Calçadas: Espaço em extinção nos bairros de Gaspar - Jornal Cruzeiro do Vale

Calçadas: Espaço em extinção nos bairros de Gaspar

24/08/2014

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Por Ana C. Bernardes


Você costuma analisar as calçadas por onde caminha? As dificuldades que pedestres e ciclistas do município encontram pelas calçadas da maioria dos bairros do município não são poucas. Seja pela falta de limpeza e manutenção, seja por serem muito estreitas ou até mesmo pela inexistência delas em muitos locais, os pedestres ficam sem espaço para transitar e se arriscam ao caminhar pelas vias públicas, dividindo espaço com bicicletas, carros, caminhões e motocicletas.

Na principal via do bairro Gasparinho, a Frei Solano, os pedestres que precisam utilizar os passeios públicos encontram uma situação difícil. Grande parte das calçadas da rua é estreita e não recebe a manutenção necessária dos proprietários dos imóveis, que pela legislação são os atuais responsáveis por elas. Há ainda aquelas em que o pedestre precisa dividir o espaço com árvores, plantas e postes. Morador do bairro há 47 anos, Maurici Testoni, 47 anos, afirma que muitos moradores da principal via do Gasparinho não respeitam os pedestres e acabam deixando de lado a manutenção das calçadas. ?O problema maior é o mato e o barro que deixam a calçada intransitável. É preciso cuidar melhor disso, pois elas não servem apenas para os donos e sim para toda a comunidade que passa por aqui?, destaca.

Entretanto, o morador lembra que não são apenas os moradores que devem construir de forma correta e realizar a manutenção constante dos passeios públicos. A Prefeitura também precisa garantir esses cuidados. ?Já vi a Prefeitura construir calçadas estreitas ou não consertá-las quando precisam. Todos têm que fazer sua parte para melhorar a cidade de forma geral?, defende.

Rosa Francisca de Souza, 79 anos, também é moradora do bairro. Segundo ela, que caminha diariamente pela rua principal, os idosos são os que mais sofrem com o descaso de alguns moradores que não cuidam das calçadas. ?Eu, por exemplo, não enxergo tão bem quanto antigamente. Por isso, costumo andar bem atenta, já que sei que as calçadas daqui têm muitos buracos e sujeira?, ressalta. Para a aposentada, além da falta de limpeza dos passeios, a maior dificuldade são os obstáculos pelos quais os pedestres precisam passar para conseguir um espaço. Entre eles as árvores e postes. ?Calçada tem que ser para pedestre?, reivindica.

Deficientes físicos são prejudicados

Se as dificuldades ao caminhar por calçadas do município já são notáveis a pessoas que não possuem qualquer problema físico, elas aumentam para aqueles que possuem. Adalberto Luis Hostins, 52 anos, o Beto, é cadeirante e afirma perceber sérios problemas em certos locais da cidade, sobretudo os mais afastados da região central. ?Gaspar não foge muito de outras cidades próximas, onde o Centro é urbanizado, enquanto os bairros do interior dificilmente possuem uma estrutura tão boa quanto?, conta.

Para Beto, o maior problema está na falta de padronização dos passeios públicos, o que gera uma diferença muito grande para calçadas próximas ou para a estrada. ?Se me deparo com um problema desses, preciso pedir para alguém me ajudar a continuar seguindo, pois os desníveis são altos e podem causar uma queda. A mesma coisa acontece quando preciso descer da calçada para a rua?, lembra. Entre os locais menos acessíveis a deficientes físicos ele destaca a Avenida das Comunidades, que possui calçadas estreitas e altas. ?Tenho que ir pelo acostamento para conseguir chegar a algum lugar?. Já na região central, o morador do bairro Sete de Setembro afirma que os cadeirantes encontram facilidades para transitar pelas calçadas. Nessa área, os problemas passam a ser a falta de acessibilidade em determinadas lojas.

fotopg8retrancacolorMD.jpg ?Se me deparo com um problema desses, preciso pedir para alguém me ajudar a continuar seguindo, pois os desníveis são altos e podem causar uma queda. A mesma coisa acontece quando preciso descer da calçada para a rua?.

Adalberto Luis Hostins, 52 anos, o Beto


Projeto propõe padrão para calçadas

fotopg92colorMD.jpgHoje, em Gaspar, a construção e manutenção das calçadas são de responsabilidade dos donos dos imóveis. Porém um projeto de lei, formulado pelo vereador José Hilário Melato e apresentado na sessão da Câmara de Vereadores da última semana, pretende mudar essa realidade. Com isso, a responsabilidade das calçadas seria transferida para a Prefeitura de Gaspar. ?O projeto tem como princípio alertar o poder público da necessidade de uma política permanente e eficiente de curto, médio e longo prazo para que ações sejam implantadas, a fim de que num prazo razoável de tempo toda a cidade seja contemplada com este equipamento público que oferece mais qualidade de vida aos moradores?, diz. 

Neste momento, o projeto está sendo analisado pelas comissões. Segundo o vereador, a proposta é padronizar as calçadas do município, atendendo a todos os critérios técnicos nacionais com atenção especial à acessibilidade. 

