08/06/2020
Para uma guerra não valem apenas as armas, mas principalmente a estratégica e comando.
Quando o governo Kleber perdeu a credibilidade sobre o que se relatou oficialmente na CPI?
Quando animou uma maioria para vencer no tapetão. Ou ele ignora que na cidade não se sabe o que ele e sua turma armaram para desconstruir o que foi apurado?
Numa guerra não basta vencer. É preciso ser reconhecido como vencedor
A CPI das supostas irregularidades nas obras de drenagem da Rua Frei Solano, no Gasparinho, é uma página virada no ambiente legislativo de Gaspar. Pode dar pano para mangas ainda na Polícia, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado, mas isso não é para agora. Os vereadores já estão pensando nas eleições, pois ao que parece, a Justiça Eleitoral está resistente em adiar as eleições deste ano, com todo o lobby de deputados, senadores, prefeitos e vereadores.
Os leitores e leitoras deste espaço também souberam de tudo, em detalhes, da CPI e praticamente só aqui, infelizmente. Quem replicou alguma coisa desta coluna, foi o Miro Sávio, na Vila Nova FM.
Hoje, volto ao tema, mas não exatamente para mostrar os depoimentos e as controvérsias próprias de uma CPI - vide o que está acontecendo na Assembleia Legislativa referente aos respiradores fakes para as UTIs de Covid-19, que a equipe do governador Carlos Moisés da Silva, PSL, comprou, pagou uma baba antecipadamente e até agora, não os têm disponíveis para os doentes. A segunda fase da Operação O2 (de Oxigênio) da Deic, Ministério Público e Tribunal de Contas botou gente na cadeia no sábado. E acendeu alguns alertas pelo estado.
Este documento que reproduzo com este comentário, mostra à razão destas linhas. É o ofício do gabinete do líder de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Francisco Solano Anhaia, MDB, datado de 26 de maio – exato último dia da CPI -, ao presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB.
Ele é a prova de que não sobrou nenhuma dúvida da manobra bem sucedida que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, com o prefeito de fato, presidente do MDB, ex-coordenador de campanha de Kleber e secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira, engendrou contra a CPI
O que diz o ofício? Que o bloco partidário MDB/PDT/PP/PSDB estava extinto. O que no fundo e de verdade diz este ofício? Está encerrada a manobra regimental e legal montada para enterrar a CPI, como de fato ela foi. O que de fato diz este ofício? Que a situação deu um banho de estratégia na majoritária oposição. Ela foi com sede ao pote e quando o alcançou, ele não conseguiu beber a abundante água que estava nele. Restou à oposição expor as mazelas e cozinhar o galo, para pelo menos ter tribuna, palanque e discursos até as eleições.
INGENUIDADE INCOMUM
Quando se tinha certeza de tantos erros nas obras da Frei Solano e que se tinha maioria para compô-la, a oposição liderada pelo PT, PDS e PSC protocolou a CPI. Achava que precisava de cinco vereadores para isso. Arrumou os cinco. Os três do PT, um do PSD e outro do PSC.
Descobriu-se mais tarde que eram necessário apenas quatro. Era um sinal que estavam mal informados ou articulados. Mas, desdenharam.
Em seguida, achava na oposição que a CPI seria composta por cinco titulares, mas olhando o regimento, de verdade, descobriu-se depois, que eram só quatro titulares e dois suplentes para cada lado. Era outro sinal da falta de preparação.
Eram maus sinais. E foram.
O PT tinha três vereadores, o PSD dois e o PSC dois, teria a maioria dos 13, ainda mais que o presidente da Câmara, Ciro André Quintino não contaria no coeficiente do MDB. Em tese o MDB teria dois vereadores, o PSDB e PDT um cada e o PP, nenhum.
Se unida em bloco, a oposição ficaria em qualquer conta (cinco ou quatro vereadores na CPI), com três vagas.
Mas, quem fez o bloco foi a minoritária situação apoiadora de Kleber.
Isso é articulação, é estratégia, é usar a norma a seu favor, mesmo que isso exija explicações, perda de votos e desgastes mais tarde, como está trazendo. E com isso, o grupo de Kleber empatou o jogo com a oposição: cada um teria direito a indicar dois titulares e um suplente. O PP que não tinha vereador, passou a ter: o suplente José Admir de Moura num ato relâmpago, saiu do PSC, assinou no PP. E sumiu para sempre do mapa e da Câmara, como se tivesse sido tragado pela pandemia.
