11/06/2018
COMO FOI PARA A OPOSIÇÃO PARA TER PODER, STATUS E SER PRESIDENTE DA CÂMARA, SILVIO QUER, MAS NÃO PODE MAIS DAR AS CARTAS NA SAÚDE. ENTÃO INVOCA Á ÉTICA MÉDICA, DESQUALIFICA ÀS MUDANÇAS PARA SUGERIR QUE ELAS VÃO PIORAR O QUE AINDA ESTÁ RUIM.
O prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, bem como o seu novo e terceiro secretário de Saúde em 15 meses de governo, o advogado Carlos Roberto Pereira, anunciaram na semana passada mudanças no sistema de atendimento de urgência e emergência do ambulatório Hospital de Gaspar, o que está em perpétuo socorro há anos.
Como os postinhos funcionam mal, o atual governo o transformou o Hospital num grande ambulatório municipal para justificar o caminhão de dinheiro do povo que despeja lá. Agora, o ambulatório funcionará 24 horas.
E para isso anunciaram a contratação de 11 “novos” médicos, via uma empresa de médicos, fato que foi devidamente escondido e não foi explorado. Além de ampliar o horário de atendimento, promoveram mudanças no tal sistema de sobreaviso dos médicos especialistas. Tudo isso, com uma suposta economia de R$19 mil por mês. O presidente da Câmara, o médico Silvio Cleffi, PSC, condenou essa mudança feita pelos gestores do município para supostamente melhorar o atendimento naquele ambulatório.
Para o médico e político Silvio, mesmo sem testar o modelo, nada do que se mudou vai dar certo. Simples: ele não foi consultado, foi surpreendido e dar aval com os médicos que o cercam e que até agora não deram conta de uma solução para o problema.
O QUE ESTÁ RUIM DO JEITO QUE ESTÁ NÃO PODE FICAR
Primeiro fato registrei na coluna de sexta-feira e feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale, o mais antigo e líder em circulação em Gaspar e Ilhota: até a suposta boa notícia, ou seja, mais médicos e ampliação do horário, ela nas redes sociais, foi mal recebida pela população. Esta percepção, por si só, mostra o quanto desgastado está essa área e quanto falha a comunicação do governo, que não é estratégica, mas fazedora de press releases. Não é a toda que também experimentando a terceira titular. Sintomático. Natural.
E uma das principais queixas dos “clientes” do Hospital e que não são tratados como tal, até porque não tem opções por aqui – desmentindo os políticos que furam filas ou levam lá seus parentes e não passaram por esse reiterado perrengue que acomete e testemunham os comuns, seus eleitores e eleitoras, era quanto ao mau humor - e até desprezo - no atendimento dos médicos. Tudo isso depois dos adoentados, sofredores e desesperançados ficarem quase esquecidos por horas seguidas na recepção do hospital. Então a queixa é para coisa simples e óbvia de relacionamento e não apenas clínica.
O segundo fato, registro agora.
Ele, entretanto, é uma repetição de sucessivas observações que já fiz aqui e sempre contestadas, inclusive na sessão passada pelo próprio Silvio. É algo que conheço bem em Gaspar pelo menos desde 1983: a intocável corporação médica. Nada pode mudar em favor do paciente, da gestão dos ambientes de saúde pública e da gestão do dinheiro escasso empregado nessa área mas que não resolve a demanda de atendimento, exames e procedimentos a favor dos doentes.
O Hospital – que ninguém sabe de quem é – está quebrado e endividado – dados desencontrados pela falta de transparência dão conta de um passivo de R$15 milhões - mas todos os médicos, assim como os seus funcionários estão com seus direitos em dia. A população, no outro lado, todavia, está mal atendida e o dinheiro público – que vem dos impostos dessas pessoas - e que se coloca lá, apesar de aumentar exponencialmente nos últimos tempos, é sempre menos – se queixa os gestores e médicos - do que a real necessidade do Hospital.
