Os acessos para Itajaí e Gaspar estão bloqueados para os ilhotenses. Isto porque a água continua sobre a pista da rodovia. A Defesa Civil trabalha dando auxílio aos desabrigados, e a assistência social dá apoio aos dois abrigos disponibilizados: um no Centro e Pedra de Amolar. Há atendimento na Unidade de Central de Saúde, em que equipes médicas se revezam. Os números atualizados estão relacionados abaixo:
8307 pessoas afetadas
164 residências atingidas, sendo três públicas e uma comunitária
317 desalojados
201 desabrigados
703 deslocados
Oito doentes e um levemente ferido
Por Gilberto Schmitt Na manhã desta sexta-feira, 9, enquanto muitos bairros de Gaspar ainda se enchiam de água, eu, acompanhado do fotógrafo Fábio Venhorst, fomos ver de perto a situação daquela que acredito ser a localidade mais prejudicada pelas chuvas: o bairro Sertão Verde. Partimos para acompanhar a realidade que os moradores da localidade enfrentavam, para dar nosso apoio como imprensa e ainda ajudar alguns moradores que precisavam de auxílio.
Nosso ponto de partida foi à redação do Cruzeiro do Vale, de onde saímos a pé devido a proibição da passagem de veículos sobre a Ponte Hercílio Deeke, que estava sofrendo com a forte correnteza das águas. Atravessamos a ponte a pé e pegamos carona com uma viatura da Ditran, que nos levou até a localidade. Ao chegar ao local, pudemos ver que todas as ruas da localidade foram atingidas pelas águas e estavam alagadas. A maioria das casas tinha água até o teto, exceto as residências de dois andares.
Pegamos uma carona em uma bateira, batizada de Bicuda, com Mauro Júlio da Silva Cruz e Sandro Nascimento. Foram eles que nos deram apoio em nossa jornada pela localidade. Por conhecer bem canoas e saber remar, fiz questão de ser o responsável pelo transporte.
A primeira ação de nossa equipe foi levar quatro litros de água para duas pessoas que estavam no segundo andar de uma igreja e precisavam de água potável. Acredito que a esta altura a água já deveria ter alcançado três metros.
Em seguida, resgatamos um senhor que estava sobre uma laje pedindo socorro e o levamos até a terra firme. Continuamos a circular pelo bairro, sempre de canoa, pois a água das ruas não baixava. Passamos sobre orelhões e ladeamos telhados de casas. Paramos para visitar uma família abrigada no segundo lugar de sua casa e que não tinha como deixar o local. Oferecemos auxílio para levá-los a um ponto mais seguro, mas preferiram ficar em casa, já que possuíam água potável e mantimentos.
Seguimos caminho e fomos parar em uma encosta que a água não havia alcançado. Encontramos lá um verdadeiro exemplo de solidariedade. Raimundo da Cruz Neto e sua esposa, Eva Rodrigues, abrigavam em sua casa mais nove famílias da localidade. A soma de moradores naquele momento ficava perto de 25. ?Estou a pouco tempo em Gaspar. É a primeira enchente que passo por aqui, mas senti que temos que ser solidários neste momento difícil. Aqui, todos estão ajudando a fazer a comida e estamos aguardando as águas baixarem para retornarem às suas casas?, contou-me Raimundo. Muito simpático, vendo o frio que passávamos, ofereceu uma caipirinha para nos esquentar, e nós, é claro, não recusamos.
No retorno ao porto seguro, encontramos uma família sobre a laje de uma casa e nos pediram para que levássemos uma criança até a beira da rodovia, pois ela estava com muito medo de ficar no local. Atendemos ao pedido. Para voltar até a base da redação, pegamos mais uma vez carona do Sertão Verde até a ponte Hercílio Deeke com uma viatura da Ditran e retornamos a pé o restante do caminho.
Não posso deixar de fazer um agradecimento especial ao diretor do Ditran, Jackson dos Santos, pelo apoio à reportagem. Fábio Venhorst fez o registro fotográfico completo de nossa visita ao Sertão Verde, e os cliques podem ser conferidos AQUI.
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