem, não perderá esse direito. Foi adquirido. É preciso conferir então.

Mas, quem se candidatar à uma nova vaga, poderá, ainda, se tiver padrinho político, ou com influência no poder de plantão, ou alguém com análise criteriosa, ganhará o tal sonhado período integral e que não está obrigado o município a dar pela lei, diga-se de passagem.

Resumindo. Desmentiram, mas finalmente admitiram o meio-período para as creches. Pegos descalços, agora enrolam nas regras pouco claras, de interpretação pessoal, para criar privilégios para poucos. Falta o MP se interessar mais ainda pelo assunto tão delicado.

Pior mesmo é ouvir os vereadores da base defendendo o indefensável. “Muita gente me pede meio-período”, justifica o líder do PMDB, Evandro Carlos Andrietti. Ele inclusive acha que o aumento da demanda é muito bom, pois segundo ele, mostra que tem gente nascendo em Gaspar. Ai, ai, ai. Que tal os políticos darem o exemplo e abdicarem das vagas dos seus pimpolhos para os dos seus eleitores-trabalhadores que estão na fila?

E a coisa vai piorar. Um levantamento mostrou que a demanda que era de 800 vagas, agora é de 1.026. E em 2018 vão abrir apenas dois CDIs para algo em torno de cem vagas, se tudo der certo.

Resumindo: em 2019, o déficit será bem pior. Não serão 1.026, mas no mínimo 1.300 mesmo com a inauguração dos dois CDIs projetados para 2018. Ou seja, o número é cada vez pior e assusta. E se não resolvido, será tema de campanha, como foi para Kleber que dizia ter a solução e um dos quatro anos de governo já se vai e nada.

E este déficit não será apenas de filhos nascidos em Gaspar (como quer Andrietti no discurso para transferir a culpa fácil, apesar de não mostrar estatística alguma nesse sentido), mas da migração.

Gaspar uma cidade dormitório de Blumenau e até mesmo de Brusque e Itajaí. Com a retomada da economia, maior empregabilidade por aqui e na vizinhança, atração de novos empreendimentos, o déficit nas creches e até na primeira fase do ensino se ampliará. Mais: tudo nessa área assistencial, educacional e de saúde pública vai piorar.

E muito desse improviso é causado pela secretaria de Assistência Social. Ela está precarizada, nas mãos de Ernesto Hostin, que a única qualificação é ser ex-assessor parlamentar e amigo do prefeito.

Não há projetos, processos e ações para uma antecipação ou mitigação mais severa do problema. Não há um trabalho conjunto com outras áreas para a prevenção dos problemas e suas consequências. Trabalha-se no varejo, na esmola, e não nas estratégia e prevenção. Acorda, Gaspar!

Samae inundado I. Não tem jeito. No sábado, Gaspar ficou sem água das 11h até às 19h nos pontos mais altos dos bairros. E a imprensa muda. As bombas de recalque e pressão foram desligadas devido ao baixo nível do reservatório do Centro. Mas, isso é consequência.

Same inundado II. O verdadeiro problema é o cabide de emprego – que substitui os profissionais com conhecimento no assunto e da rede, por gente descompromissada - em que foi transformado a autarquia depois que o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato, PP, tornou-se presidente do Samae na administração de Kleber Edson Wan Dall, PMDB.

Samae inundado III. Resumindo: acertos de políticos no poder, com discursos falsos para atendimento ao povo.

Samae inundado IV. E por que o nível do reservatório ficou baixo? Porque não foi feita a manutenção preventiva na bomba de captação da ETA I. Coisa óbvia a qualquer planejamento e a quem se diz um executivo. É que quando o consumo chegou a pico máximo, o operador da ETA subiu a rotação do motor.

Samae inundado V. Ao contrário do que se esperava, a bomba jogava menos água que o normal. Por que? O rotor estava gasto. Ou seja, faltou manutenção preventiva, faltou planejamento para a prevenção. Tudo porque não há um plano automático e autônomo da autarquia, mas de pessoas.

Samae inundado VI. Detalhe: o Samae de Gaspar possui uma bomba novinha esperando para trabalhar na ETA. E não foi feita a troca. E qual a época própria para fazer isso? O inverno, onde o consumo de água é menor. Já estamos na metade da primavera. Talvez esperem o verão. Coisa de curiosos e irresponsáveis com a cidade e os cidadãos, pagadores das pesadas contas do Samae. Acorda, Gaspar!

 

Edição 1825

Comentários

Mardição
01/11/2017 21:14
O prefeito Kleber doou armas pra Polícia Militar poder enfrentar os problemas de saúde que tão matando os gasparenses.
A partir de agora vão poder lutar de igual pra igual, matando os vermes, vírus, e bactérias.
Herculano
01/11/2017 16:24
da série: os políticos em defesa dos bandidos e do governo bandido do Rio de Janeiro sustentado pelos brasileiros

SOB CRISE, PEZÃO REÚNE CORONELATO DA PM DO RIO, por Josias de Souza

Em meio à crise provocada pelas críticas do ministro Torquato Jardim (Justiça) à Polícia Militar fluminense, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fenando Pezão, reúne-se nesta quarta-feira com os coronéis que exercem funções de comando ou subcomando na corporação. Espera-se o comparecimento de mais de 30 oficiais. Muitos comandam batalhões da PM. Sobre eles, o ministro da Justiça declarou: "Comandantes de batalhão são sócios do crime organizado".

Os coronéis foram convocados por ordem do chefe do Estado-Maior Geral da PM, Lúcio Flavio Barracho de Sousa. A convocação ocorreu nesta terça-feira (31), no calor da divulgação do diagnóstico cáustico de Torquato Jardim sobre o setor de segurança do Rio. As declarações do ministro, veiculadas aqui na coluna, incendiaram os ânimos da tropa. E o governador tenta debelar a ira dos oficias que o ministro da Justiça diz que ele não comanda.

Simultaneamente, o Clube de Oficiais da PM e a ONG Viva Rio inauguraram um abaixo-assinado eletrônico pedindo a demissão do ministro da Justiça. Anota o seguinte:

"Em respeito ao Governo do Estado do Rio de Janeiro e às nossas instituições de segurança, em memória dos policiais vitimados pela violência assassina, por consideração e carinho às suas famílias, tendo em conta as tarefas extremamente complexas que se apresentam para os homens e mulheres que compõem nossas forças policiais e tendo em vista o decoro que se espera de um Ministro de Estado, o Viva Rio e o Clube de Oficiais da PMERJ lançam este abaixo assinado. Por tudo isto, vimos à V.Excia. pedir a demissão do Ministro da Justiça e Segurança Torquato Lorena Jardim
Sidnei Luis Reinert
01/11/2017 14:39
Artigo no Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Hélio Duque

Tiro mortal no Estatuto do Idoso, protegido pela Lei 9.656, está para ser disparado pela Câmara dos Deputados, liberando o reajuste dos planos de saúde por faixa etária acima de 60 anos. As mensalidades ficariam impraticáveis para quem, chegando à velhice, tem os seus ganhos limitados.

O professor Mário Scheffer, da área da saúde da USP, constatou: "Também propõe mudança radical no ressarcimento ao SUS, transformando-o em prestador de serviços dos planos de saúde. Essa nova lei é claramente desfavorável às necessidades da saúde. Um desserviço ao país e tem as digitais das operadoras, assíduas financiadoras de campanhas eleitorais. Recentemente foram acusadas de comprar a medida provisória do capital estrangeiro que as beneficiou."

O Ministério da Saúde defende a liberação dos reajustes dos planos individuais de saúde. O ministro Ricardo Barros entende que ninguém é obrigado a ficar no plano de saúde. Defendendo, em linguagem automobilística, "quem compra um carro Gol, recebe um Gol. Se comprou uma Mercedes, os benefícios são de uma Mercedes". Infelizmente a realidade é diferente. No Rio, o jornalista Sebastião Nery paga mensalmente a Sul América Saúde R$ 6.700,00. Hospitalizado, teve de pagar R$ 9.000,00, por exame, sem reembolso do plano. Em Salvador, uma parente minha paga a Sul América R$ 9.800,00 por mês. A Sul América tem mais de sete milhões de clientes na sua carteira de saúde complementar.

Isto demonstra que os planos de saúde tem um custo alto para o segurado. Atualmente, no Brasil, 48 milhões de pessoas utilizam o sistema, através "plano coletivo empresarial", contratado por empresas para atendimento dos funcionários; "plano individual familiar", contratado diretamente por pessoas físicas para seu benefício e de sua família; e, "plano coletivo por adesão", atendendo pessoa jurídica de caráter profissional, classista ou setorial, como sindicatos e associações profissionais. E nem sempre oferecem o conforto de uma Mercedes. Exemplificado pela ANS (Agência Nacional de Saúde Complementar), responsável pelos planos de saúde. Em 2016, cobrou das operadoras quase R$ 2 bilhões, por atendimentos realizados na rede pública, por associados vinculados aos planos contratados.

Deveria garantir ao beneficiário todo o tratamento necessário em caso de surgimento de doença. A saúde pública brasileira não prima pela qualidade e eficiência almejada pela sociedade. Pessoas morrem na fila de hospitais, inexistindo aparelhos e médicos suficientes para a demanda. A fila de espera para exames e cirurgia chega a demorar anos. Aí a razão para, quem dispõe de poder aquisitivo, contratar planos de saúde.

Atualmente os beneficiários da saúde complementar por idade, no Brasil, têm essa composição etária: até 18 anos, 24%; de 19 a 28 anos, 15%, de 29 a 38 anos, 21%; de 39 a 48 anos; 15%, de 49 a 58 anos, 11%; e de 59 anos a mais, 14%. De 18 a 48 anos, os beneficiários dos planos de saúde, representam 75%, nas receitas das empresas. O grosso das contribuições mensais se situa nessa faixa de idade, onde a saúde física e mental do associado não exige, na maioria, grandes atendimentos médicos ou hospitalizações.

A faixa etária acima dos 59/60 anos representa 14% e é exatamente no momento em que o idoso possa a vir precisar de assistência médica que essa proposta inoportuna é debatida em regime de urgência na Câmara dos Deputados, podendo levar milhões de idosos a perderem os benefícios assegurados pela atual legislação. A lei proíbe qualquer reajuste por idade após 60 anos. Querer aumentar receitas violentando o Estatuto do Idoso, reduzindo a cobertura, buscando o lucro sem limites é um atentado digno do Estado islâmico. Não pode se autoalimentar na lucratividade, sem contrapartida social.

Faz do Código de Ética Profissional da medicina, tábula rasa, sepultando dois princípios que são básicos: 1 ?" A medicina não pode, em nenhuma circunstância ou forma, ser exercida como comércio. 2 ?" O trabalho do médico não pode ser explorado por terceiros com objetivos de lucro, finalidade política ou religiosa.


Hélio Duque é doutor em Ciências, área econômica, pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Foi Deputado Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia brasileira.
Herculano
01/11/2017 11:43
PARADOXO TEMER, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Excetuando sociedades marcadas por conflitos armados, tensões étnicas e religiosas ou miséria crônica, o Brasil está sem dúvida entre os países mais difíceis de governar.

Não bastassem as dimensões do território e da população, há profundas desigualdades sociais e regionais, que se traduzem em demandas múltiplas e, não raro, contraditórias entre si.

Depois de sucessivos percalços ao longo da história, viabilizou-se uma democracia baseada num sistema político permissivo, que ao mesmo tempo favorece a proliferação de partidos e a baixíssima fidelidade dos eleitos às siglas.

Acrescente-se uma organização federativa, com 26 Estados e 5.570 municípios dotados de autonomia administrativa, e um Congresso Nacional bicameral ?"o resultado é uma pletora incomum de obstáculos potenciais a medidas do Executivo ou propostas legislativas.

Se governantes em todo o mundo costumam ser avaliados pela capacidade de promover reformas, aqui a mera conclusão do mandato tem se mostrado um desafio.

Nesse contexto, parecem espantosos os resultados obtidos por Michel Temer (PMDB) em menos de um ano e meio de uma Presidência acidentada desde a origem.

Aprovaram-se projetos tão controversos quanto o redesenho da legislação trabalhista e o teto constitucional para os gastos públicos, sob oposição do sindicalismo e de amplas parcelas do Judiciário. Reduziram-se subsídios do BNDES a grandes empresas; deu-se início à reformulação do ensino médio.

A despeito da impopularidade acachapante e crescente, Temer também conseguiu votos para barrar as duas denúncias por crime comum de que foi alvo ?"a primeira delas com elementos mais do que suficientes para justificar uma investigação que o afastaria do cargo.

De modo contraintuitivo, o cientista político Carlos Pereira sustentou, em artigo publicado nesta Folha, que tais vitórias se deram a um custo baixo, na comparação com os verificados em governos anteriores, conforme índice engenhoso que combina a quantidade de ministérios e o volume de verbas liberadas à coalizão situacionista.

Sempre haverá o que questionar, claro, em métricas do gênero. Mas é fato que o peemedebista, experiente no manejo congressual, uniu em torno de si partidos com razoáveis afinidades programáticas e de preferências mais próximas às da média do Legislativo.

Tudo isso facilita, decerto, a gestão da aliança ?"embora não se possam isolar, no caso de Temer, os efeitos da crise econômica brutal sobre o senso de urgência de deputados e senadores.

Evidenciam-se, por vias tortas, as vantagens de um regime de governo mais assemelhado ao parlamentarista. Nota-se, ainda, que nosso presidencialismo pode ser particularmente hostil a neófitos.
Herculano
01/11/2017 11:33
COLUNA AUSENTE

Leitores e leitoras reclamam que hoje não tem coluna inédita aqui.

Não aderi à paralisação dos servidores de Gaspar, não! Até porque, eles voltaram hoje, depois da demonstração de força ontem, para algo que não está na lei e motivado, principalmente, pela falta de estratégia e inteligência por parte do governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, este servidor.

Como disse o prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira, na sua rede social e depois a retirou, se serviram apenas da coragem.

Isso, todavia, é muito pouco para as medidas corajosas e necessárias no setor público.

A coluna desta sexta-feira está sendo antecipada, para compensar à falta de outra coluna com fatos novos, opinião forte e disposta a esclarecer e até enfrentar à incoerência dos políticos, ou dos servidores públicos. Acorda, Gaspar!
Herculano
01/11/2017 11:26
OS DONOS DA VERDADE, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Não é o Ministério Público quem proclama a Justiça. Essa obviedade parece ter sido esquecida por alguns de seus membros. Numa mentalidade abusiva, eles transformam suas opiniões políticas em dogmas

Dois recentes acontecimentos envolvendo membros do Ministério Público demonstram a existência de uma mentalidade abusiva no órgão que deveria, por força de sua função institucional, ser um vigoroso defensor do bom Direito. Em 7 de agosto deste ano, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), sob a batuta do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, publicou uma nova edição da resolução que dispõe sobre a instauração e a tramitação do procedimento investigatório criminal conduzido pelo Ministério Público. A medida autoriza promotores e procuradores a realizar vistorias, inspeções e diligências, e a requisitar informações e documentos de autoridades públicas e privadas sem autorização judicial, conforme revelou o Estado.

A Resolução 181/2017 do CNMP é claramente abusiva. Em primeiro lugar, o CNMP não tem competência para legislar sobre a matéria. Segundo a Constituição, "compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros". Ou seja, a função constitucional desse conselho, criado em 2004 durante a reforma do Judiciário, é justamente garantir que o Ministério Público atue dentro da lei. Não pode, por decreto, expandir os poderes do Ministério Público.

E é exatamente isso o que faz a Resolução 181/2017, ao permitir que os membros do Ministério Público atuem muito além do que dispõe a lei processual penal. O art. 7.º autoriza o procurador a fazer "vistorias, inspeções e quaisquer outras diligências, inclusive em organizações militares", mesmo sem ordem judicial. E ainda estabelece que, para o Ministério Público, não existe sigilo. "Nenhuma autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de função pública poderá opor ao Ministério Público, sob qualquer pretexto, a exceção de sigilo, sem prejuízo da subsistência do caráter sigiloso da informação, do registro, do dado ou do documento que lhe seja fornecido" (art. 7.º, § 1.º).

Nessa concessão de abundantes poderes extralegais, evidencia-se que o CNMP tem uma concepção equivocada a respeito das funções do Ministério Público. É, no mínimo, uma situação esdrúxula. Sem ter claro quais são as atribuições institucionais do órgão que deveria acompanhar, o conselho fiscalizador cria uma resolução que libera o abuso.

No mesmo diapasão do CNMP, que atribui ao Ministério Público uma espécie de infalibilidade, o procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba, anunciou um novo pacote de medidas anticorrupção. A novidade é que, em vez das dez propostas antes apresentadas, agora são "100 medidas contra a corrupção".

O conteúdo das novas 100 medidas deverá ser divulgado apenas em fevereiro de 2018. De toda forma, é preocupante o tom adotado no seu anúncio, de clara afronta ao Legislativo. Diz-se, por exemplo, que não serão encaminhadas agora ao Congresso as propostas para evitar interferências da atual legislatura. Nota-se, portanto, a mesma disposição autoritária que se viu durante a tramitação das anteriores dez medidas, negando ao Congresso o direito de debater e alterar os projetos de lei. Simplesmente porque a Câmara se negou a referendar integralmente a proposta do Ministério Público, difundiram a ideia de que o projeto tinha sido desfigurado.

Ainda bem, deve-se reconhecer, que os deputados não aceitaram tudo o que o Ministério Público propunha com as Dez Medidas Anticorrupção. No pacote havia medidas acintosamente abusivas, como, por exemplo, a permissão para o aproveitamento no processo penal de algumas provas ilícitas e o abrandamento dos prazos prescricionais.

Não é o Ministério Público quem proclama a Justiça. Essa obviedade, no entanto, parece ter sido esquecida por alguns de seus membros, que transformam suas opiniões políticas em dogmas. Querem fazer valer uma absurda e autoritária disjuntiva ?" ou todos se sujeitam às ações e propostas do Ministério Público ou tudo não passa de um pernicioso conluio com a impunidade. É preciso imenso cuidado com esse tipo de mentalidade, pois, nessa toada, Congresso e Justiça parecem ser dispensáveis. Valerá a vontade soberana do Ministério Público
Herculano
01/11/2017 11:17
A ALMA E O ARAMA FARPADO, por Fábio de Biazzi, engenheiro de produção, professor de liderança e comportamento organizacional do Insper, para o jornal O Estado de S. Paulo

A criação da URSS foi a mais sanguinária das experiências sociais da História da humanidade


O mês de outubro marcou os cem anos da Revolução Bolchevique, que levou ao surgimento da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (1922-1991). A criação da URSS foi a mais sanguinária das experiências sociais da História da humanidade, com números estimados entre 20 milhões e 60 milhões de mortos, habitantes dos seus próprios países, assassinados pelo Estado por meio das mais diversas garras totalitárias.

Apesar de conhecidos esses números há muitos anos, dessa e de outras brutais ditaduras socialistas, continuamos incompreensivelmente a conviver com defensores desses governos bárbaros na política, no jornalismo, na academia. Visitemos as redações dos maiores jornais e eles estarão lá. Visitemos as universidades públicas e os defensores ardorosos da foice e do martelo estarão lá, talvez agora travestidos de bizarros exemplares bolivarianos.

Essa visão anacrônica e engajada com as promessas e os ideais socialistas fundamentaram partidos e "movimentos sociais" de esquerda mundo afora e deveu sua longevidade também ao que Bertrand Russell chamou de falácia da aristocracia: os indivíduos que levam à frente essas ideias as julgam imaginando que farão parte da minoria privilegiada que estará no comando, com papel e condições de vida totalmente diferentes dos que aguardariam os cidadãos comuns. Embora essa visão tenha sido abandonada em quase todo o mundo civilizado, seria perigosa ingenuidade acreditar que tal perspectiva política esteja enterrada no Brasil.

Aos pais que se preocupam por seus jovens serem doutrinados pelas promessas mentirosas e pelos fantasiosos ideais socialistas ?" e não, como deveriam ser, devidamente apresentados às consequências e aos resultados práticos desses regimes ?" segue uma singela sugestão: indiquem a seus filhos a leitura do livro Arquipélago Gulag, do Prêmio Nobel de Literatura Alexander Soljenitsyn (1918-2008).