Quando chegou na hora da formação da CPI, os dois vereadores indicados pelo bloco do vereador Kleber, Francisco Hostins Júnior, MDB, e Roberto Procópio de Souza, PDT, advogados, declinaram da presidência da CPI.
E porque fizeram isso? Gentiliza? Não! Porque presidente não vota e o lado que cedesse o vereador à presidência da CPI ficaria sem condições de vencer qualquer votação na CPI. Por isso, a oposição, também, tardiamente, se negou à presidência da CPI. Mas, não teve jeito.
Criado o impasse, o regimento resolveu mais uma vez a favor de Kleber, pois os vereadores dele já sabiam disso: o mais idoso dos quatro tinha a obrigação de assumir. E “sobrou” para Dionísio Luiz Bertoldi, PT. E como “consolo”, Kleber até permitiu que Cícero Giovane Amaro, então no PSD, hoje está no PL, fosse o relator.
Afinal, Kleber tinha os votos na CPI para fazer de tudo no relatório da CPI, como realmente fez, quando quis.
Finalizado a CPI, é de se perguntar como a oposição – com o experimentado e combativo PT - foi tão ingênua nesta questão a tal ponto de perder a maioria razoavelmente folgada que tinha? A CPI ficou condenada antes mesmo de se iniciar. E para completar, no decorrer dela, um dos autores, o vereador Silvio Cleffi, saiu do PSC e foi dar no PP, e se tornou situação onde nascera. E como tal, chegou a dar quórum para reunião da CPI feita à revelia do presidente nos momentos finais e nervosos quando se preparava o relatório do vereador Cícero e que foi, cirurgicamente modificado pelos dois votos majoritários do governo Kleber, como mostrei em detalhes na coluna da segunda-feira passada.
Qual era o título de abertura daquela coluna? “O governo de Kleber canta vitória na CPI das irregularidades na drenagem da rua Frei Solano, no Gasparinho. A oposição também. O certo é que o assunto não terminou. Virou debate político-eleitoral”.
Kleber não solta foguetes com a vitória que teve no tapetão. E por que? Porque não conseguiu verdadeiramente uma vitória na CPI. Ela será para ele um zumbi nas eleições e principalmente depois dela. Acorda, Gaspar!
NOTAS SOLTAS SOBRE A CPI
Tão logo a CPI terminou, num jogo de cena, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, mandou asfaltar a metade do percurso da Rua Frei Solano. Por que ele não asfaltou antes? Primeiro porque esqueceu de fazer a licitação do asfaltamento. Segundo, por birra e para dar prejuízo político aos autores da CPI, principalmente a Dionísio Luiz Bertoldi, PT, que possui reduto lá.
E por que a outra metade do percurso da Rua Frei Solano não vai ser asfaltada tão cedo? Não aconteceu ainda licitação. Pior: agora, Kleber admite que falta dinheiro para tal. Simples assim!
Na última sessão, o vereador Cícero Giovane Amaro, PL, pediu desculpas pelos eventuais excessos na CPI. Alegou que esses excessos seriam resultado da pluralidade do ambiente legislativo e investigativo.
Cícero não citou nomes, mas deveria estar se referindo ao vereador Francisco Hostins Júnior, MDB, e que está ameaçando de processá-lo e até colocá-lo do pelourinho da Câmara por falta de decoro. Resta saber se Hostins concorda com Cícero.
O que é feito do engenheiro fiscal do Samae, Alan Jones Mores, escolhido para fiscalizar as obras da Rua Frei Solano. Foi embora? Anunciei aqui que ele aprontava as malas antes de depor onde foi depois se postergar uma vez. Pego no contrapé, qualificou o Cruzeiro do Vale, de jornalzinho.
Se ele não se cuidar, será o boi-de-piranha de tudo isso. E se ele precisar de um jornalzinho para esclarecer a armação, este será o único. Nada como um dia após o outro.
Impressionante são as fotos – e acima está uma delas - da perícia técnica na tubulação da drenagem da Rua Frei Solano. Água é preta, fedida e quase pastosa. Ou seja, esgoto no seu estado puro contra a saúde dos gasparenses e poluindo o Rio Itajaí Açú.
Em três anos e meio, nada do governo Kleber e do Samae do vereador José Hilário Melato, PP, implantarem o esgoto sanitário para os bairros Santa Terezinha, Sete e Coloninha. Já projeto deixado pelo ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT. O dinheiro federal também já estava “liberado” em Brasília, para onde o prefeito Kleber ia todos os meses até o início da pandemia da Covi-19.
