Quando a majoritária oposição na Câmara ao governo Kleber perdeu o controle da CPI sobre as supostas irregularidades nas obras de drenagem da rua Frei Solano? - Jornal Cruzeiro do Vale

Quando a majoritária oposição na Câmara ao governo Kleber perdeu o controle da CPI sobre as supostas irregularidades nas obras de drenagem da rua Frei Solano?

08/06/2020

Exatamente quando pensou nela.

E ali se comportou ingenuamente como um grupo de grêmio estudantil em algo que lhe valia a maturidade política para mostrar à cidade e aos seus eleitores que não se tratava de um ato político e oposicionista, mas de cidadania

Para uma guerra não valem apenas as armas, mas principalmente a estratégica e comando.

Quando o governo Kleber perdeu a credibilidade sobre o que se relatou oficialmente na CPI?

Quando animou uma maioria para vencer no tapetão. Ou ele ignora que na cidade não se sabe o que ele e sua turma armaram para desconstruir o que foi apurado?

Numa guerra não basta vencer. É preciso ser reconhecido como vencedor

A CPI das supostas irregularidades nas obras de drenagem da Rua Frei Solano, no Gasparinho, é uma página virada no ambiente legislativo de Gaspar. Pode dar pano para mangas ainda na Polícia, Ministério Público e Tribunal de Contas do Estado, mas isso não é para agora. Os vereadores já estão pensando nas eleições, pois ao que parece, a Justiça Eleitoral está resistente em adiar as eleições deste ano, com todo o lobby de deputados, senadores, prefeitos e vereadores.

Os leitores e leitoras deste espaço também souberam de tudo, em detalhes, da CPI e praticamente só aqui, infelizmente. Quem replicou alguma coisa desta coluna, foi o Miro Sávio, na Vila Nova FM.

Hoje, volto ao tema, mas não exatamente para mostrar os depoimentos e as controvérsias próprias de uma CPI - vide o que está acontecendo na Assembleia Legislativa referente aos respiradores fakes para as UTIs de Covid-19, que a equipe do governador Carlos Moisés da Silva, PSL, comprou, pagou uma baba antecipadamente e até agora, não os têm disponíveis para os doentes. A segunda fase da Operação O2 (de Oxigênio) da Deic, Ministério Público e Tribunal de Contas botou gente na cadeia no sábado. E acendeu alguns alertas pelo estado.

Este documento que reproduzo com este comentário, mostra à razão destas linhas. É o ofício do gabinete do líder de Kleber Edson Wan Dall, MDB, Francisco Solano Anhaia, MDB, datado de 26 de maio – exato último dia da CPI -, ao presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB.

Ele é a prova de que não sobrou nenhuma dúvida da manobra bem sucedida que o governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, com o prefeito de fato, presidente do MDB, ex-coordenador de campanha de Kleber e secretário de Fazenda e Gestão Administrativa, Carlos Roberto Pereira, engendrou contra a CPI

O que diz o ofício? Que o bloco partidário MDB/PDT/PP/PSDB estava extinto. O que no fundo e de verdade diz este ofício? Está encerrada a manobra regimental e legal montada para enterrar a CPI, como de fato ela foi. O que de fato diz este ofício? Que a situação deu um banho de estratégia na majoritária oposição. Ela foi com sede ao pote e quando o alcançou, ele não conseguiu beber a abundante água que estava nele. Restou à oposição expor as mazelas e cozinhar o galo, para pelo menos ter tribuna, palanque e discursos até as eleições.

INGENUIDADE INCOMUM

Quando se tinha certeza de tantos erros nas obras da Frei Solano e que se tinha maioria para compô-la, a oposição liderada pelo PT, PDS e PSC protocolou a CPI. Achava que precisava de cinco vereadores para isso. Arrumou os cinco. Os três do PT, um do PSD e outro do PSC.

Descobriu-se mais tarde que eram necessário apenas quatro. Era um sinal que estavam mal informados ou articulados. Mas, desdenharam.

Em seguida, achava na oposição que a CPI seria composta por cinco titulares, mas olhando o regimento, de verdade, descobriu-se depois, que eram só quatro titulares e dois suplentes para cada lado. Era outro sinal da falta de preparação.

Eram maus sinais. E foram.

O PT tinha três vereadores, o PSD dois e o PSC dois, teria a maioria dos 13, ainda mais que o presidente da Câmara, Ciro André Quintino não contaria no coeficiente do MDB. Em tese o MDB teria dois vereadores, o PSDB e PDT um cada e o PP, nenhum.

Se unida em bloco, a oposição ficaria em qualquer conta (cinco ou quatro vereadores na CPI), com três vagas.

Mas, quem fez o bloco foi a minoritária situação apoiadora de Kleber.

Isso é articulação, é estratégia, é usar a norma a seu favor, mesmo que isso exija explicações, perda de votos e desgastes mais tarde, como está trazendo. E com isso, o grupo de Kleber empatou o jogo com a oposição: cada um teria direito a indicar dois titulares e um suplente. O PP que não tinha vereador, passou a ter: o suplente José Admir de Moura num ato relâmpago, saiu do PSC, assinou no PP. E sumiu para sempre do mapa e da Câmara, como se tivesse sido tragado pela pandemia.

Quando chegou na hora da formação da CPI, os dois vereadores indicados pelo bloco do vereador Kleber, Francisco Hostins Júnior, MDB, e Roberto Procópio de Souza, PDT, advogados, declinaram da presidência da CPI.

E porque fizeram isso? Gentiliza? Não! Porque presidente não vota e o lado que cedesse o vereador à presidência da CPI ficaria sem condições de vencer qualquer votação na CPI. Por isso, a oposição, também, tardiamente, se negou à presidência da CPI. Mas, não teve jeito.

Criado o impasse, o regimento resolveu mais uma vez a favor de Kleber, pois os vereadores dele já sabiam disso: o mais idoso dos quatro tinha a obrigação de assumir. E “sobrou” para Dionísio Luiz Bertoldi, PT. E como “consolo”, Kleber até permitiu que Cícero Giovane Amaro, então no PSD, hoje está no PL, fosse o relator.

Afinal, Kleber tinha os votos na CPI para fazer de tudo no relatório da CPI, como realmente fez, quando quis.

Finalizado a CPI, é de se perguntar como a oposição – com o experimentado e combativo PT - foi tão ingênua nesta questão a tal ponto de perder a maioria razoavelmente folgada que tinha? A CPI ficou condenada antes mesmo de se iniciar. E para completar, no decorrer dela, um dos autores, o vereador Silvio Cleffi, saiu do PSC e foi dar no PP, e se tornou situação onde nascera. E como tal, chegou a dar quórum para reunião da CPI feita à revelia do presidente nos momentos finais e nervosos quando se preparava o relatório do vereador Cícero e que foi, cirurgicamente modificado pelos dois votos majoritários do governo Kleber, como mostrei em detalhes na coluna da segunda-feira passada.

Qual era o título de abertura daquela coluna? “O governo de Kleber canta vitória na CPI das irregularidades na drenagem da rua Frei Solano, no Gasparinho. A oposição também. O certo é que o assunto não terminou. Virou debate político-eleitoral”.

Kleber não solta foguetes com a vitória que teve no tapetão. E por que? Porque não conseguiu verdadeiramente uma vitória na CPI. Ela será para ele um zumbi nas eleições e principalmente depois dela. Acorda, Gaspar!

NOTAS SOLTAS SOBRE A CPI

Tão logo a CPI terminou, num jogo de cena, o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, mandou asfaltar a metade do percurso da Rua Frei Solano. Por que ele não asfaltou antes? Primeiro porque esqueceu de fazer a licitação do asfaltamento. Segundo, por birra e para dar prejuízo político aos autores da CPI, principalmente a Dionísio Luiz Bertoldi, PT, que possui reduto lá.

E por que a outra metade do percurso da Rua Frei Solano não vai ser asfaltada tão cedo? Não aconteceu ainda licitação. Pior: agora, Kleber admite que falta dinheiro para tal. Simples assim!

Na última sessão, o vereador Cícero Giovane Amaro, PL, pediu desculpas pelos eventuais excessos na CPI. Alegou que esses excessos seriam resultado da pluralidade do ambiente legislativo e investigativo.

Cícero não citou nomes, mas deveria estar se referindo ao vereador Francisco Hostins Júnior, MDB, e que está ameaçando de processá-lo e até colocá-lo do pelourinho da Câmara por falta de decoro. Resta saber se Hostins concorda com Cícero.

O que é feito do engenheiro fiscal do Samae, Alan Jones Mores, escolhido para fiscalizar as obras da Rua Frei Solano. Foi embora? Anunciei aqui que ele aprontava as malas antes de depor onde foi depois se postergar uma vez. Pego no contrapé, qualificou o Cruzeiro do Vale, de jornalzinho.

Se ele não se cuidar, será o boi-de-piranha de tudo isso. E se ele precisar de um jornalzinho para esclarecer a armação, este será o único. Nada como um dia após o outro.

Impressionante são as fotos – e acima está uma delas - da perícia técnica na tubulação da drenagem da Rua Frei Solano. Água é preta, fedida e quase pastosa. Ou seja, esgoto no seu estado puro contra a saúde dos gasparenses e poluindo o Rio Itajaí Açú.

Em três anos e meio, nada do governo Kleber e do Samae do vereador José Hilário Melato, PP, implantarem o esgoto sanitário para os bairros Santa Terezinha, Sete e Coloninha. Já projeto deixado pelo ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT. O dinheiro federal também já estava “liberado” em Brasília, para onde o prefeito Kleber ia todos os meses até o início da pandemia da Covi-19.

A CPI da drenagem da Frei Solano terminou sem o depoimento do engenheiro Vanderlei Schmitt, que concebeu o projeto, sem a perícia para provar a mudança na técnica construtiva; e o depoimento da engenheira fiscal da prefeitura, Mariana Andressa Bernardes, no caso da Engeplan corrida daqui, foi por escrito.

O engenheiro Ricardo Paulo Bernardino Duarte, como interveniente da prefeitura de Gaspar no debate técnico final, quis, por várias vezes, desqualificar as argumentações do presidente da CPI, Dionísio Luiz Bertoldi, PT, no seu peculiar sotaque de descendente de italianos. Implicou com a palavra “ferinhos” (com um “r” mesmo) muito pronunciada por Bertoldi.

Melhor que a encomenda. Vista com temor pela situação, foi a empresa técnica Dinâmika, foi quem serviu de tábua de salvação para os de Kleber. Tanto que nos pronunciamentos, os representantes de Kleber usam a “neutralidade” dela, naquilo que não pode comprovar, como fator de inocência. É que a Dinâmika, foi impedida à perícia do que está enterrado.

Lei exótica criada por Kleber e aprovada pela Câmara mudando o Plano Diretor para se ter menor área verde em loteamentos parceiros do Anel Viário é ilegal e inconstitucional

Quem diz isso e jura que vai recorrer até onde puder contra ela é o Ministério Público da Comarca de Gaspar.

Em ofício enviado à Câmara, o MP recomenda ao presidente rever a Lei aprovada em 2018

A “genialidade” e à serventia do ex-secretário de Planejamento Territorial, Alexandre Gevaerd, para atender às demandas políticas e parcerias do governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, e Luiz Carlos Spengler Filho, PP, começam a ficar expostas. E antes das eleições, naquilo que sensível para a campanha: as parcerias com os investidores e apoiadores do seu governo.

O primeiro Plano Diretor de Gaspar feito e aprovado pelo governo do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, eleito pelo MDB, deveria ser revisado no máximo em 2016. Mas ele foi abatido em pleno curso pelo ex-prefeito Pedro Celso Zuchi, PT, devido as aberrações propostas pela Iguatemi e que a equipe de Zuchi não acompanhou adequadamente durante a elaboração. Ela foi feita praticamente em escritórios em Florianópolis e longe das comunidades daqui, fortemente afetadas por ele.

Zuchi deu um jeito de não meter a mão nessa cumbuca e resolver o assunto as vésperas das eleições. Não queria prejudicar o seu candidato e secretário de Obras, Lovídio Carlos Bertoldi, na corrida pela permanência do PT na prefeitura. Zuchi como Kleber agora, também não quis contrariar apoiadores desgostosos com o que a Iguatemi prescreveu para a cidade. Não adiantou. Zuchi e Lovídio perderam.

Kleber, por sua vez, instalado no poder, cumprindo uma obrigação e uma necessidade que já sabia desde as eleições, resolveu fatiar a revisão do Plano Diretor e que é uma peça integral.

E por que fez isso? Para não causar polêmica, atender a interesses prioritários para seu plano de obras e parcerias em que se estabeleceu. Não seguiu o rito determinado pelo Estatutos das Cidades que orienta às revisões dos Planos Diretores dos municípios Em Gaspar já se passaram quatro anos do seu “vencimento”, e ele ainda continua incompleto.

UMA REVISÃO POSTERGADA, CAPENGA E DEFEITUOSA

No que foi “revisado”, “atualizado”, “ampliado”, e “inventado” como mostra o Ministério Público, as audiências, mínimas do mínimo, foram feitas para inglês ver e atender apenas à legislação que impossibilite a anulação do que foi aprovado na Câmara. Nem mais, nem mais.

O resultado disso tudo está aí. E estou de alma lavada, mais uma vez. Nada como um dia depois do outro para desvendar os poderosos que querem a imprensa que não está a serviço do poder de plantão, calada, humilhada, censurada, constrangida e desacreditada. Há vários artigos sobre estas polêmicas e dúvidas da revisão do Plano Diretor escritos por mim nos últimos cinco anos.

São assuntos ásperos, técnicos que não interessam à leitura da maioria dos cidadãos. Entretanto, eles mexem com o futuro, interesses e resultados da cidade.

Agora, parceiros e investidores do governo próprio Kleber e que acreditaram no “bom negócio” que faziam, baseado em legislação aprovada na Câmara de Vereadores, onde a equipe técnica não conseguiu “enxergar” ilegalidade e inconstitucionalidade, estão com seus investimentos sob suposto comprometimento.

“Mui amiga” essa gente do atual governo de Gaspar. Apostavam no corpo fechado e a atuação fragilizada do MP no âmbito da probidade, constitucionalidade e meio ambiente. Esticaram a corda mais uma vez e ela pode arrebentar justamente contra quem acreditou em políticos.

E foi a área do meio-ambiente no Ministério Público que viu os defeitos do Plano Diretor e barrou esta lei exótica criada por Kleber, o experiente Gevaerd e os “çabios” que se estabelecem na prefeitura em cargos comissionados, como uma administração “eficiente”, “transparente” e que “avança”.

O QUE QUER A PROMOTORIA

Resumindo: a promotora Lara Zapelini de Souza no ofício que mandou a Câmara no dia 21 de maio e alvoroçou o Paço, apesar dele ter ciência do problema fazia tempo, deu três informações e fez uma recomendação.

A primeira informação é de que “a Lei 3.926/2018 que alterou o Plano Diretor afronta a Lei Estadual 17.492/2018”. Ela prevê que 35% da área de loteamentos e não 20% como quer Gaspar para a área verde.

A segunda, textualmente a promotora Lara afirma no documento “esta Promotoria não exará parecer favorável em futuros registros de Parcelamentos do Solo que dispensem a destinação dos 35% de área pública, o que causará prejuízo aos particulares que doarem seus imóveis crentes que serão futuramente beneficiados com a isenção da lei municipal”.

E terceiro, ela afirma que está recorrendo em acordos de desapropriação deste tipo que a prefeitura fez com investidores gasparenses, na única parte que avançou de verdade até agora no Anel Viário da cidade, mote a propaganda de Kleber como o realizador de grandes obras para a cidade.

Já a recomendação da promotora Lara à Câmara, instituição que avalizou à lambança do Executivo e coloca os investidores em situação delicada, os quais teriam apostados pela cidade, é de que se modifique a Lei em vigor. E para que? Para ela se adequar as legislações estadual e eventualmente à Federal sobre o assunto. Simples assim!

E a promotora dá duas sugestões de emendas à Lei de Kleber e Gevaerd aprovadas pela Câmara: “A) com relação ao disposto no art 40, 3º, II, do Plano Diretor de Gaspar, adicione a ressalva que a soma da área destinada ao anel viário mais os 20% da área pública a ser destinada em caso de loteamento futuro da área remanescente deve totalizar, no mínimo, 35% da área total do imóvel (metragem original anterior à doação para o anel viário), devendo haver complementação em caso de insuficiência; B) revogue o disposto no art 40,. 3º, II, do Plano Diretor, uma vez que ilegal e inconstitucional a dispensa”.

O QUE ESTÁ EM JOGO?

O que vai acontecer, agora? Um jogo de empurra, ao menos até as eleições de outubro. O presidente da Câmara, Ciro André Quintino, MDB, que virou garoto propaganda da reeleição de Kleber depois de ameaçar sair do MDB, vai jogar a bomba de volta no colo de Kleber e sua equipe. Instado a falar sobre este assunto ficou em obsequioso silêncio até a finalização desse texto. Sintomático.

Afinal não foi Ciro que inventou esta lei, ele não era o presidente – era Silvio Cleffi, então no PSC – no tempo da tramitação dela na Câmara. Ciro, apenas deu o voto favorável ao projeto que passou pela equipe técnica da Câmara para que os vereadores não votassem em algo ilegal e inconstitucional.

Resultado, faltou combinar com os russos como a atento Registro de Imóveis de Gaspar que não quer passar o mesmo recibo como fez a Câmara. E acionado a se posicionar, agora o Ministério Público tomou as providências e que podem levar até a um acordo.

A tendência de Kleber é de informar que vai estudar este assunto e assim ganhar tempo, mas apostará tudo que se enrole no judiciário enquanto ele tenta a reeleição.

Os investidores, por sua vez, farão a parte deles para se salvarem num acordo e até mesmo indiretamente, à pele de Kleber, alegando, que só fizeram o negócio com a prefeitura, porque havia uma lei que os amparavam. Ou seja, estavam de boa-fé.