Esse corajoso físico e matemático russo foi um capitão condecorado na 2.ª Guerra que acabou preso por terem encontrado em sua correspondência pessoal críticas a Stalin e ao governo soviético. Soljenitsyn passou 11 anos aprisionado em campos de trabalhos forçados, que surgiram ainda na época de Lenin e cujo número ultrapassou uma centena, quase todos espalhados pela Sibéria. Libertado por Kruchev, durante os anos seguintes dedicou-se a registrar não só as próprias memórias, mas os relatos e experiências de outros 227 presos nos campos que compunham o Gulag. Em suas próprias palavras, o livro é "um monumento coletivo àqueles que foram torturados e assassinados".

Segundo Soljenitsyn, a realidade mais aterradora do que ele vivenciou nos campos siberianos era que, como um câncer, os venenos do Arquipélago Gulag se espraiavam e contaminavam todas as relações sociais e humanas naqueles países. No capítulo do livro de que foi extraído o título deste artigo, ele enumera dez traços, atitudes e comportamentos da vida dos soviéticos "livres" que eram "determinados pela proximidade com o Arquipélago" ou parecidos com os comportamentos dos presos nos campos.

1) O medo constante ?" todos sabiam que "apenas um gesto ou palavra descuidada poderia significar uma queda sem retorno no abismo". 2) Servidão e subjugação ?" ninguém podia mudar de residência ou de trabalho sem obter vistos e autorizações. 3) Dissimulação e desconfiança ?" esses sentimentos substituíram a "cordialidade e a hospitalidade" que sempre foram "sentimentos de defesa naturais de qualquer família ou pessoa". 4) Ignorância universal ?" a necessidade de esconder dos outros sentimentos e pensamentos levou à absoluta falta de informação. "Ninguém aprendia nada com ninguém" e estavam todos "completamente nas mãos dos jornais e porta-vozes oficiais". 5) O medo de ser delatado ?" mesmo num pequeno grupo de pessoas, parentes ou vizinhos, sempre existia a possibilidade de um deles ser informante do regime. Soljenitsyn estima que um a cada quatro ou cinco cidadãos soviéticos havia sido convidado a ser "dedo-duro". 6) A traição como forma de existência ?" "a forma menos perigosa de sobreviver era a traição constante", materializada principalmente pelo silêncio dos amigos e parentes dos que eram aprisionados injustamente, pois todos temiam ser acusados de dar apoio a um inimigo do regime. 7) Degradação moral ?" mais de 50 milhões de pessoas foram enviadas aos campos de trabalhos forçados e a maioria foi denunciada por alguém ou condenada porque alguém serviu de testemunha. Isso implicou milhões e milhões de corresponsáveis pelas prisões e mortes vivendo em meio ao "nosso povo soviético". 8) A mentira como parte de sua natureza ?" por medo ou por interesse próprio, todos passaram a se acostumar com "mentiras prontas" e clichês em suas conversas, mesmo em família. Aos pais restava o trágico dilema de falar verdades aos filhos ou vê-los crescer em meio às mentiras. 9) Crueldade ?" "a bondade era ridicularizada, a piedade era ridicularizada, a misericórdia era ridicularizada". Ao recusar socorrer os que eram injustamente acusados e aprisionados, todos se tornavam cruéis. 10) Psicologia de escravos ?" nos mais diversos lugares, guardas tinham cães "preparados para cravar os dentes em qualquer um e todos se acostumaram com essas figuras como se fossem a coisa mais natural do mundo".

Impossível uma síntese mais chocante e assustadora do que essa de Soljenitsyn. Ela mostra o que um regime socialista comunista é capaz de fazer a um povo: destruir os corpos dos injustamente acusados e dilacerar a alma dos que restaram "livres". Sob o socialismo comunista, como no Gulag, toda a vida é enredada pelo arame farpado. O fato de alguns adultos ainda se recusarem a enxergar isso não significa que nossas crianças não mereçam crescer conscientes.
Herculano
01/11/2017 11:14
A RECESSÃO ACABOU: E DAÍ? por Alexandre Schwartsman, economista, ex-diretor do Banco Central, no jornal O Estado de S. Paulo

Na semana passada, o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos anunciou que a recessão iniciada no segundo trimestre de 2014 se encerrou no quarto trimestre de 2016 (11 trimestres), não só a mais longa desde 1980 (empatada com a observada entre 1989 e 1992), como também a associada à maior queda de produto, 8,6%, um pouco pior do que a registrada durante a crise da dívida, de 1981 a 1983.

Isso significa que a economia, que vinha em processo de encolhimento a partir de meados de 2014, interrompeu sua queda e voltou a crescer moderadamente, uma boa notícia, mas que precisa ser qualificada.

Assim como inflação mais baixa denota preços subindo mais vagarosamente (e não preços em queda; fenômeno que chamamos de deflação), o fim da recessão não equivale a dizer que a economia está pujante; apenas que parou de piorar.

Dados do segundo trimestre deste ano, já com alguma melhora, dão uma ideia de quanto ainda falta para a recuperação: o PIB ainda se encontra 7,5% (R$ 132 bilhões) abaixo do observado no primeiro trimestre de 2014, enquanto a demanda doméstica (consumo das famílias, investimento e consumo do governo) caiu quase 11% (R$ 197 bilhões) no período, valor apenas parcialmente compensado pelo aumento do superávit nas transações com o resto do mundo.

Já o desemprego, ajustado à sazonalidade, se encontrava em 12,8% no segundo trimestre de 2017, contra 6,7% no primeiro trimestre de 2014, associado à perda de quase 1,6 milhões de postos de trabalho neste intervalo, lembrando que ao longo do período a População em Idade Ativa aumentou em 7,3 milhões de pessoas, enquanto a População Economicamente Ativa cresceu 5,4 milhões.

Considerando que o crescimento potencial do país seja algo da ordem de 2,2% aa, conforme mencionamos em coluna recente, seriam necessários quase 9 anos de expansão a 3,5% aa para que voltássemos ao nível de produto potencial do país, ou pouco menos de 7 anos, caso nosso crescimento médio retomasse o ritmo de 4% aa observado durante o longo ciclo positivo de preços de commodities, entre 2004 e 2011. Pela ótica do desemprego, mesmo sob os ritmos de expansão acima considerados, precisaríamos de 6 a 8 anos para retomar os níveis vigentes antes da recessão.

Resumindo, muito embora a recessão tenha ficado para trás, a "sensação térmica" da economia ainda se encontra distante daquilo que deixaria famílias e empresas em condição mais confortável. E, mesmo com a provável aceleração do ritmo de crescimento no final deste ano e ao longo do ano que vem, será difícil superar tal sensação.

A verdade é que o estrago da Nova Matriz, pobre órfã, foi muito profundo. Parte do dano foi reparada, em particular do lado regulatório, onde houve boas iniciativas (a transição para a TLP, a gestão da Petrobras, retomada dos leilões para exploração de petróleo, para citar apenas algumas), mas há consequências muito mais duradouras do lado fiscal, cuja reversão tem se mostrado extraordinariamente difícil, sugerindo se tratar de tarefa que alcança bem mais do que um mandato presidencial.

Tendo obtido sucesso moderado ao estancar a recessão, precisamos agora melhorar a sensação térmica, limpando de vez o legado desastroso da Nova Matriz e, principalmente, ignorando conselhos dos pais (ausentes) deste desastre.
Herculano
01/11/2017 08:54
ATRÁS DE HUCK CANDIDATO ESTÃO SÁBIOS DO DISFARCE QUE JÁ TENTARAM ESSE GOLPE, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Faltando um ano para a eleição presidencial, o Ibope diz que Lula tem 35% das preferências. Atrás dele, Jair Bolsonaro tem 13%.

Os demais no passam de um dígito.

Está feita a confusão. Como em 1989, o primeiro turno poderá ser embolado. Lula pode ser condenado na segunda instância e Bolsonaro pode bater com a cabeça no teto da era paleolítica. Como em 1989, quando o governo de José Sarney tinha uma impopularidade que se supunha inigualável (ninguém imaginava que haveria um Michel Temer), há no ar o medo de Lula e, além dele falta um nome.

Em 1989, era preciso botar um nome na rua e apareceu o do astro Silvio Santos. A busca por candidatos de fora da política era tamanha que no tucanato pensou-se no ator Lima Duarte na chapa de Mário Covas.

Silvio Santos teve até jingle, "agora o povo está contente, o povo já tem em quem votar", mas, impugnado, deixou a bola murchar e o andar de cima descobriu que o candidato de seu sonhos era Fernando Collor. Deu no que deu.

Em 2017, da mesma cartola de que quase saiu o homem do Baú da Felicidade tenta-se tirar o astro de TV Luciano Huck. A ideia é simples: o povo está desencantado da política, não sabe votar, e pode ir atrás de uma celebridade da telinha. Que tal Henrique Meirelles na vice?

Seria um bom tutor?

Huck parece dispor de uma superassessoria da banca e da marquetagem que, astutamente, não põe a cara na vitrine. Mencioná-los agora seria puro sensacionalismo. Querem que a televisão lhes sirva de palanque. À diferença de Silvio Santos, que era o dono da emissora, Huck sabe os riscos profissionais que corre lançando-se na corredeira de uma campanha política.

Um truque parecido pode ser visto em algumas conversas para a eleição do Rio de Janeiro. À falta de um nome, ainda há quem sonhe em atrair o técnico Bernardinho, campeão do vôlei. Viajando-se no tempo e no espaço, a derrocada da máquina de Sérgio Cabral lembra o escândalo da prefeitura de Nova York no final do século 19.

Lá, o Poderoso Chefão morreu em cana. Sua máquina foi substituída por um prefeito bilionário, saído dela, mas ele fez uma administração consciente. O andar de cima de Nova York teve um bilionário para disputar a eleição. A do Rio, que celebrou o gestor Cabral, nem isso.

Huck e Bernardinho trabalham como mouros nos seus ofícios e neles foram bem sucedidos. Podem vir a ser bons governantes, mas por enquanto essa é uma esperança astrológica. Num momento em que os EUA são presididos por um milionário (concordatário contumaz) catapultado pelo seu programa de televisão, a comparação é inevitável: precisa-se de um Donald Trump.

A analogia é falsa. Trump derrotou todos os candidatos óbvios do Partido Republicano, entre eles Jeb Bush, um filho e irmão de ex-presidentes. Por piores que tenham sido suas cabalas, ele foi eleito à sua custa, sem magos ocultos da banca ou da marquetagem.

Para surfar a onda de repúdio aos políticos brasileiros, o que falta ao andar de cima é um Emmanuel Macron, mas o presidente francês teve um pé no Partido Socialista e outro na Casa Rothschild. No Brasil a banca terceiriza seus quadros políticos fora das avenidas Paulista e Faria Lima. À vezes faz isso com brilho, como na criação do superministro Antonio Palocci. Está na cadeia.
Herculano
01/11/2017 08:52
O EMPREGO NA REFORMA TRABALHISTA, por Vinicius Torres Freire, no jornal Folha de S. Paulo

No Brasil que se arrasta para fora do buraco da recessão, até setembro ainda desapareciam empregos com carteira assinada, mostra o IBGE. O grosso do emprego que aparece é o dos "por conta própria", com salário médio 24% menor que o dos celetistas, e o dos sem carteira (salário médio 38% menor).

Não é lá surpresa, neste país precário, de empresas na retranca, de Justiça caótica e de recuperação econômica sob risco político. Para variar, porém, agora em novembro entra em vigor alguma reforma trabalhista. A reforma vai modificar ritmo e padrão da recuperação do emprego?

Há empresas que esperam a vigência da lei nova antes de contratar, como se ouve em conversas pontuais. A maioria parece ainda na retranca porque sobra capacidade em suas firmas ou porque receia uma reviravolta em 2018, tumulto por causa da eleição.

De acordo com estudos lá não muito críveis (pouco robustos, no jargão) e especulação teórica de economistas sobre a reforma, ritmo e padrão de contratações de trabalhadores começariam a mudar de modo visível já em 2018, tudo mais constante.

O que se sabe de fato é que o número de contratados com carteira assinada caiu 2,4% em relação a setembro de 2016 (810 mil empregos a menos). Bem ruim, embora o ritmo da deterioração pareça menor pelos dados do Caged (queda de 1,2%).

Sim, são dados diferentes. A pesquisa do IBGE, a Pnad, acompanha amostras da população por um trimestre, é uma estatística, uma estimativa. O Caged é um registro de admissões e demissões de trabalhadores. Ainda assim, devem conversar, de tempos em tempos, o que não foi o caso na primeira metade de 2012 (os dados da Pnad eram melhores), nem é o deste ano, desde o segundo trimestre, quando a recuperação parece mais rápida pelo Caged.

O aumento do número de pessoas ocupadas é expressivo, 1,46 milhão a mais que em setembro do ano passado. Mas o número dos "por conta" aumentou 1 milhão; o dos sem carteira, 641 mil.

Embora não se conheça bem a composição desse universo de trabalhadores "por conta própria" (de autônomos a pessoas que fazem meros bicos), o quadro geral é de empresas ainda muito na retranca, seja qual for o motivo. Trata-se de um mercado em que os celetistas passaram de 40% do total dos trabalhadores, em abril de 2014 (início da recessão), para 36,5%, em setembro.

Tratamos de uma economia que não conhecemos bem, depois de mais de três anos de crise. De uma economia em que empresas se esforçaram em poupar trabalho, dada a catástrofe recessiva, que devem estar mais eficientes e, mesmo neste Brasil atrasado, devem recorrer mais a tecnologias que eliminam mão de obra ou contratos convencionais de trabalho.

Para piorar, não sabemos o tamanho da destruição da capacidade, de capital que não vai dar retorno ou que se tornou obsoleto. Isto é, não sabemos bem quais setores saíram menos arrebentados da recessão, quais vão investir etc.

Com a reforma trabalhista e, tomara, com crescimento mais acelerado em 2018, não é implausível uma recuperação com empregos, mas a princípio "wageless", com reação fraca dos salários, com mais gente terceirizada, trabalhando em tempo parcial ou outro tipo de contrato assim menor, ou então oficialmente precarizada.
Herculano
01/11/2017 08:50
E LULA, QUEM DIRIA? - EU DISSE! -, JÁ É INFLUENTE ATÉ NAS ESCOLHA DE OPOSITORES. UM DESASTRE! por Reinaldo Azevedo

O prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), propôs neste terça a união de todos os partidos de centro e de centro-direita para enfrentar as candidaturas de Lula, pelo PT, e de Jair Bolsonaro, sabe-se lá por onde. Assim, haveria uma conjuração do centro contra os extremos, sempre notando que é razoável considerar Bolsonaro de extrema direita, ainda que ele possa não saber direito o nome do que pratica, mas não é correto classificar o PT de extrema esquerda ?" não com o governo que fez. Se fosse um extremista, teria cometido ainda mais erros, deixo claro.

Doria não fala em nome de todas as siglas que compõem esse tal "centro". A rigor, não o faz nem mesmo em nome do PSDB, mais dividido do que nunca. Mas é claro que é hoje uma figura importante na legenda e reflete, em muitos aspectos, o debate interno e o que vai pelos bastidores da política. A proposta revela o Estado miserável, já afirmei aqui, a que foi reduzida a política brasileira. Uma observação de saída, antes que prossiga.

A proposta já nasce morta porque, ainda que se pudessem juntar todas as siglas que não se identificam com o PT?" e que estariam, pois, do centro para a direita moderada ?", expressões eleitorais hoje importantes, dada a fragmentação que temos, ficariam fora do arco. A principal figura é Marina Silva. O exército de Brancaleone da Rede, hoje, no Congresso tem uma atuação que está muito à esquerda do PT, mas não há a menor possibilidade de a candidata da clorofila se juntar à testosterona de Lula. Ao contrário do que afirma Ciro Gomes (PDT), ela será candidata. Há simulações em que aparece em segundo lugar, em empate com Bolsonaro, quando Lula está na lista. Sem o petista, disputa o primeiro. No Datafolha, venceria todos os possíveis opositores num segundo turno, exceção feita apenas ao petista.

Ela não disputaria por quê? Assim, inexiste, de saída, esse Fla X Flu que se traduziria por "Lula X J.P.Fernandes", para empregar o nome-enigma de um poema de Drummond. Lula está muito forte, sim, como se vê, mas a disputa, no primeiro turno, não vai se resumir a "PT X Anti-PT", grupo esse que, suponho, na imaginação de Doria, atrairia a turma, ou a turba, de Jair Bolsonaro. Isso também não vai acontecer.

De resto, certos cuidados se fazem importantes. Será que é conveniente, a esta altura do campeonato, transformar Lula no elemento de clivagem da política ou no redutor de todas as diferenças, de maneira que será ele a decidir não apenas quem será o candidato da esquerda (sempre a depender da Justiça, claro!), mas também o que se dará no campo adversário? Então o chefão petista voltou a ser de tal sorte poderoso que tem papel capital no destino do seu partido e satélites vermelhos, mas também na sorte de seus opositores?

Todos sabemos que Lula dificilmente disputará a eleição do ano que vem, embora isso não seja solução, mas um problema a mais. Aquele que hoje tem 35% das intenções de voto, 26% de respostas espontâneas (segundo o Ibope) e que bateria com relativa folga todos os seus adversários deve ficar fora do certame por decisão da Justiça. Já se sabe que é muito alto, ainda que mais baixo do que já foi, o seu potencial para levar um seu ungido para o segundo turno.

Ora, uma precoce união "contra Lula e o PT" pode forçar uma também união no terreno da esquerda. Erram feio os que imaginam que cessaram as possibilidades de entendimento entre Ciro Gomes e o PT. Como esquecer o Ciro que ameaçava o país com o caos, em 2002, e que, em 2003, já estava aboletado num ministério? E cumpre não esquecer o Lula pragmático: ele fará aliança com o diabo, seja candidato ou não, para tentar depor as forças da "coalizão conservadora" que está no poder, como a chamam os intelectuais de seu partido.

Ademais, convenham: uma união, como a propõe Doria, só poderia ser hegemonizada pelo PSDB, certo? Ou o partido flertaria com a ideia de ter um nome ligado ao PMDB? Não creio. Ocorre que os tucanos estão em pé de guerra. O PSDB conseguiu sair da Lava Jato, como se vê, mais destrambelhado e desestruturado do que o próprio PT. É claro que as diatribes da holding "JJ&F" ?" Janot, Joesley e Fachin ?" contaram para isso. Mas a quantidade de erros que o partido acumulou nos últimos tempos é de estarrecer.

Respondam, leitores: vocês se deixariam guiar hoje por tucanos? Bem, a sua primeira pergunta seria: "Mas por quais?" Ora, ninguém sabe. Fatia substancial do partido ?" mesmo asfixiado pela Lava Jato e por Rodrigo Janot com ilegalidades óbvias ?" atuou para derrubar Michel Temer. Pior: não conseguiu fazer a defesa do Estado legalista nem mesmo quando as arbitrariedades colheram seu presidente. Essa união do centro e da centro-direita abriga, suponho, o PMDB ?" que vem a ser a legenda que Temer presidiu por muitos anos.

Tendo a achar que isso não vai acontecer. E penso mais: acredito que o presidente ainda terá um candidato para fazer a defesa de seu governo em 2018. E, hoje ao menos, tudo leva a crer que não será um tucano.

Pois é? A Lava Jato e os quadros conservadores que não souberam ler a realidade ressuscitaram Lula. E agora pensam no que fazer com ele. Como se ele, por sua vez, ficasse parado, esperando a decisão de adversários. O PSDB precisa primeiro vencer a si mesmo se pretende vencer adversários.

Não está fácil.
Herculano
01/11/2017 08:46
LOBBY IMPEDE CHIP QUE REDUZIRIA FURTO DE CARROS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O lobby das montadoras impede há dez anos a vigência de lei regulamentada em julho de 2007 pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que obriga a instalação de chip (de localização e rastreamento) nos carros vendidos no Brasil, como forma eficiente de acabar com o espantoso número de veículos furtados ou roubados todos os anos. As razões não são as mais nobres: há um "mercado de reposição" de mais de meio milhão de veículos roubados por ano.

MERCADO LUCRATIVO
Somente em 2016 foram roubados e furtados no Brasil 557.000 veículos, 47.000 a mais que os 510.000 surrupiados em 2015.

LOBBY PREVALECE
Pela regulamentação, o chip deveria ser obrigatório a partir de agosto de 2009, mas o lobby da indústria sempre se impôs aos governos.

