02/02/2018
Gaspar acaba de perder uma grande líder comunitária e religiosa. Faleceu por volta das 10h30 de segunda-feira, dia 29 de janeiro, Gertrudes Crescência Spengler, mais conhecida como Tuti. Ela tinha 67 anos, lutava contra um câncer e estava internada no Hospital Santa Catarina.
Tuti sempre deu grande contribuição nas boas ações realizadas em Gaspar. Foi ministra da Ordem Franciscana Secular local e regional e dedicou sua vida ao trabalho voluntário na comunidade católica. Era irmã de Dom Evaristo Pascoal Spengler e de Aloir, Carmen, Maristela, Antônio (já falecido), Renato e Ângela.
Sempre dedicou seu tempo à Festa de São Pedro Apóstolo. Por isso, na edição comemorativa à festa, Tuti foi entrevistada e ganhou lugar de destaque na publicação. Confira a entrevista:
Tuti, conta pra gente um pouco da sua história com a Festa de São Pedro.
Isso já vem da nossa família. Meus pais sempre ajudaram muito na festa de São Pedro e em todos os trabalhos da Igreja, mas principalmente na festa. E a gente foi observando isso conforme foi passando o tempo. Depois me integrei à Ordem Franciscana Secular, o que intensificou minha participação na festa. Já são longos anos, penso que já faz mais de 30 que estou na cozinha do pastel, sempre trabalhei por lá. Já fiz de tudo naquela cozinha, é muito bom trabalhar ali. Há quinze anos passei a coordenar o pastel, o que trouxe um trabalho mais intenso, muito mais responsabilidade. Posso dizer que um trabalho voluntário como esse é muito gratificante, é bom. Com tudo isso, na Igreja, sempre trabalhando a gente acaba conhecendo um monte de gente e surgem mais amizades.
Diante de tanto trabalho e de tanto serviço, como cativar as pessoas para se doarem para o sucesso da Festa?
As pessoas que trabalham na festa de São Pedro, seja qual for o setor, algumas adoecem, outros não podem mais trabalhar, morrem. Quantos deram a vida pela festa da paróquia e não estão mais aqui? Então, por isso, a gente tem que cativar outras pessoas para que tomem gosto por trabalhar. Tem sido difícil encontrar mais voluntários, mas ainda assim acredito que a Festa de São Pedro não vai acabar nunca, essa questão de voluntariado nunca vai faltar. Ano passado já tiveram pessoas novas para trabalhar. Esse ano ainda mais, porque a gente intensificou o pedido. Foi feita uma escala para os dias e horários, pois tempos atrás só trabalhavam os integrantes da OFS na cozinha do pastel. Hoje, já temos jovens de outros movimentos juntos, do contrário, não daríamos conta. Ali, principalmente de quinta à noite até domingo, se necessitam de 30 a 35 pessoas. Nós não conseguiríamos manter isso sozinhas A gente espera que, quem trabalha há anos e quem trabalhou pela primeira vez, voltem sempre mais motivados. E que sempre convidem outras pessoas. Porque isso é um trabalho não de um mês antes da festa de São Pedro, mas de um ano inteiro. Encontramos com as pessoas vão trabalhar, fazemos o convite, e muitos aderem. Então a gente espera e pede que voltem para que, a cada ano, possa se fazer uma bonita festa..
Coordenar uma cozinha como essa é um desafio, mas vemos que o pastel é muito procurado na festa. O que atrai tanta gente?
Não sei se o pastel tem um diferencial, é um pastel que todo mundo gosta. Todo mundo diz que é bom e vem pra Festa para comer o pastel. É uma receita gostosa, tanto a massa quanto o recheio, porque tudo é feito ali. A gente começa a trabalhar na segunda, terça já começa a fazer a massa. É um trabalho árduo. Vai muito ingrediente ali: quase 400 quilos de carne moída, mais de cem vidros de palmito, são muitas coisas. Só esse ano, foram vendidos mais de dezoito mil. Já tínhamos conseguido uma vez esse número e neste ano alcançamos novamente. Tivemos a graça do tempo que ficou bom. São Pedro foi camarada.
Sabemos da sua luta com a sua enfermidade e de seu papel de grande importância para a cozinha do pastel nos últimos anos. Mas como foi este ano para ti?
Foi difícil. Porque, claro, eu gostaria muito de estar ali. Imensamente. Mas por motivo de saúde não deu. Então, com muita antecedência eu tinha falado com o Frei Paulo para conseguir outras pessoas que fizessem esse trabalho. Não quis deixar essas pessoas na mão, esquematizei tudo e deixei por escrito e a Leonor coordenou muito bem os trabalhos. Deixei escrito tudo o que era pra ser feito em cada dia, quantos quilos de carne e massa que tinha que fazer. No começo é sempre muito difícil, mas com o tempo a gente vai aprendendo. Tudo foi anotado para se ter uma ideia para o ano seguinte. E tudo isso deixei anotado para a Leonor Darós, qualquer coisa ela me ligava. Todos os dias eu passava por ali, dava um alô, mas esse ano fiquei só na retaguarda. O ponto bom dessa história é que eu pude participar melhor da programação religiosa da festa. Pude ir às missas e celebrações, uma vez que nos anos anteriores eu estive trabalhando na cozinha. Mas minha vontade mesmo era de estar com a mão na massa. Deu tudo certo, todos ali colaboraram muito. Temos muito a agradecer a esses voluntários. Trabalharam incansavelmente. Entravam ali cedo e saíam quando terminava a festa, principalmente quem coordena que tem que chegar no começo e sair no final. Louvo a Deus pela dedicação da equipe e da coordenação que se doaram, fizeram muito pastel e isso vai ajudar muito a paróquia.
Qual a importância da Festa de São Pedro para a comunidade gasparense?
Para cá vêm familiares, parentes e amigos que já moram há anos fora, mas quando é festa de São Pedro eles voltam aqui. Almoçam, comem um churrasco, comem um pastel, sentem saudades da festa, de reencontrar as pessoas amigas. Realmente, aqui em Gaspar tanto nas comunidades quanto aqui na matriz, sempre se faz festas boas e grandes. Tem casos que com a gente acontece às vezes de gente que passa e diz: “não vim nem comer o pastel, mas vim só para te ver e te dar um alô”. Cria- se o laço de amizade e vai se perpetuando ao longo dos anos. Realmente, trabalhar na festa é bom e, por experiência própria, eu sinto: essa graça que eu precisava, eu já recebi. Vale a pena se dedicar para a festa de São Pedro? Vale a pena sim, vale muito. Deus retribui em graças para gente. Eu vejo como em minha doença, que recebi uma graça no início do tratamento. A gente recebe a retribuição de Deus através de graças.
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