01/10/2020
Quem acredita que uma campanha a prefeito em Gaspar possa custar apenas R$153.401,21 (não estão neste limite advogados, contadores e consultorias e é por onde os políticos abriram uma perigosa e esperta brecha) e contratar no máximo 317 pessoas para movimentar a campanha deste ano? O Tribunal Superior Eleitoral, a legislação aprovada pelos parlamentares que nos representam no Congresso Nacional e os políticos que tomaram R$2 bilhões da Saúde, Educação, Assistência Social e Obras de Infraestrutura para o financiamento público de campanha. A ideia é muito boa: igualar economicamente todos os candidatos, deixá-los sob um “teto” de receitas e despesas, obrigá-los ao cabresto de recursos, diminuir a possibilidade de se não comprar votos, e quando ricos, não usarem o seu próprio dinheiro, desiquilibrando à disputa e torná-la mais propositiva. Na prática, a realidade é bem outra.
E por que? Porque quando começaram a se articular às alianças por aqui, por exemplo, o que mais se ouviu na cidade – e ainda é argumentação recorrente de convencimento para se descartar ou conseguir apoios – de que as candidaturas concorrentes contra o poder de plantão não decolariam, exatamente porque lhes faltavam musculatura financeira, cooptação de lideranças devido à falta de perspectiva real de se vencer por falta de fôlego econômico. Se há uma limitação de recursos dados pela legislação em vigor, como é que dinheiro pode ser sinônimo de vitória? Alguém é capaz de me explicar o que significa tudo isso? Até o então poderoso PT titular de três mandatos em Gaspar está choramingando pelos cantos. Se ele ganhou uma vez surfando na onda de protesto, ou propositiva como se auto engana, as outras duas fez valer à sua força econômica, à máquina pública à disposição e para cooptação. O PT entende – e outros – entende dessas lágrimas de crocodilo. Simples, assim!
Quem primeiro apresentou a lista de doadores e logo na abertura da campanha? A poderosa coligação que reúne o MDB, PP, PSD, PSDB e PDT. Disse a que veio e já espantou os concorrentes. O próprio candidato Kleber Edson Wan Dall, abriu a fila e colocou do seu próprio bolso, segundo o site do TSE, R$7 mil; os sócios da Color Química que vão instalar a empresa no Distrito do Belchior e ainda não viram o asfalto prometido na Vidal Flávio Dias, R$12 mil e pasmem, a superintendente de Comunicação, a comissionada Amanda Elisa Weber, R$4 mil. Na teça-feira foi a vez do vice Marcelo de Souza Brick, PSD, botar os seus R$7mil e o coringa do prefeito de fato, o procurador geral, Felipe Juliano Braz outros R$5 mil. Os demais partidos, até o fechamento da coluna na quinta-feira não tinham oficialmente revelados os seus primeiros doadores internos e externos. Falta-lhes até gente para preencher os dados no site do TSE, fácil, entendível e transparente. E dizem que vão ganhar. A desigualdade de condições é explícita.
As sandálias de São Francisco de Assis inventadas pelos políticos no Congresso são disfarces intencionais de algo que se vê na quantidade de adesivos, bandeiras, material digital, seu impulsionamento e promoção, cabos eleitorais, negociações de bastidores, “doação” de serviços de modo indireto por prestadores onde nada se comprova como compra de votos. Entre os concorrentes daqui todos sabem das práticas – ou porque testemunham, ou porque recebem denúncias dos seus correligionários - mas ninguém se atreve a colocar o dedo na ferida. É preciso fazer campanha, alegam. Enquanto isso, são encurralados, enfraquecidos e comidos. Todos também sabem que existe uma regra escrita, mas a que vale, é a que não está escrita, do mais forte e por quem domina o cenário político há décadas. Do outro lado, os sonhadores, pensam em fazer campanha programática propondo mudanças, mas sem dinheiro e padrinhos. Então, vão morrer pagãos e nada vai mudar. Acorda, Gaspar!
Esta foto do 16.09.2016 é um divisor de águas. É o lançamento da candidatura do vereador Ciro André Quintino, no Canarinhos. O MDB barrou a entrada do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt para não se encontrar com Kleber Edson Wan Dall no palanque. Humilhante e sem alternativa, Adilson foi ajudar a campanha de Marcelo de Souza Brick, PSD, hoje com o MDB. Adilson, separado da Jaqueline, filha do ex-prefeito Osvaldo Schneider, o Paca, diz que vai participar ativamente da campanha e desta vez, sem amarras familiares. Diz que não fez a escolha. MDB, PP, PSD e PSDB não o querem. Adilson prefere o diabo ao PT. O DEM desfiliou-o desrespeitosamente. Então... Na área de comentários desta coluna no portal Cruzeiro do Vale, o mais acessado e acreditado, publico uma longa carta dele sobre seus dilemas.
O limite financeiro de campanha de vereador em Gaspar é de R$19.609,39. E tem gente fazendo campanha de governador com essa merreca?
A pandemia de Covid-19 mostrou o quanto se rouba na área da Saúde Pública no Brasil. É maracutaia e gente presa todos os dias. Bilhões. Usa-se a emergência, a urgência e especificidade para burlar a Lei das Licitações.
Neste rolo estão as Organizações Sociais que administram para os políticos os hospitais públicos ou sob intervenção. Entende-se agora, a razão deles e dos gestores - que agem como máfia - em não dar transparência e de processar quem tenta esclarecer nas redes sociais e na imprensa, principalmente, o que está oculto. Muita coisa poderosa em jogo.
São duas coisas diferentes: contribuição partidária de comissionados que ganham “vagas” nas administrações públicas e as tais rachadinhas. A contribuição partidária tem regra, tem recibo e prestação de contas. Está no estatuto do partido. Se não for assim, é ilícito, é por fora, é rachadinha.
Em Gaspar, Osnildo Moreira, que já foi comissionado do MDB, vem denunciando nas redes sociais a cobrança indevida de pedágios aos comissionados na prefeitura. Está o maior bafafá.
Simples. Enquanto Osnildo não for ao Promotor Eleitoral da Comarca e apresentar todas as provas que ele diz possuir ficará desacreditado e poderá ser punido.
Agora, o prefeito Kleber arrumou candidatos buldogues para protege-lo e enfrentar gente como o Osnildo e outros adversários. No vídeo que um desses buldogues despreparado e sem crédito fez, afirmou com todas as letras, que não existe mais rachadinhas no atual governo. Não entendi! Então existia?
Cada coisa I. O DEM não abria ser cabeça de chapa com o PL e para isso fez a interlocução em paralelo. Na hora da verdade duas constatações: conseguiu registrar apenas três vereadores. O candidato a prefeito, a vice e o presidente do partido são especialistas em TI. Até o fechamento da coluna na quinta-feira, no site do TSE, o DEM era o único sem link de site dos candidatos e partidos.
Cada coisa II. O candidato do PSL, o funcionário público e sindicalista Sérgio Luiz de Almeida, registrou em cartório que se eleito cortaria o salário dele pela metade. Eu publiquei, mas com a observação: de que deveria propor a renúncia se não a cumprisse. Ele disse que reformaria o documento. Até fechamento da coluna, nada!
Cada coisa III. Outra que os candidatos devem esclarecer aos seus eleitores antes de 15 de novembro: quem vai de fato mandar no governo se eleitos: o presidente do partido, a mulher, o marqueteiro, o financiador, o sujeito oculto...
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