VENCENDO PELO CANSAÇO
Após vários adiamentos, o Contran marcou para janeiro de 2016 o início da obrigatoriedade do chip. Novamente o lobby foi mais forte.

ALEGAÇÕES RISÍVEIS
Após alegar que chip de R$10 encarece o carro, a indústria diz agora que "invade privacidade". Tanto quanto chip de celular, faltou dizer.

JETONS JÁ RENDERAM R$16,4 MILHÕES A AUTORIDADES
Servidores do alto escalão e outros privilegiados já receberam este ano R$16,4 milhões na forma de honorários (jetons) pela participação em conselhos de administração de estatais, fundações, bancos públicos. A farra é ainda maior porque jetons não contam para o teto constitucional. O ministro Dyogo Oliveira (Planejamento) também tem seu jeton de R$18 mil mensais pagos pelo Senac. Embolsa R$41 mil líquidos.

MAIOR DE TODOS
O conselho do BNDES, banco investigado em CPI no Congresso, paga mais de R$40 mil de jeton para seus integrantes.

MUITO PARA POUCOS
O governo federal possui mais de 635 mil servidores, mas os R$16,4 milhões pagos em jetons foram distribuídos a cerca de 400.

CONSELHEIRO EM CANA
Preso na Lava Jato, o ex-presidente do BB e Petrobras nos governos do PT Aldemir Bendine ganhava jetons da petroleira e do BNDES.

LOUCURA, LOUCURA
Segundo levantamento do Paraná Pesquisa, a pré-candidatura de Luciano Huck a presidente é rejeitada por 60,4% da população; a rejeição é maior entre homens (66,1%), mas 38,8% dos jovens com ensino fundamental gostam da ideia da sua candidatura.

TORQUATO MANDOU BEM
O ministro Torquato Jardim (Justiça) apenas confirmou o que todo mundo já sabia, desta vez lastreado pelos serviços de inteligência: as relações promíscuas entre política, polícia e traficantes.

PET É COM ELE
O ministro Ricardo Lewandowski (STF) caiu e se machucou, ontem, fazendo o que mais lhe dá satisfação: passear os cães. Sentindo dores, ele foi ao hospital fazer exames e descobriu fraturas nas costelas.

ABAIXO O TAXÍMETRO
Em vez de "regulamentar" o Uber, o que só vai piorar sua qualidade, o Congresso deveria desregulamentar os táxis, assegurando-lhes a liberdade inclusive de praticar as tarifas que considerem mais justas.

SIMPLES ASSIM
Brasília segue a saudável tradição de não batizar prédios públicos com nomes de pessoas. Por decisão do Ministério da Justiça, a nova penitenciária da capital vai se chamar Presídio Federal de Brasília.

REMEXENDO GAVETAS
A Agência Nacional de Saúde Complementar (ANS) nega que pretenda o fim de planos de saúde de até 20 mil vidas. Mas o projeto está nas gavetas da Comissão Interministerial de Participações de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União.

SENADOR SE RETIRA
O senador Randolfe Rodrigues (AP) adotou uma estranha estratégia. Abandonou a CPI do BNDES afirmando que é "uma farsa". E rodou a baiana contra o relator Carlos Marun (PMDB-MS) na CPI mista da JBS.

OPOSIÇÃO COM IGNORÂNCIA
Enquete do site Diário do Poder mostra que só 19% dos entrevistados dizem ter lido a nova lei trabalhista que entra em vigor no dia 11. E espantosos 22% admitem "nenhum conhecimento" sobre a novidade.

PENSANDO BEM...
...faria melhor o Congresso se aprovasse uma lei transformando todos os táxis em Ubers.
Herculano
01/11/2017 08:40
A COLUNA DE SEXTA-FEIRA

Devido ao feriado de amanhã para os que trabalham duro e sustentam a máquina pública, hoje é dia de labor duplicado na redação.

Ontem pela manhã fiz a minha coluna inédita para a edição impressa de sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo, o de maior circulação em Gaspar e Ilhota.

Hoje fui revisá-la. Ela continua tão atual e inédita. Impressionante. O que aconteceu ontem e o que se divulgou até agora, não foi capaz de mudá-la. Acorda, Gaspar!
Herculano
01/11/2017 08:35
VAMPETA VAI PARA O CÉU, por Bernardo Mello Franco, no jornal Folha de S. Paulo

Em 2002, Vampeta entrou para a crônica política numa visita da seleção a Brasília. Após ser condecorado pelo presidente Fernando Henrique, o jogador desceu a rampa do Planalto às cambalhotas. Anos depois, ele ofereceria uma explicação para o excesso de irreverência. "Lógico que eu estava bêbado. A gente bebe sem ganhar nada, imagina sendo campeão do mundo. Eu estava pra lá de Bagdá", contou.

Nesta terça, o ex-volante reapareceu no noticiário da capital federal. Ele foi citado pelo delator Lucio Funaro em mais uma negociata atribuída a Eduardo Cunha. O doleiro disse ter comprado um flat de Vampeta para a enteada do peemedebista. A repórter Camila Mattoso entrevistou o ex-volante, que não foi acusado de nenhum ato ilegal. Malandro, ele ainda fez piada com o episódio.

"Queria ser amigo desses caras, pra eles colocarem R$ 51 milhões na minha conta", disse, citando a quantia encontrada no bunker do ex-ministro Geddel Vieira Lima. "Se fosse comigo, diria que era bicho pelas tantas vitórias em cima do Palmeiras e do São Paulo", acrescentou.

Além de entregar as roubalheiras da turma que liderou o impeachment, Funaro tem criado situações inusitadas nos depoimentos à Lava Jato. Nesta terça, xingou Joesley Batista por não ter pago uma propina prometida à quadrilha. "Ele deu um tombo em mim, no Geddel e no Eduardo Cunha", disse, indignado. "Se ele fosse me pagar o que me roubou, porque ele é um ladrão, seriam R$ 81 milhões", protestou.

Em outro momento, o doleiro contestou uma ameaça de morte relatada por Fábio Cleto, que admitiu desfalques na Caixa Econômica Federal. "Não disse que ia pôr fogo na casa dele. Falei que ia pedir para o Nenê Constantino pôr fogo na casa dele com os filhos dentro", esclareceu.

Apesar do apelido inspirado no tinhoso, Vampeta é um santo diante de Funaro e seus amigos do PMDB. Merece ir para o céu sem escalas ?"e com direito a cambalhotas.
Herculano
01/11/2017 08:18
Só A CORAGEM

O prefeito de fato de Gaspar, Carlos Roberto Pereira, presidente do PMDB, escreveu e apagou na sua rede social, e já comentei várias vezes aqui sobre isso, que "ser gestor público implica em ter coragem"

Já escrevi duas vezes e esta é a terceira: antes da coragem, é preciso inteligência, capacidade de negociação, articulação e plano B.

Falta isso, claramente, ao governo de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP e principalmente ao doutor Pereira. Sobra por conta da desarticulação, vingança, inclusive contra a imprensa.

Ou eles (Kleber, Luiz Carlos, Pereira e Bornhausen) pensam alto demais e não se prepararam para isso, ou eles se auto-flagelam, como todos os outros governos do peemdebistas em Gaspar.

Todos estão reféns de gente do atraso e dentro dos bastidores da própria coligação, gente sem coragem mas cheia de estratégia para se permanecer no velho e nos privilégios.

O primeiro recuo foi o de cortar a cabeça da ex-secretária de Saúde, Dilene Jahn dos Santos, uma técnica de de fora de Gaspar, e entregá-la aos que vivem e fazem o caos da saúde pública ser cara, inútil para o povo pobre e cara para os bolsos de todos os pagadores de pesados impostos.

O segundo recuo está se ensaiando com as mudanças, necessárias no trânsito caótico e antigo de Gaspar e também feita por um técnico de reconhecido conhecimento na área, o secretário de Planejamento Territorial, Alexandre Gevaerd. E quem tomou o palanque em favor do povo e os interesses do atraso? O PT de Gevaerd, cria de Décio Neri de Lima.

Eu escrevi, pelas pressões que recebia para se voltar contra o projeto, de que preferia esperar e saber a razão pela qual de tanta contrariedade por algo ainda desconhecido: carpideiras não choram com o coração e sim, por profissão.

Discutir o trânsito, algo técnico, com leigos e gente que não quer fazer curvas e andar uma quadra a mais para chegar na porta de casa ou do trabalho, ou porque vai aumentar o tráfego defronte o seu negócio ou moradia?

Isso é para sacanear o técnico. Parece proposital. é desmontar os estudos que dizem terem sito feitos. É para espantar a solução onde ela já é difícil devido o que não foi feito no passado. Gente de coragem, mas sem inteligência.
Só em Gaspar!

Implanta-se, vê-se os erros e os corrige, tecnicamente.

O terceiro recuo se ensaia no caso do "auxilio alimentação". Ai vamos conhecer o verdadeiro tamanho da coragem dos agentes públicos no poder em Gaspar. O líder provisório (Francisco Hostins Júnior se "afastou" e o outro provisório, Francisco Solano Anhaia, "arrumou" uma operação nas cordas vocais") do governo na Câmara, o médico Silvio Cleffi, PSC, servidor há 12 anos, o mesmo que cortou a cabeça de Dilene na Saúde, já ensaiou esse recuou em favor dos seus colocando mais uma vez a faca no pescoço da "administração corajosa", de Kleber, Luiz Carlos e Pereira. Acorda, Gaspar!
Do Beco
01/11/2017 07:17
Bom dia

Quem foi na reunião ontem para discutir a calamitosa proposta do trânsito em Gaspar, deve ter percebido a ausência do prefeito de fato, do Doto Pereirinha.
Seria outros compromissos anteriormente agendado ou medo dos moradores?
Herculano
31/10/2017 22:23
RIO: CRIME ORGANIZADO X ESTADO ESCULHAMBADO, por Josias de Souza

O ministro Torquato Jardim, da Justiça, disse em voz alta o que era apenas murmurado por todas as autoridades que lidam com a área de segurança no governo federal. Torquato declarou, em essência, que a PM do Rio é controlada pelo crime organizado, não pelo governo estadual. Os criminosos participam da escolha do comando da Polícia Militar. E os chefes dos batalhões da PM são "sócios do crime", disse Torquato. Eu registrei as manifestações do ministro. E isso abriu uma crise entre Brasília e o Rio.

Esse assunto não diz respeito apenas aos habitantes do Rio. Interessa a todos os brasileiros em dia com o fisco, pois o dinheiro dos impostos federais tem custeado o socorro das forças federais à segurança do Rio. O esforço envolve Forças Armadas, Polícia Federal, Polícia Rodoviária, Força Nacional de Segurança. Quem paga a conta, merece a verdade.

O ministro da Justiça não é um qualquer. Dispõe de informações privilegiadas. Reagir aos ataques com outros ataques, como fizeram as autoridades do Rio, não resolve o problema. A crise do Rio é um terremoto de verdades. A verdade mais cruel chama-se Sérgio Cabral. Desceu do governo para a cadeia. Quem supõe que num Estado que chegou a esse ponto o crime não se infiltrou na máquina de segurança é ingênuo ou cínico. Se não consegue lidar com as verdades que saltam aos olhos, não conseguirá lidar com a crise. Só uma coisa é pior do que o crime organizado: o Estado esculhambado.
Roberto Sombrio
31/10/2017 20:40
Oi, Herculano.

Cada dia pior. Tudo o que acontece ou deve acontecer neste país passa pelas mãos do Congresso e mãos de larápios sabemos o resultado final. Agora decidiram, ou melhor, como sempre um burro do PT, amigo de algum aproveitador malandro decidiu acabar com o UBER.
Como os pilantras do Congresso podem decidir sobre mobilidade urbana e meios de transporte se só conhecem e tem a sua disposição helicópteros e aviões da FAB?
O povo não tem chance mesmo. Está na hora de chutar o balde e por aquela corja pra correr.
Alguém me disse
31/10/2017 20:19
Tem servidor efetivo do Samae na área da leitura rompendo lacres dos cavaletes dos consumidores para se beneficiar e prejudicar o consumidor, ocasos chegou a chefia e foi confirmado, que encaminhou a direção, vamos esperar o parecer, pois o servidor denunciado é apadrinhado político de Roberto Pereira
Ana Amélia que não é Lemos
31/10/2017 20:10
Sr. Herculano:

O petista Jilmar Tatto de São Paulo, chefão do transporte alternativo de vans na cidade de São Paulo formado durante a administração de Marta Suplicy e Fernando Haddad, entre 2000 e 2004, está por trás da proibição do Uber, segundo o Antagonista!
Vamos ver se o Brasil avança ou continua a mercê das máfias. São os usuários que vão ser prejudicados.
Herculano
31/10/2017 16:53
A PARANóIA ATUAL NA FRANÇA É QUE NADA É NATURAL E TUDO É UMA "CONSTRUÇÃO", por João Pereira Coutinho, sociólogo e escritor português, no jornal Folha de S. Paulo

1. Como é triste a luta contra a ordem natural das coisas. Na França, sempre que uma modelo aparece em imagem comercial que tenha sido alterada digitalmente, esse abuso deve ser confessado na própria imagem. "Photographie retouchée", "fotografia retocada", eis a expressão para lutar contra a "ditadura da beleza".

Para as autoridades, as mulheres "normais" vivem oprimidas por ideais de beleza inatingíveis. O sofrimento físico e psicológico que isso provoca ?"distúrbios alimentares, ansiedade, depressão?" exige medidas severas.

Dito e feito: se as francesas puderem ver uma Marion Cotillard sem Photoshop, dormirão descansadas depois de se confrontarem com a imagem de um ogro. "Vejam só como ela é grotesca!", dirá o bagulho redimido, com os olhos vidrados de asco.

Não tenciono perturbar as fantasias dos simples. Muito menos lembrar que essa exigência legal, com multas até R$ 140 mil, é de um paternalismo arrepiante para as mulheres. Prefiro contar uma história ?"a minha.

Sou colunista há 20 anos; faço televisão há praticamente metade. Isso levou-me a observar, e em certos casos a conhecer, fauna midiática diversa. Modelos, jornalistas, atores. Conclusão?

Existe a ideia difundida de que, sem maquiagem ou truques digitais, os belos não seriam tão belos. Eles mentem ?"e merecem ser denunciados como os falsários que são.

Não se iluda, leitor ou leitora. Ainda não conheci um só exemplar que comprove a esperança dos ressentidos. Em pessoa, os belos são quase sempre mais belos do que aquilo que aparentam. Em muitos casos, o excesso de maquiagem ou de Photoshop só estraga ou atrapalha.

A delirante medida francesa, tratando as mulheres como crianças, é uma expressão do "espírito do tempo": da ideia paranoica de que "nada é natural", tudo é uma "construção" (social ou, no caso, digital).

Na raiz dessa ideia está a mesma recusa em aceitar a inevitável injustiça da vida: a constatação melancólica de que existe alguém mais belo, mais inteligente, mais rico ou mais talentoso do que nós.

Eu, se fosse publicitário em Paris, começaria a produzir imagens comerciais com modelos "au naturel". Ou talvez não. Se o mundo descobrisse que a beleza existe mesmo, o mais certo era ilegalizá-la. Ou, no mínimo, criar cotas para a feiura.

*

2. Almoço quase sempre sozinho. Escolha pessoal. Gosto de fazer uma pausa no dia para revisitar, em sossego, a minha mobília mental.

Hoje, porém, o cardápio foi outro: na mesa do lado, uma mãe conversava com o filho como se fosse da idade do filho.

Sim, eu sei: é comum nos adultos de meia-idade a tentação humana, demasiado humana, de negarem a idade. Nos homens, então, a coisa atinge proporções de farsa.

E, se existem filhos adolescentes, com namoradas adolescentes, pior ainda: eles vestem-se como os filhos, querem ser amigos dos mesmos amigos, seguir as mesmas "tendências", partilhar os mesmos gostos e desgostos. Com sorte, quem sabe, ainda ficam com as sobras sentimentais.

Mas a neurose da idade não é apenas uma questão de vestuário. Também é de vocabulário. A mãe, para criar uma ilusão de "juventude" e "cumplicidade", partilhava com o filho as suas primeiras experiências sexuais. Com linguagem e pormenores de fazerem corar o marquês de Sade.

O rapaz, que teria uns 16 anos, escutava tudo com o olhar baixo e envergonhado. A mãe, sem entender aquela "timidez", aconselhava mais "espírito de aventura".

Sem efeito. Quando o filho percebeu que eu percebia o que a mãe não percebia, seu pensamento de náufrago foi audível para mim: "Por favor, que se abra um buraco no chão e que eu possa desaparecer dentro dele".

No fim, a mãe pagou a conta e, orgulhosa da sua "modernidade", saiu do restaurante com a esperança de que o filho, tratado como um "voyeur", jamais a irá abandonar. Sobretudo quando a velhice se tornar inapagável.

Pobre mulher. Parafraseando a célebre máxima, todos os filhos acabam por matar aquilo que amam. Um processo que dá pelo nome de maturidade.

Aos pais está reservado um papel mais modesto ?"e mais importante: entregar os filhos à vida, mas mantendo a dignidade
Sidnei Luis Reinert
31/10/2017 16:27
Raloin: Mago Gilmar adoça para Cabralzinho


2ª Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Feliz Ralion para o Serginho Cabralzinho! O supremo mago Gilmar Mendes, que parece um amante da liberdade dos políticos errados, sacudiu a toguinha, balançou a varinha e decidiu que o detento Sérgio Cabral Filho não será transferido para o Presídio Federal em Mato Grosso do Sul. Político corrupto desfruta de gostosuras e travessuras o ano inteiro, e não só no Dia das Bruxas. Assim, Cabral seguirá no feitiço de mordomias por ele desfrutadas na penitenciária que seu desastroso governo ajudou a reformar.

Só pode ter sido por efeito do Halloween que a defesa cabralina teve a suprema sorte de que o sorteio do pedido para que Cabral fique onde está caísse para Gilmar Mendes. Ninguém se surpreenda se, em breve, um outro lance sortudo permitir que Cabralzinho acabe soltinho da Silva. O "onestíssimo" ex-governador Fluminense, que torce pelo Vasco, conseguiu mais um lance de desmoralização do judiciário. Azar do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal no RJ, e de outros que lutam por um Brasil que puna a corrupção institucionalizada.

Felicidade de quem recebe tratamento privilegiado na cadeia, e ainda tem a mulher tecnicamente solta em "prisão domiciliar" no prédio de luxo do Leblon. É apenas mais um deboche do Estado-Ladrão contra os cidadãos honestos. No País do Raloin, Bandido bom é bandido governando, legislando ou julgando...
Herculano
31/10/2017 15:47
SINDICATO ORGANIZADO

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar, Lucimara Rosanski Silva, pediu para ocupar a Tribunal Livre da Câmara. Os servidores estavam lá para aplaudi-la. Mas, ela não.
Herculano
31/10/2017 13:34
NO ALVO. NEM MAIS, NEM MENOS SOBRE O UBER

Da jornalista Natuza Nery, no twitter retrara bem que só os políticos do atraso não perceberam o quanto o mundo mudou e que um dia eles (políticos) serão plenamente dispensáveis por exatamente estarem parados em algum ponto do passado e sendo super bem pagos pelo pelos nossos pesados impostos.

"Quem quer limitar aplicativo de transporte urbano é quem anda de carro oficial com motorista pago por nós, né? Então, tá".
Herculano
31/10/2017 13:29
A TURMA DO JATINHO NÃO QUER VOCÊ DE UBER, por Ana Paula Henkel, ex jogadora de vôlei, para o jornal O Estado de S. Paulo

Desconheço a posição do pré-candidato Luciano Huck sobre os táxis, no máximo lembro do antigo sucesso da sua primeira-dama, mas uma declaração recente dele me deixou de cabelo em pé. Logo ele que se empenha tanto em consertar latas velhas.

Falando no mesmo tom do socialista Bernie Sanders daqui, Huck disse que "não adianta achar que o liberalismo, o livre mercado e o Estado mínimo tornarão o Brasil menos desigual", ignorando informações básicas sobre economia como o ranking de liberdade econômica da The Heritage Foundation que prova, sem margem para dúvidas, que liberalismo e desenvolvimento humano caminham juntos. O apresentador mostrou seu ceticismo em relação ao capitalismo num evento de empreendedorismo, mostrando que o Brasil nunca vai deixar de surpreender. Como dizia o insuperável Millôr, uma ideologia quando fica bem velhinha vem morar no Brasil.

