Em setembro, o leite ficou mais barato e alivou a pressão que vinha exercendo nos últimos meses sobre o Índice de Preços ao Consumidor - Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país.
Sob a influência do leite e de outros alimentos, o indicador perdeu força de agosto para setembro, ao passar de 0,44% para 0,08%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No ano, de janeiro a setembro, o indicador acumula alta de 5,51%. No mesmo período de 2015, a variação havia sido de 7,64%. Já em 12 meses, a IPCA está em 8,48%, abaixo dos 8,97% relativos aos 12 meses anteriores.
Para o mês de setembro, a taxa de 0,08% é a menor desde 1998, quando o IPCA havia recuado 0,22%. Considerando todos os meses, o índice é o menor desde julho de 2014, quando ficou em 0,01%.
"Setembro é um mês em que a gente vê poucos sinais negativos ou perto de zero porque é justamente quando começa a entressafra. Os piores resultados são no meio do ano. Especificamente neste mês a inflação foi muito pressionada pelos alimentos por causa do choque de oferta", disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.
Para economistas ouvidos pelo G1, a taxa de inflação abaixo do esperado aumenta a possibilidade de uma redução da taxa básica de juros na economia brasileira. Ainda não há consenso entre os analistas quando a redução do juros começará. Mas cresceram as apostas para uma queda ainda em outubro.
Em reunião em Washington, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou que seu compromisso é com a meta de inflação e não com o prazo para a flexibilização da política monetária (de definição da taxa de juros).
De agosto para setembro, foi a queda de preços dos alimentos que pressionou a desaceleração do IPCA. De um avanço de 0,3%, a variação de preços desse grupo recuou 0,29%. O leite, por exemplo, que vinha registrando altas seguidas nos últimos meses, ficou 7,83% mais barato em setembro. Também influenciou o recuo dos alimentos consumidos dentro de casa, que chegou a 0,6%.
Outro grande vilão da inflação de alimentos que registrou queda foi o preço do feijão. O feijão-carioca caiu 4,61%, o feijão-preto 3,77% e o feijão-mulatinho 1,45%.
Não foram todos os alimentos que tiveram redução de preços. A carne, em compensação, subiu 1,43% e impediu que a queda da variação desse grupo fosse maior. “O preço da arroba subiu pouquinho, mas as distribuidoras aumentaram o preço para o varejo”, disse.
Também caíram os preços de artigos de residência (-0,23%) e transportes (-0,10%) - influenciados por passagens aéreas (-2,39%), por automóveis usados (-1,5%) e pela gasolina (-0,40%). Do lado dos artigos de residência, recuaram os preços de TV, som e informática (-1,15%) e mobiliário (-0,65%). Quanto aos itens em queda, os demais destaques foram hotel (-6,53%) e cigarro (-3,32%).
Na contramão, os preços relacionados à habitação ficaram mais altos (0,63%), puxados pelo botijão de gás, que ficou 3,92% mais caro. Também subiram mais os valores cobrados por excursões (2,09%), alimentos para animais (1,42%), calçados (1,23%), cabeleireiros (1,19%), planos de saúde (1,07%), ônibus intermunicipais (0,88%), empregados domésticos (0,87%), etanol (0,83%), emplacamento e licença (0,81%), manicure (0,69%) e telefone fixo (0,63%). Também recuaram os preços de hotel (-6,53%) e cigarro (-3,32%).
Campo Grande registrou a maior variação do IPCA em setembro, 0,48%, e a região metropolitana do Rio de Janeiro teve deflação de 0,17%, influenciada pela queda de 29,91% nas diárias dos hotéis. Em agosto, as tarifas haviam ficado 111,23% mais caras por causa da Olimpíada.
A estimativa do mercado financeira para o IPCA de 2016 - acumulado em 12 meses - é de 7,23%, segundo o boletim Focus, do Banco Central, mais recente. A cada semana em que a pesquisa é divulgada, a previsão vem diminuindo. No entanto, ainda permanece acima do teto de 6,5% do sistema de metas e bem distante do objetivo central de 4,5% fixado para este ano.
O IBGE também divulgou nesta sexta-feira o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). De agosto para setembro, o indicador passou de 0,31% para 0,08%. No ano, o índice acumula alta de 6,18% e, em 12 meses, de 9,15%. Em setembro de 2015, o INPC registrou 0,51%.
Destaques de alta:
Leite condensado: 8,26%
Leite em pó: 5,64%
Farinha de mandioca: 3,40%
Cafezinho: 2,17%
Chocolate e achocolatado em pó: 2%
Queijo: 1,92%
Café da manhã: 1,63%
Açúcar cristal: 1,58%
Café moído: 1,55%
Doces: 1,48%
Carnes: 1,43%
Frango inteiro: 1,25%
Arroz: 1,13%
Iogurte: 1,12%
Refrigerante: 1,09%
Outras bebidas alcoólicas: 0,80%
Cerveja: 0,76%
Frutas: 0,75%
Açúcar refinado: 0,69%
Lanche fora:0,65%
Destaques de queda:
Batata-inglesa: 19,24%
Leite longa vida: -7,89%
Alho: -7,45%
Cenoura: -5,34%
Feijão-carioca: -4,61%
Hortaliças: -4,42%
Açaí: -3,95%
Feijão-preto: -3,7%
Cebola: -3,30%
Ovos: -2,52%
Bolo: -2,01%
Pão de forma: -1,61%
Óleo de soja: -1,03%
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