E assim, se espera ao menos um acordo para o que já foi feito, num Termo de Ajustamento de Conduta, como já aconteceram em outros casos por aqui. Já os futuros acordos estariam inviabilizados diante da mudança a ser feita pela Câmara, pedida pela Promotoria Pública Estadual.

Se não fosse um grande acordo em torno do tema, o certo seria o MP enquadrar desde logo o autor da lei e quem a sancionou, ou seja, o Executivo Municipal e mandar Kleber mudar a lei, remetendo para a Câmara a correção.

Mais: deveria fixar um prazo nisso tudo, informando que estava uma Ação Civil Pública na ponta da agulha. Da forma que está, cada um faz a sua parte, ao tempo que der, passa-se a régua no passado, e o futuro fica riscado do mapa nessa modalidade. Foi assim em outros casos, porque não seria agora? E sabe quando isso começa a dar errado? Quando as desapropriações são feitas no judiciário que os sela em segredo de Justiça. Acorda, Gaspar!

O ex-prefeito Adilson é um político de má sorte e má companhias. Ele queria sair das coxias e voltar ao palco da política gasparense e o DEM, onde se filiou, cortou o seu barato unilateralmente

O presidente da comissão provisória do DEM de Gaspar, suplente de vereador Paulo Filippus, foi na internet e simplesmente deletou a filiação de Adilson. “Ele não conversou comigo e eu não sabia que ele estava no DEM”, justificou


O ex-prefeito Adilson (à esquerda) poderá estar fora do pleito de outubro. O presidente do DEM local, Paulo Filippus (ao centro) cancelou a filiação, que havia sido acertada com João Paulo Kleinubing (à direita).

O ex-prefeito de Gaspar, Adilson Luiz Schmitt (2004-2008), que foi eleito no MDB, passou pelo PSB e PPS, ficou sem filiação partidária por anos, no fechamento da janela de oportunidade neste dia quatro de abril, com aval da executiva estadual, representada pelo ex-prefeito de Blumenau e deputado Federal, João Paulo Kleinubing, filiou-se no DEM. Ele não está mais filiado. A desfiliação compulsória aconteceu na sexta-feira dia cinco de junho e foi feita pelo presidente da Comissão Provisória no partido em Gaspar, o suplente de vereador Paulo Filippus, cujo reduto eleitoral é no Distrito do Belchior.

Ele próprio anunciou isso na área de comentário da coluna no portal Cruzeiro do Vale, o mais acessado de Gaspar e Ilhota. Eram 18h45min das sexta-feira quando Filippus postou o seguinte texto:

“Informo que me causou espanto a informação de que o Sr. Adilson Schmith estaria filiado ao nosso partido, o DEM, em Gaspar. Até porque, enquanto atual presidente, fui eu quem teve de assinar todas as fichas dos nossos novos filiados, pré-candidatos ou não, e não filiei ele.

Mas antes de desmentir aqui, fui verificar a lista oficial do partido e descobri que ele se filiou SEM NÓS SABERMOS, fez diretamente com a secretaria estadual do partido.

Independente do modo que fez, enquanto presidente eu acabo de DESFILIA-LO na data de hoje, 05/06/2020. Se ele realmente tinha planos de correr nesta eleição, deveria antes de mais nada ter nos convencido, e não tentando passar por cima da executiva municipal.

Eu nunca poupei criticas a politico algum, inclusive do meu próprio partido, e não será diferente agora. E justamente por isso não aceitarei carteirassos como esse. Não interessa qual seja o tamanho da afinidade da pessoa seja com o político que for, do partido que for, incluindo o qual faço parte.

Aristóteles já dizia, ‘Um homem que se curva não endireita os outros’. Esse sempre foi e continuará sendo meu lema. Então sob a minha supervisão essas coisas não vingarão em Gaspar”.

Consultei o Adilson. Ele economizou: “minha desfiliação. Este assunto está encerrado. Estou passando por um momento difícil na minha vida... Espero que entenda. Fui em quem pediu”. Opa! Alguma coisa não bate. Aliás muitas coisas não batem.

A primeira é que Filippus disse textualmente que ele tomou a iniciativa e a demonstrou; mas Adilson diz que a decisão foi dele. Segundo, desde o dia quatro de abril os meus leitores, leitoras e a cidade sabia que Adilson estava no DEM. Mesmo que não soubesse por aqui, por outras fontes, Filippus um hábil na ciência da computação e redes sociais, como presidente da Comissão Provisória não conseguiu em dois meses entrar no sistema para saber quem está filiado no DEM em Gaspar?

Ai, ai, ai. Se não controla o que é de sua alçada, Filippus vai ser surpreendido outras vezes até outubro.

Outra. A senha para a desfiliação de Adilson na sexta-feira, foi dada num comentário postado as 14.31 da mesma sexta-feira por um suposto leitor da coluna “chamado”, Renato, com o IP 162.158.193.203. Ele foi rastreado como hospedado na Cloudfare, na Virgínia, nos Estados Unidos, com a seguinte informação: “O DEM vai ter como candidato a prefeito, o ex-prefeito e veterinário Adilson Schmitt, ele se filiou ao DEM no dia 04/04/2020. Ele não afirmou que não mais se filiaria a qualquer partido? E a sua irmã se filiou ao PL? Família desunida esta...Quando ele era prefeito seu irmão era secretário e do PSDB”.

O que significa isso? Tudo e nada! Pode significar que a nota acima é um pretexto para Filippus ter agido em dobradinha ou então, que comeu a isca de alguém que não quer ver Adilson filiado e com possibilidade de volta ao cenário político. E quem não quer isso em Gaspar? Muitos, mas, principalmente o MDB e o poder de plantão na prefeitura. Simples assim também. Aliás a tática de usar IPs fora do Brasil não é nova por aqui. Uma técnica de quem entende de fake news, invasão de sites e até de dados públicos.

ARTICULADOR

A cidade inteira soube que Adilson passou os meses deste ano articulando politicamente hora a favor do PL, hora a favor do DEM. Filippus sabia disso. Kleinubing sabia disso. Lideranças comunitárias e políticas sabiam disso. Eu sabia disso.

No fundo, no DEM, Adilson se preocupava em fechar a porteira do DEM para o empresário Luiz Nagel, antigo presidente do partido por aqui e vice-prefeito de Adilson, numa eleição que perderam não só a eleição, mas a amizade entre eles, incluindo a vereadora Andreia Simone Zimmermann Nagel, hoje no PL. Nagel, já há muito tempo tinha decidido deixar a presidência do diretório. Ele passou ao vice Welligton Carlos Laurentino, o Lelo Piava, suplente de vereador e que continua vice na nova comissão provisória. Preferiu os seus negócios.

Adilson mais uma vez caiu na própria armadilha que arrumou contra ele próprio lá quando foi prefeito e denunciou os interesses de poderosos da cidade. Desde então, esse pessoal e o MDB, não o deixam em paz e não lhe dão a chance de voltar. É um castigo sem fim. Ele tem sobrenome e endereço. E a Gaspar inteira também sabe.

Adilson é um bicho político por natureza. E faz isso quase de forma natural. Mas possui uma coleira amarrada no passado que o limita nos seus movimentos políticos.

A AÇÃO DE FILIPPUS

O DEM em Gaspar se tornou o reduto dos bolsonaristas raízes. Nem se trata serem de direita, conservadores e até defensores de políticas econômicas liberais. O DEM é o trampolin de uma maioria para o “Aliança pelo Brasil”, dos Bolsonaros e que não pode se constituir antes das eleições. E neste contexto deve se enxergar o expurgo de Adilson do partido.

Sobre o espanto de Filippus, já esclareci. O que espanta de verdade é ele declarar esse desconhecimento com dois meses de atraso. A atitude de Filippus é no estilo bolsonarista. Foi lá na internet, como mostro os frames abaixo, pau-pum e ressetou a inscrição de Adilson no mundo virtual.

Se Adilson quiser, conforme apurei com um advogado que conhece do riscado e com um ex-dirigente do partido, é preciso ter assembleia regularmente convocada, ata e tudo mais. E agora, com o passo unilateral e autoritário de Filippus, por decisão judicial, Adilson não só fica no partido como pode até reivindicar a vaga a candidato, alegando perseguição pessoal e política.

Filippus mostra a que veio: ele é o dono do DEM em Gaspar e ponto final. Resta saber se isso vai prosperar num suposto isolacionismo regional e estadual. O MDB, PP, PSDB, PDT e até o PSD torcem nesta divisão para continuar no poder. Filippus é uma escolha de Kleinubing. Ambos sabem o que estão fazendo. Então... Acorda, Gaspar!


As reproduções, mostram o ato de desfiliação feita na sexta-feira à noite pelo Filippus pela internet.

ILHOTA EM CHAMAS

Áudios mostram como já está ativa a máquina de comprar votos para o poder de plantão em Ilhota

 

O que apareceu neste fim de semana nas redes sociais, sites, rádios do litoral e principalmente nos aplicativos de mensagens? O que esta coluna já revelou várias vezes e foi duramente criticada pelo poder de plantão, ou seja, a troca de favores políticos por votos, aproveitando-se da falta de veículos de comunicação em Ilhota, bem como as mentiras como justificativa para atos impróprios, além da pressão e constrangimentos exercidos contra adversários e cidadãos para que nada disso as autoridades competentes.

Dois áudios de um suposto cabo eleitoral de oportunidade do vereador Almir Aníbal de Souza, MDB, e que estava vagando por Piçarras, prometeu-lhe “não se largar nunca e colocar uns 300 votos nas suas costas”. O cabo já aproveitaria estar no litoral e compraria por “uns 220 real”, caibros e sarrafos de telhado” para atender um outro eleitor. No áudio, a parceria favoreceria também à reeleição do prefeito Érico de Oliveira, MDB, na troca de favores. Cada coisa!

O vereador e o prefeito, como sempre, estão fechados em copas.

Almir alega que seu telefone teria sido clonado, ou seja, não desmente os áudios. Mas os áudios foram compartilhados pelo número do celular do próprio vereador às 14h29 minutos do sábado, dia seis. E não há Boletim de Ocorrência que demonstra o roubo ou a perda do telefone do vereador bem como das senhas para entrar nele. Além do que, o vereador foi acessado neste número de telefone até ontem, quando fechei este texto.

Na verdade, as mensagens com os áudios teriam sido enviadas de forma equivocada pelo vereador para um grupo no whatsapp estranho ao relacionamento de Almir e do interlocutor desta negociata eleitoral, um empreiteiro que estaria trabalhando no bairro Vila Nova na construção de casas e que precisaria de drenagens do ente público para entregar o seu negócio particular aos investidores e compradores.

Não vou detalhar as conversas contidas nos áudios e que estão abaixo para serem acessados. Eles falam por si só. Eles mostram como funciona a política por aqui e como ela se arma e vai se repetir em outubro, com o velho método que nunca é apanhado pela Justiça Eleitoral. Este caso, pouco poderá ir além de expor e comprovar o método.

Almir, funcionário público e ex-presidente da Câmara está salvo. Esta denúncia só teria implicações eleitorais, se ele tivesse registrado o seu nome para concorrer novamente a uma vaga política. Mas, como funcionário público, pode estar tipificado o crime de prevaricação entre outros.

TRAPICHE

Correção. A nova secretária de Assistência Social de Gaspar, Silvania Janoelo dos Santos, não é efetiva como informei na coluna de sexta-feira, feita especialmente para a edição impressa do jornal Cruzeiro do Vale.

Ela é apenas mais uma comissionada a inchar a estrutura de governo de Kleber Edson Wan Dall, MDB, em tempos de crise econômica e que o próprio prefeito prometeu reduzi-la em março quando indicou os interinos. Aos meus leitores e leitoras, as desculpas por mais este erro. Virão outros, os quais sempre explicitarei em nome da transparência.

Silvânia, ex-Conselheira Tutelar, evangélica, psicóloga nos abrigos, é originária no ambiente público desde o governo de Adilson Luiz Schmitt, eleito pelo MDB. Ela é reconhecida como excelente profissional entre os seus.

Entretanto, os servidores efetivos da secretaria de Assistência Social estão quase que rebelados. É que ela, segundo eles, está interferindo tecnicamente nas decisões profissionais para livrar a cara do governo Kleber. Ou seja, o mesmo papel que desempenharam os indicados políticos para a titularidade da pasta, Ernesto Hostin e Santiago Martin Navia.

A melhor reportagem da semana passada foi exposta pela Rede Record. E foi sobre como hoje se estabelecem às redes de fake news no centro das intrigas políticas. O material exposto revelou como é o modo de gestão, operação e contra- informação da deputada Federal por São Paulo e PSL, Joice Hasselmann.

Ela é jornalista, radialista e uma das ferrenhas defensoras da CPMI da Fake News no Congresso Nacional, exatamente por conhecer as entranhas da máquina de comunicação do bolsonarismo. Eleita na onda Bolsonaro, tornou-se líder do governo no Congresso, mas da briga do PSL, ela se virou adversária. E foi cremada por isso pelo clã dos Bolsonaros e os bolsonaristas.

O tiro pela culatra no bolsonarismo foi alimentado pelos próprios ex-assessores da deputada. E o Brasil ganhou ao ver como tudo isso funciona, num exercício quase bandido.

A intenção da reportagem Record, alinhada do clã Bolsonaro – alvos da CPMI - era o de mostrar que Joice não é nenhuma santa neste assunto que o clã domina bem. A reportagem, mostrou no exemplo explorado e praticado por Joice, apenas como essas redes existem e agem como se fossem máfias, contra a reputação alheia, incluindo os próprios jornalistas e o jornalismo investigativo.

Quase todas redes de fakes news, por incrível que pareça, é sustentada por grupos de políticos e com dinheiro público destinado a partidos ou gabinetes de parlamentares. As redes de fake news se transformaram em máquinas dissimuladas de informações e agressões, via nas redes sociais e aplicativos de mensagens, manipulando analfabetos, ignorantes, desinformados e principalmente, estimulando e usando para replicação gratuita, uma malta de beócios fanáticos.

A respeito disso, bem resumiu no twitter, apresentador Luiz Ernesto Lacombe, da Rede Band na sua conta de twitter: “fascistas contra o fascismo. Racistas contra o racismo. Cientistas contra a ciência. Produtor de “fake news” contra as “fake news”... A lista de hipócritas, mentirosos, dissimuladores, egoístas e oportunistas é enorme”. Contra essa gente, só jornalismo. Por isso, tanto teme.

O experimentado agente Pedro Silva, da Ditran, marido da ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Gaspar, Sintraspug, Lucimar Rosanski Silva, está no exílio e disponibilizado no pátio AC Kar feito para veículos apreendidos da cidade, lá no Gaspar Grande. Tudo para ficar longe do pau velho em que está metida a Diretoria.

Na semana aconteceram dois fatos e um deles foi dar em Boletim de Ocorrência na delegacia de Gaspar. Primeiro, o vice-prefeito Luiz Carlos Spengler Filho, PP, que é agente e está afastado da função, fez circular desabafo num aplicativo de mensagens entre os próprios agentes. Normal. É do jogo.

Spengler estava inconformado com um requerimento vereador Cícero Giovane Amaro, PL. Nele, o vereador que é funcionário público municipal como o vice, pede explicações sobre as lotações na Ditran. Para o vice-prefeito, Cicero e Silva são da oposição e como tal, estão querendo prejudicar o governo de Kleber. Balela. É só responder o indigesto requerimento.

O segundo fato, é que alguém, supostamente de Gaspar, mais uma vez, usando IP registrado nos Estados Unidos, citou uma desavença havida no pátio da AC Kar, no momento da liberação de um veículo apreendido. O fato aconteceu horário do agente Silva. E isso deu motivo para BO de Silva. Ora, se não foi o envolvido que fez o comentário na área específica da coluna, foi alguém com interesse de prejudicar o agente Silva. E Silva quer saber quem.

Atirou no que viu e pode ter acertado no que não viu. A segunda fase da Operação Oxigênio – que apura os responsáveis pela compra milionária dos respiradores para o governo do Estado - prendeu seis pessoas no sábado. Mas, durante a semana passada, por autorização judicial da Comarca de Gaspar, foram apreendidos testes para a Covid-19. O assunto está em segredo de Justiça, mas deverá ter desdobramentos. Há muita gente nervosa na cidade.

A Operação Oxigênio está sendo liderada pelo Ministério Público Estadual, Tribunal de Contas do Estado e pela Deic – Delegacia Especial de Investigações Criminais ligada diretamente ao Delegado Geral de Polícia, o gasparense Paulo Norberto Koerich, hoje coordenador do comitê estadual de segurança – equivalente a secretário do Estado. Foi o governador Carlos Moisés da Silva, PSL, quem mandou Koerich investigar e dar apoio operacional, doa a quem doer.

A gasparense Pacopedra recebe hoje a autorização para iniciar as obras de duplicação da Ponte Adolfo Konder, em Blumenau, aquela que liga a Avenida Beira-Rio e a Rua República Argentina, na Ponta Aguda. A Pacopedra tem se destacado em obras de infra-estrutura e engenharia de porte na região. Isso aconteceu depois que ela se retirou da dependência no setor público gasparense.

Pensando bem. Há 20 anos seguidos que Gaspar é governada pelo MDB ou pelo PT. Antes tinha mais graça e alternância. Teve o PFL do Luiz Fernando Poli, o PP de Tarcísio Deschamps e até o nanico PDC de Francisco Hostins, egresso do PP. Na interinidade, teve ainda o PTB, Andreone dos Santos Cordeiro.

O governador Carlos Moisés da Silva, PSL, esteve aqui em Gaspar em um “retiro” particular no Fazzenda Park Hotel. Ele pretendia ficar longe dos holofotes dos ilhéus depois de uma semana estressante com CPI na Assembleia e a segunda fase da Operação Oxigênio. Elas pretendem desvendar como se deu a compra dos milionários respiradores para tratar doentes catarinenses contra a Covid-19

Não deu certo. O cantor Rick, hospedado no hotel, foi dar uma “palhinha”. E no palco anunciou a presença do governador no ambiente no jantar com motivos juninos.

Um vídeo feito de longe por um hóspede, correu o estado. Ele mostrava o governador no jantar, sem máscara, conversando com hospedes e se percebia, no vídeo, uma aglomeração que não é permitida pelo próprio decreto governamental.