Se este liberal não é assim tão liberal em economia, outros socialistas cariocas parecem mais dispostos a quebrar o tabu. Gregório Duvivier e Fernanda Torres, por exemplo, já exaltaram o Uber nas redes sociais e na imprensa, provando que socialismo é bom mesmo para os outros.

Os táxis são quase tão antigos quanto os carros e as leis que regulam o serviço não são nada menos antiquadas, inadequadas e retrógradas, como o Uber mostrou de forma tão contundente. O aplicativo é uma solução de mercado para um problema de mercado. Ele ajuda a demanda de serviços de transporte particular encontrar uma oferta ampla, diversificada e acessível, uma oportunidade de trabalho ou de complemento de renda para milhares de brasileiros. É esse livre mercado que Huck parece não entender completamente ou não gostar.

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Não há nada que justifique moral, social ou economicamente a idéia de que o Estado deve ditar quem pode disputar a preferência do usuário por este tipo de serviço. Se o motorista está habilitado para dirigir, se seu carro está em ordem, se o aplicativo pré-seleciona seus motoristas para você pensando na sua segurança e na qualidade do serviço, o que a burocracia governamental tem a ver com essa relação privada? Como a história já provou, burocrata não regula bem.

O bordão de Benito Mussolini "Tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado", pedra fundamental do fascismo, parece ter sete vidas. O Uber e seus similares não são perfeitos, nada humano é, mas o serviço regulado pelo mercado, pela decisão livre do consumidor, é sempre preferível às malfadadas soluções governamentais. Não basta para os políticos dirigirem (mal) a nação? Deixem os carros em paz.

A motivação por trás dos defensores do monopólio atual é criar dificuldades para a maioria silenciosa enquanto vende facilidade para a minoria organizada, barulhenta e violenta que luta pela reserva de mercado. O Estado está, como sempre, usando recursos públicos para fazer negócios privados, socializando prejuízos e privatizando lucros. Ao menos até colocarmos liberais no Congresso, como teremos mais uma oportunidade no próximo ano.

Não devemos dar as costas e abandonar os taxistas honestos, dedicados e trabalhadores que gastaram fortunas para entrar neste mercado e atender as insanas demandas do governo. O importante é compensar os taxistas por seu investimento e buscar um modelo de transição que não crie uma concorrência desleal, assim como não se pode impedir a inovação, a livre concorrência e a evolução deste ou de qualquer outro mercado.

Quando o Estado promete "não impedir, apenas regular", já sabemos como esse filme termina e quem morre no final. A votação, em regime de urgência, da PLC 28/2017, vai na prática estatizar o Uber e similares, asfixiando o que tem de bom e inovador sem dar nada em troca para o consumidor a não ser mais e mais Estado. É o Estado, mais uma vez, querendo decidir por você.

O governo do país com 60 mil assassinatos por ano, que não consegue oferecer o mínimo em segurança, saúde e educação para o cidadão que paga uma carga tributária imoral, deveria derrubar a proposta do deputado petista que foi flagrado num vídeo dizendo que o Uber, vejam vocês, deveria ser proibido de deixar "qualquer um" dirigir.

Carlos Zarattini (PT-SP), autor da PLC 28/2017 é do partido que deixou o país na maior crise econômica da história, com milhões de desempregados ávidos por uma oportunidade, qualquer uma, de voltar ao mercado de trabalho. Mas o coração petista bate mais forte pelos sindicatos que alimentam a máquina de votos do partido.

O presidente do Sindicato dos Taxistas de São Paulo, Natalício Bezerra, declarou recentemente que "pobre tem que se conformar que é pobre, o pobre não vai querer o que o rico tem." Se continuarmos sendo pautados por socialistas e liberais de araque, os pobres podem mesmo perder qualquer esperança de, um dia, andar de táxi ou de Uber. Grande parte da classe trabalhadora terá então de se contentar com o precário sistema público de transporte e PT saudações.

Quando Reagan disse, logo no discurso de posse, que "na atual crise o governo não é a solução, o governo é o problema", abriu caminho para 25 anos de crescimento e prosperidade do país que recebeu com a economia combalida, inflação alta e crescimento baixo. Quem sabe um dia poderemos aprender, ao menos uma vez, com os bons exemplos
Herculano
31/10/2017 13:20
QUEM É MESMO QUE SOLTA CRIMINOSOS DO COLARINHO BRANCO, BARROSO OU GILMAR COMO ELE PRóPRIO QUESTIONOU EM BATE-BOCA EM SESSÃO DO SUPREMO?

A JUSTIÇA EXPOSTA. A HERMENÊUTICA DE UM PONTO DE VISTA TODO PARTICULAR E ATÉ MESMO POLÍTICO. GILMAR SUSPENDE TRANSFERÊNCIA DE SÉRGIO CABRAL PARA PENITENCIÁRIA DE SEGURANÇA MÁXIMA

Conteúdo do jornal O Estado de S. Paulo. Texto de Rafael Moraes Moura, Breno Pires, Julia Affonso e Fausto Macedo, da sucursal de Brasília. O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu nesta terça-feira, 31, a transferência do ex-governador Sérgio Cabral para o presídio federal de Campos Grande (MS). Com a decisão, o peemedebista permanece no Rio.

Esta é a primeira decisão de impacto, de Gilmar, depois do barraco protagonizado por ele e pelo ministro Luis Barroso na sessão plenária de quinta-feira, 26. Na ocasião, Barroso disse que Gilmar é 'leniente em relação à criminalidade do colarinho branco'. Gilmar retrucou dizendo que 'não é advogado de bandidos internacionais'.

A decisão de Bretas havia sido confirmada pelo desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2). Na sexta-feira, 27, a ministra Maria Thereza Assis Moura do Superior Tribunal de Justiça negou liminarmente o pedido da defesa de Sérgio Cabral contra a remoção do ex-governador. Segundo a relatora, a pretensão era inviável, já que o mérito do pedido não havia sido analisado pelo tribunal de origem.

Preso desde 17 de novembro de 2016, Cabral ocupa uma cela na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica (zona norte do Rio).

A decisão de mandar o ex-governador para um presídio federal foi tomada pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal, do Rio, na segunda-feira, 23, após pedido do Ministério Público Federal. A ordem foi mantida pelo desembargador Abel Gomes, do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF2), na terça-feira, 24, em habeas corpus da defesa do peemedebista.

Em 23 de outubro, durante uma audiência em ação penal na qual é réu por lavagem de dinheiro por meio da compra de joias sofisticadas para ele e para a mulher, Adriana Ancelmo, o ex-governador insurgiu-se contra o juiz Bretas, que já o condenou a 58 anos de prisão ?" outros 14 anos, somando 72 anos de pena no total, foram aplicados a Cabral pelo juiz Sérgio Moro, de Curitiba. Na audiência, Cabral disse que tinha informações sobre atividades da família do magistrado como vendedores de bijuterias. Bretas sentiu-se ameaçado.

"É no mínimo suspeito e inusitado o acusado, que não só responde a esta processo como outros, venha aqui trazer em juízo informações sobre a rotina da família do magistrado. Além de causar espécie, como bem observou o MPF, de que apesar de toda a rigidez ele tenha se privilegiado de informações que talvez ele não devesse", disse Bretas durante a audiência.

Gilmar já havia derrubado outras decisões de Bretas. Uma sobre a prisão imposta ao empresário Eike Batista e outra sobre a custódia preventiva do empresário Jacob Barata Filho, o 'rei do ônibus'.

Em abril, o ministro do Supremo concedeu habeas corpus ao ex-bilionário que estava preso em Bangu, no Rio, desde janeiro, na Operação Eficiência.

Em agosto, Gilmar concedeu dois habeas corpus ao 'Rei do ?"nibus' em 24 horas. Gilmar havia decidido liminarmente pela soltura do empresário. Horas depois depois, o juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, expediu novos mandados de prisão contra Barata Filho. No dia seguinte, o ministro voltou a conceder liberdade a Barata
PMDB X PMDB
31/10/2017 13:18
O PMDB voltou a ser o vélho PMDB de guerra,com o auxilio do quase parado PP;conseguiu algo inédito greve no primeiro ano de mandato.Isso é só o começo esses garotos acham que administrar uma cidade é brincadeira.Esse aí é o PMDB do Paca,Nadinho,Adilson e também do Poli,só podia da nisso.Quem viver verá...
Pedro do Bela Vista
31/10/2017 11:38
greve dos servidores de gaspar

a) eles gostam mesmo de sombra e água fresca. basta olhar o face do jornal. estão todos debaixo de árvores e barracas se abrigando do sol, o que maltrata os trabalhadores de verdade

b) eles gostam mesmo é de barulho. aquele apitaço só enche o saco e não resolve nada. como escreve o nobre colunista neste espaço, se eles acham que possuem direitos, vão na justiça, que ai não tem choro

c) e pelos comentários no face, a coisa está preta para o lado dos servidores. como escreve o nobre colunista: ninguém mais aguenta pagar os privilégios dos servidores públicos. toda hora há um penduricalho para ser pago, um enquadramento até com cursos fakes, e que ninguém vai atrás para verificar.

d) é preciso ver o que acontece com os servidores da Câmara de Gaspar. é uma atrás da outra. tudo orquestrado.
Henrique
31/10/2017 11:20
Herculano, quem mesmo orienta a presidente do sindicato?
Parece que defende mais interesses politicos do que da categoria.
Joao Pedro
31/10/2017 11:18
Os servidores sempre apelam pelo apoio da populacao, mas quando essa vai em algum orgao publico tem que apelar por atencao. Somos nos que pagamos seus privilegios. A folha de funcionalismo quase dobrou em 5 anos. Pergunto: dobrou a qualidade na prestacao de servicos a populacao?
Tem alunos que foram dispensados a semana toda do colegio. Depois no fim do ano sao empurrados de qualquer forma p serie seguinte. Que comprometimento e esse?
Daniela
31/10/2017 10:21
Bom dia Herculano e povo gasparense.
Muito feliz sua colocação no texto "OS TEMPOS SÃO OUTROS".
Sou funcionário de empresa privada e já tive oportunidade de ser funcionário público. Nunca concordei e continuo com o mesmo pensamento, que Greve nos dias atuais não serve para nada. Quando feito pelos funcionário públicos só prejudica a população e privado só prejudica as empresas. As pessoas mais esclarecidas sabem se seu salário condiz com sua função, não tem que fazer Greve para reivindicar algo. Se não está feliz na empresa ou entidade pública, saia da zona de conforto e vá procurar outro emprego. As pessoas estão muito acomodada. É muito fácil cruzar os braços e pedir aumento disso e daquilo. Sugiro a essas pessoas com esse pensamento a abrir um negócio próprio, depois conversamos sobre o conceito de Greve. Todos sabemos que onde tem muito Sindicato a coisa trava. Não há investidor que vai colocar seu dinheiro num negócio e dar mais oportunidades para as pessoas sabendo que tem na região um Sindicato ferrenho, populista e não realista.
Está mais do que na hora de repensarmos sobre Greve. Ninguém aceita mais, coisa do passado.
Herculano
31/10/2017 09:31
AO VILMAR JOSÉ JUNKES

Você diz: "Ou o colunista está desinformado ou sendo leviano, porque os funcionários públicos não estão querendo criar nada"

Respondo: nem uma nem outra. Está é a questão central. Não sou funcionário público e nem sou do governo de plantão. Pago pesados impostos.


Você diz:"A paralisação é decorrente da retirada do valor da alimentação da folha de pagamento e transferida para cartão, o que prejudica em muito os menores salários do município, visto que sai da base de cálculo do INSS, prejudicando assim em futura aposentadoria ou auxilio doença. Se nossos gestores estão tão preocupados com o dinheiro dos impostos porque aumentaram de janeiro a setembro 52,83% o valor da folha dos comissionados? Em janeiro colocaram uma faixa na prefeitura dizendo que economizaram 27 % sobre os cargos comissionados, agora em setembro gastaram 27% a mais que o governo anterior no mesmo período".

Eu respondo: em que momento dos meus comentários desvirtuei este ponto de vista dos servidores?

O que escrevi, e sustento, são dois pontos: onde está isso (que deve ser salário a mais e não tickets, como o normal) explicitado na lei que instituiu o "auxilio alimentação"? Por que o sindicato não judicializa logo esta questão para ver quem está com a razão? Greve para algo que é jurídico? Com a decisão judicial, todos enfiam a viola no saco, inclusive eu, e a vida segue. Ou o sindicato e os servidores estão com medo da decisão judicial?
VILMAR JOSE JUNKES
31/10/2017 08:44
Ou o colunista está desinformado ou sendo leviano, porque os funcionários públicos não estão querendo criar nada. A paralisação é decorrente da retirada do valor da alimentação da folha de pagamento e transferida para cartão, o que prejudica em muito os menores salários do município, visto que sai da base de cálculo do INSS, prejudicando assim em futura aposentadoria ou auxilio doença. Se nossos gestores estão tão preocupados com o dinheiro dos impostos porque aumentaram de janeiro a setembro 52,83% o valor da folha dos comissionados? Em janeiro colocaram uma faixa na prefeitura dizendo que economizaram 27 % sobre os cargos comissionados, agora em setembro gastaram 27% a mais que o governo anterior no mesmo período.
Herculano
31/10/2017 08:34
ESTRESSE OU RESSACA?, por Eliane Cantanhêde, no jornal O Estado de S. Paulo

Finalmente chove em Brasília, após uma seca insuportável e em meio a um racionamento de água cruel e constrangedor, mas os três Poderes não vão comemorar, com o Feriado de Finados bem na quinta-feira. O presidente Michel Temer se recupera em São Paulo, parlamentares e ministros do STF viajam e há um enorme estresse ?" ou "ressaca", como prefere o presidente da Câmara, Rodrigo Maia ?" no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.

O Executivo atravessou o ano às voltas com as denúncias da PGR contra Temer e atuais ministros, prisão de ex-ministros, arrocho fiscal, recuos embaraçosos e impopularidade recorde do presidente, apesar de o governo, objetivamente, vir ganhando todas as votações fundamentais.

No Legislativo, é muito desgastante derrubar não só uma, mas duas denúncias contra o presidente da República no mesmo ano. E um ano pré-eleitoral, com boa parte do Congresso em compasso de espera, enquanto a rebordosa da Lava Jato não chega contra quem tem mandato e foro privilegiado. Deputados e senadores dividem-se em oposição e governo e quanto ao mandato de Temer, mas se unem no pavor ao bicho-papão da Lava Jato.

E o Judiciário chega a novembro cambaleando, com uma profunda divisão interna liderada por Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso, julgamentos de imensa complexidade e responsabilidade, tudo isso transmitido ao vivo e em cores, com a "plateia" pressionando por mais rapidez e dureza nas decisões contra políticos e poderosos.

É assim que a semana começou ontem com as revisões do Orçamento de 2018, mas deve durar só até amanhã, véspera do feriado. Ninguém é de ferro. O próprio Rodrigo Maia, espremido entre as pressões do Planalto e dos seus pares, viajou para Israel, Portugal e Espanha até a semana que vem. Sem ele por perto, difícil imaginar alguma decisão bombástica no Congresso ou um movimento incisivo do governo, que já foi longe demais ao mexer no Orçamento por MP e contrariá-lo.

Mas nem em semanas assim as negociações nos três Poderes param, apenas ocorrem nos bastidores, e o foco neste momento está justamente no futuro da Lava Jato. Enquanto a Fundação Getulio Vargas e a Transparência Internacional articulam centenas de entidades por medidas que aprofundem o combate à corrupção, o Congresso vai na contramão, retoma a Lei do Abuso de Autoridade e costura projetos para, por exemplo, restringir conduções coercitivas e delações premiadas com investigados presos ?" consideradas, "delações sob tortura psicológica".

O STF está dividido ao meio, com a presidente Cármen Lúcia tentando contemplar correntes divergentes e o decano Celso de Mello oscilando entre um lado e outro. É em meio a essa divisão que os 11 ministros podem derrubar a prisão de condenados em segunda instância, sem esperar o "transitado em julgado".

Logo, o feriado serve como pausa para pensar, descansar, recuperar energias e traçar estratégias para agir, cada qual na sua direção. Isso não é ruim, é positivo. Ressalvadas as agressões grosseiras e desnecessárias entre Gilmar e Barroso, é assim, com polêmica, avanços e recuos, divergência e construção de convergências, que a democracia brasileira vai amadurecendo e a cidadania encorpando. Além de burra, a unanimidade é coisa de ditadura.

É bom também que esse debate sobre um futuro da Lava Jato que seja eficaz, mas dentro das leis e das regras, seja aqui e agora e desenhe o cenário para 2018. Há uma repetição enfadonha de pesquisas com Lula e Bolsonaro na frente e uma profusão de nomes novos ou reincidentes, mas eles são só nomes, nada mais que nomes. É o processo que define os candidatos, não os nomes que determinam o processo.
Herculano
31/10/2017 08:31
VIOLÊNCIA NO NE DISPAROU NO AUGE DO CRESCIMENTO; CAOS NO RIO VEM DE CABRAL, NÃO DA RECESSÃO, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Ter memória, caros leitores, pode ter lá seu lado chato, né? Afinal, aumenta a chance de se perceberem as besteiras solenes que são ditas. Mas há também a parte boa: só se come gato por lebre se for do gosto do vivente. Saíram os dados do 11º Anuário Estatístico da Violência, a cargo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Sim, há um novo recorde de mortes: 61.169. O estado de São Paulo é o que menos mata: 11 por 100 mil habitantes; Sergipe, o que mata mais: 64. E, claro!, a esquerdopatia pátria já começou a espalhar a falácia de que a recessão econômica, a crise, o desemprego e afins estão na raiz do aumento da violência. De 2015 para 2016, houve uma elevação de 4,7% no número de ocorrências.

Bem, meus queridos, dizer o quê? Este é um dos fetiches de todo esquerdista "moderno". Esses são os que se querem os realistas. Os idealistas já acham que a carência produz revolucionários. Que grupo está certo? Obviamente, nem um nem outro. É bem verdade que a pobreza, a desordem urbana, as áreas clandestinas de exploração mineral, as fronteiras desguarnecidas etc. não são as melhores conselheiras dos varões de Plutarco. São fatores que interferem, sim, na violência. Mas a causa é outra: desídia do Estado - e dos Estados - na formulação e aplicação de políticas públicas. Vejam o Rio: até outro dia, Sérgio Cabral era quase tão popular como Alessandro Molon em certos noticiários. As contas do Rio foram à breca, e a violência explodiu. Culpa da crise econômica? Não! Culpa da desordem administrativa que o valente deixou como herança. E eu dividiria a responsabilidade com aquela parte da imprensa que lhe ficou puxando o saco por pelo menos seis anos.

E a memória? Ah, bem, a memória entra para trazer algumas coisas à baila. Há um outro conjunto de dados muito respeitado na área de segurança pública. É o chamado Mapa da Violência. Em 2011, foram publicados dados com a taxa de homicídios entre 1998 e 2008. O período compreende os anos de ouro do crescimento da economia da era lulista. E todos nos lembramos de que o Nordeste cresceu mais do que o restante do país. O período abarca o segundo mandato de FHC, quando recessão não houve. Já estava em curso havia mais de cinco anos o Bolsa Família ?" que, como se sabe, atende muito especialmente a região porque esta concentra os mais numerosos bolsões de pobreza. E eis, então, que os dados desmoralizam a tese esquerdopata. Dados os nove estados nordestinos, com seu crescimento fabuloso, a taxa de homicídios só havia caído na Paraíba naqueles 10 anos: ?" 13,8%. Nas demais unidades, tinha havido crescimento estupefaciente, a saber:
- Maranhão: 297%
- Bahia: 237,5%
- Alagoas: 177,2%
- Sergipe: 174,8%
- Rio Grande do Norte: 172,8%
- Piauí: 139,9%
- Pernambuco: 101,5%
- Ceará: 79,1%

O Mapa da Violência havia constatado, então, que, em 10 anos, a taxa estava praticamente estável - e notem que já era alta pra diabo: de 25,9% em 1998; chegou ao pico de 28,9 em 2003 e recuou para 26,4 em 2008. E recuou por quê? Respondo: é que, naquele período de 10 anos, a taxa em São Paulo havia baixado espantosos 62,4%, e só por isso os índices nacionais não foram ainda maiores. Mas não pensem que ocorreu ao petismo dar crédito a um governo que era de outra legenda. Os ditos "especialistas" afirmavam que a queda no Estado se devia o Estatuto do Desarmamento e, ora vejam!, ao crescimento econômico.