A CPI da drenagem da Frei Solano terminou sem o depoimento do engenheiro Vanderlei Schmitt, que concebeu o projeto, sem a perícia para provar a mudança na técnica construtiva; e o depoimento da engenheira fiscal da prefeitura, Mariana Andressa Bernardes, no caso da Engeplan corrida daqui, foi por escrito.
O engenheiro Ricardo Paulo Bernardino Duarte, como interveniente da prefeitura de Gaspar no debate técnico final, quis, por várias vezes, desqualificar as argumentações do presidente da CPI, Dionísio Luiz Bertoldi, PT, no seu peculiar sotaque de descendente de italianos. Implicou com a palavra “ferinhos” (com um “r” mesmo) muito pronunciada por Bertoldi.
Melhor que a encomenda. Vista com temor pela situação, foi a empresa técnica Dinâmika, foi quem serviu de tábua de salvação para os de Kleber. Tanto que nos pronunciamentos, os representantes de Kleber usam a “neutralidade” dela, naquilo que não pode comprovar, como fator de inocência. É que a Dinâmika, foi impedida à perícia do que está enterrado.
Em ofício enviado à Câmara, o MP recomenda ao presidente rever a Lei aprovada em 2018
A “genialidade” e à serventia do ex-secretário de Planejamento Territorial, Alexandre Gevaerd, para atender às demandas políticas e parcerias do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, começam a ficar expostas. E antes das eleições, naquilo que sensível para a campanha: as parcerias com os investidores e apoiadores do seu governo.
O primeiro Plano Diretor de Gaspar feito e aprovado pelo governo do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, eleito pelo MDB, deveria ser revisado no máximo em 2016. Mas ele foi abatido em pleno curso pelo ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, devido as aberrações propostas pela Iguatemi e que a equipe de Zuchi não acompanhou adequadamente durante a elaboração. Ela foi feita praticamente em escritórios em Florianópolis e longe das comunidades daqui, fortemente afetadas por ele.
Zuchi deu um jeito de não meter a mão nessa cumbuca e resolver o assunto as vésperas das eleições. Não queria prejudicar o seu candidato e secretário de Obras, Lovídio Carlos Bertoldi, na corrida pela permanência do PT na prefeitura. Zuchi como Kleber agora, também não quis contrariar apoiadores desgostosos com o que a Iguatemi prescreveu para a cidade. Não adiantou. Zuchi e Lovídio perderam.
Kleber, por sua vez, instalado no poder, cumprindo uma obrigação e uma necessidade que já sabia desde as eleições, resolveu fatiar a revisão do Plano Diretor e que é uma peça integral.
E por que fez isso? Para não causar polêmica, atender a interesses prioritários para seu plano de obras e parcerias em que se estabeleceu. Não seguiu o rito determinado pelo Estatutos das Cidades que orienta às revisões dos Planos Diretores dos municípios Em Gaspar já se passaram quatro anos do seu “vencimento”, e ele ainda continua incompleto.
UMA REVISÃO POSTERGADA, CAPENGA E DEFEITUOSA
No que foi “revisado”, “atualizado”, “ampliado”, e “inventado” como mostra o Ministério Público, as audiências, mínimas do mínimo, foram feitas para inglês ver e atender apenas à legislação que impossibilite a anulação do que foi aprovado na Câmara. Nem mais, nem mais.
O resultado disso tudo está aí. E estou de alma lavada, mais uma vez. Nada como um dia depois do outro para desvendar os poderosos que querem a imprensa que não está a serviço do poder de plantão, calada, humilhada, censurada, constrangida e desacreditada. Há vários artigos sobre estas polêmicas e dúvidas da revisão do Plano Diretor escritos por mim nos últimos cinco anos.
São assuntos ásperos, técnicos que não interessam à leitura da maioria dos cidadãos. Entretanto, eles mexem com o futuro, interesses e resultados da cidade.
Agora, parceiros e investidores do governo próprio Kleber e que acreditaram no “bom negócio” que faziam, baseado em legislação aprovada na Câmara de Vereadores, onde a equipe técnica não conseguiu “enxergar” ilegalidade e inconstitucionalidade, estão com seus investimentos sob suposto comprometimento.
“Mui amiga” essa gente do atual governo de Gaspar. Apostavam no corpo fechado e a atuação fragilizada do MP no âmbito da probidade, constitucionalidade e meio ambiente. Esticaram a corda mais uma vez e ela pode arrebentar justamente contra quem acreditou em políticos.
E foi a área do meio-ambiente no Ministério Público que viu os defeitos do Plano Diretor e barrou esta lei exótica criada por Kleber, o experiente Gevaerd e os “çabios” que se estabelecem na prefeitura em cargos comissionados, como uma administração “eficiente”, “transparente” e que “avança”.