Essa exposição obrigou o governo do estado e o próprio Hotel a se explicarem em notas. Afinal, Carlos Moisés é um ente público exposto e como tal deve dar exemplos. Nas cerimônias oficiais ele tem sido impecável. Em tempo: O PSL de Gaspar e o prefeito Kleber Edson Wan Dall, MDB, nada sabiam sobre a presença particular do governador por aqui.

Turismo bolsonarista. Quem esteve em Brasília – enrolado na bandeira de Gaspar e brasileira - para participar dos atos pró-governo Jair Messias Bolsonaro, sem partido, foi o bolsonarista de carteirinha, Demetrius Wolff, filiado ao DEM (fotos abaixo), e de onde pretende ser candidato a vereador.

Ele esteve na porta do Palácio Alvorada, e como registra um vídeo que Demetrius divulgou nas redes sociais no domingo, ele informou o presidente da República da prisão do secretário Douglas Borba e sobre os gastos dos R$33 milhões para respiradores não entregues em Santa Catarina. Bolsonaro classificou isso como parte do “Covidão”. Demetrius lidera a formação do “Aliança pelo Brasil”, em Gaspar.

 

Comentários

Herculano
11/06/2020 19:31
NOVA COLUNA

Daqui a pouco será liberada aos leitores e leitoras aqui a coluna Olhando a Maré da edição impressa desta sexta-feira do jornal Cruzeiro do Vale, 30 anos de circulação em Gaspar e Ilhota. E que já está circulando.
Miguel José Teixeira
11/06/2020 17:25
Senhores,

Segundo o "Estúdioi" da Globo News,

"TCU determina auditoria nos gastos dos cartões da Presidência"

Xiii. . .se for à vera (como dizíamos antigamente,) o pentiunvirato zero-zero estará "no sal". . .

Suspeita-se que até os. . .utilizam esses cartões ilegalmente!

Bom. . .já tivemos até um ministrinho que usava tais cartões para pagar tapiocas.

Agora, para quem prometeu extinguir os cartões e está na mira do TCU por seu uso indevido, é muito sinistro. Porém, previsível.
Miguel José Teixeira
11/06/2020 11:57
Senhores,

No G1:

"Planalto admite recriar Ministério da Segurança Pública e não descarta Ramagem à frente da pasta"

Mais um coice do "cavalão! à ser absorvido pelo "pancrácio".

Mole, mole, se levarmos em conta que "pancrácio" recebeu este apelido do "cavalão", por ser habilidoso e eficiente, tanto quanto os praticantes de antiga arte marcial e antigo desporto de combate sem armas (ooops), que segundo a mitologia grega, teve início com os heróis Héracles e Teseu.

OOOps. . .o fraga não se flagra!

Perguntar não ofende:

Será que o novo ministério da comunicação é para melhorar a ocultação dos dados da pandemia?

Respostas para o "baú da felicidade".
Herculano
11/06/2020 11:55
OLHANDO A MARÉ

A Coluna de amanhã já está pronta desde ontem, devido ao feriado de Corpus Christi, hoje. Mesmo assim, ela continua muito atual. E por que? Porque nada do que você lê na coluna, você lê em outro por aqui...
Herculano
11/06/2020 11:51
da série: o que um pai não faz para salvar a pele de filhos destrambelhados e lambuzados. Segura Brazil...

"UM MINISTÉRIO RECRIADO PARA ACOMODAR INTERESSES FISIOLóGICOS", DIZ SENADO, por Diego Amorim, de O Antagonista.

O senador Alessandro Vieira (Cidadania) disse a O Antagonista que a recriação do Ministério das Comunicações "é mais um pedaço do discurso da campanha de Jair Bolsonaro que é abandonado".

Como mostramos há pouco, o candidato Bolsonaro diria que sua Esplanada terá "no máximo 15 ministros" - já são 23.

"Um ministério recriado não para melhorar a prestação de serviço para o cidadão, mas para acomodar interesses fisiológicos", afirmou Vieira.

"Este governo vai ficando cada vez mais parecido com o que prometeu combater", acrescentou.
Herculano
11/06/2020 11:45
PROPAGANDA

O ex-juiz Federal e ex-ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, foi cirúrgico, no twitter:

Recriado o Ministério da Propaganda. Quais serão os próximos?
Herculano
11/06/2020 11:40
SÉRGIO ALMEIDA, EXPLICANDO-SE

Provocado, numa foto onde aparece o secretário Douglas Borba para o prontuário policial da Deic (esse vazamento é proibido pela nova Lei de Abuso de Autoridade) ao lado de outra foto de Douglas que o coloca com governador Carlos Moisés da Silva, PSL, afirmando ser ele, Douglas, o seu 'homem de sua confiança', Sérgio Luiz Batista de Almeida, PSL, candidato declarado a prefeito em Gaspar, abriu o verbo num aplicativo de mensagens, ao mesmo tempo que sinalizou precoce desânimo.

Inicio com a mensagem do Sérgio no aplicativo e retomo para fechar.

"Não tenho, nunca tive e jamais pretendo ter político de estimação. Errou, acerte com a justiça. Infelizmente com a ascensão de Bolsonaro, a maioria da população catarinense votou em pessoas que não conheciam. Creio do Brasil inteiro.

Comigo não foi diferente. Agora, as mascaras começam a cair. Lamento, pois não sei se as pessoas acreditarão mais nas mudanças. Beneficia apenas aqueles que dominam o poder. Em Gaspar, já se vão 50 anos dominados por um grupo. Infelizmente".

RETOMO

1. Erra o Sérgio quando diz não ter político de estimação. Ele como homem político deveria tê-lo. O que não pode é se associar na imagem de bandido que usa a política, cargos públicos e se disfarça de político ou gestor público, para roubar os pesados impostos de todos. Penso de Moisés, por enquanto, apenas escolheu mal o seu homem de confiança.

2. Sobre o comandante Moisés, está certo: a esmagadora maioria não o conhecia e foi na onda, não Bolsponaro, mas contra a podridão estabelecida há décadas no estado com os Bornhausens, os Amins e o MDB que se instalou com Pedro Ivo Campos, mas sempre sob signo direto ou indireto de falecido Luiz Henrique da Silveira.

3. Ainda bem que as máscaras estão caindo. Isso não é ruim. É muito bom. E elas estão caindo - ainda bem - mais cedo do que o previsto, porque a comunicação mudou. E muito entre nós, os cidadãos, os eleitores.

4. O lamento que Sérgio Almeida diz sentir, é porque, possivelmente, as pessoas não acreditarão em mudanças e ai ficam comprometidas as propostas deste tipo nas eleições. Penso ser um exagero, ou está antecipando desculpas para os percalços dele como candidato. E por que? Primeiro, é que todos os que se declararam até aqui serem candidatos em Gaspar, são bem conhecidos na comunidade, inclusive o próprio Sérgio. Segundo, o candidato vai ter que possuir, verdadeiramente, farinha no saco para fazer esse pirão, ou seja, se quer mudar, isso deverá fazer parte do seu DNA e não ser uma proposta oportunista, com apenas discurso para enganar os incautos. O próprio prefeito Kleber Edson Wan Wall, MDB, tinha essa proposta. Sabe-se hoje que ele é menos do mesmo. E terceiro, para encerrar: a tese de que a eleição é local e quem vier com padrinhos externos poderá ser contaminado, é algo cada vez mais clara, inclusive para os que estão no poder de plantão. Acorda, Gaspar!
Herculano
11/06/2020 10:59
da série: os próprios blogueiros de Bolsonaro já se curvam à realidade, que os analistas da imprensa livre já alertaram faz algum tempo.

De Leandro Ruschel, incomodado, no twitter:

Escrevi alguns meses atrás: aproximação com o Centrão é tiro no pé. Bolsonaro perderá sua base de apoio e cairá se continuar nesse caminho.
Herculano
11/06/2020 08:13
O PT VOLTOU

Conteúdo de O Antagonista. O novo ministro de Jair Bolsonaro, Fábio Faria, sempre foi um apoiador entusiasmado de Lula.

Em seguida, entusiasmou-se também por Dilma Rousseff.

Despetizar é isso aí.
Herculano
11/06/2020 08:11
da série: o governo Bolsonaro desmancha o discurso e recria mais um ministério para dar ao Centrão. A promessa de campanha de 15 ministério, enxugar a máquina, já está no 23º ministério. E vai vir mais um para agradar os que estão trocando apoio, o da Segurança.

BOLSONARO RECRIA MINISTÉRIO DAS COMUNICAÇõES E ENTREGA A GENRO DE SILVIO SANTOS

Ministério que já foi chefiado por Kassab marca o acordo do Planalto com o PSD do político

Conteúdo e texto do Diário do Poder. O deputado Fabio Faria (PSD-RN), genro do empresário e apresentador Silvio Santos, dono do SBT, será o titular do recriado Ministério das Comunicações, que marca o ingresso do PSD de Gilberto Kassab na base de apoio ao governo.

O anúncio de recriação do Ministério das Comunicações foi feito pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira (10), em mensagem que publicou nas redes sociais.

O novo ministério surgirá do desmembramento do atual Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, chefiado pelo astronauta Marcos Pontes.

A solução agrada muito o setor de Comunicações, já impaciente com o persistente desconhecimento de Pontes sobre a área.

Em mensagem na internet, Bolsonaro publicou: "Nesta data, via MP, fica recriado o Ministério das Comunicações a partir do desmembramento do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Para a pasta foi nomeado como titular o Deputado Fabio Faria/RN".

A Secretaria-Geral da Presidência garantiu que a recriação do ministério não representará aumento de despesa porque o novo ministério utilizará "apenas cargos de estruturas já existentes".

A Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), chefiada por Fabio Wajngarten, será extinta e suas competências incorporadas ao novo ministério. A demissão de Wajngarten, como informou o Diário do Poder nesta terça-feira, decorre de sua ineficiência. O período em que chefiou a Secom foi o pior das relações do governo com os meios de comunicação.
Herculano
11/06/2020 08:01
PREOCUPADOS

O PP de Gaspar anda preocupado com os movimentos do paço em relação a vaga de vice e que pode estar escapando do controle dos pepistas.

Pedro Bornhausen, Clarindo Fantoni - que já disse que estava fora da política - e Luiz Carlos Spengler Filho, foram um trio visível quase inseparável na proteção desse espaço sob ameaça. Nos bastidores, atua o mais longevo dos vereadores, José Hilário Melato
Herculano
11/06/2020 07:54
O QUE REALMENTE QUEREMOS COM A RENDA BÁSICA? por Fernando Schüler, professor do Insper e curador do projeto Fronteiras do Pensamento, no jornal Folha de S. Paulo

O foco do 'welfare state' contemporâneo é reduzir o peso das burocracias públicas e dar poder aos cidadãos

O tema da exclusão racial tomou o centro do debate e é bom que isso tenha acontecido. Pedro Fernando Nery sintetizou em um dado o drama brasileiro: 60% dos meninos negros como o Miguel, abandonado no elevador daquele apartamento bacana no Recife, vivem abaixo da linha da pobreza.

O país precisa avançar em políticas sociais inteligentes e esta pode ser uma das principais lições da crise. O primeiro tema diz respeito à renda básica. O governo anunciou que irá apresentar a Renda Brasil. E o faz do seu jeito estranho, com pouco amor ao detalhe sobre como vai funcionar e de onde sairá o dinheiro.

Mas OK, a pauta é boa. O Brasil vem experimentando um modelo bastante amplo de transferência de renda emergencial. Seu desenho é precário, e o custo proibitivo. O modelo custaria em torno de 7% do PIB e implicaria um completo redesenho de nosso pacto social.

O que parece viável é avançar com moderação. Estudo apresentado por Sergei Soares, Letícia Bartholo e Rafael Osorio, do Ipea, sugere a unificação do Bolsa Família, abono salarial, salario-família e as deduções-criança do Imposto de Renda.

Haveria ganhos de focalização e coordenação. 77% dos recursos do Bolsa Família vão para o terço mais pobre da população, enquanto as deduções-criança vão direto para o terço mais rico. Não parece haver muita dúvida sobre o que fazer.

Há duplicações de benefícios e uma ampla parcela de famílias pobres que não recebem benefício algum. O simples ganho de eficiência na aplicação dos recursos duplicaria seu efeito, com impacto fiscal zero, na redução da pobreza e da desigualdade.

A economista Monica de Bolle sugere algo distinto (e correto, na minha visão): o foco em uma renda básica infantil. Famílias com crianças de 0 a 6 anos receberiam um complemento de até meio salário mínimo, com impacto fiscal esperado entre 1% e 1,5% do PIB.

No fundo, estamos diante de uma discussão que envolve elementos normativos e funcionais. O país quer priorizar a proteção da infância? A ideia é simplesmente não deixar que ninguém viva abaixo de um certo padrão de dignidade? Ou o objetivo é mais arrojado e envolve a redução e, por fim, a eliminação da miséria?

Não acho que exista clareza alguma sobre estas coisas, e acho curioso que o país (a começar pelo governo) se dedique a desenhar programas sem explicitar sua visão normativa de longo prazo. Seria como ir levantando paredes sem antes perguntar em que tipo de casa se quer morar.

Definido o sentido normativo do programa, seu desenho fica mais fácil de fazer, e os economistas, como observou provocativamente Samuel Pessoa, podem calcular quanto tudo irá custar.

De minha parte, digo que a renda básica brasileira deveria atender a quatro pontos normativos: ter um foco claro nos mais pobres e definir condicionalidades (além das hoje existentes no Bolsa Família, envolvendo formação profissional, por exemplo).

Deveria integrar programas a partir do Bolsa Família, que pode ser corrigido em seu alcance e valor, hoje irrisório. Integrar, aqui, tem um sentido amplo: substituir programas menos eficientes pela oferta direta de renda às pessoas.

Esta a reconversão de longo prazo que assistimos no "welfare state" contemporâneo: menos intermediação das burocracias públicas e mais poder para que as pessoas façam suas escolhas, com liberdade.

Por fim, o caráter emancipatório. Se o objetivo de um programa de renda básica é superar a pobreza, seu foco civilizatório deve ser a autonomia das pessoas frente ao Estado, de modo que elas possam viver do seu trabalho e senso empreendedor.

A transferência de renda é apenas um dos elementos que podem nos ajudar a superar a pobreza. Pouco adianta garantir uma renda básica se a escola não funciona e 56% dos lares mais pobres não têm acesso à coleta de esgoto.

É por isso que a repactuação do país precisa ser muito mais ampla do que costumamos reconhecer. Oxalá a crise nos ajude a esquecer um pouco a querela política e pensar nas coisas que de fato importam.
Herculano
11/06/2020 07:47
PESQUISA: 67,7% SÃO CONTRA INTERVENÇÃO MILITAR, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

Levantamento exclusivo realizado pelo instituto Orbis para o site Diário do Poder e esta coluna revela que a maioria absoluta dos brasileiros (67,7%) é contra uma eventual intervenção militar sobre os poderes. Já 21,7% defende um golpe militar no Brasil. Outros 10,6% não souberam avaliar. No Sudeste, a parcela de pessoas contra um eventual golpe dispara e chega a 70,2% e o apoio a um golpe é reduzido para 18,6%.

MAIOR É PEQUENO

O maior apoio a uma intervenção militar sobre os poderes brasileiros está no Centro-Oeste, mesmo assim são apenas 28,1%; contra 63,3%.

ENTRE OS SEXOS

Mais homens são favoráveis e também rejeitam a intervenção militar: 68,6% contra, 23,9% a favor. Mulheres: 67,1% e 19,9% respectivamente.

DIFERENÇAS REGIONAIS

No Norte e no Sudeste é idêntico o percentual de quem está em cima do muro: 11,3% "não sabem avaliar". No Norte, 26% apoiam a intervenção.

MARGEM DE ERRO: 1,54%

O instituto Orbis realizou 4.032 entrevistas em todo o país. A margem de erro e? de 1,54%, com 95% de confianc?a para todos os resultados.

OPERAÇÃO RECEBIDA COM DESCONFIANÇA EM MANAUS

A Operação Apneia, do MP do Amazonas, nesta quarta (10), foi vista com desconfiança em Manaus. Foram-se 14 mandados na investigação da compra, sem licitação, pela Secretaria de Saúde, de ventiladores para doentes de covid-19. Na CPI da Saúde da Assembleia, há a impressão de retaliação contra a ex-subsecretária de Saúde Dayana Mejia Sousa, que denunciou à comissão e ao Tribunal de Contas da União (TCU) malfeitorias do governo estadual. Ela, estranhamente, foi um dos alvos.

EM FAMÍLIA

A operação foi comandada pelo coronel PM Luismar Bonates, secretário de Segurança, cujo filho Luís Mário também é secretário do governo.

TENTANDO SOBREVIVER

Acusado de corrupção, o governador do Amazonas, Wilson Lima, tenta sobreviver ao processo de impeachment na Assembleia Legislativa.

CHEGA MAIS, PF

A Operação Apneia reforçou a esperança dos cidadãos de que a Polícia Federal apure as inúmeras denuncias de corrupção contra o governador.

CRIME VIROU DETALHE

A operação da PF no Pará foi noticiada na TV como "a segunda contra governadores críticos de Bolsonaro". É como se isso fosse atenuante e fossem só detalhes a corrupção na pandemia e a grana apreendida.

DESTINO SELADO

Levando a sério as denúncias de corrupção contra o governador Wilson Witzel, 69 dos 70 deputados estaduais votaram a favor da abertura do processo de impeachment. O vice pode encomendar o terno da posse.

ELES ESTÃO DE BRINCADEIRA

Enquanto ministros do STF e do TSE discutiam a melhor maneira de "ferrar" o presidente, Bolsonaro trocava zombarias com Rodrigo Maia e o Congresso embromava para não mexer nos privilégios do setor público, brasileiros ainda em quarentena perguntavam: e o combate ao covid-19?

TRIBUNAL DE EXCEÇÃO

Quem assistiu ao show de corporativismo dos ministros do STF, ontem, lembra advertência da ex-procuradora geral Raquel Dodge: investigando e julgando, o STF acaba por se transformar em tribunal de exceção.