Só não se explicava por que o Nordeste, por exemplo, com um crescimento econômico maior do que o Sudeste, viu a taxa de homicídios disparar. Nem por que o tal estatuto, então, teve efeito positivo em São Paulo, mas não em 16 Estados em que a violência havia? aumentado.

O que explicava os números de São Paulo? A esquerda jamais aceitou a evidência de que se tratava de uma política de segurança mais eficiente do que a dos outros estados. E ponto final. Ainda que o número de mortos fosse e seja alto para padrões civilizados. Mas estava e está longe da barbárie do resto do país.

Tentam agora explicar o crescimento da violência com a recessão. Nos anos lulistas, com o Nordeste praticamente inteiro rendido ou à esquerda ou subordinado ao petismo, a taxa de homicídios explodiu. Os bacanas se negavam a ver o óbvio. São Paulo é o Estado que mais prende. É que o submarxismo chulé entende que o "encarceramento" é só uma das expressões da luta de classes. Digo ser "submarxismo" porque os comunas mesmo, os originais, nunca deram trela para bandido e nunca julgaram que o crime fosse um instrumento útil à sua causa. Lênin mandava passar fogo na tigrada. Como não sou leninista, acho que basta prender. E tratar com a dignidade apropriada a um preso numa democracia.

Aqueles dados do Mapa da Violência evidenciam que não passa de picaretagem intelectual atribuir o aumento de homicídios à crise. Naquele caso, a carnificina se deu em pleno crescimento.

Eu não estou opinando. Eu estou demonstrando.

Para encerrar
Eu sei que o fato de ter havido um aumento brutal da violência mesmo em anos de alto crescimento não implica que a inversa seja um valor absoluto, ou algum tonto ainda seria tentado a sugerir que se provocasse uma recessão para garantir a paz. Eu estou é justamente pondo em perspectiva essa variável. Expansão ou retração da economia são dados da equação, não o valor de "X". As evidências empíricas indicam ?" e aí estão São Paulo e Rio para demonstrá-lo à farta - que a política de segurança e o Estado em ordem (ou em desordem) interferem muito mais nos números e acabam determinando o resultado.

Não foi a recessão que tornou o Rio mais violento e que fez disparar a taxa de homicídio, o número de policiais mortos e de pessoas em confrontos com a Polícia. Foi a herança de Sérgio Cabral, aquele que contou com o apoio quase unânime das elites e da imprensa do Rio.
Herculano
31/10/2017 08:13
HOJE COMEMORA-SE OS 500 ANOS DA REFORMA DE MARTIN LUTERO

MUNDO EVANGÉLICO NÃO PODE SER VISTO COMO UM BLOCO, DIZ LÍDER LUTERANO

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo. Texto e entrevista de Anna Virgínia Balloussier. Martinho Lutero (1483-1546) virou prócer da Reforma Protestante, que completa 500 anos nesta terça (31), ao atacar as indulgências que a Igreja Católica cobrava para "perdoar" pecadores.

Meio milênio passou, e se foi também entre igrejas evangélicas neopentecostais esse princípio caro a Lutero - o de que a fé não está à venda. É o que diz o presidente da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), pastor Nestor Paulo Friedrich, 60.

Fruto do protestantismo do século 16 e no Brasil representado por igrejas como Universal, o segmento adere à teologia da prosperidade, que credita a Deus o sucesso material e promete curas milagrosas. "Cabe avaliar se Jesus teve essa postura de quem resolve todos os problemas como se fosse passe de mágica", diz.

No mundo, calcula-se que existam em torno de 80 milhões de luteranos. No Brasil há 1 milhão, a sétima maior corrente evangélica nacional, segundo o Censo de 2010.

E ela tem que se reinventar, segundo o pastor. Aqui vale o mea-culpa: "Se as pessoas buscam [templos neopentecostais], encontram algo que não conseguimos oferecer".

*

Folha - Passados 500 anos, a Reforma ainda tem força?

Nestor Paulo Friedrich - As dificuldades hoje são diferentes das que Lutero vivenciou. Mas há também semelhanças. Por exemplo, convivemos com práticas religiosas que se assemelham à venda de indulgências. Se você fizer isto e aquilo, se você der tanto dinheiro, seu problema será resolvido. Neopentecostais acabam reproduzindo, na prática, o que foi o estopim da Reforma. A teologia luterana não subscreve essa compreensão. Em Jesus, recebemos a oferta do perdão gratuitamente.

Folha - Neopentecostais são a fatia evangélica que mais cresce no Brasil. Como se aproximam e se distanciam de Lutero?

Elemento comum importante: as Sagradas Escrituras. Sua leitura faz a diferença na vida de milhões de pessoas. Existem, é claro, ênfases distintas. Como no tempo de Lutero, a Bíblia está sujeita ao mau uso. Somos uma igreja que se dispõe a ouvir o que outros pensam e como interpretam a Bíblia. Nem sempre as interpretações combinam. Mas respeitamos as diferenças. O tempo ajuda a corrigir eventuais unilateralidades.

Folha - Por que, ao menos fora do segmento evangélico, líderes como Edir Macedo, Marco Feliciano e Silas Malafaia se destacam como porta-vozes de uma massa tão diversificada?

Creio que por causa da presença constante nos meios de comunicação: rádio, TV etc. Mas a atenção às suas vozes também se relaciona com o fato de sermos um país em que milhões de pessoas não têm acesso aos direitos fundamentais. Nesse contexto, promessas de solução recebem audiência e até dá para compreender o porquê. A partir da teologia de Lutero, cabe avaliar se Jesus teve essa postura de quem resolve todos os problemas como passe de mágica.

Folha - Como protestantes tradicionais veem essa nova corrente?

Um aspecto que enfatizamos muito na confissão luterana é o respeito, e isso se reflete no convívio com as demais igrejas evangélicas. Mas as novas correntes também nos levam à autocrítica.

Folha - E qual seria ela?

Nós, luteranos, sempre fomos tachados de muito racionais. Nas neopentecostais, a emoção é uma dimensão bastante explorada. Então, temos que aprender com eles também, não só ver o negativo. Se as pessoas buscam essas igrejas, encontram algo que não conseguimos oferecer.

Folha - A Alemanha de Lutero - toda a Europa - passa por um processo de secularização. A porção de pessoas que se declara sem religião aumenta no mundo, do Brasil aos EUA. A que atribui o fenômeno?

A liberdade individual se acentua cada vez mais. Isso inclui a opção pela vivência ou não da sua dimensão espiritual. A tradição perde a força. O fato de uma pessoa ter sido batizada em determinada denominação não assegura mais sua continuidade automática como membro da mesma. Declarar-se sem religião não significa necessariamente a rejeição da fé. O que se nega, muitas vezes, é a filiação institucional a uma confissão religiosa.

Folha - Em 2011, o sr. assinou, como presidente da IECLB, carta que acata a posição do Supremo Tribunal Federal que passou a reconhecer a união homoafetiva como "entidade familiar". Por que o fez?

A confissão luterana defende a separação entre Igreja e Estado. Entendeu que a decisão do STF promovia a superação da discriminação, da estigmatização de comportamentos diferentes, que tantas vezes culminam em violência e morte. A intolerância é fonte de julgamentos apressados, incompreensão, dor. Mas o acatamento da decisão não significou uma mudança na sua compreensão da bênção matrimonial.

Folha - A bancada evangélica quadruplicou de tamanho em 25 anos, de 21 para 80 deputados. Eles priorizam a "família" como tema, combatendo projetos que falem de aborto, união homoafetiva etc. Como o sr. vê essas bandeiras?

A IECLB entende que a participação política faz parte da vivência cristã. Ela incentiva e motiva para uma participação ética de seus membros na esfera política. Nesse sentido, ela defende o diálogo em torno de temas controvertidos e complexos. Ela não apoia posições que, em nome da defesa da família, levam ao sofrimento de pessoas.

Folha - Pesquisa Datafolha revelou que, na média, evangélicos são menos brancos, têm menos acesso a universidades e são mais jovens. Por que esse perfil prepondera?

As instituições históricas não dão conta das buscas religiosas da população. Os segmentos assinalados se situam no espectro da população em situação de vulnerabilidade, cujas demandas existenciais e de sentido estão sendo atendidas de alguma maneira por novas expressões religiosas cristãs. E esta realidade é mais um elemento que nos leva à autocrítica.

Folha - Diz a pesquisa: 57% dos brasileiros avaliaram que os evangélicos sofrem algum tipo de preconceito no país. A percepção de que os evangélicos são discriminados é mais alta entre eles (73%). O sr. concorda que o segmento seja estigmatizado no Brasil?

Criou-se no imaginário brasileiro um senso comum superficial de que o segmento evangélico está aí para a exploração da boa fé do povo. Embora isso até possa ter base de realidade, a questão é mais complexa. Não se pode generalizar. Vigora ainda muita ignorância em relação ao segmento evangélico, e ela acaba envolvendo inclusive as igrejas evangélicas históricas, como é o caso da IECLB. Entendemos que o chamado mundo evangélico não pode ser visto como um bloco contraposto ao catolicismo.

Folha - O cisma com a Igreja Católica já foi superado?

A animosidade do passado está em grande parte superada. Tivemos uma aproximação gradativa ao longo de 50 anos. São diversos documentos bilaterais. Em nível global, foram assinadas várias declarações conjuntas. Desde 2013, temos estudado [luteranos e católicos] o documento "Do Conflito À Comunhão". Destaque-se a participação do papa Francisco na celebração na catedral luterana em Lund [Suécia], no dia 31 de outubro de 2016.
Herculano
31/10/2017 08:04
HOJE É DIA DE SESSÃO NA CÂMARA. HOJE SERIA UM DIA DE GREVE

O Sintraspug e os servidores de Gaspar acabam de levar uma pernada da Justiça por conta do seus próprios descuidos, pois não acredito em arrogância.

O Sindicato não fez o que deveria ter feito desde o início.

Assistiu a Reforma Administrativa de Kleber Edson Wan Dall, PMDB, passar com folga na Câmara. Pensou que esse assunto não era com ele. Era sim. Dizia muito.

Hoje é dia de sessão da Câmara. Ao invés da figueira para o espetáculo midiático e aos seus, o Sindicato deveria protestar é na Casa das leis, onde está sendo engolido e não é pelo poder de plantão, mas pela dita oposição, que está, contraditoriamente, inflando o movimento e piorando tudo.
Herculano
31/10/2017 07:45
QUANDO VOCÊ OLHA A VOTAÇÃO DOS CATARINENSES NA CÂMARA NO CASO DA REGULAMENTAÇÃO DO UBER, VOCÊ NÃO SE SURPREENDE COM A REPETIÇÃO DOS GESTOS DOS QUE DEFENDEM A INTERVENÇÃO DO ESTADO EM TUDO, A DEFESA DAS CORPORAÇÕES CHEIAS DE PRIVILÉGIOS, NA MAIORIA DOS CASOS, CUSTEADAS PELOS PAGADORES DE PESADOS IMPOSTOS

O NÃO É contra o projeto de extinguir o UBER e outros via regulamentação excessiva, para proteger os taxistas, que resistem a se modernizar nas relações de negócios

Apenas cinco deputados catarinenses foram contrários a esta matéria que deve ir a voto hoje no Senado, onde todos os três catarinenses se omitiram quanto a urgência da matéria.

Os demais deputados, seriam capazes de votar pela volta das carruagens e o sumiço da era digital, para agradar à sua maioria de eleitores analfabetos, ignorantes e desinformados explorados por sindicatos e guildas corporativas do atraso.

Carmen Zanotto,PPS,Não
Celso Maldaner,PMDB,Não
Cesar Souza,PSD,Sim
Décio Lima,PT,Sim
Esperidião Amin,PP,Sim
Geovânia de Sá,PSDB,Sim
João Paulo Kleinübing,PSD,Não
João Rodrigues,PSD,Não
Jorge Boeira,PP,Sim
Jorginho Mello,PR,Sim
Marco Tebaldi,PSDB,Não
Mauro Mariani,PMDB,Sim
Pedro Uczai,PT,Sim
Rogério Peninha Mendonça,PMDB,Sim
Ronaldo Benedet,PMDB,Sim
Valdir Colatto,PMDB, Sim
Herculano
31/10/2017 07:13
VAI TER GREVE DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS DE GASPAR? A JUSTIÇA PROIBIU E VAI MULTAR EM R$100 MIL POR DIA

O SINTRASPUG DISSE QUE VAI MANTER A PARALISAÇÃO

AGORA, A PROIBIÇÃO JUDICIAL MOSTRA QUE O SINDICATO FALHOU NO BÁSICO E MAIS UMA VEZ DEU BRECHA PARA A PREFEITURA: GARANTIR O MÍNIMO DE FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS E QUE ESTÁ NA LEI DE GREVE
Herculano
31/10/2017 07:10
FELIZ DIA DAS BRUXAS, AMIGAS, TEMOS AINDA O QUE CELEBRAR, por Vera Iaconelli, psicanalista, no jornal Folha de S. Paulo

Imagine uma bruxa. Queixo e nariz alongados, boca murcha e dentes faltando, cabelos grisalhos e desgrenhados, pele enrugada, mãos com veias à mostra e maltrapilha. Qualquer semelhança com a descrição de uma mulher envelhecida, que não tem acesso ao caríssimo arsenal de guerra para parecer mais jovem, não é mera coincidência. Por outro lado, se tivesse que imaginar um bruxo, provavelmente viria à mente o mago Merlin ou o saudoso Dumbledore de "Harry Potter". Feios e encarquilhados, mas muito mais próximos da imagem de vovozinhos queridos.

Desde que o mundo é mundo, a juventude e os atrativos físicos têm sido considerados grandes atributos da mulher. Ainda hoje, quando a mulher conquistou um lugar social que ultrapassa muito o papel de objeto sexual ou reprodutor, a discrepante valorização entre a beleza masculina e feminina chega às raias do ridículo. Basta assistir um filme, no qual um obeso, envelhecido e nada charmoso Gérard Depardieu faz par romântico com uma linda e jovem mulher, para termos um exemplo das diferentes medidas que estão em jogo aí.

Não se trata aqui de levantar a bandeira da "queima de sutiãs" (que nunca foram queimados, por sinal) dos anos 1960, pois a vaidade humana pode se disfarçar no orgulho em ser despojada (quem convive com jovens sabe que leva quase uma hora para parecer que eles não estão "nem aí" para a aparência). Trata-se de reconhecer beleza para além da juventude, quando se trata da mulher. Do lado dos homens, não menos exasperante, estão as expectativas como provedor de bens materiais (mas esse assunto fica para outro dia).

O belo sempre será pautado pelos ditames sociais e nossos olhos mudam de opinião ao sabor dos tempos, das novas mentalidades e da ditadura da moda. O grisalho, por exemplo, que é visto como sexy nos homens (George Clooney, eu sei, concordamos), começa a aparecer na cabeça das mulheres como uma opção de beleza também. Para além dos modismos francamente direcionados para o consumo, é digno de nota esta mudança no olhar, posto que o cabelo grisalho passa a ser visto como desejável nas mulheres.

A relação com as filhas crescendo também pode nos revelar a forma como cada mulher lida com seu o envelhecimento. Algumas assumem uma franca hostilidade contra o desabrochar sexual das meninas, outras tentam reviver uma adolescência já perdida e vão na cola das jovens vivendo a vida delas. Outras engravidam justo quando estavam prestes a entrar na menopausa. Temos os lutos esperados, por um lado, e as depressões e sintomas, por outro. Enfim, os truques são muitos, os sofrimentos também. Muitas mulheres, tendo passado por tudo isso, ao encontrar em si valor para além da juventude e da maternidade, celebram o fato de estarem vivas e o frescor que o convívio com as filhas pode trazer, ainda que não seja simples.

Recentemente, na festa de 90 anos de minha mãe, surpreendi-me com um gesto dela nada corriqueiro. Pela primeira vez desde que me lembro, minha mãe foi a um salão de beleza e fez uma discreta maquiagem. Esta vaidade insuspeita e tardia revelou-me seu prazer de sentir-se viva e de sentir-se bela por isso. Para uma pessoa que está encarando a própria velhice, como eu, essa pode ser uma lição preciosa.
Herculano
31/10/2017 07:07
APLICATIVOS: PROJETO PODE JOGAR O BRASIL NO ATRASO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Pode refletir em outros aplicativos uma eventual decisão do Congresso que proíba ou dificulte a utilização do Uber ou Cabify. Uma decisão equivocada pode condenar o Brasil ao atraso: assim como na Câmara já tramita proposta do lobby de hotéis para eliminar o aplicativo Airbnb, de aluguel de imóveis por temporada, bancários aguardam a derrota do Uber para pedir à Justiça o fim de aplicativos de internet banking.

VETA, TEMER
O ministro Moreira Franco (Secretaria de Governo) espera que Michel Temer vete qualquer prejuízo a avanços como aplicativos do tipo Uber.

CONTRA PRIVILÉGIOS
"O que não pode é prejudicar a sociedade para manter os privilégios de algumas pessoas", afirma Moreira Franco, sobre a briga Uber x táxi.

FERRAÇO É MELHOR
Relator no Senado, Pedro Chaves (PSD-MS) quer substituir o PLC 28 da Câmara pelo PLS 530, do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES).

BOM PARA O USUÁRIO
Estudo em quatro cidades americanas mostra que para cada dólar de receita do Uber, seis dólares foram economizados pelos usuários.

PLANO DE SAÚDE DE PORTE MÉDIO COM DIAS CONTADOS
O mercado trabalha com a expectativa de que a Agência Nacional de Saúde (ANS) adotará iniciativas destinadas a cessar as atividades de planos de saúde com até 20 mil vidas (ou segurados) em 18 meses, a partir de resolução da Comissão Interministerial de Participações de Governança Corporativa. O objetivo seria concentrar o negócio nas mãos de grandes bancos e gigantes estrangeiras desse setor.

OBJETIVO CRIMINOSO
O objetivo é impulsionar o mercado privado só com vidas (segurados) de até 55 anos. Os mais velhos terão o lixo como destino. Ou o SUS.

JOGO PARA POUCOS
Quando a ANS foi criada havia no Brasil quase 4.000 seguros de saúde. Hoje restam menos de 300, e vão diminuir ainda mais.

GRANDE NEGóCIO
As grandes corporações dominam cada vez mais o mercado de saúde suplementar, um dos melhores negócios do mundo.

PSDB NO DIVÃ
Para o ministro Moreira Franco (Secretaria de Governo), o próprio PSDB, rachado no apoio a Michel Temer, é que tem que resolver seus problemas: "Nós [do governo] não somos psicólogos".

FIM DA MOLEZA
Ainda no carro, logo após receber alta do Hospital Sírio Libanês, o presidente Michel Temer telefonou aos ministros mais próximos insinuando que espera vê-los no "batente" durante o feriadão.

NOVINHO EM FOLHA
A expectativa em Brasília é quem irá inaugurar o presídio de segurança máxima da cidade, a partir de janeiro. As apostas são Lula, caso se confirme sua condenação no TRF4, Sergio Cabral e Eduardo Cunha.

SAUDADES DOS 'MORTADELAS'
A ausência de milhões nas ruas protestando leva cientistas políticos ao divã do analista. Alguns acusam Michel Temer de "desmobilizar o povo", certamente porque dinheiro público já não financia "mortadelas".

NOME DO RIO EM VÃO
Em março de 2014, quando tentava substituir Michel Temer na chapa de Dilma Rousseff, o então governador Sérgio Cabral, hoje réu 15 vezes na Lava Jato, disse que "o Rio é Dilma".

POSTO AMBICIONADO
Além de Sergio Cabral, que tentou substituir Michel Temer como vice de Dilma, o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) admitiu ter sido cortejado para o mesmo cargo nas últimas duas eleições.

CONTRA O RACISMO
Sport, Náutico e Santa Cruz e o Ministério Público de Pernambuco lançam nesta terça (31) a campanha "Diga Não ao Racismo", nos estádios locais, em novembro, mês da Consciência Negra.

PERTENCE, 80
Chega aos 80 anos no próximo dia 21 José Paulo Sepúlveda Pertence, mineiro de Sabará, torcedor doente do Atlético Mineiro e um dos mais importantes presidentes da história do Supremo Tribunal Federal.

