O estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de 24 anos, preso no fim da noite de domingo (14) em Foz do Iguaçu, no Paraná, por suspeita de matar o cartunista Glauco Vilas Boas e seu filho Raoni, confessou o crime em depoimento à Polícia Federal. De acordo com o delegado Josiel Iegas, ele também confessou sua intenção de fugir para o Paraguai. O estudante foi preso quando tentava atravessar a Ponte da Amizade, fronteira entre o Brasil e o Paraná.
"Ele deu alguns detalhes do crime e confessou ter sido responsável por matar o cartunista Glauco e confessou sua intenção em fugir para o Paraguai", explicou o delegado. Segundo ele, o jovem admitiu que a arma encontrada com ele foi a usada no crime.
A transferência de Carlos Eduardo, também conhecido como Cadu, não deve ser imediata. "Ele vai responder por tentativa de homicídio aqui, e permanece há disposição da Justiça Federal. Aguardamos uma decisão judicial para saber se ele fica no Paraná ou será transferido para São Paulo", explicou o delegado.
Antes da transferência para São Paulo, o estudante pode ser levado para a Cadeia Pública de Foz do Iguaçu ou para o Presídio Federal de Catanduvas.
Segundo a PF, Cadu tentava deixar sozinho o país em um carro roubado em São Paulo. Policiais rodoviários em um posto da rodovia PR 227 anotaram as placas do carro e descobriram que era roubado.
Uma perseguição foi iniciada. Ao receber ordem para parar, Cadu teria reagido e atirado nos policiais. Segundo a polícia, ele atirou seis vezes. Ao passa pelo posto da Alfândega brasileira, ele voltou a atirar, acertando um agente federal no braço - o policial não corre risco de morrer. O estudante foi preso no meio da ponte.
O crime
Glauco e seu filho Raoni foram mortos a tiros durante a madrugada de sexta, na residência do cartunista, em Osasco, na Grande São Paulo. No local, também funciona a Igreja Céu de Maria, seguidora do Santo Daime, da qual as vítimas eram adeptas. Cadu, o suspeito, também chegou a frequentar os cultos e era conhecido da família do cartunista.
Segundo testemunhas, o jovem matou Glauco e Raoni após uma discussão. O rapaz, que faz tratamento contra dependência química, teria entrado armado na residência de Glauco. Após o crime, ele teria fugido em um carro Gol cinza, guiado por Felipe Iasi, 23 anos.
De acordo com o advogado de Iasi, Cássio Paulette, o jovem, que se apresentou no Setor de Investigações Gerais (SIG) da Delegacia Seccional de Osasco neste domingo (14), teria sido rendido e obrigado por Cadu a levá-lo até a casa das vítimas em Osasco.
Ele teria ligado momentos antes para o jovem e o convidado para se encontrarem, "um programa normal de jovens, sair para conversar e beber", na noite de sexta, segundo o advogado.
"Felipe recebeu um telefonema e foi apanhar Cadu em sua residência. Ele entrou no veículo, apontou uma arma e o obrigou a levá-lo até a casa das vítimas", contou Paulette. Ele disse, ainda, que Cadu teria anunciado se tratar de um sequestro e que Felipe achou que estava sendo levado para um cativeiro.
Paulette confirmou que Cadu teria rendido a enteada de Glauco e, assim, entrado na casa e atraído toda a família. De acordo com ele, o suspeito teria discutido asperamente com Glauco, afirmando que o cartunista sabia o que ele queria. Após os tiros, Iasi teria fugido. Segundo o advogado, Felipe não chamou a polícia porque estava "apavorado e achou que estava sendo perseguido por Cadu". Ele teria ido direto para a casa.
A versão é contestada por Beatriz Galvão, viúva do cartunista. "Me dava a impressão que ele (Felipe) não estava também muito normal, porque ele estava com o olho muito arregalado, sabe?", diz Beatriz. "Enquanto o Cadu fazia toda essa barbaridade, ele ficou sentado no sofá. Eu falei ajuda, ajuda por favor. Ele falou (faz que não com a cabeça)", conta ela. "Após o assassinato, ele levou o Cadu embora dentro do carro dele".
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Corpos do cartunista Glauco e do filho serão enterrados neste sábado
Os corpos do cartunista Glauco e do filho dele, o estudante Raoni, serão enterrados por volta das 11h deste sábado (13) no Cemitério Gethsêmani Anhanguera, em Osasco, na Grande São Paulo. Glauco e o filho foram mortos a tiros na residência da família, na madrugada desta sexta-feira (12).
Os corpos foram liberados pelo Instituto Médico Legal (IML) de Osasco por volta das 13h30 de sexta-feira (12) e levados para a Igreja Céu de Maria, do Santo Daime, que fica ao lado da casa do cartunista, próximo do local do crime, onde foram velados.
Cinco testemunhas foram ouvidas já nesta sexta-feira (12) no Setor de Investigações Gerais (SIG) da Delegacia Seccional de Osasco sobre o duplo homicídio. Entre elas está uma enteada de Glauco, que presenciou o crime, dois vizinhos, o pai e o avô do suspeito, o estudante Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de 24 anos.
A polícia diz que não há novos depoimentos marcados, mas aguarda a disponibilidade dos familiares para ouvi-los.
O suspeito, o estudante universitário Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, é considerado foragido pela polícia. De acordo com o delegado Archimedes Cassão Veras Junior, os investigadores tentam identificar também uma pessoa que acompanhava o suspeito no local do crime. As testemunhas dizem que era um homem, que chegou a descer do automóvel posteriormente utilizado pelo estudante na fuga. Existe a possibilidade de uma segunda pessoa no carro.
Segundo versão da enteada de Glauco à polícia, ela chegava em casa quando foi abordada pelo estudante, que estava com uma arma e uma faca, essa última escondida sob a roupa. Logo depois, o cartunista veio ao encontro dos dois, ainda no quintal. O delegado afirmou que o suspeito dizia coisas desconexas. Uma delas era a de que pretendia levar Glauco para que ele confirmasse à mãe que o estudante era Jesus.
Houve uma discussão entre o cartunista e o suspeito do crime. Glauco acabou atingido por uma coronhada no rosto. A mulher e a outra enteada foram ao encontro dos demais e presenciaram, segundo a polícia, o momento em que o suspeito disparou quatro tiros contra o cartunista. Raoni Villas Boas entrou no imóvel em seguida, vindo da faculdade, e também foi atingido por quatro tiros. O delegado afirmou que a família do estudante ficou sabendo do caso pela imprensa. "Eles estão consternados, também não aceitam", contou. O jovem já teve acompanhamento psicológico e a polícia investiga se ele possuía envolvimento com drogas - há uma passagem por porte de drogas.
Segundo Veras Junior, ele procurava orientação com Glauco e a comunidade da região, por isso, era conhecido por todos. A polícia não descarta que o crime tenha sido premeditado, já que o estudante chegou armado ao local.
Fonte: g1.com.br
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