EMPREGOS PELOS ARES

A empresa aérea Emirates, uma das mais admiradas do setor aéreo mundial, decidiu demitir quase mil pilotos. A empresa já havia dispensado trezentos e agora dispensará mais de seiscentos.

DIZ QUE NÃO ESTOU

O falante secretário paulistano de Transportes, Edson Caram, parece menino flagrado em traquinagem: foge de entrevistas desde que o chefe, prefeito Bruno Covas, ameaçou demiti-lo durante coletiva.

CORONA DÁ LUCRO

Laboratórios particulares têm aproveitado para faturar cada vez mais com os testes para identificar o novo coronavírus. Em Brasília, o Sabin cobrava R$270 pelo teste molecular e passou para R$350, alta de 30%.

NÃO FOI DESTAQUE

No caso do Brasil, pela segunda vez em três dias, houve mais curas que novos casos do coronavírus. Ontem, quase a metade de todas as altas no mundo foram aqui: 54.698 pessoas voltaram para casa e fizeram o Brasil ter mais curados (380 mil) que pessoas ainda doentes (352 mil).

FRANCA RECUPERAÇÃO

O número de curados é maioria entre os infectados pelo coronavírus desde o início da pandemia, na China. O Worldometer, registrava às 18h45 de ontem 7,436 milhões de casos e 3,720 milhões de curas
Herculano
11/06/2020 07:30
O FUTURO DO PASSADO DOREVISIONISMO HISTóRICO, por Roberto Dias, secretário de Redação do jornal Folha de S. Paulo

Seria melhor ensinar história do que destruir estátuas

Os bandeirantes voltaram à moda. Estão, de novo, na mira do politicamente correto. O alvo preferido é facilmente atacável: a estátua de Borba Gato, decerto uma das coisas mais feias de São Paulo. Mais difícil é achar quem estenda a crítica política ao Monumento às Bandeiras, obra modernista tombada.

Os bandeirantes exemplificam os problemas desse revisionismo para estabelecer o que seria aceitável. Quatro das rodovias que conectam a capital paulista os homenageiam: a dos Bandeirantes, a Anhanguera, a Raposo Tavares e a Fernão Dias. Outra leva o nome de Anchieta, jesuíta que apoiava a escravidão dos negros e catequizava indígenas. O religioso deveria receber qual rótulo?

As rodovias paulistas também guardam questões mais contemporâneas. Ayrton Senna, que batiza uma delas, é o piloto que jogou o carro em cima de um adversário para ganhar um Mundial de F-1. Outra leva o nome do primeiro presidente da ditadura militar, Castello Branco. Ela cruza o Rodoanel Mário Covas, político cassado pela ditadura de Castello, e o viaduto Roberto Cardoso Alves, que personifica o centrão fisiológico do Congresso desde quando Arthur Lira estava no colégio. Os tamoios, homenageados num dos caminhos do litoral, praticavam o canibalismo como vingança. Na época de D. Pedro 1º, que dá nome a uma estrada do interior, revoltosos eram executados.

Por falar em executados: Tiradentes, herói da Inconfidência, tinha seis escravos, como lembrou o autor Laurentino Gomes. Suas estátuas deveriam ter o mesmo destino que começa a ser dado às de Cristóvão Colombo, pioneiro da conexão entre Europa e América?

Levado ao pé da letra, esse tipo de revisionismo não tem fim, nem melhorará o mundo por si só. Alguns dos que empunham tal bandeira partem de uma premissa furada de superioridade moral. Outros ignoram a complexidade de cada caso. Seria mais proveitoso educar melhor as pessoas sobre história do que sair por aí apagando o passado.
Miguel José Teixeira
10/06/2020 22:04
Senhores,

Na mídia:

A Divisão de ministério "não está na mesa", reitera André Mendonça. (iG)

Huuummm. . .

Será que o estafeta "terrivelmente evangélico" começou a urinar fora da pichorra?

Ou será que ele também sabe de algo à respeito do "pancrácio", que só o "cavalão" sabe?

Em tempos de pandemia, nós, "burros-de-cargas" tupiniquins, vivemos também tempos de incógnitas.

Olavo Bilac já preconizava:

Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
Miguel José Teixeira
10/06/2020 20:59
Senhores,

Jairzinho paz & amor, o breve:

"Mulher cobra Bolsonaro sobre 38.406 mortos por Covid', e presidente responde:

"Se quiser falar, sai daqui, que você já foi ouvida. Cobre o seu governador. Sai daqui, tá?".

Os COICES fazem parte da natureza do cavalo!

E o "pancrácio" emenda: do "cavalão" também!
Herculano
10/06/2020 19:13
GOVERNO FEDERAL GARANTE APLICAÇÃO DO PRONAMPE DE AUTORIA DO SENADOR JORGINHO MELLO, PL

Conteúdo é press release do gabinete do senador Jorginho Mello. Texto de Nathan Neumann. O Secretário Especial do Ministério da Economia, Carlos Costa, garantiu: o programa de concessão de crédito para empreender e impulsionar pequenos negócios, ou Pronampe, deve estar rodando nas próximas horas. A declaração foi feita hoje, durante a coletiva de imprensa da equipe técnica do governo federal sobre as ações de enfrentamento de Covid-19. O Pronampe - Programa de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, autoria do senador Jorginho Mello (PL-SC), foi o destaque da coletividade.

Costa afirmou que os bancos estão concluindo o trabalho de homologação do sistema. "Deverão plugar um qualquer instante", explicou, lembrando que "é um momento importante, de apoio ao empreendedor, de união de todos, para que uma retomada ocorra e nosso microempreendedor possa sair dessa mais forte". Costa reiterou uma grande importância do segmento de economia, "responsável por 100% dos empregos gerados no país".
Herculano
10/06/2020 19:09
ROUBO NA COMPRA DE RESPIRADOR FAZ DA LUZ O PUS, por Josias de Souza, no UOL.

No estágio mais grave da covid-19, o respirador representa a luz no fim do túnel de pacientes que chegam à UTI jurados de morte. Os agentes públicos que roubam na aquisição de algo tão vital transformam luz em pus. Costuma-se dizer que todo mundo tem o seu preço. Num instante em que a pandemia está perto de fazer 40 mil mortos no país, o administrador público que se vende na compra desse tipo de equipamento é uma alma em liquidação. Portanto, merece ser liquidada judicialmente de forma implacável.

As batidas de busca e apreensão realizadas pela Polícia Federal no Pará repetem as cenas observadas dias atrás no Rio de Janeiro. Nos dois casos, as acusações envolvem empresários, servidores e os próprios governadores - o paraense Helder Barbalho e o fluminense Wilson Witzel. Há nas investigações algo muito positivo e uma grande esquisitice.

O que há de positivo é que pela primeira vez o Brasil assiste à apuração de corrupção em tempo real. As suspeitas são investigadas no instante em que os crimes acontecem, não anos depois. Isso revela que os responsáveis pelos órgãos de controle estão atentos. A esquisitice é a presença de um tambor do bolsonarismo nos arredores da apuração.

Às vésperas da ação contra Witzel, a deputada Carla Zambelli antecipou numa entrevista radiofônica que a Polícia Federal deflagraria operações contra governadores. Nesta quarta-feira, ao celebrar o que chamou de "covidão do Pará", a deputada escreveu nas redes sociais:

"Mãe Zambelli acerta mais uma vez. Prevejo ações da PF em outros estados, como SP, por exemplo."

Sabe-se que as operações são monitoradas pelo Ministério Público Federal e autorizadas pelo Judiciário. Mas o vínculo da PF com a tenda de quiromancia da mãe Zambelli virou um caso de polícia.
Herculano
10/06/2020 18:58
UTI de COVID GASPAR

1. Ficou esperando autorização por quase três semanas para funcionar em 10 leitos, que dizia ter, mas de verdade, só nove estavam prontos.

2. O primeiro internado de Gaspar, quase um mês depois de aberta, tinha pneumonia.

3. Vazia, admitiu hoje o seu segundo paciente. Ele veio pela regulação. E é bom treinando. Pelo ritmo do acréscimo de contágios por aqui, a UTI poderá ser o socorro dos contaminados.

4. Só para lembrar. Em Blumenau, com 370 mil habitantes, segundo o boletim de hoje, havia apenas cinco pacientes com Covid internados em UTIs. Lá também há um acréscimo de contaminados.

5. Preocupante mesmo, é a situação de Ilhota.

Herculano
10/06/2020 18:51
LÍDER DO PARTIDO DE WITZEL VOTOU PELA ABERTURA DO PROCESSO DE IMPEACHMENT

Conteúdo de O Antagonista. Até o líder do partido de Wilson Witzel, o PSC, na Alerj, o deputado estadual Bruno Dauaire, votou a favor da abertura do processo de impeachment do governador.

Ele justificou assim, em mensagem enviada a O Antagonista:

"Hoje votei pelo sim, a favor da admissibilidade do processo que irá apurar denúncia de possível crime de responsabilidade contra o governador. Minha decisão foi fundamentada em respeito à prerrogativa do parlamento, que também sempre foi respeitado pelo Witzel. Acredito que ele vai provar sua inocência e, em respeito aos meus eleitores, defendo as investigações para que tudo seja esclarecido e logo superado."

ESCLAREÇO

A sessão foi virtual. Dos 70 deputados, 69 votaram pela admissibilidade do impeachment de Witzel e um se absteve. E nem precisava isso. A decisão pela admissibilidade é exclusiva do presidente da Alerj
Herculano
10/06/2020 18:39
A SECRETARIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL DE GASPAR ALÉM DE SER UM REDUTO PARA EMPREGO POLTICO, AGORA ESTÁ VIRADA NUM PAU VELHO.

ELA MOSTRA A ALMA DE PEDRA DO GOVERNO DE KLEBER EDSON WAN DALL, MDB E LUIZ CARLOS SPENGLER FILHO, PP. IMPRESSIONANTE. ACORDA, GASPAR!
Herculano
10/06/2020 12:02
FINGIDO? AI, AI, AI

Ontem o presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido, fez aquela reunião ministerial que acabou nas paradas de sucesso depois que o ex-ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro, deixou o governo.

Resumindo.

1. Bolsonaro jurou que não faria mais reunião ministerial, só individualmente. Voltou atrás? E tão rápido?

2. Disse que não filmaria mais este tipo de reunião. Não só fez, não só filmou, como ela foi transmitida pelo próprio governo.

3. Pior de tudo. Saiu o Bolsonaro barraqueiro, autêntico, e entrou o Bolsonaro estadista, comportado, controlado. Ou seja, falso.

4. Em quem acreditar? Bolsonaro é um poço de autodesmentidos. Ele deixa atordoado os fanáticos, os apaixonados e defensores do governo, principalmente os do seu estilo quebra-tudo, porra!
Miguel José Teixeira
10/06/2020 11:43
Senhores,

Enquanto isso, na obsoleta e dispendiosa câmara de vereadores do Rio de Janeiro:

"Queima ou cheira": Vereador pede cassação de mandato de Carlos Bolsonaro

- Leonel Brizola Neto (PSol) argumenta que o filho do presidente tem quebrado o decoro parlamentar em sessões por WhatsApp. . .

Leia mais em: https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/06/09/interna_politica,862520/queima-ou-cheira-vereador-pede-cassacao-de-mandato-de-carlos-bolsonaro.shtml

A Rádio Cercadinho indaga:

E por desvio de função, nada?

Todos sabem que o tal zero 2 é o estafeta-mor da SECOM da Presidência da República e até hospeda-se na pousada da Alvorada em Brasília.

Ora, se sua base é no Rio o que faz em Brasília?

Parece-me que foi contaminado no assento do "Rolls-Royce" ao desfilar em solenidades, atitude medíocre, completamente impertinente e quiçá ilegal.

Respostas para o gabinete ódio, só para inticar. . .
Miguel José Teixeira
10/06/2020 09:51
Senhores,

O ralo do desperdício

...a OMS já pode pedir música: recuou por três vezes de suas "decisões do Olimpo", a última no caso dos infectados assintomáticos.
(Pensando bem da coluna do CH abaixo)

Huuummm. . .o modo "pedir música" já está congestionado pelos INCONTÁVEIS RECUOS feitos pelo "pentiunvirato zero-zero" em atos atabalhoadamente atabalhoados.

A Rádio Cercadinho sugere a criação do cargo de RGR - Recuador-Geral da República!

No período matutino a Presidência baixa um ato e no período vespertino o RGR o cancela. . .

E assim, os elevadíssimos impostos pagos por nós, contribuintes, vão pelo ralo do desperdício.
Herculano
10/06/2020 09:05
PROVAS COMPARTILHADAS, por Merval Pereira, no jornal O Globo

Na frente do prédio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília, onde se desenrolam os processos para impugnação da chapa Bolsonaro-Mourão sob diversas alegações, dois grupos se manifestavam ontem. De um lado, a turma do Bolsonaro, comandada pela ativista Sara Winter. De outro, o grupo da oposição, aparentemente liderado pelo PT.

Ambos com pouca gente, diga-se de passagem, o da oposição menor. Gilberto Carvalho, ex-ministro de Lula e seu braço direito, pegou o megafone e começou a esbravejar contra o "golpe" sofrido pela ex-presidente Dilma, e a defender ao mesmo tempo a cassação do mandato de Bolsonaro e Mourão.

Foi tiro e queda, esvaziou-se a manifestação oposicionista. Esse fato fortuito é exemplar de uma situação política apodrecida, que levou à irrelevância de Lula na atual quadra brasileira. Como Bolsonaro, Lula só pensa naquilo, a eleição de 2022. Mas quer que os partidos continuem a girar em torno dele, o sol oposicionista.

Um desejo irrealizável pelas leis em vigor, pois foi condenado em segunda instância e é inelegível. A presidente do PT, Gleisi Hoffman, já lançou a candidatura de Lula, e José Dirceu, mais pragmático, mas igualmente fora da realidade, defende o que chama de "chapa imbatível", com o governador petista da Bahia Rui Costa para presidente e Flavio Dino, governador do Maranhão do PCdoB, como vice. Uma tentativa de manter o PCdoB como satélite do PT.

No domingo, num programa especial da Globonews de Miriam Leitão, ficaram frente a frente três líderes da oposição a Bolsonaro: Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, Marina Silva, do Rede e Ciro Gomes do PDT. Debateu-se uma aliança oposicionista que unisse vários partidos, aliança essa que o PT já se recusou a aderir, alegando que não poderia conviver com quem trabalhou pelo "golpe" contra Dilma, nem assinar um mesmo documento que o ex-ministro Sérgio Moro.

No programa da Globonews, Ciro Gomes tomou a iniciativa de se reaproximar do ex-presidente Fernando Henrique, a quem criticou regularmente nos últimos anos, depois de terem sido companheiros de partido e de governo. Num momento como o que enfrentamos, com crises para todos os lados, é indispensável que os líderes políticos se unam em tono do que os agrega, como a oposição de Bolsonaro.

Mas os dois populistas, Bolsonaro e Lula, se retroalimentam, e precisam um do outro. Não creio, porém, que depois dessa experiência com o governo Bolsonaro, e com a debilidade política do PT, tenham chance novamente de dividir o eleitorado.

O julgamento da chapa Bolsonaro - Mourão, ontem no TSE, foi o primeiro dos muitos que vão acontecer e deve ser arquivado, porque a questão é frágil. Trata-se de um site "Mulheres contra Bolsonaro" que foi invadido por hackers e teve o nome mudado para "Mulheres a favor de Bolsonaro".

É muito subjetivo determinar se foi o candidato quem mandou invadir o site, e o relator do caso, ministro Og Fernandes, votou pelo arquivamento. O ministro Facchin quer continuar a investigação. Assim como esse, outros processos também são frágeis.

O fundamental para o TSE é definir se essas ações mudaram o resultado das eleições. Nesse sentido, o único processo que vai dar discussão é o de impulsionamento de mensagens no WattsApps, mentirosas ou favoráveis a Bolsonaro. Impulsionamento na campanha eleitoral é ilegal - não se pode mandar a mesma mensagem para milhares pessoas porque é caro e caracteriza abuso de poder econômico.

Além disso, quando impulsiona mensagens mentirosas, outro candidato está sendo prejudicado. O compartilhamento de provas encontradas no inquérito do Supremo que já investiga fake news há um ano, se autorizado, pode robustecer esse processo no TSE, e a quebra de sigilo dos empresários envolvidos no apoio ao governo Bolsonaro nas redes sociais pode levar à criminalização desse apoio, comprovando o abuso do poder econômico.

O presidente do TSE, ministro Luis Roberto Barroso, já avisou que a esperança de grupos de que o TSE possa resolver uma questão politica que está posta, com a impugnação da chapa Bolsonaro-Mourão, é infundada. O Tribunal não agirá politicamente, garante. O julgamento deve acontecer ainda este ano, o que, no caso de impugnação da chapa, obrigaria a uma nova eleição direta para presidente da República. Se acontecer depois do segundo ano de mandato presidencial, a eleição seria indireta. O TSE pode também impugnar apenas a candidatura de Bolsonaro, e nesse caso assumiria o restante do mandato o vice Hamilton Mourão.

Mas é preciso levar em conta que é muito difícil anular uma chapa presidencial eleita por 60 milhões de votos. A não ser que o excesso de provas torne inevitável a decisão.
Herculano
10/06/2020 09:02
VENDILHõES DE TEMPLOS MIDIÁTICOS, editorial do jornal O Estado de S. Paulo

Bolsonaro passou a agredir grandes empresas de comunicação, pedindo aos empresários que deixassem de publicar anúncios, para asfixiá-las financeiramente

Enquanto no Legislativo parlamentares governistas vêm pedindo maior agilidade na tramitação do projeto de lei que permite às televisões com baixa audiência promover sorteios e jogos de bingo, uma antiga reivindicação de seus proprietários, há cerca de duas semanas uma ala da Igreja Católica reuniu-se por meios virtuais com o presidente Jair Bolsonaro para pedir, em troca da veiculação de notícias favoráveis, mais concessões de rádio e TV, bem como recursos públicos para instalá-las, repassados sob a forma de publicidade institucional.

