A explosão demográfica da década de 70 em diante transformou o Brasil de um país rural, com vocação agrícola, para um país voltado para o desenvolvimento urbano. A mecanização do campo colaborou, e muito, para o êxodo rural dos anos 80 e 90. Sobrevivem algumas cooperativas de pequenos plantadores e poucas economias baseadas na agricultura familiar. O resto é latifúndio, monocultura, a indústria chega com força até mesmo no campo.
Essa mudança na geografia do Brasil e também dos municípios de Santa Catarina trouxe consigo, também, uma nova população urbana. O asfalto chegou a comunidades distantes, assim como outras benfeitorias da sociedade moderna, como energia elétrica, telefonia, TV a cabo. Torna-se cada vez mais difícil delimitar o que é rural e o que é urbano nas grandes cidades.
Os administradores fazem o possível para estender a parte urbana da cidade até os confins rurais, porque têm interesse em cobrar o IPTU, Imposto Predial Territorial Urbano. O problema é quando o poder público abandona uma comunidade, desaparece enquanto provedor de benfeitorias, e ainda assim envia religiosamente os carnês de IPTU para os moradores pagarem. Algumas localidades, como a visitada pela redação na semana passada, no Belchior, são comprovadamente rurais. Há plantação, criação de gado de corte e de leite e os habitantes não veem asfalto ou calçamento nem de binóculo. A ponte que dá acesso ao local é precária, perigosa e medieval. Mas, no zoneamento desatualizado do município, é considerado área urbana, mesmo que não tenha qualquer privilégio como tal.
Edição 1367
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