Para isso, a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento seria a responsável por elaborar um modelo de passeio público a ser implantado por toda a cidade. ?Quando a secretaria responsável estivesse realizando obras de revitalização em uma certa rua, a confecção das calçadas padronizadas também faria parte dos trabalhos.

 Caso a Prefeitura não chegasse até essa rua, o morador poderia ir até a secretaria e solicitar o croqui com o modelo?, explica. Melato ressalta que este não seria um projeto imediato, mas que, em longo prazo, beneficiaria toda a comunidade gasparense. A ideia é fazer com que o orçamento para a construção das calçadas padronizadas esteja incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias e no Plano Plurianual do município.

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Passeio na Luiz Franzói segue em pedaços 

fotopg9abrecolorMD.jpgApesar de grande parte dos passeios públicos da cidade serem de responsabilidade dos moradores, a Prefeitura também se responsabiliza por calçadas em áreas públicas. Na rua Luiz Franzói, no bairro Margem Esquerda, a calçada instalada logo no início da via, apresenta problemas há vários meses. O local, que é de responsabilidade do poder público, está com buracos, sem calçamento em certos pontos e mato. A moradora do bairro, Rosa Spengler, 67 anos, afirma que sua irmã mais velha já chegou a cair na calçada devido ao mau estado de conservação. ?Essa calçada é perigosa para a comunidade e mais ainda para as pessoas mais idosas, principalmente quando chove, pois a água enche os buracos?, ressalta.

Assim como ela, Eliane Maria Nascimento, 57 anos, que passa todos os dias pelo local, acredita que o passeio público é capaz de oferecer risco aos moradores. ?Faz muito tempo que vejo essa calçada sem receber uma limpeza ou manutenção. Além de ser perigoso, é algo que deixa a cidade muito feia?, salienta. O secretário de Transportes e Obras, Lovídio Bertoldi, reconhece o problema, mas afirma que os reparos devem ser realizados somente no próximo ano.

Edição 1616
 

Comentários

Fernando
25/08/2014 20:07
Pois bem, este tema de calçadas é muito simples de ser resolvido, porém nossos vereadores não trazem o apoio ideal e legal que os seus munícipes merecem pois ao invés de melhorarem os acessos aos moradores em suas ruas fazem melhorias no CENTRO e deixam as calçadas dos BAIRROS sem nenhum projeto dos Bairros, como por exemplo na Rua Maestro Egon Bohn, Coloninha, na qual veio o Milano, o calçamento e cadê a calçada...Ninguém trabalhou com os moradores uma melhoria ou sugestão de calçada, queremos pagar, mas se no centro foi de graça então que nos bairros também seja....Cadê os Vereadores? Uma vergonha...Estamos cheios de tapinha nas costas, vamos dar uma passeada pelos Bairros, arrumar um projeto descente que mostre o valor que vocês têm...Chega de projetinho de parabenizar os que fazem a sua Obrigação, Venham nos visitar agora!
Paulo Ricardo Teres
25/08/2014 15:30
Esse é um problema clássico de Gaspar, aqui no gasparinho como visto em algumas fotos não existe área de passeio, quando volto a noite para casa fico com medo de atropelar um pedestre ou um ciclista, no qual tomo muito cuidado, sempre gostei de caminhar, mas não saio de casa de apé nem se quer para ir ao mercado, pois alem da falta do passeio motoristas não respeitam a velocidade de 40 km/h no qual é permitido em áreas urbanas, ultrapassagens "imbecis" são vistas frequentemente nessa área, Porem não adianta só falarmos mal do poder publico, pois proprietários de terrenos "mesquinhos" invadem todo espaço ate a rua ficando assim quase impossível a construção da calçada, Aproveito para dar uma ideia ao setor publico no qual beneficiaria a todos, a Prefeitura poderia fornecer o Material e por contra partida o proprietário entra com a mão de obra para a construção da calçada. Acho que seria uma solução cabível.
luis galvao
25/08/2014 08:20
A reportagem foi muito boa, acho que deveria ter ido a R Pedro Simon onde as calçadas não existem e no pouco espaço que existe ainda temos que dividir o mesmo com cavalos, buracos, lama e agua em dias de chuva, existe até um local onde o cidadão invadiu tanto o espaço que o poste da celesc está dentro do muro.São cenas de total falta de respeito com a população e onde fica o direito de ir e vir.
A administraçao do municipio esta mais preocupada com obras faraonicas do que fiscalizar o espaço de transito das pessoas, se tivesse um fiscal na rua Pedro Simon e colocasse os espaços devido teriamos um transito de pedestres com muito mais segurança
Joel
25/08/2014 07:22
Belo projeto esse de padronizar as calçadas.
adriano
25/08/2014 03:06
Para onde sera que vai o dinheiro que (roubam) da area azul e dos impostos gaspar é uma vergonha não so pelas calçadas mas pelas ruas esburacadas, hopital sem infraestrutura para atender decentemente, postos de saúde com burocracias piores que de banco e atendimento degradante, mendingão dinheiro pro governo e vivem fazendo festas e mais festas, ou o gasparense ta dormindo ou se acostumou a ser subjugado e mal tratado. vivem achando coisas banais para mudar isso ou aquilo que muitas vezes so interessa aos riquinhos da cidade enquanto nós temos que aceitar tanta mentira que jugam ser o melhor.

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