PENSANDO BEM...
...dia que pode acabar na proibição dos aplicativos de transporte no Brasil não deveria ser Dia das Bruxas e sim Dia da Caça às Bruxas.
Herculano
31/10/2017 07:05
JUSTIÇA LENTA E FALHA. POLÍCIA CORRUPTA. SOCIEDADE AMEDRONTADA, REFÉM NÃO APENAS DOS BANDIDOS. O RETRATO DA POLÍTICAS ERRÁTICAS, DESCOMPROMETIDAS E LONGO PERÍODOS DE DESGOVERNO NESSA ÁREA.

MORTES VIOLENTAS CRESCEM E ATINGEM MAIOR NÚMERO JÁ REGISTRADO NO PAÍS. QUEM PAGA? O CIDADÃO COM A VIDA E OS PESADOS IMPOSTOS QUE SÃO MAL USADOS

Conteúdo do jornal Folha de S. Paulo.Texto de Thiago Amâncio. O número de mortes violentas intencionais registradas no Brasil chegou a 61.619 em 2016, em avanço de 4,7% em relação ao ano anterior. Isso significa que sete pessoas foram assassinadas por hora no país, em média, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados nesta segunda (30).

Os dados são tabelados pelo fórum, organização que reúne especialistas no tema, com base em informações fornecidas pelas secretarias de segurança públicas e polícias Civil e Militar dos Estados.

A taxa média nacional de mortes violentas ficou em 29,9 assassinatos por 100 mil habitantes (em 2013, ela era de 27,8). Os três Estados com maiores taxas são os nordestinos SE (64), RN (56,9) e AL (55,9).

O critério de mortes violentas foi criado pela entidade para padronizar as informações dos Estados e soma homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenções policiais.

"A violência se espalhou para o país todo. Não é exclusividade dos grandes Estados ou de uma única região. É hoje um problema nacional, faz com que o país se sinta amedrontado", diz o sociólogo e presidente do fórum, Renato Sérgio de Lima.

"61 mil mortos é o que a gente tem de mais obsceno", na avaliação da diretora-executiva da entidade, Samira Bueno. "É muito sofrimento para uma nação isso estar em segundo plano. Como a gente não priorizou essa agenda com tanta gente morrendo?"

A alta de mortes aconteceu em meio à forte crise econômica, o que restringiu o orçamento dos Estados. Houve redução nos investimentos em segurança pública feitos por União, Estados e municípios. O total gasto na área em 2016 foi R$ 81 bilhões, queda de 3% em relação a 2015.

A crise e o aumento da violência, ao mesmo tempo, levaram os Estados a recorrerem à Força Nacional de Segurança Pública, coordenada pelo governo federal. Os gastos nessa área aumentaram 74% em um ano: saltaram de R$ 184 milhões para R$ 319,7 milhões em 2016.

Um efeito colateral da crise na segurança são os enfrentamentos e mortes envolvendo policiais. O número de pessoas mortas em ocorrências policiais chegou ao maior número já registrado pela entidade: 4.224 casos, alta de 27% em relação a 2015.

As maiores taxas desses crimes foram registradas no Amapá (7,5 casos por 100 mil habitantes), Rio (5,6 casos por 100 mil) e Sergipe (4,1). A taxa média do país é de 2 casos a cada 100 mil habitantes.

O perfil padrão desses mortos é homem, jovem e negro. 99,3% dos mortos em ocorrências policiais são homens, 82% tem entre 12 e 29 anos (17% tem entre 12 e 17 anos) e 76% são negros, segundo levantamento do Fórum.

"Esses dados são graves porque mostram o quanto a juvente está vulnerável à ação da polícia, e a gente sabe que muitos desses casos não são investigados, então não sabemos o quanto desses casos policiais usaram de fato a força legítima, e quantos foram de fato execuções", diz Samira Bueno.

Entre 2009 e 2016, 21.897 foram mortos nessas ocorrências ?"que não incluem chacinas e outros homicídios, apenas casos em que a morte aconteceu durante ação policial.

"Nós temos jornadas extenuantes, policiais trabalhando sem equipamento obrigatório, com colete vencido, armamento ultrapassado", diz o policial militar e pesquisador do Fórum Elisandro Lotin. "Temos uma sobrecarga de trabalho, desgaste físico e mental dos profissionais hoje nas ruas. Por conta de uma pressão interna e externa. Porque, para a sociedade, bandido bom é bandido morto, e o Estado somatiza isso. Na concepção do policial, ele está fazendo a coisa certa", afirma.



Também cresceu o número de policiais civis e militares vítimas de homicídio. Foram 437 em 2016, aumento de 17,5% em relação às 372 mortes em 2015.

Foram 437 em 2016, aumento de 18% em relação a 2015. A maior parte é negra (56%) ?"embora brancos ocupem 43% dos policiais mortos?" e 64% tem entre 30 e 49 anos. O dado considera apenas policiais na ativa.

"Boa parte desses policiais morrem em bicos ?"na necessidade de complementar a renda prestando outros serviços?", ou são executados justamente por serem policiais, ou vão reagir a um roubo por estarem armados", afirma Bueno "O que a gente exige dos nossos policiais? Essa ideia que o policial é policial 24h é uma falácia, que só o coloca em estado de mais vulnerabilidade. Ele é policial no serviço. Fora de serviço, ele precisa ter seus direitos respeitados como um cidadão comum."

Outro efeito são os latrocínios, roubos que terminam em mortes, que cresceram 12% no país no último ano.

Goiás é o Estado que apresenta a maior taxa de vítimas: são 2,8 para cada 100 mil habitantes. Em seguida, vêm Estados do Norte: Pará, Amapá e Amazonas.

Nas capitais, houve redução de 4% no total de mortes, o que indica uma interiorização da violência, segundo os pesquisadores. Ainda assim, esses crimes cresceram nas capitais de 14 dos 27 Estados.

Entre as mulheres, foram 4.657 assassinatos, 533 deles registrados como feminicídio. Sancionada em 2015, a lei federal que define o feminicídio transformou em hediondo o assassinato de mulheres motivado justamente por sua condição de mulher. Ela aumenta a pena por homicídio, que é de 6 a 20 anos de prisão, para 12 a 30 anos.

Foram registrados ainda 49.497 estupros, média de 135 por dia, crescimento de 4,3% em relação aos 47.461 registrado no ano anterior ?"pesquisas indicam, no entanto, que há altos índices de subnotificação do crime.

Os pesquisadores destacam a ausência de um sistema nacional que consolide e padronize as informações de segurança pública. "A gente vive, na área da segurança e da Justiça, um apagão estatístico", afirma Lima. "Se o dado não existe, como estamos fazendo política pública? Porque a política pública depende de informação."

SOLUÇÕES

Como evitar que as mortes violentas continuem subindo?

"A ação acontece em duas pontas: primeiro, preciso melhorar a qualidade de vida das pessoas, para deixá-las menos expostas à gramática do crime. Depois que o sujeito comete o crime, devo trabalhar para que não haja reincidência", diz o professor da FGV Rafael Alcadipani, que cita a regulamentação das drogas para diminuir o poder do crime organizado.

Para Daniel Cerqueira, pesquisador do IPEA, o investimento precisa ser mais em ações de inteligência e menos no que chama de polícia reativa, "espalhada pelas ruas para tentar, via policiamento ostensivo, refrear a violência".

Olaya Hanashiro, conselheira do fórum, destaca o "papel fundamental" dos municípios em políticas de prevenção, "olhando para os grupos mais vulneráveis". Os municípios, diz, devem trabalhar em resolução de problemas e ter uma guarda preparada para mediar conflitos, "e não uma reprodução do que não está dando certo".

ROUBOS DE VEÍCULOS

Os dados divulgados também mostram que houve um roubo ou furto de veículo no país a cada minuto, conforme adiantado pela Folha no sábado (28). Foram 557 mil no ano passado, crescimento de 8% em relação ao ano anterior.

Considerando a soma de furtos e roubos de veículos proporcionalmente à frota de cada Estado, o Rio é campeão, com taxa de 916,7 crimes do tipo por 100 mil carros -em números absolutos, 58,5 mil casos. Goiás é o segundo.
Herculano
31/10/2017 06:53
COMANDO DA PM DO RIO É ACERTADO COM DEPUTADO ESTADUAL E CRIME, DIZ MINISTRO, por Josias de Souza

O ministro Torquato Jardim (Justiça) faz um diagnóstico aterrador do setor de segurança pública no Rio de Janeiro. Declara, por exemplo, que o governador fluminense, Luiz Fernando Pezão, e o secretário de Segurança do Estado, Roberto Sá, não controlam a Polícia Militar. Para ele, o comando da PM no Rio decorre de "acerto com deputado estadual e o crime organizado." Mais: "Comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio."

Torquato declara-se convencido de que o assassinato do tenente-coronel Luiz Gustavo Teixeira, que comandava o 3º Batalhão da PM carioca, no bairro do Méier, não foi resultado de um assalto. "Esse coronel que foi executado ninguém me convence que não foi acerto de contas." O ministro conta que conversou sobre o assunto com o governador e o secretário de Segurança do Rio. Encontrou-os na última sexta-feira, em Rio Branco (AC), numa reunião com governadores de vários Estados.

"Eu cobrei do Roberto Sá e do Pezão", relata Torquato. Entretanto, os interlocutores do ministro reiteraram que se tratou de um assalto. E o ministro: "Ninguém assalta dando dezenas de tiros em cima de um coronel à paisana, num carro descaracterizado. O motorista era um sargento da confiança dele."

Na avaliação do ministro da Justiça, está ocorrendo uma mudança no perfil do comando da criminalidade no Rio. "O que está acontecendo hoje é que a milícia está tomando conta do narcotráfico." Por quê? Os principais chefões do tráfico estão trancafiados em presídios federais. E o crime organizado "deixou de ser vertical. Passou a ser uma operação horizontal, muito mais difícil de controlar."

Ao esmiuçar seu raciocínio, Toquato declarou que a horizontalização do crime fez crescer o poder de capitães e tenentes da política. "Aí é onde os comandantes de batalhão passam a ter influência. Não tem um chefão para controlar. Cada um vai ficar dono do seu pedaço. Hoje, os comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio."

Torquato diz acreditar que o socorro do governo federal ao Rio, envolvendo as Forças Armadas, a Força Nacional de Segurança, a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária, vai atenuar os problemas. Mas "a virada da curva ficará para 2019, com outro presidente e outro governador. Com o atual governo do Rio não será possível."

O ministro relata: "Nós já tivemos conversas - ora eu sozinho, ora com o Raul Jungmann [ministro da Defesa] e o Sérgio Etchegoyen [chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência] -, conversas duríssimas com o secretário de Segurança do Estado e com governador. Não tem comando.".
Herculano
31/10/2017 06:48
DECORO, SENHORES, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Não foi, a bem dizer, o pior entrevero registrado entre membros do Supremo Tribunal Federal. Ainda assim, causa consternação o episódio ocorrido durante a sessão de quinta-feira (26). Discutia-se o tema, em princípio bastante neutro do ponto de vista ideológico-político, da extinção do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará.

Contudo, o acúmulo de tensões entre os ministros Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso era tal, dada a discordância que manifestam acerca da Lava Jato e outros assuntos, que o exame da matéria degenerou numa série de provocações pueris ?"enquanto a presidente da corte, Cármen Lúcia, tentava de modo tíbio interromper a refrega.

"Nós prendemos, tem gente que solta", espicaçou Barroso, aludindo a concessões controversas de habeas corpus por parte de Gilmar Mendes. Este replicou lembrando que o oponente se referiu ao mensalão petista, de modo ambíguo, como "ponto fora da curva".

Fora da curva porque rompia com a jurisprudência e os rituais adotados em processos semelhantes? Ou porque representava desejável inovação no sentido de punir as cúpulas partidárias do país?

Notável pela suavidade sinuosa de seus pronunciamentos, Barroso nunca deixou claro se tinha discordâncias mais profundas com os resultados do mensalão, que já se aproximava do desfecho quando de sua posse no STF.

É fato que divergiu dos critérios para a majoração de penas de alguns condenados, seguindo a maioria que se formou no sentido de não considerá-los culpados pelo crime de formação de quadrilha.

Tratou-se, como sempre, de decisão tomada por um colegiado, numa época em que, certamente, Gilmar Mendes se alinhava com a corrente mais severa no julgamento dos desmandos do PT.

A rigor, não há voto no Supremo que não contenha elaborados argumentos jurídicos a sustentá-lo, sendo sempre possível, ademais, a qualquer ministro afirmar que simplesmente mudou de ideia ao analisar casos equivalentes ?"com réus de distinta filiação partidária.

São poucos os mecanismos pelos quais se podem comprovar, nas atitudes de um magistrado, graus de parcialidade e incoerência capazes de desautorizá-lo por completo.

Nos apartes, nos reproches e nas insinuações contra seus colegas, é isso, entretanto, o que têm tentado alguns membros da corte.

Não bastassem constantes manifestações fora dos autos, típicas de Gilmar Mendes, arrufos diante das câmeras só levam ao descrédito o conjunto da instituição.

Barroso, em geral mais contido, lamentavelmente somou-se nesse episódio aos desserviços protagonizados por seu contendor.
Paty Farias
30/10/2017 21:22
Oi, Herculano;

Veja só o que encontrei no Blog do Políbio:

"O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, foi internado desde a noite desse sábado para tratar uma diverticulite, mas passa bem e deve deixar o Hospital Baía Sul, em Florianópolis (SC), amanhã.

Segundo a secretaria estadual de Comunicação, Colombo voltou a ser examinado na manhã de hoje.

Hoje, a equipe médica diagnosticou uma melhora no quadro clínico de Colombo, com diminuição da dor e regressão dos sinais da diverticulite, doença causada pela inflamação das pregas presentes no intestino grosso e que costuma afetar principalmente pessoas com mais de 60 anos.

Colombo foi internado após sentir fortes dores abdominais."

Saúde em primeiro lugar.
Sujiru Fuji
30/10/2017 21:14
Seria correto, se as mães sem creches resolvessem colocar seu filhos na porta das casas dos integrantes da base do governo?
Mariazinha Beata
30/10/2017 21:10
Seu Herculano;

Amanhã é dia das mulheres petistas e todas que fazem parte do puxadinho do PT.
Bye, bye!
Despetralhado
30/10/2017 20:34
Oi, Herculano:


"Muita gente me pede meio-período", justifica o líder do PMDB, Evandro Carlos Andrietti."

Esse raciocínio me lembra DilmANTA Ruinselff.
Belchior do Meio
30/10/2017 20:26
Sr. Herculano:

EUREKA!!!
SAMAE inundado;
Depois de sucessivas falta de água por causa da duplicação da BR meia boca, o SAMAE teve uma ideia luminosa em desviar a tubulação.
Essa inspiração embora tardiamente, só pode ter vindo do macaco veio, que mesmo "véio" tem um neurônio que as vezes pega no tranco.
Mardição
30/10/2017 20:16
"O que aconteceu com a Havan que se instalaria até o final do ano em Gaspar? Inaugura-se por todos os vizinhos. Daqui a pouco, a unidade de Gaspar vai se tornar dispensável."

É o que dá quando se luta contra a enchente.
Herculano
30/10/2017 19:13
MINISTRO ACUSA OS ESTADOS DE APLICAR INADEQUADAMENTE R$ 1,2 BI DE PRISõES, por Josias de Souza

O ministro Torquato Jardim (Justiça) acusa os governos dos Estados e do Distrito Federal de aplicar inadequadamente R$ 1,2 bilhão repassado pela União em 2016 para construção ou melhoria de penitenciárias. Cada unidade da federação recebeu R$ 44,7 milhões. "Nenhum Estado até hioje apresentou projeto completo", disse o ministro. "E há Estados que não fizeram gasto algum. O dinheiro está parado, perdendo o poder aquisitivo." Há ainda "Estados que fizeram aplicação diversa do previsto".

O dinheiro saiu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen). É verba do bolo geral de impostos pagos pelos brasileiros. Destina-se à construção, reforma e modernização de presídios. O governo federal costumava reter os repasses, para fazer caixa. Mas o Supremo Tribunal Federal ordenou que fosse feito o rateio. Por isso, Michel Temer baixou em 29 de dezembro de 2016 medida provisória destinando R$ 1,2 bilhão para os Estados.

Na prática, admite o ministro, perdeu-se o controle sobre a aplicação da verba. Na última sexta-feira, em reunião com os governadores, no Acre, Torquato falou sobre a encrenca. Disse que nenhum Estado está 100% dentro das normas. Dividiu os problemas em cinco grupos: Estados sem projeto arquitetônico e com gastos, sem projeto e sem gastos, com projeto parcial e com gastos, com projeto não aprovado e com gastos e, por último, Estados que, além de não apresentar projeto, gastaram o dinheiro em atividades alheias aos presídios. Nenhum dos governadores presentes contestou a exposição de Torquato.

Levantamento feito pela pasta da Justiça enumerou os problemas detectados em cada Estado. No caso de São Paulo, por exemplo, o dinheiro do Funpen foi destinado à construção de um presídio com 847 vagas. "O Estado não apresentou o projeto arquitetônico para validação do Departamento Penintenciário Nacional", anota o documento. Por ora, foram aplicados apenas R$ 116,9 mil na rubrica "modernização". No mais, informa o ministério, "não houve movimentação financeira." Quer dizer: o dinheiro está parado, sofrendo a corrosão da inflação.

Há Estados em que a União não consegue sequer saber onde foi parar o dinheiro. É o caso do Rio Grande do Sul, que se comprometeu a contruir dois novos presídios. Não apresentou projetos. No seu levantamento, a pasta da Justiça anota que "não é possível informar" o que foi feito dos R$ 44,7 milhões destinados ao governo gaúcho, pois o Estado "não transferiu os recursos repassados para as contas indicadas pelo Departamento Penitenciário Nacional."

Há também casos em que houve desvio de finalidade das verbas. Tome-se o exemplo do Rio de Janeiro. O governo de Luiz Fernando Pezão informou ao governo federal que aplicaria parte da verba que recebeu (R$ 15,8 milhões) na construção de um presídio de 500 vagas. Não apresentou o projeto. Absteve-se de informar o que faria com o restante do dinheiro. Como se fosse pouco, "deixou de transferir R$ 15,2 milhões para a conta da construção", anota o documento da Justiça. O ministério cobrou explicações do governo fluminense. E nada.

Em Roraima, a verba destinada aos presídios está virando caso de polícia. O Estado compremetera-se a usar os seus R$ 44,7 milhões na construção de um presídio e na amplicação de dois já existentes. Os projetos estão pendentes de aprovação ou em fase de elaboração. A despeito disso, "já houve execução" de parte da verba. Gastaram-se R$ 3,5 milhões. "O Ministério Público Federal está apurando", diz o documento do Ministério da Justiça. "O Departamento Penitenciário Nacional vai instaurar uma tomada de contas especial."

A União alega ter dificuldades para obter informações até do governo do Distrito Federal. O plano prevê a construção de "uma unidade prisional, com a expectativa de gerar 388 vagas". Entretanto, o governo local "não apresentou o projeto arquitetônico". E quanto ao dinheiro? "Não é possível informar" a destinação, anota o levantamento oficial. Impossível saber também para onde foi a verba que deveria ser aplicada na "modernização" de presídios. Outro naco, referente ao "custeio", não registrou movimentação.

Torquato Jardim programou-se para fazer, entre novembro e dezembro, um novo repasse de verbas do fundo penitenciário. O ministro diz ter dúvidas sobre a possibilidade de reter o dinheiro de Estados que não comprovarem o uso adequado do repasse anterior. "Estamos avaliando. Não sei se cabe uma consulta ao Tribunal de Contas da União. Isso é uma decisão complicada."
Herculano
30/10/2017 19:05
VACCARI PODE SER SOLTO NA SEMANA QUE VEM

Conteúdo de O Antagonista. O arrecadador de propinas do PT, João Vaccari Neto, pode ser solto na semana que vem.

Diz O Globo:

"Preso no Paraná desde abril de 2015, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto nunca esteve tão perto de conseguir sua liberdade. Depois de duas absolvições no TRF-4, que reviu as condenações do juiz Sergio Moro, o petista aguarda o julgamento do caso com o único pedido de prisão que o mantém atrás das grades, marcado para 7 de novembro.