O QUE QUER A PROMOTORIA
Resumindo: a promotora Lara Zapelini de Souza no ofício que mandou a Câmara no dia 21 de maio e alvoroçou o Paço, apesar dele ter ciência do problema fazia tempo, deu três informações e fez uma recomendação.
A primeira informação é de que “a Lei 3.926/2018 que alterou o Plano Diretor afronta a Lei Estadual 17.492/2018”. Ela prevê que 35% da área de loteamentos e não 20% como quer Gaspar para a área verde.
A segunda, textualmente a promotora Lara afirma no documento “esta Promotoria não exará parecer favorável em futuros registros de Parcelamentos do Solo que dispensem a destinação dos 35% de área pública, o que causará prejuízo aos particulares que doarem seus imóveis crentes que serão futuramente beneficiados com a isenção da lei municipal”.
E terceiro, ela afirma que está recorrendo em acordos de desapropriação deste tipo que a prefeitura fez com investidores gasparenses, na única parte que avançou de verdade até agora no Anel Viário da cidade, mote a propaganda de Kleber como o realizador de grandes obras para a cidade.
Já a recomendação da promotora Lara à Câmara, instituição que avalizou à lambança do Executivo e coloca os investidores em situação delicada, os quais teriam apostados pela cidade, é de que se modifique a Lei em vigor. E para que? Para ela se adequar as legislações estadual e eventualmente à Federal sobre o assunto. Simples assim!
E a promotora dá duas sugestões de emendas à Lei de Kleber e Gevaerd aprovadas pela Câmara: “A) com relação ao disposto no art 40, 3º, II, do Plano Diretor de Gaspar, adicione a ressalva que a soma da área destinada ao anel viário mais os 20% da área pública a ser destinada em caso de loteamento futuro da área remanescente deve totalizar, no mínimo, 35% da área total do imóvel (metragem original anterior à doação para o anel viário), devendo haver complementação em caso de insuficiência; B) revogue o disposto no art 40,. 3º, II, do Plano Diretor, uma vez que ilegal e inconstitucional a dispensa”.
O QUE ESTÁ EM JOGO?
O que vai acontecer, agora? Um jogo de empurra, ao menos até as eleições de outubro. O presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, que virou garoto propaganda da reeleição de Kleber depois de ameaçar sair do MDB, vai jogar a bomba de volta no colo de Kleber e sua equipe. Instado a falar sobre este assunto ficou em obsequioso silêncio até a finalização desse texto. Sintomático.
Afinal não foi Ciro que inventou esta lei, ele não era o presidente – era Silvio Cleffi, então no PSC – no tempo da tramitação dela na Câmara. Ciro, apenas deu o voto favorável ao projeto que passou pela equipe técnica da Câmara para que os vereadores não votassem em algo ilegal e inconstitucional.
Resultado, faltou combinar com os russos como a atento Registro de Imóveis de Gaspar que não quer passar o mesmo recibo como fez a Câmara. E acionado a se posicionar, agora o Ministério Público tomou as providências e que podem levar até a um acordo.
A tendência de Kleber é de informar que vai estudar este assunto e assim ganhar tempo, mas apostará tudo que se enrole no judiciário enquanto ele tenta a reeleição.
Os investidores, por sua vez, farão a parte deles para se salvarem num acordo e até mesmo indiretamente, à pele de Kleber, alegando, que só fizeram o negócio com a prefeitura, porque havia uma lei que os amparavam. Ou seja, estavam de boa-fé.
E assim, se espera ao menos um acordo para o que já foi feito, num Termo de Ajustamento de Conduta, como já aconteceram em outros casos por aqui. Já os futuros acordos estariam inviabilizados diante da mudança a ser feita pela Câmara, pedida pela Promotoria Pública Estadual.
Se não fosse um grande acordo em torno do tema, o certo seria o MP enquadrar desde logo o autor da lei e quem a sancionou, ou seja, o Executivo Municipal e mandar Kleber mudar a lei, remetendo para a Câmara a correção.
Mais: deveria fixar um prazo nisso tudo, informando que estava uma Ação Civil Pública na ponta da agulha. Da forma que está, cada um faz a sua parte, ao tempo que der, passa-se a régua no passado, e o futuro fica riscado do mapa nessa modalidade. Foi assim em outros casos, porque não seria agora? E sabe quando isso começa a dar errado? Quando as desapropriações são feitas no judiciário que os sela em segredo de Justiça. Acorda, Gaspar!