Os dois fatos dão a medida de como o governo Bolsonaro, assustado com o renascimento das manifestações de rua contrárias a ele, vem reagindo para tentar manter a popularidade do presidente. A rigor, a estratégia não é nova - ao contrário, foi muito usada no passado, quer no regime militar, quer depois da redemocratização. A utilização política da comunicação midiática sempre foi um instrumento de construção de imagens e narrativas e desqualificação de adversários políticos, principalmente nos períodos eleitorais.

O que é novo, agora, é o fato de que essa estratégia vem sendo implementada de modo escancarado e sem pudor. Ela começou a ser posta em prática quando, desde o início de seu mandato, Bolsonaro passou a agredir grandes empresas de comunicação, pedindo aos empresários que deixassem de publicar anúncios, para asfixiá-las financeiramente. Em 2019, a Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom) distribuiu R$ 4,6 milhões a grupos religiosos de comunicação, dos quais os veículos católicos ficaram com R$ 2,1 milhões.

Além de reivindicar concessões de televisão e publicidade pública em troca de noticiário favorável ao presidente, representantes dessa ala da Igreja pediram a Bolsonaro que lhes desse verbas para promover "obras filantrópicas". Mas a cortina do bom samaritano se abriu quando líderes da Frente Parlamentar Católica do Congresso afirmaram ter o apoio de empresas americanas interessadas em investir quantias milionárias no Brasil em novos órgãos de comunicação "alinhados a Bolsonaro". E se escancarou de vez quando o padre Welinton Silva, da TV Pai Eterno, reconheceu que a emissora passa por dificuldades e afirmou que espera uma aproximação com a Secom para oferecer uma pauta positiva das ações do governo. "Precisamos de um apoio maior do governo para continuar comunicando a boa notícia, levando aquilo de bom que o governo pode estar fazendo pelo povo", disse ele.

A repercussão foi a pior possível. Em carta publicada por este jornal, Francisco Paes de Barros, radialista com cinco décadas de experiência profissional e ex-diretor de várias emissoras de rádio, muitas delas católicas, foi ao ponto. "Fiquei envergonhado com a imagem de Nossa Senhora de Fátima sendo levada ao curralzinho onde Bolsonaro diariamente fala a seu gado. Uma Igreja que tem tantos mártires torturados, desaparecidos, mortos pela ditadura, agora vai ao presidente de pires na mão para pedir ajuda em troca de bênção e apoios", afirmou.

A mesma indignação foi expressa pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Nota também assinada por outras entidades afirma que "a Igreja Católica não faz barganhas e não atua em troca de favores". Disse, ainda, que os participantes da reunião com o presidente da República não tinham autoridade para falar em nome da Igreja Católica.

Como Bolsonaro participa de atos em defesa de uma ditadura militar, quer armar a população, desdenha da Constituição e afronta sistematicamente os Poderes constituintes e a imprensa livre, o que esses vendilhões de templos midiáticos estão fazendo, quando propõem transmitir "a boa notícia" do que seu governo está fazendo, em troca de dinheiro, é mais do que um pecado moral. É uma contribuição abjeta para um sistema de comunicação totalitário, sem redações e sem jornalistas, que se alimenta de sinopses laudatórias de um governante que, apesar de se apresentar como cristão, defende ditaduras e torturadores.
Herculano
10/06/2020 08:53
SERÁ QUE VIRÁ MINISTRO DO SUPREMO "TERRIVELMENTE FASCISTOIDE"? SENADO DIRÁ! por Reinaldo Azevedo, no UOL

Será que teremos um ministro do Supremo "terrivelmente fascistoide"? Só se o Senado se acovardar.

Vigiemos. Já chego ao ponto.

Ao conversar com os desocupados que dão plantão às portas do Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro se referiu aos manifestantes que pedem democracia com a conversa truculenta de sempre: seriam os que põem "a manga de fora" e querem transformar o Brasil numa Venezuela...

Venezuela?

Agora muitos esquerdistas vão estrilar, mas a coisa mais parecida com Chávez que há no Brasil é Jair Bolsonaro.

Quando o então tenente-coronel Hugo Chávez tentou dar um golpe de Estado, em 4 de fevereiro de 1992, foi elogiado pelo agora presidente e então deputado, que estava no começo de seu primeiro mandato parlamentar.

Indagado sobre o golpista Chávez, afirmou Bolsonaro:
"Chávez é uma esperança para a América Latina e gostaria muito que essa filosofia chegasse ao Brasil. Acho ele ímpar. Pretendo ir a Venezuela e tentar conhecê-lo."

Mais um pouco?
"Ele [Chávez] não é anticomunista, e eu também não sou. Na verdade, não tem nada mais próximo do comunismo do que o meio militar".

Ou ainda:
"Acho que ele [Chávez] vai fazer o que os militares fizeram no Brasil em 1964, com muito mais força. Só espero que a oposição não descambe para a guerrilha, como fez aqui".

A coisa fazia sentido. O capitão havia sido chutado do Exército brasileiro - uma passagem compulsória para a reserva - em razão de sua deslealdade com a Força, o que admitiu.

A deslealdade se traduziu num artigo que escreveu para a "Veja", em 1986, contestando o valor do soldo. Na verdade, a coisa foi mais grave, mas o Exército escondeu a verdade. Ele havia planejado explodir bombas em quarteis e mandar para os ares a adutora do Guandu, no Rio.

Eis aí o grande patriota ao qual os generais hoje batem continência. Bolsonaro, reitere-se, planejava explodir bombas em quarteis, onde estavam seus colegas de farda. Um homem leal! Mas voltemos ao portão do Alvorada.

Depois de dizer que o grande problema do Brasil são aqueles que hoje se manifestam contra o seu governo, o presidente, por conta própria, falou sobre a vaga que será aberta no Supremo em novembro, com a aposentadoria compulsória de Celso de Mello.

Referindo-se à indicação que tem a fazer, afirmou ser a oportunidade para "ir arrumando as coisas"

E depois emendou:
"A gente vai vencer essa guerra aí. O Brasil não vai para a esquerda, não vai afundar. Não vai virar uma Venezuela como alguns queriam aí".

Huuummm... Entendi: o ex-fãzoca de Chávez (um tentou dar golpe, e o outro, praticar atos terroristas) chama manifestações democráticas de "o problema" do Brasil e anuncia que vai usar a indicação ao Supremo para "arrumar as coisas" no terreno ideológico...

Pois é... Embora Chávez fosse um fascistoide de esquerda e Bolsonaro seja um fascistoide de direita, outra coincidência se alevanta, né? O tirano na Venezuela também avançou sobre a democracia ?" depois de ter chegado ao poder por eleições democráticas ?" aparelhando a Justiça com os seu cupinchas. Começou pela corte suprema.

Quando esta foi colonizada, o resto ficou mais fácil. Ele ia usando eleição após eleição para instaurar a ditadura. E sempre em guerra com a imprensa.

Caberá ao Senado decidir se aceitará uma indicação "terrivelmente fascistoide" para o Supremo.

O fascismo só avança com a conivência dos canalhas, dos tolos e dos fracos.
Herculano
10/06/2020 08:44
REUNIÃO NO PAÇO DE GASPAR COM OS COMISSIONADOS PARA O ALINHAMENTO. E EU OLHANDO A MARÉ
Herculano
10/06/2020 07:13
da série: encenações de gente encrencada e encrenqueira

ZAMBELLI DIZ QUE PENSOU EM DEIXAR O CARGO

Conteúdo de O Antagonista. Carla Zambelli disse para O Globo que pensou em largar o cargo depois de ser atacada por um blogueiro bolsonarista:

"A direita tem que aprender que, quanto tiver que brigar, tem que brigar no privado, e não no público. Isso enfraquece a direita e, no momento, o que precisamos é união. Por isso que eu cogitei deixar o cargo."

"Estou fazendo tudo isso pela política, enfrentando esse monte de coisa e vem um blogueiro questionar minha lealdade com a direita. Esse tipo de coisa dá vontade de pegar e falar: 'Não preciso disso'. Realmente, tem hora que a gente repensa, para pensar se vale a pena."

Ninguém acredita nisso.
Herculano
10/06/2020 07:05
ACAREAÇÃO QUE NÃO MUDA NADA, por Roberto Azevedo, no Making of

Colocar lado a lado Márcia Regina Geremias Pauli (ex-superintendente de Gestão Administrativa da Secretaria da Saúde) e os ex-secretários Helton Zeferino (Saúde) e Douglas Borba (Casa Civil), que saiu direto da prisão para participar da acareação promovida pela CPI dos Respiradores, foi como bater em uma porta trancada, sem trinco e sem chave.

No popular, os três nada mudaram de suas versões anteriores: Márcia a sustentar que quem mandou pagar os R$ 33 milhões antecipados por 200 aparelhos junto à Veigamed foi Helton, ele a afirmar que houve "fraude" pelo pagamento autorizado por ela, que certificou um produto que não foi entregue, e Douglas a se esquivar dos ataques de ambos de que interferiu e pressionou.

Acareações são demoradas, chatas de todo modo, e esta só não foi pior porque o deputado Kennedy Nunes (PSD) interveio e usou de sua preparação, antes do encontro desta terça (9), e observou que, nas CPIs no Congresso, não há a participação ativa dos advogados, que, ao início da reunião, pareciam levar para a Assembleia o ritmo de um tribunal do júri, com apartes e questões de ordem, prontos para o debate.

Não houve uma evolução, tanto em que apenas em poucos momentos Douglas afirmou que, se nada tivesse dado errado, ao se referir ao processo torto da compra, não estaria onde está agora, ou seja preso preventivamente.

QUE MOMENTO!

Imagine uma pessoa ser o todo-poderoso do governo, uma espécie de "primeiro-ministro", que mandava e desmandava, e chegar a uma reunião na Assembleia escoltado por agentes da DEIC, direto da prisão.

Esta é a dura realidade de Douglas Borba, que cumpre o rito daqueles que precisam responder por muitos atos imputados.

EFICIENTE

De longe o melhor sistema adotado para fazer os acareados levarem as respostas para o campo da objetividade foi o do deputado João Amin (PP).

Dizia qual era o tema da divergência, todas as quatro levantadas por ele, e cada um dava a sua versão. Salvou a noite!

JOGADA COMPLICADA

A acareação não havia começado e o deputado Ivan Naatz (PL), relator e propositor da CPI, apresentou um requerimento aprovado por unanimidade pelos membros da comissão onde disse, em claro e bom som, tratar-se de um requerimento de convocação do governador Carlos Moisés da Silva. Ocorre que, legalmente, não há como uma CPI convocar um chefe do Executivo, apenas convidar. O termo foi usado na mesma linha de jogar para o eleitor de que há esta possibilidade, quando as figuras jurídicas são diferentes, bastante diferentes.

NEM LÁ NEM CÁ

A Procuradoria Geral do Estado não tinha uma resposta sobre a convocação, que era convite e nem um dos dois termos conta do requerimento aprovado pela CPI.

O fato será analisado pela Casa Civil, que, até o fechamento desta coluna, não havia se manifestado.

CARAS E BOCAS

Olha que o presidente da CPI, deputado Sargento Lima (PSL), pediu que os acareados não se valessem de gestuais, caras irônicas ou similares, durante a manifestação de outra pessoa quando respondia ou se manifestava. Não funcionou com Márcia Regina, que, durante todo tempo, exercitou "sobrancelhadas" e sorrisos durante as respostas e intervenção, de deputados e dos ex-secretários.

ENFIM, NOMES!

Márcia Regina ainda não se lembra do nome do deputado que pode ter agido na pressão sobre a compra dos respiradores, disse que precisaria do seu telefone para tanto.

Já Douglas entregou o que se propôs, citou, por razões diferentes, mas todos com propostas para ajudar a entrega de insumos por empresas de suas respectivas regiões e nada a ver com os respiradores, mas EPIs, os deputados Fernando Krelling (MDB), Vicente Caropreso (PSDB) e Luiz Fernando Vampiro (MDB). A pressão não estaria embutida.

ERRO

A CPI está equivocada ao ter proposto a acareação entre Márcia Regina, Helton e Douglas sem ter ouvido antes do servidor José Florêncio, coordenador do Fundo Estadual de Saúde, que efetuou o pagamento à Veigamed; a servidora Debora Brum, assessora da ex-superintendente de Gestão Administrativa, que também aparece com atuação na efetivação da compra; e Fábio Guasti, que atuou como intermediador na venda dos respiradores e foi preso na segunda fase da Operação Oxigênio.

Os nomes deles circularam na acareação e poderiam acrescentar novos elementos na apuração. Serão ouvidos na semana que vem.

MENOS UM

Aos poucos, aqueles argumentos rasos utilizados por alguns mandatários e parlamentares cai por terra em relação à pandemia do Covid-19.

O último, aquele de que o governo do Estado economizaria se atendesse tão somente à compra de 100 respiradores pela Intelbras, mais baratos do que os vendidos pela Veigamed, caiu por terra porque a boa ação da empresa catarinense esbarrou em um detalhe legal: o de não possuir autorização da Anvisa para proceder a operação.

"MICK JAGGER" DA ASSEMBLEIA

Tens uns três ou quatro deputados, os mesmos que defendiam os padrões nórdicos de combate ao Coronavírus na Suécia, reconhecidos agora pelo país escandinavo como um grande equívoco, que também eram adeptos do fator Intelbras, cuja importação foi abortada e o governo do Estado cancelou a compra programada, ou seja, sem prejuízo para os cofres públicos.

É bom ficar atento ao discurso fácil deles, que têm agorado por ir contra o isolamento social ou fazem vista grossa à realidade que se transformou o mercado internacional da venda de insumos para a saúde depois da doença, como se vivessem em um outro planeta. Aliás, uma coisa está perpetuada, são identificados como a turma do pé-frio e já estão sendo chamados de "Mick Jagger" da Assembleia.

RIGOR

Deputada Paulinha da Silva (PDT), líder do governo, conheceu de perto o rigor do controle das medidas de combate ao Coronavírus na Assembleia.

Ao chegar à sede do parlamento, na segunda (8), a medição indicou uma temperatura acima do normal e a parlamentar foi orientada a retornar para casa: ponto para o Legislativo pela vigilância e à deputada que entendeu à preocupação que o momento exige.

ATESTADO

A deputada estava com uma infecção leve, de acordo com o diagnóstico médico, e retornou ao trabalho depois de fazer o exame e testar negativo para o Coronavírus.

Na sessão desta terça (9), Paulinha estava presente e fez questão de trazer o atestado médico, embora ainda com um pouco de febre.

ALERTA

A Assembleia já teve a sede fechada por uma semana por conta da ocorrência de um caso e de outros quatro suspeitos de Coronavírus.

Infelizmente a presteza da deputada Paulinha passaria longe de determinados perfis, que, além do carteiraço, invocariam a Constituição, o guru, William Shakespeare e a mãe do Badanha para entrar no Palácio Barriga Verde, sem máscara. Gente que trata a questão saúde sob o viés ideológico.

INTERESSANTE

Notícia dada pelo Estadão afirma que Procuradoria Geral da República vai analisar a atitude do governador em "furar a quarentena" e participar de uma festa em Gaspar, em um hotel, por ele não usar máscara e estar exposto à proximidade com outras tantas pessoas.

Interessante é que a mesma PGR não "analisa" o presidente Jair Bolsonaro, que sai à rua sem máscara, o que é proibido em Brasília, e nem é preciso dizer que se reúne com multidões. Moisés se desculpou em um vídeo divulgado na noite desta terça (9).
Herculano
10/06/2020 06:47
TLOC!! PLUFT! NHOC!, por Helio Beltrão, engenheiro com especialização em finanças, presidente do instituto Mises Brasil, no jornal Folha de S. Paulo.

Balanço do BC incha sempre, como a barriga do Rabicó em 'Reinações de Narizinho'

Em "Reinações de Narizinho", de Monteiro Lobato, quando Narizinho subia na jabuticabeira, o leitão Rabicó ficava embaixo à espera dos caroços. Cada vez que soava lá em cima um tloc! seguido de um pluf! ouvia-se embaixo um nhoc! do leitão abocanhando qualquer coisa. E a música da jabuticabeira era assim: "Tloc! pluf! nhoc!; tloc! pluf! nhoc!"¦"

Nossa nativa jabuticaba é cultivada também no Banco Central com floração duas vezes por ano. A cada semestre o BC apura ganhos ou perdas não-realizados das reservas internacionais devido à variação do dólar e acerta contas com o Tesouro Nacional.

Devido à marcação a mercado, mesmo sem venda de reservas internacionais, apura-se ganho contábil, que atiça o apetite alheio. Até o fim de maio, os ganhos eram cerca de R$ 500 bilhões, 7% do PIB.

Com o déficit primário estimado de 10% do PIB este ano, o Tesouro está obrigado a levantar uma montanha de dinheiro no mercado. Há R$ 500 bilhões em ganhos contábeis no BC? Tloc!

Em tese o BC não pode financiar o Tesouro, mas em terras tupiniquins a teoria não é a melhor amiga da prática; usualmente a política monetária coça as costas da fiscal e vice-versa.

A cada semestre em que o dólar sobe, o BC cria reais novos e os credita à conta do Tesouro ("afinal é um ganho da União"). Em contrapartida, nos semestres em que o dólar cai, o Tesouro entrega um vale, ou seja, um título público ("afinal o BC não pode ficar descapitalizado"): pluf!

Em uma conta, entra dinheiro vivo, na outra, um vale. Sob a ótica do Tesouro, "se o dólar subir, eu ganho; se cair, você perde": nhoc!

O balanço do BC incha continuamente, como a barriga do Rabicó. Na carteira de ativos, mais títulos; no passivo monetário, a conta do Tesouro mais forrada.

Para evitar essa arma de dilatação em massa, o Congresso aprovou em 2019 a lei 13.820, que determina que o BC acumule eventuais ganhos não realizados em uma conta de resultados a serem compensados por perdas futuras. Assim, extingue-se a máquina contábil de inchaço. Ou melhor, extinguir-se-ia.

