Os cemitérios de modo geral tem suas maiores movimentações na semana do Dia de Finados. É aí que as famílias que desejam visitar os entes queridos que já se foram aproveitam para limpar e enfeitar os jazigos, além de fazerem suas orações. Neste ano, os familiares de Nercia Maria de Souza e Silva, falecida em agosto de 2008, tiveram uma surpresa ao chegar no Cemitério Municipal de Gaspar. O túmulo da mulher estava vazio.
Inconformada, a família procurou pela administração do cemitério para tirar satisfação. De acordo com Vilmar Schramm, sobrinho de Nercia, não houve nenhuma justificativa plausível para o que aconteceu. “Nos disseram que os ossos foram ensacados e colocados em um outro local, junto de outros mortos. Mas não explicaram o porquê de terem feito isso. Também não quiseram mostrar para onde o corpo da minha tia foi levado”, disse.
Ainda segundo Vilmar, a família fazia poucas visitas ao túmulo e, por esse motivo, ele não recebia manutenções frequente. “Não colocamos granito e nem levávamos flores de tempos em tempos. Acredito que eles acharam que a família abandonou o local e aproveitaram para esvaziar. Mas ninguém foi consultado ou permitiu legalmente que isso fosse feito”.
O sobrinho relata que, na época do falecimento da tia, o espaço em questão foi comprado por R$1,8 mil. “Acho que nem podiam vender, né? Mas pra gente foi feito assim... Coisa da antiga administração”, conta Vilmar.
O túmulo em que estavam os restos mortais de Nercia já foi utilizado para sepultar outra pessoa. Por este motivo, após contatar os responsáveis pelo Cemitério de Gaspar, Vilmar conseguiu fazer com que a tia fosse enterrada separadamente novamente, mas, dessa vez, em outra sepultura.
Conforme afirma Osnildo Moreira, diretor dos cemitérios municipais de Gaspar, localizados nos bairros Santa Terezinha e Barracão, os restos mortais de Nercia Maria de Souza e Silva realmente foram retirados do túmulo e levados ao ossuário, ação que, por sinal, é permitida por lei. “Veja bem, o ossário existe por algum motivo. Quando o jazigo está em estado de abandono e já se passaram mais de cinco anos do falecimento, temos permissão para realocar os ossos”, afirma.
Ele explica que esse não foi o único túmulo a ser liberado nos últimos meses. “Não sei o número exato, mas havia mais jazigos abandonados e todos passaram por esse processo. Fizemos o possível para avisar as famílias, porém, em alguns casos, assim como o de dona Nercia, não havia informação nenhuma que nos levasse ao contato de um familiar”.
Copyright Jornal Cruzeiro do Vale. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Jornal Cruzeiro do Vale (contato@cruzeirodovale.com.br).