O ex-prefeito Adilson (à esquerda) poderá estar fora do pleito de outubro. O presidente do DEM local, Paulo Filippus (ao centro) cancelou a filiação, que havia sido acertada com João Paulo Kleinubing (à direita).
O ex-prefeito de Gaspar, Adilson Luiz Schmitt (2004-2008), que foi eleito no MDB, passou pelo PSB e PPS, ficou sem filiação partidária por anos, no fechamento da janela de oportunidade neste dia quatro de abril, com aval da executiva estadual, representada pelo ex-prefeito de Blumenau e deputado Federal, João Paulo Kleinubing, filiou-se no DEM. Ele não está mais filiado. A desfiliação compulsória aconteceu na sexta-feira dia cinco de junho e foi feita pelo presidente da Comissão Provisória no partido em Gaspar, o suplente de vereador Paulo Filippus, cujo reduto eleitoral é no Distrito do Belchior.
Ele próprio anunciou isso na área de comentário da coluna no portal Cruzeiro do Vale, o mais acessado de Gaspar e Ilhota. Eram 18h45min das sexta-feira quando Filippus postou o seguinte texto:
“Informo que me causou espanto a informação de que o Sr. Adilson Schmith estaria filiado ao nosso partido, o DEM, em Gaspar. Até porque, enquanto atual presidente, fui eu quem teve de assinar todas as fichas dos nossos novos filiados, pré-candidatos ou não, e não filiei ele.
Mas antes de desmentir aqui, fui verificar a lista oficial do partido e descobri que ele se filiou SEM NÓS SABERMOS, fez diretamente com a secretaria estadual do partido.
Independente do modo que fez, enquanto presidente eu acabo de DESFILIA-LO na data de hoje, 05/06/2020. Se ele realmente tinha planos de correr nesta eleição, deveria antes de mais nada ter nos convencido, e não tentando passar por cima da executiva municipal.
Eu nunca poupei criticas a politico algum, inclusive do meu próprio partido, e não será diferente agora. E justamente por isso não aceitarei carteirassos como esse. Não interessa qual seja o tamanho da afinidade da pessoa seja com o político que for, do partido que for, incluindo o qual faço parte.
Aristóteles já dizia, ‘Um homem que se curva não endireita os outros’. Esse sempre foi e continuará sendo meu lema. Então sob a minha supervisão essas coisas não vingarão em Gaspar”.
Consultei o Adilson. Ele economizou: “minha desfiliação. Este assunto está encerrado. Estou passando por um momento difícil na minha vida... Espero que entenda. Fui em quem pediu”. Opa! Alguma coisa não bate. Aliás muitas coisas não batem.
A primeira é que Filippus disse textualmente que ele tomou a iniciativa e a demonstrou; mas Adilson diz que a decisão foi dele. Segundo, desde o dia quatro de abril os meus leitores, leitoras e a cidade sabia que Adilson estava no DEM. Mesmo que não soubesse por aqui, por outras fontes, Filippus um hábil na ciência da computação e redes sociais, como presidente da Comissão Provisória não conseguiu em dois meses entrar no sistema para saber quem está filiado no DEM em Gaspar?
Ai, ai, ai. Se não controla o que é de sua alçada, Filippus vai ser surpreendido outras vezes até outubro.
Outra. A senha para a desfiliação de Adilson na sexta-feira, foi dada num comentário postado as 14.31 da mesma sexta-feira por um suposto leitor da coluna “chamado”, Renato, com o IP 162.158.193.203. Ele foi rastreado como hospedado na Cloudfare, na Virgínia, nos Estados Unidos, com a seguinte informação: “O DEM vai ter como candidato a prefeito, o ex-prefeito e veterinário Adilson Schmitt, ele se filiou ao DEM no dia 04/04/2020. Ele não afirmou que não mais se filiaria a qualquer partido? E a sua irmã se filiou ao PL? Família desunida esta...Quando ele era prefeito seu irmão era secretário e do PSDB”.
O que significa isso? Tudo e nada! Pode significar que a nota acima é um pretexto para Filippus ter agido em dobradinha ou então, que comeu a isca de alguém que não quer ver Adilson filiado e com possibilidade de volta ao cenário político. E quem não quer isso em Gaspar? Muitos, mas, principalmente o MDB e o poder de plantão na prefeitura. Simples assim também. Aliás a tática de usar IPs fora do Brasil não é nova por aqui. Uma técnica de quem entende de fake news, invasão de sites e até de dados públicos.