No final deste mês, usando uma brecha contestável prevista no artigo 5o da referida lei, o Conselho Monetário Nacional poderá determinar que o BC crie reais e os transfira ao Tesouro com respaldo dos ganhos não realizados. Nem a dívida bruta do setor público nem a dívida líquida se alterariam com a eventual manobra. No entanto, melhoraria o caixa do Tesouro (o "colchão de liquidez") em contrapartida à fragilização do BC.

Além de criar dinheiro previamente inexistente para o Tesouro, o principal problema da manobra é que, caso o dólar caia no segundo semestre, será necessária uma recapitalização do BC por meio de emissão de dívida pública. De fato, nem precisamos esperar: neste mês, o dólar caiu de R$ 5,33 para cerca de R$ 4,90. Portanto, os efêmeros R$ 500 bi já não existem: o ganho não realizado já pode estar abaixo de R$ 350 bi.

Como indica o economista Fernando Ulrich, o CMN pode indicar ao mercado duas sinalizações ruins com a medida: a) um piso implícito para o dólar, com BC e Tesouro alinhados em evitar que o dólar caia abaixo do nível de 30 de junho, pois tanto o BC se descapitalizará como o Tesouro terá um prejuízo, e b) um incentivo para futuras jabuticabas monetárias, por meio das quais o Tesouro buscará altas do dólar para extrair ganhos bem reais a partir de ganhos fictícios de reservas que nem vendidas foram.

As "Reinações de Narizinho" eram mais edificantes.
Herculano
10/06/2020 06:37
RELATOR APONTA RESSALVAS DAS CONTAS DE BOLSONARO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais

O voto do ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União (TCU), como relator das contas de 2019 do governo Jair Bolsonaro, será por sua aprovação "com ressalvas". Ele deve enumerar várias irregularidades que se não foram criadas no atual governo, já deveriam ter sido extintas, como a demagógica desoneração da cesta básica, fixada em 2013 por Dilma Rousseff, que custa R$32,3 bilhões por ano e só tem impacto de 0,1% na "redução das desigualdades" alegada para a adoção da medida.

NOSSO BOLSO SOFRE

A desoneração de cestas básicas, que em 2019 custou R$32,3 bilhões, saiu mais cara que todo o Bolsa Família, ao custo de R$30,1?bilhões.

ISENÇõES PARA POUCOS

Outra sangria dos cofres públicos, que Bolsonaro não acabou, é a dos R$348,4 bilhões anuais de isenções fiscais, equivalentes a 26% do PIB.

GASTANÇA NÃO PAROU

Dantas já distribuiu seu voto entre colegas do TCU, mostrando que o Brasil gasta R$40 bilhões por ano em benefícios financeiros e creditícios.

JULGAMENTO ÀS 10H

O julgamento das contas do primeiro de governo Bolsonaro será realizado nesta quarta-feira. A sessão do TCU começa às 10h.

PESQUISA: PARA 63%, PAÍS VIVE 'RUPTURA INSTITUCIONAL'

Levantamento exclusivo Orbis/Diário do Poder, realizado em todo o País, revela que quase dois terços dos brasileiros (63,1%) acreditam que o Brasil já vive uma "ruptura institucional", em razão das interferências dos Poderes em assuntos internos de outros poderes, ignorando os preceitos constitucionais de harmonia e independência. Somente 16,2% divergem, negando a ruptura, enquanto 20,7% não sabem avaliar. No Sudeste, vão a 66,5% aqueles que acreditam que o país vive "ruptura institucional".

DISPUTA DE PODERES

Em relação ao caso da divulgação do vídeo da reunião ministerial e o inquérito das supostas fake news, 45,6% acham que o STF tem razão.

LADO DO GOVERNO

São 31,2% aqueles que acreditam que a razão está com o governo, nessa "briga" em que o STF tem desfeito atos do Executivo.

DADOS DA PESQUISA

O instituto Orbis ouviu 4.032 pessoas em todas as regiões do Brasil, entre os dias 3 e 5 de junho. A margem de erro é de 1,54%.

LANCHINHO ISENTÃO

Rodrigo Maia fez visita ao comitê de imprensa da Câmara dos Deputados para comer bolo com jornalistas da BBC, Valor, Globo etc. Repórteres festejaram e até publicaram nas redes sociais.

RAIVA FAZ MAL À SAÚDE

Deixou impressão muito ruim nos principais gabinetes do Planalto, até hoje, a expressão de raiva do secretário de Comunicação em recente coletiva sobre propaganda em blogs. Tanta raiva faz mal à preservação do emprego de Fabio Wajgarten, cada vez mais questionado no governo.

FORA DO BALCÃO

Não combina com os fatos a fofoca sobre substituição da ministra Tereza Cristina (Agricultura) por indicação do PSD de Kassab: Bolsonaro já avisou mais de uma vez que cargos de ministros não são negociáveis.

NÃO É BEM ASSIM

Apesar da previsão catastrófica do Banco Mundial, prevendo queda de 8% do PIB do Brasil, o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, mais próximo da terra, projeta 5,9%. E diz que a recuperação será mais rápida do que o previsto, puxada pelo agronegócio.

PIRATARIA ANTIRRACISTA

Jornalistas andam divulgando em grupos reservados a profissionais de comunicação o Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro (ed. Cia das Letras). Compartilham cópia pirata do livro em PDF, sem pagar.

GOOGLE CENSURA

O Google sentenciou como "conteúdo perigoso ou derrogatório" notícia da demissão, em 2016, do diplomata Milton Rondó Filho, militante do PT que usava e-mails do governo para falar mal do Brasil. Procurado, o Google não explicou o seu eufemismo para censura.

ALô, MP

A Faculdade JK, do DF, desobedece decisões judiciais. Condenada a indenizar ex-aluna por danos morais por não entregar o diploma por três anos, a faculdade alega não ter R$3 mil. E não tem bens em seu nome.

LULA 2050

O presidente do PTB, Roberto Jefferson, brincou com a obsessão de petistas com Lula, bi-condenado por corrupção: "Em 2050 provavelmente o PT ainda estará inscrevendo Lula como candidato".

PENSANDO BEM...

...a OMS já pode pedir música: recuou por três vezes de suas "decisões do Olimpo", a última no caso dos infectados assintomáticos.
Herculano
10/06/2020 06:26
BOLSA OU RENDA, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Programa anunciado gera dúvidas; governo fará bem se ampliar cadastro de pobres

Parece provável que questões e questiúnculas políticas ocupem grande parte do debate em torno do recém-anunciado Renda Brasil - que, segundo o ministro Paulo Guedes, da Economia, será uma versão ampliada do Bolsa Família a ser lançada, em caráter permanente, após o pior da pandemia.

De mais mesquinho, haverá decerto resmungos contra a mudança marqueteira do nome do programa, além da retomada de disputas pela paternidade da ideia de transferir renda diretamente para os estratos mais pobres da população.

Trata-se de polêmica que não deveria sobreviver a esta altura. Vem de longa data, em todo o mundo, o aperfeiçoamento das ações assistenciais do Estado, a partir de estudos acadêmicos, experiências em diversos países e fomento de organismos como o Banco Mundial.

Essa modalidade, mais focalizada e menos paternalista, começou no Brasil de forma embrionária sob o tucano Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e ganhou impulso nas administrações petistas de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-10) e Dilma Rousseff (2011-16).

Mais relevante, no âmbito político, é o que a nova iniciativa pode revelar dos rumos do governo Jair Bolsonaro. Será afrouxada, em definitivo, a austeridade orçamentária? O presidente enfraquecido está em busca de uma outra base de sustentação política e eleitoral?

Um tanto de ceticismo deve preceder tais especulações. Primeiro, porque Guedes é dado a anúncios bombásticos que resultam em coisa nenhuma -já falou, por exemplo, em zerar o déficit público em um ano, arrecadar R$ 1 trilhão com privatizações e obter 40 milhões de testes para a Covid-19 de um misterioso empresário britânico.

Ademais, o regime de arrocho fiscal não é mera escolha ideológica. O governo brasileiro, que hoje depende de dinheiro emprestado até para o custeio cotidiano, não conseguirá criar novas despesas permanentes sem convencer o mercado credor de que a alta explosiva da dívida pública será contida.

Tudo considerado, o governo fará bem se aproveitar a experiência do auxílio emergencial na pandemia, já problemática, para tornar mais completo seu cadastro de famílias de baixa renda, de modo a incorporar trabalhadores informais.

É desejável rever a distribuição de recursos da portentosa rede nacional de proteção social - programas como o seguro-desemprego, por exemplo, deixam de fora quem não teve a carteira assinada. A carga tributária deve mirar mais a renda e menos o consumo.

Com qualquer nome que venha a ter, a transferência de recursos aos mais carentes precisa ser preservada e, se possível e necessário, ampliada - com critérios transparentes e o mínimo de politicagem.
Herculano
10/06/2020 06:20
CHORE AS MORTES. E PROTEJA A CARTEIRA, por Carlos Brickmann

Existe gente que, diante da pandemia, vai com coragem à linha de frente para ajudar a enfrentá-la. Há gente que segue o conselho médico e se mantém isolada, protegida. Tem gente que, em busca de proveito político, chega a negar a doença que já matou quase 40 mil brasileiros. E o pior das gentes são aqueles que, enquanto tantos choram, tomam seus lenços e carteiras.

Não, não são aqueles egoístas que, com bons salários e excepcionalmente bons penduricalhos, não desistem de um só centavo para ajudar no combate à pandemia. São piores: aqueles que, tendo os maiores salários que o Tesouro pode legalmente pagar, dispondo de penduricalhos que multiplicam estes salários, aproveitam o momento para tentar pegar mais algum. Desta vez, ao menos por enquanto, se frustraram; mas nenhum precisará perguntar quanto custa o carro que quer comprar - aliás, o carro está entre suas mordomias, com chofer, combustível, manutenção e troca periódica pelo modelo novo.

A coisa aconteceu, mais uma vez, no Tribunal de Justiça da Bahia. Nesta segunda, o TJ decidiu antecipar o pagamento do abono e adicional das férias do primeiro e segundo períodos do ano que vem. Motivo? "A diminuição de renda familiar de alguns magistrados nesse momento de crise".

O corregedor nacional de Justiça, ministro Humberto Martins, foi rápido: mandou suspender o pagamento. E deu dez dias de prazo para que o tribunal baiano lhe envie as explicações de tamanha generosidade.

SEM FANTASIA

Não leve a sério a aceitação de denúncias contra Bolsonaro em Haia, na Corte Internacional de Justiça, nem na Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Vão ficar por lá, numa gaveta. Mas não serão enviadas para a cesta seção: caso esteja fraco demais, politicamente, pode até ser que o julguem.

Mas não é provável. O problema é outro - a erosão da imagem brasileira.

O PIOR DA COISA

*A Comissão de Assuntos Tributários da Câmara dos Deputados americana se opôs ao plano de expandir os laços econômicos dos Estados Unidos com o Brasil. Motivo: o comportamento do Governo Bolsonaro na questão dos direitos humanos e do meio ambiente. "O Governo Bolsonaro desconsidera totalmente os direitos humanos básicos", diz a Comissão.

* O Parlamento holandês veta acordos com o Brasil por problemas com o meio ambiente.

* A Alemanha cortou o aporte que fazia ao Fundo Amazônico. A Noruega também, mas a Noruega não faz parte da União Europeia.

O principal trunfo econômico de Bolsonaro é o acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que abre amplas portas às exportações brasileiras. Mas o acordo tem de ser aprovado pelo Parlamento de cada país envolvido, e também pelo Parlamento europeu. As restrições da Holanda e Alemanha dificultam essa aprovação. E há uma bancada no Parlamento da França que lembra os comentários sobre a aparência da mulher do presidente Macron.

Estes problemas foram criados pelo Brasil - e por que? Que é que o país ganhou falando mal dos índios, reduzindo o combate ao desmatamento ilegal da Amazônia, acusando os europeus de, há séculos, ter destruído florestas?

ELEIÇõES MAIS TARDE

Tudo indica que, devido à pandemia, haverá adiamento por um ou dois meses das eleições municipais. O novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Luís Roberto Barroso, conversou com médicos de várias especialidades que enfrentam a pandemia e disse que há consenso para que as eleições municipais sejam adiadas, mas se realizem ainda neste ano, com tempo para que os novos eleitos assumam quando se encerrar o mandato dos atuais prefeitos e vereadores. A informação já foi transmitida aos presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e David Alcolumbre. As datas mais prováveis estão entre final de novembro e meados de dezembro. Em 20 de dezembro, no máximo, o nome de todos os eleitos deverá ser anunciado.

COISA NOVA

Campanha no meio da pandemia é coisa nova, que exigirá novas atitudes e estratégias dos candidatos. Quem tiver melhor informática leva vantagem. Pesquisas, cruzamento de dados, propaganda - quem souber interpretar a situação tem tudo para ganhar. As notícias falsas (em bom Português, fake news) devem perder força, até porque as redes sociais estarão vigilantes.

O CANSAÇO DE TODOS

Em parte, as violentas manifestações americanas contra o racismo se relacionam com a tensão em que todos vivem, por causa da pandemia e da quarentena. Esse tipo de cansaço aparece aqui não só nas manifestações (os manifestantes arriscam a vida, aglomerados, sem máscaras) como nas pesquisas de opinião. Pesquisa Ibope, na cidade de São Paulo, mostra que Doria e Covas caíram bem, embora ainda tenham 51% de aprovação. Bolsonaro caiu de 26% para 21%. Todas as autoridades se desgastaram.
Herculano
10/06/2020 06:11
COM BOLSONARO, PAÍS CORRE RISCO DE VIRAR VENEZUELA, por Elio Gaspari, nos jornais O Globo e Folha de S. Paulo

Presidente, como Chávez e Maduro, produz uma crise por semana

Quando os professores José Arthur Giannotti, Denis Lerrer Rosenfield e a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) dizem uma mesma coisa, é bom que se preste atenção. Afinal, cada um com suas qualificações, eles têm pouco em comum.

Giannotti disse: "Bolsonaro dá um passo além, em seguida dá um passo recuando. Aos poucos, vai instalando o Estado de modo em que ele possa se transformar em uma Venezuela".

Rosenfield: "No caso da experiência venezuelana, considerada por Lula um exemplo de democracia, processou-se a subversão da democracia por meios democráticos. As instituições democráticas foram inicialmente preservadas, enquanto o seu interior foi progressivamente minado. A imprensa e os meios de comunicação em geral foram, passo a passo, calados, o Legislativo perdeu suas funções, com o presidente passando a legislar por decretos, e o Supremo Tribunal, após ser atacado, foi cooptado. Milícias foram criadas e passaram a violentar e controlar os cidadãos. No Brasil, estamos vivendo um processo semelhante nos seus inícios, só que de sinal trocado".

Joice Hasselmann, ex-líder do governo Bolsonaro no Congresso: "Antes que o Brasil caia num chavismo de verdade com o sinal trocado, eu propus o processo de impeachment".

Antes da eleição presidencial de 2018 havia gente assustada com a possibilidade de o Brasil virar uma Venezuela na mão do PT. Deu-se o imprevisível e surgiu o risco de uma venezuelização com Bolsonaro.

Ele foi um capitão indisciplinado, Hugo Chávez foi um coronel golpista. Ambos foram eleitos e ambos eram paraquedistas. Uma vez no poder, Chávez aparelhou-o com militares e, nas palavras do vice-presidente Hamilton Mourão, "existe uma corrupção muito grande nas Forças Armadas venezuelanas. Elas perderam a mão em relação à missão que têm no país".

Bolsonaro nomeou centenas de militares da reserva e da ativa para cargos na sua administração. No Ministério da Saúde há ao menos 21. Seu governo mostrou-se tolerante com policiais militares amotinados, mas não mexeu com a disciplina dos quartéis. O chavismo firmou uma base numa milícia popular, enquanto a milícia bolsonarista é sobretudo eletrônica. As militâncias de Bolsonaro e do chavismo assemelham-se na hostilidade aos meios de comunicação, ao Congresso e ao Judiciário.

Bolsonaro repete que respeita a Constituição e nunca falou em referendos, enquanto Chávez atropelou as instituições durante seu primeiro mandato. Bolsonaro, como Chávez e Nicolás Maduro, produz uma crise por semana. A seu modo, tornou-se um excêntrico na comunidade internacional.

A grande diferença entre os dois países está nas suas economias. A brasileira é seis maior que a venezuelana. Além disso, Pindorama tem empreendedores no andar de cima, enquanto a elite da Venezuela vivia nas tetas da riqueza do petróleo. A sociedade brasileira tem uma complexidade que a venezuelana nunca teve.

Essas ressalvas valem pouco. Se o passado explicasse tudo, o nazismo teria surgido na Grécia, não na Alemanha, e Cuba nunca teria virado um país comunista.

Assim como Paris encheu-se de nobres russos nos anos 20 do século passado, Miami está cheia de cubanos e venezuelanos que não acreditavam que seus países virassem o que viraram. Eles não deram atenção ao que diziam pessoas como Giannotti, Rosenfield e Hasselmann.
Miguel José Teixeira
09/06/2020 21:54
Senhores,

Lembram-se do "lulinha paz e amor"?

Pois é, o "usurpador de quadrilha" agora usurpa o estilo:

"Governo Bolsonaro muda o tom em reunião ao vivo e evita palavrões e ataques" (UOL)

Jairzinho paz e amor!

A Rádio Cercadinho informou que houve até quem levasse maçãs para o "cavalão" só não sabe quem foi. Por isso pergunta:

Quem levou as maçãs para jairzinho paz e amor?

1 ( ) o passador de boiadas?
2 ( ) o valentão que depois "siborrô"? ou
3 ( ) o vigilante observador de olhadelas?

Respostas para a câmara de vereadores do rio que desconhece que paga salários e penduricalhos para um vereador federal, com recursos públicos municipal.
Miguel José Teixeira
09/06/2020 18:44
Senhores,

Saiu coelho do mato?