Nesta data, a corte vai julgar a apelação do petista na investigação que o condenou a 10 anos em regime fechado por corrupção no esquema de desvios da Petrobras que abasteceu campanhas eleitorais do PT. Se conseguir a vitória, a determinação da prisão será suspensa e Vaccari poderá responder às ações em liberdade."
Herculano
30/10/2017 19:03
A MAIOR OBRA DE DILMA ROUSSEFF

Conteúdo de O Antagonista.O Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da FGV, Codace, concluiu hoje que a recessão brasileira chegou ao fim no último trimestre de 2016.

Iniciada no segundo trimestre de 2014, ela durou 11 meses ?"a mais longa desde o período Sarney/Collor?" e fez o PIB do país desabar 8,6%, semelhante à retração verificada entre 1981 e 1983, com a ditadura militar já nos estertores.

Essa é a grande obra da "nova matriz econômica" de Dilma Rousseff. Agradeçam à Gerente.
Herculano
30/10/2017 18:58
Ao que se identificou como Luiz

De quem é a falta de bom senso, você poderia esclarecer aos leitores e leitoras?

Do prefeito que posou para o vídeo e postou isso na sua rede social? De quem fez a filmagem? Ou de quem não escondeu e a republicou, algo que era público, como eu, pois os outros estão escondendo.

Eu sempre pergunto: quem mesmo cuida da imagem e comunicação de Kleber Edson Wan Dall? E depois perdem tempo para concertar no ar avião voando. é uma atrás da outra! Acorda, Gaspar!
Sidnei Luis Reinert
30/10/2017 16:05
Vamos esperar por mais uma Fraude Eleitoral?


Edição do Alerta Total ?" www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Jair Bolsonaro aproveitou o palanque do programa "Mariana Godoy, entrevista", na RedeTV!, na última sexta-feira, para escancarar um dos previsíveis problemas da eleição de 2018: "Tenho convicção de que o sistema fará seu sucessor ano que vem, caso tivermos como auditar os votos no Brasil". Então, como é quase certeza de que isto não acontecerá, vamos encenar, mais uma vez, a crônica de uma derrota programada.

O outro problema previsível é sempre repetido pelo jurista Antônio José Ribas Paiva: "Jogar no cassino do Al Capone das eleições no Brasil é coonestar a Ditadura do Crime". Qualquer um que consegue raciocinar um pouquinho com base na realidade sabe que nosso esquema eleitoral é um jogo de cartas marcadas, seja na totalização dos votos ou, principalmente, na definição das candidaturas. O pior: somos obrigados a participar deste golpe, uma farsa democrática.

Quase todos os candidatos com chances de vitória são patrocinados pelo Poder Real Globalitário ?" que prefere o Brasil do jeitinho como sempre esteve: subdesenvolvido, como mera colônia de exploração. A cada dois anos em que temos eleições compulsórias é o Poder Político-Econômico ?" e não a tal "Força do Povo" ?" quem elege os "representantes" populares, no Executivo e no Legislativo. Tudo fica mais grave com a inconfiabilidade do dogmático processo eleitoral eletrônico, sem direito à conferência do voto.

Além disso, não podemos esquecer do que confirmou o traficante Marcinho VP, em recente entrevista: o narcotráfico financia candidaturas, comprando votos diretamente com dinheiro ou usando a força para obrigar as comunidades controladas a votarem nos candidatos apoiados pelo andar de baixo do crime. O andar de cima da politicagem é controlado pelo poder globalitário da grana. Resumindo: a maioria esmagadora dos candidatos é dependente do Crime Institucionalizado. Quem não é diretamente, acaba sendo indiretamente.

O único jeito é que o povo se conscientize que só uma inédita Intervenção Constitucional pode salvar o Brasil. Só os cidadãos têm legitimidade e legalidade para intervir diretamente no processo político. Infelizmente, isto não acontecerá pelo simples ato da dedada eleitoral na urna eletrônica de resultado inconfiável.

Por isso, em vez de ficar brincando de torcedor no fla-flu eleitoral, o fundamental é discutir, sem paixões babacas, as soluções viáveis e possíveis para mudar o modelo de Estado-Ladrão brasileiro. O amadurecimento do debate, gerando alternativas que a maioria possa defender racionalmente, elevando a temperatura de pressão por mudança efetiva, é que vai fortalecer as pré-condições para a Intervenção Constitucional se efetivar.

Tais mudanças, no curso da História, costumam acontecer quando ocorre um grande desastre. No Brasil, estamos cada vez mais próximos deste momento derradeiro. A Intervenção é questão de (pouco) tempo.

Agora, se não definirmos e debatermos o Projeto de Nação para o Brasil, certamente, nada vai mudar... Mesmo que muita gente poderosa leve tomatada ou (se bobear) porrada...
Sidnei Luis Reinert
30/10/2017 16:02
Herculano, em pleno século 21 na era dos super computadores e ferramentas de controle de qualidade, metade de nossos pesados impostos vão para sustentar o ESTADO LADRÃO com seu funcionarismo público caro, inchado e obsoleto... Por estas e outras, Bolsonaro vai cortar a "árvore podre"pela raíz(se as urnas fraudáveis assim o permitir). Com Bolsonaro inclusive, seu trabalho como jornalista vai continuar. Com LULADRÃO, teremos de nos mudar!

Luiz
30/10/2017 15:57
Desnecessario aquela foto do prefeito com aquela arma.
Falta de bom senso.
WAGNER PESSOA LIMA
30/10/2017 15:11

Como funciona o auxílio doença para dependentes químicos?
http://blog.viversemdroga.com.br/como-funciona-o-auxilio-doenca-para-dependentes-quimicos/
Herculano
30/10/2017 12:05
LULA E BOLSONARO PARARAM DE SUBIR

Conteúdo de O Antagonista. Pesquisa do Ibope repete os números do Datafolha.

Aparentemente, Lula e Jair Bolsonaro pararam de subir.

Lula não pode roubar o eleitorado mais alfabetizado de Jair Bolsonaro, mas Jair Bolsonaro pode roubar o eleitorado mais pobre de Lula.
Herculano
30/10/2017 12:02
A REDE NANICA

Conteúdo de O Antagonista. O maior erro de Marina Silva foi ter criado um partido.

A Rede Sustentabilidade é insustentável.

Diz o Estadão:

"Após ter o registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral em setembro de 2015, a Rede ainda tem estrutura de partido nanico, o que ficou evidenciado também no fraco desempenho de seus candidatos nas eleições municipais do ano passado.

Com somente quatro deputados federais (todos eleitos por outros partidos em 2014), a legenda recebe por mês cerca de R$ 280 mil do Fundo Partidário. É pouco dinheiro para custear uma estrutura nacional. Para efeito comparativo, o PT, por exemplo, com 58 deputados, recebe R$ 8,2 milhões mensais.

Sozinha, a Rede terá direito no ano que vem a cerca de 15 segundos em cada bloco do horário eleitoral gratuito para presidente, se forem consideradas as regras previstas na legislação eleitoral."
Herculano
30/10/2017 11:17
TEMER E OS ÁULICOS VIVEM ILUSÃO DA "NORMALIDADE", por Josias de Souza

Segundo a superstição de Michel Temer, revelada a aliados que lhe telefonaram para saber como estava sua saúde, o governo inaugura nesta semana uma nova fase. Um ciclo de "normalidade" administrativa. A percepção de Temer é compartilhada pelos áulicos do Planalto.

Falando do leito do Hospital Sírio Libanês, Temer informou que voltará ao batente na quarta-feira. "Ele está muito animado", disse um parlamentar que conversou com o paciente. Tudo faz crer que o congelamento das denúncias da Procuradoria fez com que o presidente voltasse a acalentar o pior tipo de ilusão: a ilusão de que preside.

Na área econômica, a prioridade de Temer é colocar em pé a reforma da Previdência. O mandarim da Câmara, Rodrigo Maia, declarou que, numa escala de zero a 10, a chance de ser aprovada uma versão lipoaspirada da mexida previdenciária oscila entre 2 e 3. O comandante do Senado, Eunício Oliveira, afirmou que não é a melhor hora para tratar do tema.

Na área político-penal, Temer terá de tourear o inquérito em que figura como suspeito de beneficiar uma empresa no Porto de Santos. E não pode descuidar dos humores de Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala de R$ 500 mil, e de Geddel Vieira Lima, o amigo do cafofo com R$ 51 milhões. Loures arrasta uma tornozeleira eletrônica em casa. Geddel puxa cana na Papuda. Por ora, guardam obsequioso silêncio.

Numa conjuntura assim, tão sujeita a delações e trovoadas, se Temer consegue manter a cabeça no lugar enquanto tanta gente perde a sua, provavelmente já não sabe onde colocou a noção do perigo. Ou está exercitando o seu cinismo.
Herculano
30/10/2017 11:15
GRUPO DE WHATSAPP COM BATISTAS E QUASE-IRMÃ DE BARROSO SUGERE FLAGRANTE ARMADO CONTRA AÉCIO, por Reinaldo Azevedo, na Rede TV

Certa feita, num diálogo com um jornalista muito influente, na semana em que vieram à tona os episódios envolvendo Aécio Neves e o presidente Temer, afirmei: "O que se tem aí não é operação controlada, mas flagrante armado". Entusiasta da coisa toda, ele ficou meio zangado. Segundo disse, eu não tinha "elementos para afirmar". Bem, o elemento principal, de saída, era a escolha do relator no STF, feita por Rodrigo Janot. Sim, refiro-me a Edson Fachin. No dia 19 de maio, escrevi um texto chamado "Temer foi vítima de atos ilegais; democracia rejeita 'entrapment'".

Era tão evidente que se estava diante de uma armadilha.

Na Folha desta segunda, leio o seguinte:

Uma troca de mensagens encontrada pela Polícia Federal sugere que procuradores orientaram executivos da JBS a gravar por conta própria ?"ou seja, sem autorização judicial?" o momento da entrega de dinheiro a pessoas que seriam delatadas pelo grupo comandado pelo empresário Joesley Batista.

Os diálogos ocorreram em um grupo de WhatsApp de nome Formosa, provável referência à cidade natal dos irmãos Joesley e Wesley Batista, em Goiás.

As conversas ocorreram em 4 de abril, data em que os advogados da empresa participaram de uma reunião na sede da PGR (Procuradoria-Geral da República) com Eduardo Pelella, chefe de gabinete do então procurador-geral, Rodrigo Janot, e Sérgio Bruno, do grupo da Lava Jato.

Na ocasião, os sete executivos da JBS não tinham se tornado oficialmente colaboradores da Justiça. O pré-acordo de colaboração premiada foi assinado em 7 de abril e a homologação saiu em maio.

No dia seguinte à troca de mensagens, em 5 de abril, o executivo Ricardo Saud gravou, por conta própria, a entrega de R$ 500 mil para Frederico Pacheco, primo do senador Aécio Neves (PSDB-MG). A gravação foi feita na sede da JBS, em São Paulo.

Esse foi o primeiro de um total de quatro pagamentos combinados entre Joesley e Aécio, completando R$ 2 milhões. Os repasses das outras parcelas foram filmados pela Polícia Federal com autorização judicial.

Participavam do grupo de WhatsApp o ex-procurador Marcello Miller, a advogada Fernanda Tórtima, Joesley, Wesley, Saud e Francisco de Assis e Silva, advogado e delator. Os diálogos indicam pressa da PGR para fechar a delação.

(?)
As mais de 200 mensagens, às quais a Folha teve acesso, estavam no celular de Wesley, apreendido em maio.
"Eles acham que podem desconfiar se adiarem [os pagamentos pendentes]. [Procuradores] Acham que vcs podem fazer uma vez sozinhos gravando e deixariam a controlada para a seguinte", escreveu Tórtima no grupo.

Retomo
A reportagem da Folha evidencia o que afirmei aqui em maio, três dias antes de algum vagabundo vazar uma conversa minha com fonte para tentar me constranger. Reproduzo trecho:

Os absurdos cometidos contra o presidente Michel Temer podem colaborar para que a Lava Jato volte aos eixos à medida que será preciso reconhecer erros grotescos de procedimento, que não podem se repetir. Do contrário, a operação estará, ela mesma, correndo riscos. Está claro, a esta altura, que a turma não tem limites.

Nota: o braço da Lava Jato que atinge o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu o sugestivo nome de "Operação Patmos". É a ilha grega onde São João recebeu as revelações do Apocalipse. Se alguém ainda duvidava do caráter messiânico da turma?

É um absurdo que tantos advogados silenciem a respeito da barbaridade que se urdiu contra Temer. Aquilo nada tem de "ação controlada", prevista no Artigo 9º da Lei 12.850. Retardar um flagrante em benefício da prova é diferente de preparar, de forma deliberada, as circunstâncias para o cometimento de um crime.

Precisamos, isto sim, é saber se não estamos diante daquilo que, nos EUA, é chamado de "entrapment", que é uma cilada legal. Usa-se o aparato de estado para induzir um flagrante. Por lá, é um procedimento ilegal. Por aqui, também. Assim é em todo o mundo democrático. Só as ditaduras consagram tal meio.

Caso se investigasse a investigação, chegar-se-ia ao óbvio.

Segundo a versão da carochinha, espalhada por Joesley Batista com a ajuda do MP e da PF ?" e na qual a maior parte da imprensa cai por uma série de motivos, que merecerão post exclusivo ?", o empresário decidiu ele próprio fazer a gravação. Não teria acertado isso nem com Ministério Público nem com Polícia Federal, que só teriam entrado em cena depois.

Pois é, meus caros. E a doutora Tórtima?
Sei bem o que tudo isso me custou. Entre outras coisas, dois pedidos de demissão. Mas não me arrependo nem um segundo sequer. Eis aí. Estamos em outubro. O leitor deste blog encontrava razões para desconfiar já em 19 de maio, há mais de cinco meses.

A propósito: não está na hora de a OAB indagar se a doutora Fernanda Tórtima não exerceria o seu trabalho de modo um pouco ortodoxo? E lá está Marcelo Miller, aquele que escreve textos à beira da autocanonização. A propósito: o que resultou da investigação determinada pela ministra Cármen Lúcia? Não está na hora de Raquel Dodge atuar, pautando-se apenas pela lei.

E mais um convite ao ministro Barroso
E, para encerrar, vamos ver. No dia seguinte àquele em que deu um piti porque não suportou ouvir que o Estado do Rio está quebrado, o ministro Roberto Barroso, do Supremo - queridinho de setores da imprensa; especialmente do setor carioca; vai ver quebradeira pouca é bobagem? -, afirmou ter "quase passado dos limites".

O advogado de um ex-terrorista, condenado em seu país pelo assassinato de quatro pessoas, condenação esta referendada por cortes internacionais insuspeitas de perseguir esquerdistas, julga que uma reação corporativista (é isso na hipótese benigna?.), em que acusa outro membro do tribunal de parceria com a leniência com o crime do colarinho branco, é "quase" (APENAS QUASE!) passar dos limites? Fico aqui a imaginar o que seria, de fato, passar.

Ou nem preciso imaginar. Acho que Barroso passa dos limites quando não se dá por impedido ao votar no caso JBS. Fernanda Tórtima é sua irmã - por consideração ao menos. É filha de um outro casamento da ex-mulher de seu pai. E os dois privaram, por óbvio, da chamada intimidade familiar - esta, sim, real. Acho que Pedro Bial não sabia disso quando o entrevistou, e o doutor, com a ligeireza disfarçada de gravidade, que lhe é bem própria, resolveu fazer digressões sobre suposto impedimento de um desafeto seu.

Ou será que Barroso acha que só há impedimento (se houvesse) quando se concede um habeas corpus, mas não quando se nega, estando a sua quase-irmã no polo oposto daqueles que são vítimas da decisão?

Flagrante armado.

O nome disso é crime.

Ah, sim, quanto ao jornalista influente: eu estava certo, e ele, errado.

Paguei o preço de estar certo. E o que se paga pelo erro?

Nada!

PS: Ah, sim! Imaginem uma parenta, deixem-me ver, do ministro Gilmar Mendes como advogada da JBS, sugerindo, de moto próprio, num grupo que inclui futuros delatores e um membro da PGR, que se arme um flagrante criminoso? Acho que daria "Jornal Nacional"
Herculano
30/10/2017 11:08
BRASÍLIA REAGE COM CONFORMISMO A FERIADÃO DO STF E VIAGEM DE DEPUTADOS, por Leandro Colon, diretor da sucursal de Brasília do jornal Folha de s. Paulo.

"A gente precisa encerrar a denúncia e voltar para a agenda de reformas", afirmou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na véspera da votação em plenário que barrou a segunda acusação da PGR contra Michel Temer.

No dia seguinte à sessão que salvou o presidente, a Casa estava às moscas. Na sexta (27), Maia e uma comitiva de deputados decolaram para um tour de uma semana por Israel, Palestina, Itália e Portugal.

Não há tanta pressa para a retomada da agenda de votações. A viagem, de carona nas asas da FAB, prevê uma agenda oficial que inclui almoço com embaixadores brasileiros, encontros com empresários locais, além de visita a autoridades, entre elas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Os deputados montaram um roteiro de turismo em Jerusalém e Belém nesta terça (31) com um dia livre (sábado, 4) para passear em Lisboa.

Ali do lado da Câmara, no Supremo, sob o comando de Cármen Lúcia, a semana promete não existir.

Uma canetada transferiu o Dia do Servidor Público, celebrado oficialmente em 28 de outubro, para a próxima sexta (3), um dia depois do feriado de Finados. Será ponto facultativo aos funcionários do tribunal.

Como 1º de novembro já é feriado no Judiciário (mais um, aliás), ministros e servidores ganharam um esquema diferenciado de descanso. O STJ não perdeu tempo e fez o mesmo. Em ofício endereçado à presidente do STF, o ministro Marco Aurélio Mello se disse "perplexo" com a manobra que ampliou o feriadão.

Cármen Lúcia declarou, em um discurso no mês de agosto, que é preciso "acabar com os privilégios" e afirmou querer "mudar o Brasil".

Brasília, terra do serviço público, sempre reagiu com conformismo ao comportamento dos Poderes de utilizar-se de subterfúgios para emendar feriados, adiando sessões do Judiciário e do Legislativo. Uma prática que mantém privilégios para poucos e não muda em nada o país.
Marcelo Poffo
30/10/2017 11:07
Falta de água sim ocorreu sábado nos bairros mais distantes do centro e regiões mais elevadas,devido ao desligamento das bombas de bairros, motivo este por nível de reservatório baixo,nossa bomba que captação está jogando 25l/s a menos que deveria jogar, isso dá uma média de 80 mil litros hora,a falta de manutenção sim foi o problema ,juntamente com falta de profissionalismo,falta de comprometimento,e cargo de apadrinhamento político ,isso falei numa postagem que fiz meses atraz,eles esperam os problemas acontecerem para depois resolver.
Então quem é o verdadeiro problema nos órgãos publicos servidores ou políticos de plantão,quanto ao cemitério não se preocupe é só por a bomba reserva pra funcionar que não faltará mais água, como vem a anos não faltando mais água naquela região, só não vão trocar essa bomba durante a semana, onde tem escola, creches, empresa funcionando,e vou dar uma dica ainda no bela vista só tá funcionando uma bomba a outra está com problema, e como diz a direção não dá de confiar em certas pessoas.......enquanto isso vão arrumando desculpas para a população
Herculano
30/10/2017 11:04
RESGATE DO TRABALHO ESCRAVO, por Denis Lerrer Rosenfield, professor de filosofia na UFRS, para os jornais O Globo e O Estado de S. Paul

Quando expressões do tipo 'dignidade humana' são empregadas a torto e a direito, elas revelam apenas uma ausência de precisão

Palavras iludem; palavras esclarecem. Palavras produzem concórdia; palavras produzem discórdia. Tudo depende do significado que a elas atribuímos e do propósito a que almejamos.

A recente portaria do Ministério do Trabalho, relativa a uma maior precisão na definição do trabalho escravo, é um exemplo de como uma discussão que deveria ser técnica, vê-se eivada de tergiversações ideológicas. Para alguns, que se caracterizam pela má-fé, o presidente Temer e o seu ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, procurariam restabelecer o trabalho escravo no país, quando, na verdade, visam a combatê-lo com armas precisas, dentre as quais o significado mesmo das palavras.