Resumindo: essa conta não fecha e se agrava, principalmente se nenhuma ação for tomada para interromper esse cilco vicioso. E é preciso, no mínimo, colocá-la sob controle e transparência com os gasparenses. Já escrevi: hospital não é lugar de lucro, mas não é um lugar para jogar os pesados impostos de todos no lixo, usando a doença, as queixas, a urgência e emergência como desculpas.
MUDANÇAS INCOMODAM AINDA MAIS ÀS PODEROSAS CORPORAÇÕES
Então, não tardou o contraponto da classe médica às mudanças propostas pelo governo Kleber que banca o Hospital na semana passada. A maior queixa é que ela foi uma surpresa. Não pode? Ora se a prefeitura banca o ambulatório, se o Hospital está intervenção marota implantada pelo PT de Pedro Celso Zuchi, nada mais natural do que como gestor ter autonomia para fazer as mudanças para melhorá-lo e até errar.
Se o governo de plantão recebe as pedras da comunidade pelo reiterado mal atendimento do Hospital e dos médicos, principalmente no ambulatório de emergência e urgência, é óbvio que esse mesmo governo interfira para colocar sob controle o que não funcionava na percepção da população. Ah, os médicos não querem as mudanças? Então assumam – incluindo as dívidas e as caras obrigações que comem milhões dos cofres públicos sem a real contrapartida – e que o Hospital dirigido e bancado pelos médicos nomeie Silvio Cleffi para diretor clínico ou geral.
Errado ou certo, o doutor Pereira, que não é médico, e o prefeito que não é médico, e depende da boa imagem das coisas funcionando para a sobrevivência política, decidiram mudar o que não funcionava. Era a voz do povo pedindo. Kleber e o doutor Pereira correm mais uma vez o sério risco de errar e se deve dar o espaço para que isso aconteça. E acontecendo, quem arcará com os prejuízos financeiros, mais uma vez, será a população e os prejuízos de imagem, os políticos Kleber e o Pereira. É do jogo.
Mas, não! O contraponto veio pela veia torta dos interesses políticos da oposição e na voz do médico Silvio Cleffi, PSC, que é presidente da Câmara. E se travestiu de técnica. Veio antes de qualquer resultado que as mudanças pudessem produzir ao sentido pelas quais foram feitas: melhorar o atendimento ambulatorial de urgência e emergência no Hospital.
Nem se testou o novo sistema e Silvio já insinuou que não vai funcionar, que estão desprezando os atuais médicos e que o fato de alguém estar trabalhando lá há 15 anos teria uma suposta imunidade e uma vaga cativa por isso, mesmo que não queira a subordinação e não tenha resultado. E pior, invocou a ética médica para tudo ficar como está. E como está, não interessa aos pacientes ou doentes e na esbórnia, a pior imagem só interessa a oposição onde está Silvio hoje, aquela de quanto pior, melhor.
O DIREITO DE INTERFERIR, MUDAR, ERRAR E SER JULGADO POR ISSO
Quem paga a conta do Hospital – repito, que ninguém sabe de quem ele é? A prefeitura com os pesados impostos dos gasparenses. Quem precisa do hospital funcionando bem? Os doentes, pacientes, a população que o deseja confiável e os políticos no poder. Quem vai pagar se a mudança não der certo? Em primeiro lugar o governo Kleber, Luiz Carlos Spengler Filho e o supersecretário vestido de candidato a prefeito, Carlos Roberto Pereira, o alvo da ira da oposição.
Quem vai perder se a mudança de Kleber e do doutor Pereira não der certo? Mais uma vez os doentes, pacientes, gasparenses pagadores de pesados impostos e a oposição que perderá o discurso. Este parece ser agora o ponto central da discussão. Meu Deus!
Ora se quem paga a conta do Hospital que não funciona são os gasparenses com os pesados impostos, se foram os gasparenses que elegeram Kleber para gerir o município, se o ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, jogou essa bomba nas mãos da prefeitura, natural é que Kleber tenha autonomia mínima para mudar o que não está funcionando em favor da sociedade – e dele próprio.