"Governo desiste de usar verba do Bolsa Família em publicidade oficial
- Portaria revoga ato da semana passada que transferia dinheiro do programa social para a comunicação da Presidência" (FSP)

Então, a Rádio Cercadinho não divulgou "feiquinius", pois algo de errado havia em mais esse ato atabalhoadamente atabalhoado praticado pelo "pentiunvirato zero-zero."
Welligton Carlos Laurentino
09/06/2020 13:14
Herculano,como fui citado.... após muita conversa, decidimos por colocar Paulo na presidência do DEM, mas sempre irá tomar decisões em conjunto com todos, o mesmo sabe disso e corresponde a todos....Ninguém é dono de nada todos apenas de passagem, como deveria ser em todos partidos e cargos em Gaspar.

E cito um exemplo, DEM Gaspar não bolsonarista e nenhum outro político.

Vamos concordar com várias atitudes do presidente e discordar no mesmo parâmetro...Ninguém tem político de estimação...
Miguel José Teixeira
09/06/2020 13:02
Senhores,

4 pérolas da lambisgóia que preside os PeTralhas, hoje no UOL:

1) "PT defende saída de Bolsonaro e Mourão e quer novas eleições', diz Gleisi"

- SópráPenTelhar: huuummm. . .golpe nos representantes de outros partidos é colírio.

"Hoje, a opinião da Globo sobre Bolsonaro se igualou à nossa, afirma Gleisi"

- SópráPenTelhar: huuummm. . .7 X 1 para a Globo!

3) "PT não precisa assinar um manifesto para ser a favor da democracia"

- SópráPenTelhar: huuummm. . .óbvio! Não assinaram a Constituição Federal de 1988, não assinaram o Plano Real, portanto. . . Felizmente, o pesadelo PeTralha de transformar o Brasil em uma ditadura, já passou!

4)"PT quer ter Lula candidato à Presidência em 2022, diz presidente do partido".

- SópráPenTelhar: huuummm. . .explicitou, então, que a sua corja não acredita no impeachment do "capitão zero-zero", senão iriam querer o ex e futuro presidiário candidato já e não em 2022!
Miguel José Teixeira
09/06/2020 12:41
Senhores,

"Após ataque de Olavo a Hang, empresários que apoiam Bolsonaro dizem que não darão dinheiro a guru" (FSP)

A Rádio Cercadinho pergunta:

Será que vem aí o "GuruVoucher" ou o "Renda Brasil VIP"?:

Respostas para o gabinete do ódio sob o título "salvem nosso carvalho da extinção".
Herculano
09/06/2020 11:37
VÍRUS TATUOU OS MORTOS NA BIOGRAFIA DE BOLSONARO, por Josias de Souza, no UOL

Ao ordenar que o Ministério da Saúde conte a verdade ao país sobre os mortos do coronavírus, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, liberou Jair Bolsonaro para cometer seu próximo erro na crise sanitária. Ele virá, é questão de tempo.

É como se a sequência de erros tivesse surtido o efeito de uma vacina às avessas. Cada dose de equívoco reforçou os anticorpos que tornaram o presidente imune ao acerto. A desfaçatez e a insensibilidade encontraram o equilíbrio em suas veias.

Há algo de sádico no comportamento de Bolsonaro. Houve um momento em que ele poderia ter abandonado o negacionismo. Foi no instante em que manuseou, no início de abril, uma pesquisa do Datafolha.

A sondagem revelava que 76% dos brasileiros aprovavam a maneira como o Ministério da Saúde, sob Henrique Mandetta, lidava com a pandemia. Entre os eleitores bolsonaristas, a aprovação explodia para notáveis 82%.

Bastaria a Bolsonaro encostar sua imagem na gestão de Mandetta, jactar-se da qualidade de sua equipe, e credenciá-la para realizar uma coordenação da crise desde Brasília.

O esforço poderia resultar em nada. Mas revelaria a presença no Planalto de um presidente disposto a presidir a crise. Bolsonaro preferiu ser presidido pela pandemia. Permitiu que o vírus influenciasse o rumo do seu governo.

Com a pasta da Saúde transformada em unidade militar com um par de puxadinhos do centrão, Bolsonaro deixou-se infectar por um germe oportunista. O germe da ocultação. O presidente quis maquiar a pilha de cadáveres. Não colou.

O Brasil está prestes a ultrapassar a barreira dos 40 mil corpos. Há na praça previsões que empurram o número de cadáveres para as fronteiras do inimaginável.

Mais tarde, dentro de uns 100 anos, quando a posteridade puder falar sobre esse período da história sem usar máscara, surpreenderá os brasileiros do futuro com o relato fantástico de uma história de amor: a trajetória do vírus que tatuou centenas de milhares de corpos na biografia de um presidente que se apaixonou pelo erro, sendo plenamente correspondido.
Herculano
09/06/2020 11:36
CADA UM CONTA, por Merval Pereira, no jornal O Globo.

Brigar com os números é uma tendência de todo governo autoritário ou populista, controlar a narrativa também.

Seria uma grande notícia se o presidente Bolsonaro tivesse tomado a decisão de que não aceita mil mortes todos os dias, em consequência da Covid-19 e, ordenasse uma reunião de emergência para analisar que medidas teriam que ser tomadas na área da Saúde para evitar que esse número trágico se repetisse.

Sim, ele decidiu que não queria mais ver o anúncio de mais de mil mortos por dia, ou um morto por minuto. Mas não tomou medidas na área sanitária. Simplesmente decidiu maquiar as estatísticas para nunca mais ouvir o Papa Francisco lamentar no Angelus o fato "terrível" de morrerem mil pessoas por dia no Brasil.

Brigar com os números é uma tendência de todo governo autoritário ou populista, controlar a narrativa também. Stálin mandava apagar das fotos seus antigos aliados caídos em desgraça. O mais incrível é que o governo tem um ponto importante nessa discussão.

Se o número de mortes em 24 horas inclui as mortes ocorridas anteriormente, cujo diagnóstico de Covid-19 só agora foi confirmado, o total de mortes diárias está distorcido, embora o que importa, a soma total de mortos não mude. Se houvesse a separação das mortes nas 24 horas, e as confirmadas entre as que estavam na fila de suposição, a informação seria também correta, e a estatística mais esclarecedora.

Não está acontecendo, mas as mortes diárias podem, teoricamente, estar caindo, e as confirmadas crescendo, pois não temos testagem para determinar a Covid-19 em todos os pacientes.

O ministério da Saúde está uma confusão só.

Agora prometem que vão dar as mortes notificadas no dia junto com a data em que ocorreram. Sem explicar como.

Acontece que o padrão é internacional, embora alguns Estados brasileiros separem os dados. O que importa é que o número de mortos anunciado naquele dia seja a soma dos mortos nas últimas 24 horas com a das mortes confirmadas. Mas o governo não faz a soma, nem apresenta os dois números separados. Simplesmente some com parte dos dados.

O que revela mais uma vez a insensibilidade de Bolsonaro é que o presidente só se mexe para esconder fatos, nunca para solucionar problemas que aparecem no decorrer dessa trágica pandemia. Usa a desculpa de que o Supremo Tribunal Federal (STF) delegou aos Estados e Municípios o combate à Covid-19, o que não é verdade.

Se quisesse, o governo federal poderia combinar com governadores e prefeitos conceitos de uma política comum, e cada um adaptaria as orientações às características de sua localidade. Políticas de compra de material médico, por exemplo, são típicas de uma ação governamental centralizada.

O fato é que, manipulando ou não os dados, o Brasil caminha para se tornar o segundo país com mais mortes no mundo. Como chegamos ontem a 37.312 mortes, segundo o consórcio da imprensa, provavelmente ultrapassaremos o Reino Unido, que tem cerca de 40 mil mortos, nessa trágica disputa.

Mesmo na contagem proporcional, por milhão de habitantes, o Brasil não está tão bem como querem os apoiadores de Bolsonaro. Em relação à América do Sul, por exemplo, o número de mortos pela Covid-19 é quase três vezes maior que o registrado nos demais países somados, cerca de 70% do total, embora o país tenha perto da metade da população total da região.

Em relação à Europa, o Brasil está em melhores condições do que a Espanha, que tem 597 mortos a cada milhão de habitantes, seguido pelo Reino Unido com 587, Itália com 557, França com 445 e Estados Unidos com 326. Temos 160 mortes a cada milhão de habitantes, mas há diferenças preocupantes.

Uma taxa de idosos, acima de 65 anos, os mais frágeis diante do vírus, de menos de 10%, enquanto na Europa o índice médio é de 20%, e ainda não chegamos ao pico da epidemia, enquanto na Europa ela já está decadente. Além do mais, pesquisadores do Portal Covid-19 Brasil, união da Universidade de São Paulo (USP) com a Universidade de Brasília (UnB), calculam que o número real de infectados no Brasil chega a ser 10 vezes maior do que o divulgado, variando entre 4,6 e 6,5 milhões, o que significa que devemos ter muito mais mortes em decorrência da Covid-19, com subnotificações. As mortes oficialmente por problemas respiratórios cresceram assustadoramente.

Sobretudo, é preciso entender que os mortos não são apenas números estatísticos. São seres humanos, e cada um conta.
Herculano
09/06/2020 11:33
O EXÉRCITO É A 1ª ESTATAL PRIVATIZADA POR BOLSONARO: VENDIDA AOS BOLSONAROS, por Reinaldo Azevedo, no UOL

Aos poucos, o Exército Brasileiro vai se transformando num puxadinho dos interesses da família Bolsonaro. Antes que o presidente faça qualquer privatização de relevo, parece que uma das três Forças já está em franco processo de privatização.

Não se esqueçam: na reunião ministerial do dia 22 de abril, o capitão reformado Jair Bolsonaro afirmou, entre dois generais (Braga Netto e Hamilton Mourão), e com outro também a compor o lado principal do retângulo da mesa, que ele atua de forma deliberada para armar a população para que esta possa resistir, na base da bala, a decisões de governantes. O nome disso é guerra civil.

Essa é uma questão importante porque as organizações em defesa da vida e dos direitos humanos no Brasil têm agora a tarefa de fazer chegar a organismos internacionais que atuam na área a seguinte informação:
o governo, por intermédio do Exército e de uma empresa americana, quer incrementar a produção e venda de armamentos para indivíduos.

Isso se dá num contexto muito particular: o chefe da nação assume que armar a população é uma questão política, não uma medida de autodefesa. Vale dizer: o eventual acordo se torna peça relevante num cenário que tem como horizonte a luta de brasileiros contra brasileiros.
Leiam o que informa a Folha. Volto em seguida.
*
Após intenso lobby do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o Exército está prestes a fechar uma parceria para a fabricação de pistolas da marca americana SIG Sauer no Brasil. O filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é entusiasta de armas, e é visto no mercado como uma espécie de garoto-propaganda da SIG. Sua insistência em promover a empresa gerou desconforto em setores do Exército, já incomodados pela revogação de portarias de controle de armas e munições por ordem do presidente. No seu canal no YouTube e em sua conta no Facebook, Eduardo aparece testando pistolas da marca em um clube de tiro em março deste ano.

Em 16 de abril do ano passado, postou no Twitter a foto de uma reunião com representantes da empresa, prometendo ajudá-los: "Falta a garantia política de que o lobby não atochará tantas burocracias para emperrar a instalação" de uma fábrica no país. Em janeiro, o deputado disse que havia sido procurado pela SIG e que acreditava no interesse de outras empresas no Brasil, como a Beretta - a legendária forja italiana dá nome à sua cachorra. Há duas semanas, visitou o general Alexandre Porto, que assumiu a Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército em substituição a Eugênio Pacelli, cujas portarias foram derrubadas.
(...)
O Exército informa que as duas empresas só precisam agora do aval dos respectivos governos para firmar um acordo de produção conjunta no Brasil. Ainda não há detalhes sobre metas e investimento.
(...)

COMENTO

Isso não é mais um governo, mas um grande lobby em favor da indústria armamentista.

Desde que assumiu a Presidência, esse é o setor em que presidente é mais buliçosamente legiferante - e sempre para relaxar posse e porte de arma, além de facilitar a compra de munição.

Na reunião ministerial do dia 22 de abril, Bolsonaro se refere a uma portaria que foi, de fato, baixada no dia seguinte, que elevou de 200 por POR ANO para 550 POR MÊS a quantidade de munição que pode ser comprada por civis: foi multiplicada 33 vezes.

Já a Portaria 62 extinguiu três outras - 46, 60 e 61 - e pôs fim ao rastreamento de armas e munições. Para tanto, Bolsonaro interveio pessoalmente no Comando de Logística do Exército e cavou a exoneração do general Eugênio Pacelli da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados. Era ele o responsável pelas portarias extintas, que garantiam a rastreamento. Há uma ação do PSOL no Supremo contra a Portaria 62.

Na semana passada, em mais uma intervenção no setor, Bolsonaro permitiu que civis comprem os fuzis de assalto fuzis 5.56 e 7.62 fabricados pela Imbel, a empresa fabricante de armas do Exército, que faria, então, a parceria com SIG Sauer, em favor da qual Eduardo Bolsonaro faz lobby.

Quem sai ganhando com a generalização de posse e porte de armas, incluindo fuzis de assalto, sem rastreamento? Não é preciso ser muito bidu: as milícias e o narcotráfico. Isso nada tem a ver com autodefesa. E, claro!, há a aposta do presidente na guerra civil. Relembro sua fala do dia 22 de abril:

"O que esses filha de uma égua quer, ô Weintraub, é a nossa liberdade. Olha, eu tô, como é fácil impor uma ditadura no Brasil. Como é fácil. O povo tá dentro de casa. Por isso que eu quero, ministro da Justiça e ministro da Defesa, que o povo se arme! Que é a garantia que não vai ter um filho da puta aparecer pra impor uma ditadura aqui! Que é fácil impor uma ditadura! Facílimo! Um bosta de um prefeito faz um bosta de um decreto, algema, e deixa todo mundo dentro de casa. Se tivesse armado, ia pra rua. (...) Eu peço ao Fernando e ao Moro que, por favor, assine essa portaria hoje que eu quero dar um puta de um recado pra esses bosta! Por que que eu tô armando o povo? Porque eu não quero uma ditadura! E não dá pra segurar mais! Não é? Não dá pra segurar mais. (...) É escancarar a questão do armamento aqui. Eu quero todo mundo armado! Que povo armado jamais será escravizado".

ENCERRO

E pensar que um dos filhos de Lula é réu, com o pai, num inquérito por suposto lobby em favor do caças Gripen, da Suécia, comprados pela Aeronáutica.

É a mais alucinada de todas as acusações contra o petista. A compra dos caças só se deu em 2013. A decisão foi inteiramente da Aeronáutica, sem interferência do governo. COMO SABE A AERONÁUTICA.

Lula está sendo investigado porque recebeu uma carta do então sindicalista e presidente do Partido Social Democrata sueco, Stefan Löfven, defendendo o Gripen. Pedia que ela fosse endereçada ao governo. Löfven é o atual primeiro-ministro da Suécia.

Tal carta bastou para que o Ministério Público Federal fabricasse uma teoria mirabolante sobre a suposta influência do petista na escolha dos caças. A única evidência de que dispõem é essa.

Comparem com a atuação desabrida de Eduardo, que se comporta abertamente como lobista, com a devida, digamos, documentação na Internet.

Se o acordo sair, vamos ver o que vai fazer o Ministério Público Federal.

Eis aí! O Exército e a primeira estatal privatizada por Bolsonaro. Em favor da família Bolsonaro.
Miguel José Teixeira
09/06/2020 11:30
Senhores,

A Imprensa Responsável está de olho nas ações atabalhoadamente atabalhoadas do "pentiunvirato zero-zero"

Adianto um parágrafo do texto abaixo:

". . .Anúncio do governo federal acabou. Mas se expandiu nas redes sociais, comandadas pelo filho do presidente Carlos Bolsonaro. Ele, que não tem cargo na Presidência da República, comanda, de fato, o sistema de comunicação da Presidência. Foi o personagem que manobrou atrás das cortinas para derrubar Gustavo Bebianno e o general Santos Cruz até assumir o controle, por intermédio do Fábio Wajngarten, da verba de R$ 150 milhões em 2019.". . .

Os mais iguais

(André Gustavo Stumpf, Jornalista, hoje no Correio Braziliense, Opinião)

A publicidade oficial tem sido o calcanhar de aquiles de todos os governos em tempos recentes no Brasil. Tudo começou, de maneira oficial, no governo do general Médici, que teve na figura do coronel Otávio Costa o principal operador nessa área. Ele criou, na estrutura da Presidência, a Assessoria Especial de Relações Públicas (Aerp), com objetivo de melhorar a imagem do presidente da República e do governo. Nada tinha a ver com a Assessoria de Imprensa.

Médici, pouco chegado a diálogo, comandou com mão forte a repressão política. Gostava muito de futebol. Torcia pelo Grêmio e não raro sugeria que as emissoras de televisão transmitissem para Brasília jogos de seu time predileto. Isso virou tema da propaganda oficial com objetivo de criar a imagem de um homem do povo no poder. Quando os jogadores que venceram a Copa do Mundo no México em 1970 retornaram ao Brasil, a primeira escala foi Brasília. O presidente Médici apareceu nas fotos conversando com os jogadores e batendo bola.

Essa operação publicitária oficial ocorreu dentro da Aerp. Campanhas famosas, como a do Sujismundo, contra o cidadão que jogava lixo na rua. Ou da célebre frase: "Brasil, ame-o ou deixe-o". A resposta foram duas sacadas interessantes: "Mame-o ou deixe-o". Ou "O último a sair apague a luz do aeroporto". Como hoje, na década de 1970 havia a guerra de narrativas. As grandes agências de publicidade se instalaram em Brasília.

As empresas estatais também entraram no jogo publicitário. Elas patrocinaram grandes projetos a pedido do governo. Isso ocorreu em todos os governos depois da Constituinte de 1988. O governo Lula foi além. Descobriu que, por intermédio da publicidade, era possível colocar recursos em outras gavetas. O mensalão foi abastecido por verbas de publicidade. Comprou votos no Congresso e apoios na política nacional.