ARTICULADOR
A cidade inteira soube que Adilson passou os meses deste ano articulando politicamente hora a favor do PL, hora a favor do DEM. Filippus sabia disso. Kleinubing sabia disso. Lideranças comunitárias e políticas sabiam disso. Eu sabia disso.
No fundo, no DEM, Adilson se preocupava em fechar a porteira do DEM para o empresário Luiz Nagel, antigo presidente do partido por aqui e vice-prefeito de Adilson, numa eleição que perderam não só a eleição, mas a amizade entre eles, incluindo a vereadora Andreia Simone Zimmermann Nagel, hoje no PL. Nagel, já há muito tempo tinha decidido deixar a presidência do diretório. Ele passou ao vice Welligton Carlos Laurentino, o Lelo Piava, suplente de vereador e que continua vice na nova comissão provisória. Preferiu os seus negócios.
Adilson mais uma vez caiu na própria armadilha que arrumou contra ele próprio lá quando foi prefeito e denunciou os interesses de poderosos da cidade. Desde então, esse pessoal e o MDB, não o deixam em paz e não lhe dão a chance de voltar. É um castigo sem fim. Ele tem sobrenome e endereço. E a Gaspar inteira também sabe.
Adilson é um bicho político por natureza. E faz isso quase de forma natural. Mas possui uma coleira amarrada no passado que o limita nos seus movimentos políticos.
A AÇÃO DE FILIPPUS
O DEM em Gaspar se tornou o reduto dos bolsonaristas raízes. Nem se trata serem de direita, conservadores e até defensores de políticas econômicas liberais. O DEM é o trampolin de uma maioria para o “Aliança pelo Brasil”, dos Bolsonaros e que não pode se constituir antes das eleições. E neste contexto deve se enxergar o expurgo de Adilson do partido.
Sobre o espanto de Filippus, já esclareci. O que espanta de verdade é ele declarar esse desconhecimento com dois meses de atraso. A atitude de Filippus é no estilo bolsonarista. Foi lá na internet, como mostro os frames abaixo, pau-pum e ressetou a inscrição de Adilson no mundo virtual.
Se Adilson quiser, conforme apurei com um advogado que conhece do riscado e com um ex-dirigente do partido, é preciso ter assembleia regularmente convocada, ata e tudo mais. E agora, com o passo unilateral e autoritário de Filippus, por decisão judicial, Adilson não só fica no partido como pode até reivindicar a vaga a candidato, alegando perseguição pessoal e política.
Filippus mostra a que veio: ele é o dono do DEM em Gaspar e ponto final. Resta saber se isso vai prosperar num suposto isolacionismo regional e estadual. O MDB, PP, PSDB, PDT e até o PSD torcem nesta divisão para continuar no poder. Filippus é uma escolha de Kleinubing. Ambos sabem o que estão fazendo. Então... Acorda, Gaspar!
As reproduções, mostram o ato de desfiliação feita na sexta-feira à noite pelo Filippus pela internet.
O que apareceu neste fim de semana nas redes sociais, sites, rádios do litoral e principalmente nos aplicativos de mensagens? O que esta coluna já revelou várias vezes e foi duramente criticada pelo poder de plantão, ou seja, a troca de favores políticos por votos, aproveitando-se da falta de veículos de comunicação em Ilhota, bem como as mentiras como justificativa para atos impróprios, além da pressão e constrangimentos exercidos contra adversários e cidadãos para que nada disso as autoridades competentes.
Dois áudios de um suposto cabo eleitoral de oportunidade do vereador Almir Aníbal de Souza, MDB, e que estava vagando por Piçarras, prometeu-lhe “não se largar nunca e colocar uns 300 votos nas suas costas”. O cabo já aproveitaria estar no litoral e compraria por “uns 220 real”, caibros e sarrafos de telhado” para atender um outro eleitor. No áudio, a parceria favoreceria também à reeleição do prefeito Érico de Oliveira, MDB, na troca de favores. Cada coisa!
O vereador e o prefeito, como sempre, estão fechados em copas.
Almir alega que seu telefone teria sido clonado, ou seja, não desmente os áudios. Mas os áudios foram compartilhados pelo número do celular do próprio vereador às 14h29 minutos do sábado, dia seis. E não há Boletim de Ocorrência que demonstra o roubo ou a perda do telefone do vereador bem como das senhas para entrar nele. Além do que, o vereador foi acessado neste número de telefone até ontem, quando fechei este texto.