Mas, não, como escrevi, na sexta-feira, a oposição ao que parece, quer que o caos que ela instalou na saúde pública e no Hospital continue. Nem chances para se implantar um novo padrão no Hospital permite. Acha que vai dar errado. Gente estranha. Quer ser babá daquilo que não é seu cuidar, mas o de fiscalizar no resultado, no errado. E se não há resultado da mudança à avaliar – a mudança foi na semana passada -, não há o que desqualificar. Ou estão com medo de que pode dar certo? Estranha gente.
AFINAL DE QUEM É O HOSPITAL DE GASPAR
Notem leitoras e leitores que nada foi mexido no corpo clínico do Hospital que é algo apartado e seus médicos estão lá, todos intocáveis, apenas na área ambulatorial. Entretanto, o temor dos médicos é que esse vespeiro tem data marcada para ser tocado. Para Silvio Cleffi, os “novos” médicos que foram contratados não possuem nenhum compromisso com a comunidade. E daí? Eles devem ter compromissos com os resultados para os nossos doentes e a comunidade vem avaliando que isso está crítico – mesmo com “gente comprometida com a comunidade”. E a cobrança está forte contra quem os empregam, os que pagam com o dinheiro dos gasparenses: a prefeitura.
Silvio acha que se deve pedir referência deles. E está certo! Será que isso não foi feito? Era só o que faltava e aí dou completa razão a ele. Por outro lado, Silvio espanta todos quando diz que nunca lhe pediram provas de seus títulos. Irracional. Perigoso. Irresponsabilidade do empregador num ambiente tão sensível e técnico. Diz ele que precisa até, pedir atestado de bons antecedentes aos médicos. Também concordo. E aí gente que estava no ambulatório e no Hospital, por exemplo, teria dificuldades para continuar lá por causa disso e do passado, apesar de “comprometido com a comunidade”.
“Compromissos com a comunidade”, sabe o que é isso que o médico e político quer dizer quando o invoca? É para esconder as deficiências de produtividade, pontualidade e doação. É o passar a mão na cabeça, relevar os erros numa área técnica, evitar cobranças e melhorias, e deixar tudo como está, resistindo às mudanças. Só isso.
Depois que o principal secretário de Kleber que nem de longe é identificado com a área foi emergencialmente para a Saúde, a corporação médica com Silvio Cleffi, PSC, o que traiu Kleber, irmão de templo e sua cria política, não deu mais sossego na tentativa de continuar a interferir, errar, mas colocar a culpa nos outros e usar isso a seu favor no campo político. Incrível!
UM PACTO MANCO PARA UMA DISPUTA POLÍTICA
A primeira do médico, do presidente da Câmara e do PT, PDT e PSD foi o de inventar um “pacto pela saúde”. Seria da Câmara, mas só reuniu os sete vereadores da oposição. Negou-se a participação dos demais. E até agora, Silvio não disse quanto a Câmara vai economizar e contribuir com o Hospital, por exemplo.
Ao contrário, como presidente da Câmara, Silvio está tentando inchar com cargos comissionados de altos vencimentos para assessorá-lo que vai tomar o grosso dinheiro que poderia ser devolvido para o Orçamento do município. Esse pacto da Câmara na área de saúde se mostrou oportunista por tudo que se desnudou dele até agora. Silvio percebeu a fragilidade de Kleber nessa área e quis ocupar esse espaço mesmo se bandeando para a oposição onde ele deu a maioria para ela.
A segunda, foi trazer para si eventuais pequenas conquistas feitas exclusivamente pelo Executivo e sem a sua participação, mesmo que indireta. No discurso aproveitou os tímidos avanços ou mudanças e os atrelou ao seu “pacto” ou “unida” oposição para não perder o discurso e o bonde. Esse vai e vem, é contraditório. O que avança e lhe serve é crédito do seu pacto. O que atinge às suas ideias ou aos interesses da corporação médica no conforto, é ruim ou é do prefeito?
A terceira foi a de “descobrir”, acertadamente, que o regulador do município e diretor clínico do Hospital, era um médico suspenso e que exercia irregularmente por essa penalização, as funções quando deveria estar afastado. Mesmo acertando, sabe-se que foi um recado de fiscalização permanente e uma retaliação ao governo de Kleber.