A imprecisão da legislação a respeito, assim como a sua utilização, fez com que tenham sido poucas as pessoas efetivamente condenadas e presas pelo que se considera como trabalho análogo a escravo. Se a atual legislação fosse eficiente, se os auditores, fiscais, promotores e juízes do trabalho tivessem feito verdadeiramente o seu trabalho, seriam muitos, provavelmente, os que se encontrariam atrás das grades.

Em vez disso, temos uma campanha midiática concernente a empresas que supostamente estariam utilizando trabalho escravo, vindo a fazer parte de uma lista "suja" do Ministério do Trabalho. Lá são obrigadas a ficarem dois anos, não tendo acesso a créditos públicos, mesmo que tenham sanado as eventuais falhas assinaladas. São "condenadas" e "punidas", embora não tenham passado por um verdadeiro processo jurídico.

Quando fala-se de resgate de trabalho escravo, pensa-se em pessoas que teriam sido resgatadas do que se poderia considerar como uma espécie de escravidão moderna. Pode isto ocorrer ou não, dependendo dos casos. O que não pode é o arbítrio tomar o lugar de um verdadeiro julgamento. Ora, é o que acontece quando o conceito de trabalho análogo a escravo é definido em termos de trabalho degradante. Vejamos alguns exemplos.

Em abril de 2011, na cidade de Campinas, uma empresa sofreu um auto de infração por ter deixado "de dotar os chuveiros de suporte para sabonete e cabide para toalha". Foi lavrado um documento, constatando-se "condições degradantes a que foram submetidos os trabalhadores da empresa, que culminou com o resgate de 63 deles para as cidades de origem". Ou seja, "condições degradantes", incluídas na definição de trabalho escravo, são, então, consideradas em termos de ausência de suporte para sabonete e toalha, vindo a resultar no desemprego de 63 pessoas, devolvidas a seu lugares de origem. Em nome da defesa do trabalho "digno", foram desempregadas!

Em outro auto de infração, a empresa teria deixado de "providenciar para que os locais destinados aos extintores de incêndio tivessem sido assinalados por um círculo vermelho ou por uma seta larga, vermelha, com bordas amarelas". Note-se que uma mera ilicitude trabalhista, facilmente sanável, vem a ser identificada a "condições degradantes", às quais os empregados teriam sido submetidos. Novamente, o mesmo linguajar, segundo o qual os trabalhadores teriam sido "resgatados" e retornados às suas cidades de origem. O que pode bem significar resgaste, palavra associada a uma operação especial destinada a liberar pessoas de uma situação de servidão ou de degradação física? Se esse fosse o caso, tratar-se-ia de uma missão impossível, por falta completo de objeto.

Outros exemplos poderiam ser dados no que diz respeito a "condições degradantes" e "jornada exaustiva", inviabilizando tanto empresas quanto o emprego de pessoas. Uma legislação mais precisa permitiria diferenciar o que é próprio a ilícitos trabalhistas, puníveis com as multas correspondentes, do que seria o efetivo trabalho escravo, com cerceamento da liberdade, retenção de documentos, escravidão por dívidas e efetivas condições degradantes. Desta maneira, o combate ao trabalho escravo poderia ser efetivamente realizado, vindo a extinguir esta barbárie que ainda perdura.

De nada adianta o recurso a princípios que, de tão genéricos e abstratos, a tudo servem, o que significa dizer que servem para nada. Quando expressões do tipo "dignidade humana" são empregadas a torto e a direito, elas revelam apenas uma ausência de precisão e definição de quem as utiliza. Tal expressão presta-se a tantos significados quanto os sujeitos que as utilizam, vindo a perder o seu propósito de moralidade que nela está embutido. Para conceitos serem aplicados juridicamente, devem eles ser precisos, sob pena de tornaram-se meros instrumentos demagógicos.

A discórdia nasce do uso arbitrário e ideológico de conceitos. A concórdia de sua precisão e, também, da boa-fé dos interlocutores. O ministro Ronaldo Nogueira, dada a celeuma suscitada, colocou-se na posição de quem sabe e pretende negociar, anunciando um aprimoramento dessa portaria, visando a corrigir eventuais distorções e incompreensões. Duas visitas à procuradora-geral, dra. Raquel Dodge, foram realizadas, tendo por objeto o entendimento.

Conforme noticiado pelo próprio Ministério Público, a procuradora-geral teria feito sugestões, como a de tornar o acompanhamento da Polícia Federal aos auditores uma tarefa própria de uma Polícia Judiciária. Assim, os empresários infratores seriam objeto de Boletins de Ocorrência, instaurando, em uma nova delegacia especializada, um processo efetivamente criminal. Criminosos seriam definitivamente punidos. A resposta do ministro, por sua vez, foi a de acatar esta proposta, além de outras que eventualmente vierem a ser negociadas.

A ministra Rosa Weber, por seu lado, concedeu uma liminar sustando a vigência desta portaria. Espera-se que o Supremo não venha, mais uma vez, a fazer parte do problema em vez de sua solução. Uma República faz-se pela harmonia de seus Poderes, em uma colaboração que tem como finalidade maior o aprimoramento geral das instituições. Se, em vez disso, tivermos um mero tiroteio ideológico, é o próprio bem comum que é a primeira de suas vítimas.
Herculano
30/10/2017 11:02
AGÊNCIAS BANCÁRIAS FAZEM Só 8% DAS OPERAÇÕES, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O avanço da tecnologia e a radicalização cada vez maior das greves anuais dos bancários têm sido apontados como alguns dos principais fatores para o processo de fechamento de agências no Brasil e no exterior. Segundo a Pesquisa Febraban 2017, as transações bancárias de 2016, por meio de mobile e internet banking, representaram 57% do total. As operações realizadas em agências somaram apenas 8%.

TENDÊNCIA CRESCENTE
O estudo da Federação dos Bancos reforçou a tendência crescente dos clientes por transações bancárias usando mobile e internet banking.

SAQUES AUMENTAM
Os bancos brasileiros registraram 1,2 bilhão de saques (100 milhões a mais que em 2015) em caixas eletrônicos e agências, no ano passado.

ESTERTORES
O número de agências bancárias no País ainda registrou leve alta, passando de 22,9 mil, em 2015, para 23,4 mil em 2016.

MAIS AMPLO IMPOSSÍVEL
A pesquisa da Febraban foi realizada pela Deloitte com a participação de 17 bancos, que representam 93% dos ativos do setor financeiro.

POSTALIS: MEIRELLES APROVOU PETISTA COMO INTERVENTOR
Intriga o mercado o aval do ministro Henrique Meirelles (Fazenda) a Walter de Carvalho Parente como interventor no Postalis, fundo de pensão dos Correios. Parente é ligado ao ex-ministro da Previdência Carlos Gabas, do PT. A intervenção ocorreu quando o Postalis estava na iminência de ajuizar ação bilionária na Justiça de Nova York contra o banco BNY Mellon, por má gestão de investimentos do fundo.

DÉFICIT SUB JUDICE
O BNY Mellon já está sendo processado pelo Postalis no Brasil e em Nova York. Se o fundo vencer a batalha judicial, pode zerar seu déficit.

ISTO ZERA O DÉFICIT
R$250 milhões já foram bloqueados pela Justiça brasileira do banco BNY Mellon. O valor do ressarcimento pleiteado chega R$3,5 bilhões.

MANDA QUEM PODE
A intervenção no Postalis foi determinada pela Previc, órgão de controle do governo federal "aparelhado" pelo petista Carlos Gabas.

LOBBY É QUE MANDA
Graças ao poderoso lobby das distribuidoras de combustíveis, o Brasil continua importando o álcool podre americano, à base de milho, inferior ao brasileiro e altamente poluente, e emite mais gases de efeito estufa.

CADÊ O AMIGO?
Na reeleição de Sérgio Cabral no Rio, em 2010, Lula tascou: "Votar em Cabral é quase uma obrigação moral, ética, política". Agora réu 15 vezes na Lava Jato, Lula não o visitou uma vez sequer na cadeia.

SINAL DE RECUPERAÇÃO
Quem mais lucra com a crise política neste momento em Brasília são vendedores de camisetas "Fora Temer" em torno da Universidade de Brasília. É o único "Fora Temer" que deu certo até agora.

ALô, RUBRO-NEGROS
Será na livraria Saraiva do Brasília Shopping, nesta segunda-feira (30), às 19h, o lançamento do livro "A História Definitiva", de Pablo Duarte Cardoso, sobre o título nacional de 1987 reivindicado pelo Flamengo.

ROUPA NOVA
Suplente do governador Rodrigo Rollemberg que virou senador, Hélio José (DF) muda de partido como troca de roupa. Já esteve em vários, do PMB (da mulher) ao PMDB, e agora embarcou no Avante.

CONTRAPARTIDA
A Comissão de Finanças da Câmara analisa projeto que obriga médicos e enfermeiros formados em instituições públicas (ou bancadas com dinheiro público) a prestar serviços remunerados em comunidades carentes, em suas regiões. A prática é comum em todo o mundo.

CONTRA DÍVIDAS, MAIS DÍVIDAS
Segundo a pesquisa trimestral "Expectativas Empresariais da Boa Vista SCPC", passou de 18% para 29% o percentual de empresários que vai recorrer a novos empréstimos para pagar dívidas bancárias.

RELATOR DO FUNDÃO
O deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da reforma política que aprovou o "fundão" de R$1,7 bilhão para financiar eleição, está apenas no 573º lugar entre 593 parlamentares, no site Ranking dos Políticos.

PENSANDO BEM?
?após Dilma defender Aldemir Bendine diante de Sérgio Moro, só falta Lula fazer a defesa do seu ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Herculano
30/10/2017 10:59
DESAPEGAR-SE EM NORONHA? NUNCA UM MOSQUITO CUSTOU TÃO CARO, por Luiz Felipe Pondé, filósofo, no jornal Folha de S. Paulo

Não acredito na possibilidade de desapego no mundo contemporâneo, em que desapego é em si um produto. Por exemplo: que tal desapegar um pouco no Butão? Ou em Noronha? Belo espaço natural. Nunca um mosquito custou tão caro.

Desapegar no mundo da eficácia e do resultado é coisa de gente fina. Mortal mesmo vende a mãe para desapegar um pouco no domingo. Sei que está na moda o desapego e que os tontos ficam nas redes sociais falando disso. Como falam também que "Gratidão!" (com as mãozinhas juntas) faz você dormir bem à noite.

Qualquer pessoa minimamente treinada no repertório das grandes religiões e suas distintas formas de espiritualidade (das quais vêm ideias como gratidão e desapego) sabe que, se você pratica uma dessas virtudes "para dormir bem à noite", você não as está praticando de verdade. Ninguém é grato para conseguir algo ou desapega viajando de "business class".

A ideia de desapego é bem séria, seja na espiritualidade, seja na filosofia, a começar pela grega. No grego, "aphalé panta" significa essa ideia de "desapegar-se de tudo que é ou tudo que existe" no chamado neoplatonismo.
Palavras como "apathéia" ou "ataraxia" estão muito próximas dessa noção de desapego no estoicismo e no ceticismo. No budismo, no cristianismo, no hinduísmo, a mesma temática. Na mística medieval cristã ou islâmica, ideias como "desprendimento" ou "aniquilamento" também retomam a mesma temática do "prazer" que seria se desapegar das coisas do mundo. Na literatura de peso, Liev Tolstói (1828-1910) é um representante importante dessa busca. Em seu último romance, "Ressurreição", o personagem principal, Nerhliudov, passa todo o romance em busca do desapego, sonho do próprio Tolstói.

Quando se fala de desapego das coisas do mundo, a primeira ideia que vem à mente é o desapegar-se das coisas materiais. E, aí, em se tratando de nosso mundo contemporâneo, já fica difícil, uma vez que quase tudo que importa passa pela aquisição de um bem material, mesmo que este seja uma passagem para a Mongólia. Ou uma pousada na praia. Tudo pago em diárias, o que significa que você tem que pagar para desapegar. Porque, lembremos, quem mora embaixo do Minhocão não é um desapegado.

A busca do desapego deita raízes no fato de que o mundo cansa. Numa sociedade em que o cansaço é um grande "passivo psicológico" como a nossa, desejar o desapego é absolutamente normal. O problema é que, como em toda demanda de verdade, o mercado captura a própria demanda "natural" e devolve como commodity. Precifica a busca e vende para você de volta.

A literatura de autoajuda é a forma mais banal desse processo, prometendo a você que, na compra do livro X ou na participação no workshop Y, você conseguirá o tal do desapego. Evidente que mentem. O desapego é um processo doloroso que implica, na maioria dos casos, perdas profundas. Não é coisa que sirva ao papinho da "vida é feita de escolhas". Está mais para experiência avassaladora do fracasso do que para o tédio do sucesso. Desapegar-se é próximo da "calma trágica", descrita em personagens como Etéocles (filho de Édipo), da trilogia tebana de Ésquilo, ou Antígona (filha de Édipo), da tragédia que carrega seu nome no título, de Sófocles. Ésquilo viveu entre os séculos 5 e 6 a.C. e Sófocles no século 5 a.C..

O desapego fala do cansaço do desejo. E nosso mundo gira ao redor do desejo. Fala do perder-se, não da obsessão por uma alimentação balanceada. O "objeto" mais importante no desapego (aquilo de que você deve desapegar-se se quiser pensar a sério em fazê-lo) é o próprio Eu. E, aí, a coisa pega. "Ser você mesmo" cansa mais do que escalar o Everest. O Eu é um eterno adolescente chato em busca de autoestima. Aliás, a economia da autoestima é sinal de apego.

O filósofo Emil Cioran (1911-1995) escreveu em seu diário "tornar-se modesto por cansaço, por falta de curiosidade". Isso é desapego. Algo a que você chega não pela vontade soberana, mas pela exaustão fisiológica. Aliás, parafraseando o próprio Cioran sobre a preguiça, eu diria que desapego "é o ceticismo da matéria". Boa semana.
Herculano
30/10/2017 10:57
NENHUM SENADOR CATARINENSE VOTOU PELA OU CONTRA A URGÊNCIA NA VOTAÇÃO PARA BANIR O UBER.

O BRASIL DO FUTURO, FLERTA COM O ATRASO. OS POLÍTICOS QUE ELEGEMOS DEVIAM FAZER LEIS PARA RESGATAR O SERVIÇO DE CARRUAGENS, BANIR OS CELULARES E DESINVENTAR O COMPUTADOR E OS AVANÇOS DIGITAIS.

SERÍAMOS MAIS FELIZES COMO ESCRAVOS DAS GUILDAS DE INTERESSES DOS SENHORES DA CORTE
Herculano
30/10/2017 10:53
A TRAIÇÃO ORIGINAL, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Lula da Silva poderia ter conduzido o País rumo ao benfazejo destino que antes era apenas sonhado. Mas, na encruzilhada da História, fez sua opção. Traiu o Brasil e os brasileiros

Uma característica bastante lembrada do sr. Lula da Silva - que muitos ingênuos chegam a considerar um "talento político" do ex-presidente - é a desfaçatez com que ele procura se desvencilhar de membros de seu mais íntimo círculo relacional sempre que, por imposição das circunstâncias, eles venham a representar um embaraço às suas pretensões de poder, estas postas sempre à frente de quaisquer laços que venham a ser estabelecidos com o ex-presidente, sejam pessoais ou políticos.

O caso mais recente desse esquecimento seletivo de Lula envolve a presidente cassada Dilma Rousseff, alguém que simplesmente não existiria na vida político-eleitoral não fosse a ação direta de seu inventor.

Diante do desastre que foi a passagem de Dilma Rousseff pelo Palácio do Planalto, cuja irresponsabilidade no trato das contas públicas, a frouxidão no combate à inflação, a profunda recessão econômica e o desemprego representam um legado indefensável até mesmo para os padrões do Partido dos Trabalhadores (PT), a presidente cassada vem sendo sistematicamente tratada como um estorvo pelo chefão e pelo partido que com ele se confunde.

Em recente entrevista ao jornal espanhol El Mundo, Lula da Silva disse que os eleitores de Dilma Rousseff "sentiram-se traídos" em virtude da agenda econômica adotada por ela após a vitória na eleição presidencial de 2014, agenda esta diametralmente oposta ao discurso da candidata durante aquela campanha.

"Houve uma decisão do governo de fazer o ajuste (fiscal). Quando o governo anunciou o ajuste, no final de dezembro (de 2014), o governo jogou fora a base social que tinha eleito o governo. As pessoas se sentiram traídas", disse o ex-presidente.

Ora, é o caso de indagar por que "as pessoas se sentiram traídas". O descalabro econômico que marcou o primeiro mandato de Dilma Rousseff, cassada por ter cometido crime de responsabilidade, impunha a adoção de uma dura política de ajuste fiscal a partir de seu segundo mandato, sob pena de paralisar o País e, assim, arruinar o plano engendrado por Lula da Silva para manter seu partido no poder durante décadas.

É importante lembrar que o próprio ex-presidente Lula, o mesmo que agora critica a tentativa de ajuste em jornais estrangeiros, fez enfáticas gestões com Dilma Rousseff para que esta substituísse a sua equipe econômica, nomeando para cargos-chave do governo profissionais de mercado que são publicamente conhecidos por suas posições em defesa da austeridade fiscal, o que contrastava com a política de gastos descontrolados que marcou as gestões lulopetistas e levou àquele estado de absoluto descontrole que uma campanha eleitoral mentirosa escondeu dos brasileiros.

Longe de qualquer sinal de contrição, as críticas de Lula da Silva à sua antecessora são movidas tão somente por seus interesses eleitorais, se não como o candidato do PT à Presidência na eleição de 2018 - o que hoje depende de uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) -, como um possível cabo eleitoral em defesa do "legado" petista.

Por mais que tente, Lula da Silva não pode se desvencilhar de seu verdadeiro legado desde a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao poder central, em 2003: uma profunda recessão econômica e a instalação de um sistema de corrupção sem precedentes na História do País, engendrado para submeter o Estado ao serviço do partido e de seu projeto de poder, além, é claro, de garantir uma próspera existência a seus próceres à custa do dinheiro público.

Tido como o primeiro operário a chegar à Presidência da República, favorecido por uma base de apoio popular e congressual sem precedentes, além de ter a seu favor a conjuntura internacional, Lula da Silva, caso inspirado por bons desígnios, poderia ter conduzido o País rumo ao benfazejo destino que antes era apenas sonhado. Mas, na encruzilhada da História, fez sua opção. Traiu o Brasil e os brasileiro
Herculano
30/10/2017 10:51
LUTERO E O EXÍLIO DE DEUS, por Vinicius Mota, secretário de redação do jornal Folha de S. Paulo

Os clássicos gregos e romanos ilustram o que era a religião dos antigos. Na "Ilíada", os deuses entram na batalha, uns ao lado dos aqueus, outros, dos troianos.

Afrodite é ferida por um humano, Diomedes. A ninfa Tétis acode o filho em apuros, o herói Aquiles, e o presenteia com uma armadura divina forjada pelo olímpico Hefesto. O espírito do rio de Troia, Xanto, dá uma coça no campeão grego, que enchia com cadáveres as suas águas.

Os deuses estavam entre os homens e com eles interagiam, o que fazia do mundo um jardim encantado.

O monoteísmo abraâmico começou a expulsar a divindade da Terra, e o movimento iniciado por Martinho Lutero há 500 anos pode ser considerado o apogeu desse processo.

Com o reformador alemão, secundado pelo ainda mais radical João Calvino, Deus foi banido de vez do convívio com os homens. Não restou força terrena ?"sob a forma de santo, espírito ou sacerdote?" capaz de restabelecer a conexão mística.

Nessa longa trajetória o cristianismo comportou-se, na sacada do historiador francês Marcel Gauchet, como "la réligion de la sortie [da saída] de la réligion". Os assuntos humanos se emanciparam da lógica religiosa.
Essa sem dúvida é uma forma elegante e plausível de contar uma longa e complicada história, mas é justo acusar também os ruídos ao redor.

O misticismo jamais foi suprimido ao longo da marcha cristã. Veja-se, no universo católico, o fervor do culto mariano, de que a devoção em Aparecida é vigorosa manifestação.

O pentecostalismo das transações misteriosas com o espírito divino é o ramo protestante que mais adeptos arrebata nas nações emergentes. Novas ondas de crenças "pagãs", mesmo entre os mais ricos, instruídos e descolados, parecem pregar a reconciliação do homem com a natureza.

O cérebro humano, com toda a sua potencialidade e todas as suas vicissitudes, é bem mais antigo que a mais longeva das grandes religiões

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