Na verdade, as mensagens com os áudios teriam sido enviadas de forma equivocada pelo vereador para um grupo no whatsapp estranho ao relacionamento de Almir e do interlocutor desta negociata eleitoral, um empreiteiro que estaria trabalhando no bairro Vila Nova na construção de casas e que precisaria de drenagens do ente público para entregar o seu negócio particular aos investidores e compradores.
Não vou detalhar as conversas contidas nos áudios e que estão abaixo para serem acessados. Eles falam por si só. Eles mostram como funciona a política por aqui e como ela se arma e vai se repetir em outubro, com o velho método que nunca é apanhado pela Justiça Eleitoral. Este caso, pouco poderá ir além de expor e comprovar o método.
Almir, funcionário público e ex-presidente da Câmara está salvo. Esta denúncia só teria implicações eleitorais, se ele tivesse registrado o seu nome para concorrer novamente a uma vaga política. Mas, como funcionário público, pode estar tipificado o crime de prevaricação entre outros.
Correção. A nova secretária de Assistência Social de Gaspar, Silvania Janoelo dos Santos, não é efetiva como informei na coluna de sexta-feira, feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale.
Ela é apenas mais uma comissionada a inchar a estrutura de governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, em tempos de crise econômica e que o próprio prefeito prometeu reduzi-la em março quando indicou os interinos. Aos meus leitores e leitoras, as desculpas por mais este erro. Virão outros, os quais sempre explicitarei em nome da transparência.
Silvânia, ex-Conselheira Tutelar, evangélica, psicóloga nos abrigos, é originária no ambiente público desde o governo de Adilson Luiz Schmitt, eleito pelo MDB. Ela é reconhecida como excelente profissional entre os seus.
Entretanto, os servidores efetivos da secretaria de Assistência Social estão quase que rebelados. É que ela, segundo eles, está interferindo tecnicamente nas decisões profissionais para livrar a cara do governo Kleber. Ou seja, o mesmo papel que desempenharam os indicados políticos para a titularidade da pasta, Ernesto Hostin e Santiago Martin Navia.
A melhor reportagem da semana passada foi exposta pela Rede Record. E foi sobre como hoje se estabelecem às redes de fake news no centro das intrigas políticas. O material exposto revelou como é o modo de gestão, operação e contra- informação da deputada Federal por São Paulo e PSL, Joice Hasselmann.
Ela é jornalista, radialista e uma das ferrenhas defensoras da CPMI da Fake News no Congresso Nacional, exatamente por conhecer as entranhas da máquina de comunicação do bolsonarismo. Eleita na onda Bolsonaro, tornou-se líder do governo no Congresso, mas da briga do PSL, ela se virou adversária. E foi cremada por isso pelo clã dos Bolsonaros e os bolsonaristas.
O tiro pela culatra no bolsonarismo foi alimentado pelos próprios ex-assessores da deputada. E o Brasil ganhou ao ver como tudo isso funciona, num exercício quase bandido.
A intenção da reportagem Record, alinhada do clã Bolsonaro – alvos da CPMI - era o de mostrar que Joice não é nenhuma santa neste assunto que o clã domina bem. A reportagem, mostrou no exemplo explorado e praticado por Joice, apenas como essas redes existem e agem como se fossem máfias, contra a reputação alheia, incluindo os próprios jornalistas e o jornalismo investigativo.
Quase todas redes de fakes news, por incrível que pareça, é sustentada por grupos de políticos e com dinheiro público destinado a partidos ou gabinetes de parlamentares. As redes de fake news se transformaram em máquinas dissimuladas de informações e agressões, via nas redes sociais e aplicativos de mensagens, manipulando analfabetos, ignorantes, desinformados e principalmente, estimulando e usando para replicação gratuita, uma malta de beócios fanáticos.
A respeito disso, bem resumiu no twitter, apresentador Luiz Ernesto Lacombe, da Rede Band na sua conta de twitter: “fascistas contra o fascismo. Racistas contra o racismo. Cientistas contra a ciência. Produtor de “fake news” contra as “fake news”... A lista de hipócritas, mentirosos, dissimuladores, egoístas e oportunistas é enorme”. Contra essa gente, só jornalismo. Por isso, tanto teme.
O experimentado agente Pedro Silva, da Ditran, marido da ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar, Sintraspug, Lucimar Rosanski Silva, está no exílio e disponibilizado no pátio AC Kar feito para veículos apreendidos da cidade, lá no Gaspar Grande. Tudo para ficar longe do pau velho em que está metida a Diretoria.
Na semana aconteceram dois fatos e um deles foi dar em Boletim de Ocorrência na delegacia de Gaspar. Primeiro, o vice-prefeito Luiz Carlos Spengler Filho, PP, que é agente e está afastado da função, fez circular desabafo num aplicativo de mensagens entre os próprios agentes. Normal. É do jogo.