A quarta foi apontar ao Conselho Federal de Medicina à falta de um diretor clínico na secretaria de Saúde, exigência de 1932, repito, de 1932 e não cumprida, por ninguém até hoje e à vista de todos os médicos. Incrível. Então, ingenuidade é pouca. Isso, os médicos e Silvio sabiam há anos.
E enquanto não sofreram contestação do poder de plantão, os médicos e incluindo Silvio, foram coniventes com essa irregularidade. Todos calados. A denúncia só veio quando mexeram no calo de todos e Silvio se bandeou para a oposição e resolveu fazer a sua parte.
E por derradeiro, nesse mesmo caso, Silvio Cleffi abriu um novo flanco de divergência e embate na Câmara e em nome da classe médica a qual representa para dar recados, negociar e interferir: quer que essa função seja ocupada, já que se é obrigado a cria-la no organograma funcional, por um efetivo, concursado e não um comissionado como quer Kleber e o doutor Pereira, pois além de custar menos, entende a prefeitura que o médico vai exercer uma função de confiança do governo de plantão. Hoje é Kleber. Amanhã poderá ser da oposição.
Resumindo: os doentes sofrem, enquanto os políticos – pagos com os pesados impostos de todos para supostamente servir à sociedade - defendem os seus nacos de interesses partidários e corporativos. É uma vergonha!
COMUNICAÇÃO ZERO
Se é uma coisa que o governo de Kleber, Luiz Carlos e Pereira falha é a comunicação. E não escrevo da “diretoria” específica, onde ela é feita por curiosos com diplomas. E mesmo que houvesse alguém capaz, com viés estratégico, seria inútil, pois é obrigado a se subordinar à gente que não entende do riscado e obrigado a fazer press releases. Como diz o proprietário e editor deste Cruzeiro do Vale, Gilberto Schmitt, “algumas vezes dá vergonha lê-los”.
Até nisso dão chance à vitimização de Silvio Cleffi, PSC, que na verdade é mais que um médico cardiologista ou vereador, é presidente de um poder, o Legislativo, e como tal deve ser respeitado pelo outro poder, o Executivo.
Picuinhas à parte, agora convidá-lo, por whattsapp, às 22h27min do domingo para um evento da magnitude que foi o anúncio da mudança, para a segunda-feira pela manhã cedo, é algo que beira o crime, porque é intencional, e faz parte do jogo que se nega à transparência do Executivo não só com o Legislativo, mas com a cidade e os cidadãos.
E aí, os vereadores da situação, em coro, na sessão, confirmam que eles também foram “surpreendidos” pelo mesmo tipo de convite, às pressas e no mesmo horário noturno? Ou seja, ratificam que estão sendo feitos de bobos e desrespeitados pelo próprio prefeito, vice, secretário de saúde e o chefe de Gabinete, Pedro Inácio Bornhausen, PP, o que em tese é o responsável por essa comunicação e articulação política? E não é a primeira vez que isso acontece. Meu Deus!
Primeiro. Esse tipo de mudança anunciada no Hospital não se faz do dia para a noite. Ela é pensada e negociada, pois se contratou uma empresa, que está trazendo esses médicos para promover a mudança no ambulatório. Há uma previsibilidade mínima e não é de um dia para o outro. O próprio Silvio, disse na tribuna que os médicos do Hospital “sabiam” desse assunto há pelo menos um mês. Então ele não foi tão surpreendido assim.
Segundo. Que se queira “surpreender” para evitar embaraços e boicotes por parte da corporação médica ao projeto de mudanças – e que fica bem explicito neste artigo -, é sensato, prudente e natural.
O que não é sensato, prudente e natural é esconder tudo até a última hora, algo feito no ambiente público, a tal ponto de humilhar até à sua própria base com convites à última hora, como se ninguém tivesse agenda, nada para fazer em Gaspar a não ser estar disponível para esperar convites surpresas e de última hora do Executiva. E depois o governo de Kleber, Luiz Carlos e do doutor Pereira, na arrogância e deselegância, diz que não sabe a razão pela qual é surpreendido e malhado pelos próprios que os cercam. Acorda, Gaspar!
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