O Norte-Nordeste de Santa Catarina será a região brasileira com população superior a 500 mil habitantes que mais vai crescer até 2025. Liderada por Joinville, Jaraguá do Sul, São Francisco do Sul e São Bento do Sul, a região, que conta ainda com outros 16 municípios vizinhos, deve apresentar incremento anual médio de 5,8% na economia nos próximos 15 anos ? para se ter uma ideia, o PIB nacional deve subir apenas 3,5% este ano, segundo projeções mais recentes do Banco Central. As perspectivas são do estudo ?Construindo cidades globalmente competitivas: a chave para o crescimento da América Latina?, da consultoria McKinsey, destacado em reportagem da Revista Exame (leia a íntegra aqui) em 5 de outubro.
Enquanto a economia brasileira cresceu 33% de 2000 a 2008, a da região avançou 40%, chegando a US$ 46,4 bilhões. Na última década, ali foram gerados 160 mil novos empregos formais, ampliando o número de trabalhadores com carteira assinada para 381 mil numa população de 1,3 milhão de pessoas ? uma proporção de 31%, enquanto a média brasileira é de 23%. O poder de compra médio das famílias vai saltar de US$ 24 mil, em 2007, para US$ 36 mil. Cerca de 45% da população terá renda anual acima de US$ 20 mil ? hoje são 33%. Juntando todos esses fatores, uma constatação positiva: a região tem potencial para crescer duas vezes mais que São Paulo e Rio de Janeiro, os dois principais centros econômicos do país. ?Haverá uma nova onda de oportunidades e a região dará um salto ainda maior na próxima década?, comemora Udo Döhler, presidente da Associação Empresarial de Joinville (ACIJ), em entrevista à Exame.
A MANCHESTER BRASILEIRA
A concentração e a diversidade industrial renderam à região Norte-Nordeste do Estado o título de Manchester catarinense. Só Joinville e Jaraguá do Sul possuem, juntas, quase 3 mil indústrias ? algumas de renome internacional, como Weg, Tigre, Tupy, Embraco e Malwee. São Francisco do Sul tem a segunda maior arrecadação de ICMS de Santa Catarina (R$ 1,05 bilhão), atrás apenas de Florianópolis, e foi a cidade catarinense que teve o maior crescimento de exportações em 2010, com 180,7% ? de US$ 150,28 bilhões para US$ 421,93 bilhões.
O presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (ACIJS), Durval Marcatto Jr., diz que o bom desempenho reflete bem uma característica importante do Norte-Nordeste, que sempre foi voltada ao empreendedorismo. Ele também lembra que a qualidade da mão de obra e as condições logísticas favorecem a região como via de ligação ao Mercosul. ?Essa situação oferece atratividade para os novos investimentos tanto de empresas já instaladas como de empresas interessadas em aproveitar o potencial existente?, avalia, em entrevista ao Noticenter.
Exemplos recentes mostram que muitas empresas têm optado pela região. A americana Brunswick vai construir uma unidade produtora de barcos em Joinville. A GM está investindo R$ 350 milhões em uma fábrica de motores na mesma cidade. A BMW estuda a possibilidade de instalar sua primeira unidade brasileira em Santa Catarina.
APESAR DO POTENCIAL, INFRAESTRUTURA AINDA COMPROMETE CRESCIMENTO MAIOR
Mesmo com todo o potencial de crescimento econômico, a região Norte-Nordeste de Santa Catarina ainda sofre com a falta de infraestrutura, principalmente logística, em alguns casos. A duplicação da BR-282 e melhorias no aeroporto de Joinville devem ser encaradas como prioridade, acredita o presidente da Associação Empresarial de São Bento do Sul (ACISBS), Adelino Denk. Ele reconhece que é difícil mensurar de quanto poderia ser o crescimento caso não houvesse esses tipos de gargalos, mas tem certeza: uma melhor infraestrutura vai atrair ainda mais investidores. Denk também lembra da dificuldade de formar mão de obra especializada. Neste sentido, a instalação de uma incubadora tecnológica e a confirmação da vinda de uma unidade do Instituto Federal de Educação a São Bento do Sul devem ajudar a amenizar o problema.
Durval Marcatto Jr. garante que entidades organizadas do setor produtivo estão de olho nos administradores públicos, cobrando uma gestão de recursos que atenda o crescimento da região e priorize o modelo de desenvolvimento sustentável. ?Esse é um compromisso que os gestores públicos precisam assumir perante a comunidade, sob pena de comprometermos o modelo atual de desenvolvimento com qualidade de vida?, acredita.
Fonte: noticenter.com.br
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