Spengler estava inconformado com um requerimento vereador Cícero Giovane Amaro, PL. Nele, o vereador que é funcionário público municipal como o vice, pede explicações sobre as lotações na Ditran. Para o vice-prefeito, Cicero e Silva são da oposição e como tal, estão querendo prejudicar o governo de Kleber. Balela. É só responder o indigesto requerimento.
O segundo fato, é que alguém, supostamente de Gaspar, mais uma vez, usando IP registrado nos Estados Unidos, citou uma desavença havida no pátio da AC Kar, no momento da liberação de um veículo apreendido. O fato aconteceu horário do agente Silva. E isso deu motivo para BO de Silva. Ora, se não foi o envolvido que fez o comentário na área específica da coluna, foi alguém com interesse de prejudicar o agente Silva. E Silva quer saber quem.
Atirou no que viu e pode ter acertado no que não viu. A segunda fase da Operação Oxigênio – que apura os responsáveis pela compra milionária dos respiradores para o governo do Estado - prendeu seis pessoas no sábado. Mas, durante a semana passada, por autorização judicial da Comarca de Gaspar, foram apreendidos testes para a Covid-19. O assunto está em segredo de Justiça, mas deverá ter desdobramentos. Há muita gente nervosa na cidade.
A Operação Oxigênio está sendo liderada pelo Ministério Público Estadual, Tribunal de Contas do Estado e pela Deic – Delegacia Especial de Investigações Criminais ligada diretamente ao Delegado Geral de Polícia, o gasparense Paulo Norberto Koerich, hoje coordenador do comitê estadual de segurança – equivalente a secretário do Estado. Foi o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, quem mandou Koerich investigar e dar apoio operacional, doa a quem doer.
A gasparense Pacopedra recebe hoje a autorização para iniciar as obras de duplicação da Ponte Adolfo Konder, em Blumenau, aquela que liga a Avenida Beira-Rio e a Rua República Argentina, na Ponta Aguda. A Pacopedra tem se destacado em obras de infra-estrutura e engenharia de porte na região. Isso aconteceu depois que ela se retirou da dependência no setor público gasparense.
Pensando bem. Há 20 anos seguidos que Gaspar é governada pelo MDB ou pelo PT. Antes tinha mais graça e alternância. Teve o PFL do Luiz Fernando Poli, o PP de Tarcísio Deschamps e até o nanico PDC de Francisco Hostins, egresso do PP. Na interinidade, teve ainda o PTB, Andreone dos Santos Cordeiro.
O governador Carlos Moisés da Silva, PSL, esteve aqui em Gaspar em um “retiro” particular no Fazzenda Park Hotel. Ele pretendia ficar longe dos holofotes dos ilhéus depois de uma semana estressante com CPI na Assembleia e a segunda fase da Operação Oxigênio. Elas pretendem desvendar como se deu a compra dos milionários respiradores para tratar doentes catarinenses contra a Covid-19
Não deu certo. O cantor Rick, hospedado no hotel, foi dar uma “palhinha”. E no palco anunciou a presença do governador no ambiente no jantar com motivos juninos.
Um vídeo feito de longe por um hóspede, correu o estado. Ele mostrava o governador no jantar, sem máscara, conversando com hospedes e se percebia, no vídeo, uma aglomeração que não é permitida pelo próprio decreto governamental.
Essa exposição obrigou o governo do estado e o próprio Hotel a se explicarem em notas. Afinal, Carlos Moisés é um ente público exposto e como tal deve dar exemplos. Nas cerimônias oficiais ele tem sido impecável. Em tempo: O PSL de Gaspar e o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, nada sabiam sobre a presença particular do governador por aqui.
Turismo bolsonarista. Quem esteve em Brasília – enrolado na bandeira de Gaspar e brasileira - para participar dos atos pró-governo Jair Messias Bolsonaro, sem partido, foi o bolsonarista de carteirinha, Demetrius Wolff, filiado ao DEM (fotos abaixo), e de onde pretende ser candidato a vereador.
Ele esteve na porta do Palácio Alvorada, e como registra um vídeo que Demetrius divulgou nas redes sociais no domingo, ele informou o presidente da República da prisão do secretário Douglas Borba e sobre os gastos dos R$33 milhões para respiradores não entregues em Santa Catarina. Bolsonaro classificou isso como parte do “Covidão”. Demetrius lidera a formação do “Aliança pelo Brasil”, em Gaspar.
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