29/05/2019
O ex-secretário da Saúde, o advogado Carlos Roberto Pereira, como membro do Conselho Municipal de Saúde foi à Câmara explicar os infortúnios do Hospital de Gaspar. Encontrou os culpados: a parte da imprensa que divulga os casos que a própria população denúncia. O povo pobre e doente sem voz
Numa das sessões da Câmara de Gaspar, acuados por sucessivos fatos e questionamentos dos adversários, vereadores líderes da bancada governista subiram nas tamancas. Preferiram à tática do ataque, ou da desqualificação dos opositores, ao aprendizado sobre o lógico e que em muitos casos, inclui também o prudente silêncio.
Resumindo: enquanto políticos, gestores, burocratas e especialistas disputam justificativas, pessoas vulneráveis esperam, sofrem e até morrem
Foi na sessão de terça-feira da semana passada e na ressaca do Hospital que esteve sob intenso tiroteio por supostas falhas graves no seu Pronto Atendimento e que levou até a morte uma paciente, e outra, só não teve o mesmo destino, porque foi salva por uma decisão misericordiosa da Justiça. Ela mandou a doente para uma UTI particular em Blumenau, fatos que foram manchetes do jornal Cruzeiro do Vale – o mais antigo, o de maior circulação em Gaspar e Ilhota, o de maior credibilidade e que não se sobra aos poderosos de plantão. Os fatos também foram amplamente comentados aqui e são de domínio da cidade. E não é de hoje.
Volto. Um requerimento de uma parte dos vereadores “convidava” oficialmente, este era o termo, “o Conselho Municipal de Saúde, para uma reunião de esclarecimentos relativos ao Hospital Nossa Senhora do Perpétuo Socorro de Gaspar e demais assuntos relacionados ao Plano de Saúde do nosso município”. Isso, ao tempo em que o secretário da Saúde era Carlos Roberto Pereira, presidente do MDB.
O autor dele e que obteve a adesão de outros vereadores para o seu pedido, Cícero Giovani Amaro, PSD, provocou e reclamou que não teve o apoio expresso dos governistas para tal formalidade.
Não é bem assim: Franciele Daiane Back, PSDB, assinou. E justamente o mais antenado neste assunto, o médico Silvio Cleffi, PSC, por exemplo, não, mesmo sendo ele da turma que quer o esclarecimento disso tudo. “Alguns não querem a transparência”, cutucou Cícero apontando para as lideranças do poder de plantão.
UMA DISCUSSÃO INÓCUA. QUEM PERDE SÃO A CIDADE E OS CIDADÃOS – OS DOENTES E MAIS POBRES
Foi o que bastou para que o líder do MDB, e casualmente ex-secretário de Saúde, o advogado Francisco Hostins Júnior, contestasse frontal e imediatamente Cícero na tribuna, chegando nominar como injúrias afirmações e cobranças de Cícero, não apenas neste assunto. “O fato de não assinar o requerimento, não significa que sou contra ele ou os esclarecimentos. A minha opinião está no voto” e que ele deu favoravelmente ao requerimento, objeto da discussão acalorada e da qual participou no mesmo tom e ponto de vista, o líder do governo, Francisco Solano Anhaia, MDB.
São entreveros como esses, os quais parecem propositais, que dificultam às necessárias e até simples soluções de situações que exigem correções. Tudo se torna complicado devido às disputas de espaços e não exatamente por compartilhamento de ideias.
E por que? Porque antes da solução vem à pré-disposição para a transparência de quem quer a solução, ou seja, primeiro é preciso se conhecer o verdadeiro problema, suas causas, consequências e possibilidades de mitigação ou eliminação.
E essa pré-disposição não existe no ambiente político – não só aqui em Gaspar. Ainda mais quando ele terá que admitir que está falhando nas suas práticas, métodos e às políticas aplicadas, ou que precisa de ajuda.
No ambiente público, a transparência é difícil por um simples fato: a saga de poder dos políticos é feita a qualquer preço, mesmo que para isso tenham que empregar gente desqualificada para ocupar espaços vitais poder sem a devida contrapartida benéfica à sociedade que sustenta tudo isso com pesados impostos.
Consequentemente, esses políticos ou grupos corporativos de interesses, estruturam-se para proteger sistemas falhos – ou que qualificam como eficazes - para se saírem bem na foto, ou nas desculpas e culpados que arrumam pela falta de resultados para a comunidade, ou até fatalidades contra o cidadão, muitas delas, sem punições.
A CULPA É DE QUEM DIVULGA AS MAZELAS NÃO DE QUEM TERIA À OBRIGAÇÃO DE EVITÁ-LAS
O caso do Hospital de Gaspar – que está sob intervenção municipal, endividado mais do que antes e ninguém sabe apontar que são os verdadeiros donos dele – é um fato grave, como a própria Saúde Pública de Gaspar. Ninguém tem dúvida disso. Não haverá milagreiro, nem milagres.
Basta ver que em menos de 30 meses do governo Kleber Edson Wan Dall, MDB, está nomeando o seu quarto secretário de Saúde. Esta é a realidade que mostra o tamanho do problema e que os políticos querem escamoteá-lo.
Se então não há milagres, sobrará a possibilidade de soluções abertas. E é aí que o político, o jogo de poder entrava tudo porque terá que admitir falhas, fraquezas, pedir ajuda e se lançar à construção de soluções compartilhadas, muitas vezes duras e afetarão à politicalha de todos os tipos que gravitam no governo. Antes, todavia, virá a transparência.
Retomo. Esse tipo de discussão dos vereadores na sessão da semana passada na Câmara não contribuiu, até porque continuam os mesmos problemas: o Hospital está falido, os atendimentos nos postos de Saúde comprometidos e insegurança e as queixas se avolumam não contra a dita oposição, mas contra quem está no governo e foi eleito para dar solução.
Se a bancada do MDB não queria expor o seu governo, já o fez com os sucessivos erros nesta área, não seria à falta de assinatura de um simples que agravaria ou esconderia o que está escondido há muito, mas que todos percebem no resultado.
Também, não é a oposição trazendo o Conselho Municipal de Saúde para uma reunião – que aconteceu nesta segunda-feira - que irá resolver, se esta mesma oposição estiver disposta a fazer apenas política, palanque e discurso.
VOCÊ CONHECE OS MEMBROS DO CONSELHO MUNICIPAL DE SAÚDE?
Muitas, dessas reuniões só possuem essa intenção: a de polemizar. Já testemunhei gente que lutou por reuniões desse tipo, mas as desperdiçaram porque não se preparam adequadamente para questionar e extrair as informações fundamentais sobre as dúvidas, daquilo que se esconde e nada se esclarece nos métodos, políticas e que induzem ou agravam o erro, os quais prejudicam à sociedade como um todo.
Bom, resumindo. A reunião do Conselho Municipal de Saúde com os vereadores aconteceu nesta segunda-feira. Você sabe quem são seus membros? Quando eles se reúnem e o que eles deliberaram em favor da cidade e dos cidadãos?
O que ficou claro para a prefeitura e o ex-secretário de Saúde, o presidente do MDB, o advogado e prefeito de fato, Carlos Roberto Pereira durante a reunião que como membro do Conselho Municipal de Saúde? Que quem está errado é o jornal e o portal Cruzeiro do Vale que divulgaram as mazelas da área e que para que essa coragem, transparência e obrigação social, terão punição exemplar. Acorda, Gaspar!
Era 2017. A Ditran de Gaspar mandou queimar mais de 40 caixas de blocos de área azul para marcar apenas 10 minutos de estacionamento, possibilidade que foi revogada após polêmica. A compra de tal montanha desse material se deu na administração do PT. E precisava comprar tudo isso de uma só vez?
No outro lado, a atual administração do MDB, deixou a cidade sem área azul, por meses, porque não conseguiu prever e ver, para licitar no tempo certo, que os blocos usados para marcar o estacionamento de uma hora, estavam acabando.
Imagens são dizem mais que os meus textões. Acorda, Gaspar!
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