Esse processo, lateral ao objetivo inicial, foi se multiplicando até a fantástica reeleição de Dilma Rousseff. Foram bilhões de reais jogados naquele pleito para fazer que a escolhida por Lula fosse eleita. O objetivo foi alcançado. Mas a custo elevadíssimo, ainda mais porque a Operação Lava-Jato pegou quase todos. Os publicitários responsáveis pela campanha foram presos, confessaram tudo em juízo e sofreram penas severas.

O governo Bolsonaro prometeu fazer uma administração limpa. Decidiu não anunciar em nenhum dos grandes veículos de comunicação do Brasil. Pretende atingir os principais veículos pela interrupção das verbas publicitárias. No entanto, torpedeou a classe dos publicitários. As principais agências, nacionais e estrangeiras, fecharam as sucursais em Brasília. Os publicitários estão sofrendo porque o mercado se dissolveu.

Anúncio do governo federal acabou. Mas se expandiu nas redes sociais, comandadas pelo filho do presidente Carlos Bolsonaro. Ele, que não tem cargo na Presidência da República, comanda, de fato, o sistema de comunicação da Presidência. Foi o personagem que manobrou atrás das cortinas para derrubar Gustavo Bebianno e o general Santos Cruz até assumir o controle, por intermédio do Fábio Wajngarten, da verba de R$ 150 milhões em 2019. Agora o governo desviou R$ 84 milhões do Bolsa Família para a Secretaria de Comunicação. É natural que utilize na Presidência o mesmo método que usou na campanha eleitoral.

Implacável, violento, incisivo contra adversários. Fake news em todos os níveis na perseguição dos opositores do presidente.
O dinheiro que passava pelas agências de publicidade para jornais e emissoras de televisão foi deslocado para os sites favoráveis ao governo, de amigos ou correligionários. Em apenas 38 dias, no ano passado, foram contemplados 47 sites que tratam de política, de assuntos de alienígenas, pornográficos ou operados por cabos eleitorais.

O projeto do governo Bolsonaro é parecido com o de Chávez/Maduro na Venezuela. Enfraquecer a grande imprensa e se comunicar com a população por intermédio das redes sociais. Não é por acaso que o presidente não tem secretário de imprensa. O general Rego Barros, o porta-voz, não mais organizou seus cafés da manhã. O presidente fala todos os dias na porta do Palácio da Alvorada. O conteúdo, minutos depois, aparece na internet. O gasto na área de comunicação é sempre misterioso, sigiloso e contempla alguns escolhidos. Utilizar as redes sociais, no nível e na intensidade promovidos pelo governo federal, é atividade de alto custo. Daí o sigilo. Nessa atividade existem os mais iguais entre os iguais.
Herculano
09/06/2020 11:23
da série: essa gente dos extremos tem mesmo é gosto pela violência como identidade do que querem e pensam

REFLEXõES SOBRE A VIOLÊNCIA, por por João Pereira Coutinho, escritor e sociólogo português, no jornal Folha de S. Paulo

Há algo de sacrílego na ideia de que os guardiões podem ser os carrascos

1. Há imagens que são história. E que ajudam a mudar a história. Se nessas imagens existirem policiais, melhor ainda: há algo de sacrílego na ideia de que os guardiões podem ser os carrascos.

Em 1968, quando os Estados Unidos estavam envolvidos na Guerra do Vietnã, um fotógrafo da Associated Press captou o momento em que o chefe da polícia do Vietnã do Sul enfiava uma bala na cabeça de um vietcongue.

Os americanos, quando confrontados com a imagem, fizeram a pergunta óbvia: que estamos nós fazendo no meio desses selvagens?

Antes da derrota no terreno, os Estados Unidos começaram a ser derrotados em casa, aos olhos do seu próprio povo.

O vídeo de George Floyd terá um estatuto igual. Assisti, com esforço, a esse "snuff movie" cruel, pornográfico e bem real: o agente com ar de triunfo, asfixiando com o joelho um homem que implorava por oxigênio.

Se a foto no Vietnã simbolizou a insanidade da guerra, o vídeo de George Floyd simboliza o racismo letal que sobrevive na cultura americana.

Aliás, por falar em racismo, é irônico, tragicamente irônico, que um outro vídeo tenha sido esquecido por esses dias. Sim, não tem a violência aterradora do vídeo de Floyd. Mas, em termos de violência social, merece um lugar no panteão.

Aconteceu no Central Park de Nova York, em finais de maio. Uma mulher (branca), passeando o cachorro, encontra um ornitólogo (negro) entre as árvores. O homem, chamado Christian Cooper, pede para que ela ponha a guia no cão. As regras do parque assim o exigem.

Ela se recusa. É então que Cooper começa a filmar a cena com o seu celular. A mulher, indignada, avisa que vai telefonar para a polícia para comunicar que "um afro-americano" está a ameaçar a sua vida.

Christian Cooper a convida a telefonar. A mulher telefona e, em tom artificialmente histérico, repete, em choro: "um afro-americano" está a me ameaçar no Central Park.

Em breves minutos, temos o essencial de um problema profundo: uma branca que se sente acima da lei; que não tolera um reparo público de um negro; que ameaça com a polícia; e que joga o argumento racial porque sabe que isso faz a polícia salivar (e os negros tremer).

Quando assistia ao vídeo, lembrei-me de um dos livros de história mais impressionantes que li neste ano: "They Were Her Property", da historiadora Stephanie Jones?"Rogers. É um estudo sobre o papel das mulheres (brancas) como donas de escravos no sul dos Estados Unidos. E de como essas mulheres foram implacáveis na defesa da instituição.

Isso não é politicamente correto, sobretudo quando o vitimismo contemporâneo põe todas as minorias na mesma sacola (mulheres, negros etc.)? Admito que sim.

Mas, por maiores que sejam as provações das mulheres brancas na sociedade americana, é preciso lembrar que a história dos negros se escreve com outras cores. As cores do sangue.

2. Ainda sobre imagens: a internet não partilhou apenas a morte de George Floyd. Também mostrou a destruição e as pilhagens que se cometeram em seu nome.

Dizer que essa destruição e essas pilhagens são manifestações antirracistas seria um insulto à memória de George Floyd e aos milhares de manifestantes que marcham, realmente, contra o racismo.

Pior: em incontáveis vídeos, podemos ver militantes de extrema esquerda e de extrema direita que, espancando ou roubando, mostram a essência que os une. Qual é ela?

O gosto pela violência. Eu sei, eu sei: em toneladas de tratados sociológicos, a violência nunca é violência. É um grito de ajuda, um ato simbólico, uma forma de denúncia etc.

Só pessoas que vivem na Lua (ou em muitos departamentos de humanidades, o que é a mesma coisa) levam a sério esse lero-lero.

Para elas, recomendo uma obra fundamental. Não, não é um livro. É o extraordinário filme de Danny Boyle, "Trainspotting".

Falo, sobretudo, daquela sequência em que o personagem de Robert Carlyle joga uma caneca de cerveja sobre a multidão do bar, o vidro arrebenta a cabeça de uma moça e ele, indignado, proclama aos gritos: "Ninguém sai daqui enquanto não encontrarmos o responsável!". E o festival de brutalidade começa.

Se eu, um homem pacífico, sinto com essa cena uma vontade quase irreprimível de me juntar à festa (a natureza humana é um abismo...), que dizer de delinquentes profissionais que vivem para esses momentos?

Para eles, a morte de George Floyd não foi uma tragédia; foi um presente.
Miguel José Teixeira
09/06/2020 08:33
Senhores,

Deputados tentam impedir transferência de R$ 84 mi do Bolsa Família para Secom.

- Seis propostas de decreto legislativo querem sustar portaria do Executivo que transferiu R$ 83,9 milhões previstos para o programa Bolsa Família e direcionou os recursos para ações da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República. A Portaria 13.474/20 abriu o crédito suplementar, que remanejou os recursos.

Leia mais em: https://www.camara.leg.br/noticias/667392-deputados-tentam-impedir-transferencia-de-r-84-mi-do-bolsa-familia-para-secom/

Pôôôxa! Até a Rádio Cercadinho já está transmitindo "feiquinius". . .

A RC havia informado que os 84 MILHÕES do Bolsa Família, futuro "Renda Brasil", iria para o gabinete do ódio, chefiado pelo único vereador federal no Brasil, o tal zero 2.

No entanto, é bom ficarmos de olho.

O "capitão zero-zero" age atabalhoadamente atabalhoado!
Herculano
09/06/2020 08:12
GOVERNADOR DEVE DESCULPAS AOS CATARINENSES, por Claiton Selistre, no Makingof

Os esforços de melhorar o relacionamento político e de comunicação, feitos nas últimas semanas, foram inutilizados por Carlos Moisés. Ao ser fotografado sábado à noite, 6, sem máscara, em uma festa junina em hotel de Gaspar, ao lado da mulher, demonstrou um enorme despreparo pessoal e falta de postura em época de pandemia.

Moisés fez contrário do que pregou em sucessivas entrevistas coletivas durante dois meses, sobre cuidados, distanciamento social e uso de máscara. Deixou de ser exemplo para ser um cidadão que não respeita as regras.

Não adiantaram as desculpas do hotel, que não era uma festa organizada. As imagens divulgadas pelo estabelecimento mostram show musical, fogueira, locutor, decoração e outras características de uma festa organizada. Nada foi por acaso, tipo "canja" do cantor que casualmente estaria hospedado no hotel.

A desculpa da assessoria de Moises também não serve, a que estava jantando no local e se levantou sem máscara para atender as pessoas. Como todos sabem, o vírus não escolhe momento nem desculpa para se propagar.

Para não demonstrar que é um cabeça dura, despreparado para o cargo e que o que pregou até agora é o que vale, só tem uma saída: aproveitar a mobilização da imprensa ainda hoje [ontem] e pedir desculpas aos catarinenses.
Herculano
09/06/2020 07:45
PSB PEDE E STF CRIA NO RIO 'PROTETORADO' DO TRÁFICO, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou nesta terça-feira nos jornais brasileiros

A liminar do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, a pedido do PSB, proibindo operações policiais em favelas do Rio de Janeiro durante a pandemia, provocou indignação entre policiais que arriscam a vida enfrentando o crime organizado. A impressão é que foi criado uma espécie de "protetorado do tráfico", onde o poder público está impedido de fazer operações policiais contra bandidos por longo período. O ministro da Justiça, André Mendonça, avaliou a decisão como preocupante. Segundo a assessoria, ele vai solicitar uma avaliação do impacto da decisão sobre a vida do cidadão e das políticas de segurança aos órgãos de segurança pública do Ministério e do Estado do Rio de Janeiro.

SEM PRAZO PARA ACABAR

A pandemia pode durar meses no Brasil, talvez até 2022. A decisão de Fachin veda operações policiais nas favelas enquanto houver covid-19.

CORTINA DE FUMAÇA

A doença impede a polícia de fazer seu trabalho, mas não os bandidos, que estão livres para atuar. Não há precedentes na História.

SEM MAIS

Questionados, o PSB não contou a serviço de que ou de quem está sua inciativa. Fachin também não explicou o prazo vago da sua liminar.

ESTÃO DE OLHO

Esse "salvo-conduto" sem prazo para acabar, que proíbe a polícia de agir no morro, foi celebrada em bailes funk com vivas às gangues do tráfico.

AVALIAÇÃO DO GOVERNO SUBIU Só 1,3% APóS O VÍDEO

Levantamento nacional do instituto Orbis para o site Diário do Poder e esta coluna revela que a avaliação do governo Jair Bolsonaro melhorou apenas 1,3%, subindo para 31,1%, após a divulgação, pelo Supremo Tribunal Federal, do vídeo da reunião ministerial em que o presidente aparece falando palavrões. A pesquisa, entre 3 e 5 de junho, mostra por outro lado que avaliação negativa (ruim e péssimo) do governo se encontra em 52,5%. Na pesquisa anterior, de 22 de maio, era de 52,6%.

MENOS REGULAR, MAIS POSITIVO

Na pesquisa Orbis de maio, a avaliação regular do governo era de 15%. Quase duas semanas depois caiu para 13,7%.

DECISÃO

Em relação à apreensão do celular do presidente, analisada e rejeitada pelo STF, 45,6% dos entrevistados dizem que o Judiciário tem razão.

DADOS DA PESQUISA

O Orbis entrevistou 4.032 brasileiros entre 3 e 5 de junho. A margem de erro da pesquisa e? de 1,54%, com 95% de confianc?a.

ATÉ TU, PAPA?

Até o Papa Francisco reproduziu a fake news de que morre uma pessoa a cada minuto no Brasil por covid-19. Os números reais de óbitos em 24 horas correspondem a menos da metade da fantasia que ele difundiu.

PROTEÇÃO DE DADOS PRIMEIRO

O líder do governo no Senado, Eduardo Gomes (MDB-TO), disse ontem que o projeto contra fake news não pode ser votado antes de entrar em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados.

INSEGURANÇA JURÍDICA

Apesar do Supremo Tribunal Federal haver confirmado a competência de prefeitos e governadores para definir critérios de isolamento, a 7ª Vara de Fazenda do Rio de Janeiro meteu a colher e alterou a flexibilização.

SEM HOLOFOTES, NÃO DÁ

Defensores públicos querem impedir a implantação das audiências de custódia virtuais, em análise no CNJ. Ignoram a pandemia e a evolução tecnológica para alegar que é "grave retrocesso nos direitos humanos".

PRÉ-ADIADA

O presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, disse que há consenso de que em "agosto, setembro, a curva pode ser descendente". Ele endossaria o adiamento por algumas semanas.

MAIORIA QUER ADIAR

Enquete do Diário do Poder, com mais de 1.600 leitores, mostra que a maioria (55,9%) é a favor de adiar as eleições municipais de outubro: 25,3% quer adiar para novembro ou dezembro, 9,4% para o ano que vem e 21,2% querem unificar as eleições, adiando o pleito para 2022.

DADOS DE 2019

No Planalto, a expectativa é de aprovação sem ressalvas das contas do governo no Tribunal de Contas da União. Relatado pelo ministro Bruno Dantas, o julgamento começa nesta quarta, virtualmente.

CENSURA COM AVISO PRÉVIO

Projeto do deputado Mario Negromonte Jr (PP-BA) cria regras para retirar conteúdo da internet. Para "proteger" a liberdade de expressão, a ideia é "prévia informação" da remoção. E ainda diz combater a censura.

PENSANDO BEM...

...a mesma imprensa que fez piadas sobre "ressurreições" é a que cobra solidariedade dos governantes para com as famílias.
Herculano
09/06/2020 07:37
da série: para se aproveitar da oportunidade de manipulação dos analfabetos, ignorantes e desinformados, todos os políticos, seja qual a ideologia que propagam, no fundo, são iguais e as vidas das pessoas são o que menos contam para eles na construção das suas narrativas oportunistas.

COM MANIFESTAÇõES DA PANDEMIA, ESQUERDA FAZ O QUE CRITICAVA, por Marcos Augusto Gonçalves, editor da Ilustríssima e editorialista do jornal Folha de S. Paulo.

Oposição passou a chancelar o 'foda-se' de Bolsonaro e setores do empresariado

Nas manifestações deste domingo (7), lideranças de esquerda aderiram animadas à promoção irresponsável de aglomerações durante a pandemia, atitude recorrente de Jair Bolsonaro nos últimos meses que tanto condenavam.

Nos últimos três meses, quando a escalada da Covid-19 no Brasil tornou-se incontornável, assistiu-se à regular participação do presidente da República e de seu rebanho na promoção de aglomerações e manifestações públicas. O espetáculo da irresponsabilidade bolsonarista foi também regularmente acompanhado pela indignação de amplos setores da mídia, especialistas em saúde pública e opositores políticos, entre os quais representantes da esquerda.

Passada a fase inicial da pandemia, no momento em que o Brasil parece ser o epicentro da propagação do novo coronavírus, com mortes que se contam a cada minuto, eis que organizações e lideranças que acenam a bandeira do antifascismo, adversárias viscerais de Bolsonaro, decidem convocar manifestantes às ruas.

Sob a alegação de que seriam tomadas precauções, que não resistiram ao teste da realidade, como uso de máscaras (por si insuficiente como proteção) e distância entre as pessoas, a esquerda aderiu animada ao que condenava - o que não chega a ser uma novidade em termos históricos.

O líder do MTST e ex-candidato do PSOL à Presidência, Guiherme Boulos, por exemplo, foi um dos protagonistas do festim -contra, aliás, ponderações mais sensatas de parte de seus apoiadores e companheiros de partido. No ato, para o qual carreou pessoas pobres ligadas ao movimento dos sem-teto, tentou se justificar: "Ninguém queria estar na rua agora. Todo mundo queria estar em casa se protegendo"... E completou: "O problema é que criou-se uma escalada fascista no Brasil. Por isso essas manifestações têm que acontecer".

O raciocínio é roto. O que Boulos e outros chamam de "escalada fascista" precede a pandemia. Não se discute que a radicalização bolsonarista subiu de tom recentemente, mas soa infantil a crença de que levar alguns poucos milhares de pessoas ao largo da Batata ou equivalentes em outras cidades vá fazer a diferença.

Precipitadas, as manifestações de domingo não mudaram e provavelmente não vão mudar nada, a não ser, quem sabe, a contaminação entre aquelas pessoas e seus parentes. Sintomático que parte do séquito nas redes sociais tenha esquecido o que se disse sobre as aglomerações bolsonaristas e suspirado: "Foi lindo!"

Talvez incentivada pela explosão antirracista nos EUA, que reflete acontecimentos bem definidos, nossa esquerda simplesmente passou a chancelar, indiretamente que seja, mas de maneira insofismável, a campanha pelo "foda-se" defendida desde sempre por algumas autoridades obtusas e setores do empresariado - que eram acusados de querer levar os trabalhadores para o matadouro. O fato é que os rebanhos estão soltos. E esse passou a ser nosso novo normal de lidar com a pandemia.
Herculano
09/06/2020 07:29
"TIVESSE ALGUMA CORAGEM MORAL, O GENERAL PAZUELLO TERIA PEDIDO DEMISSÃO"

Conteúdo de O Antagonista. "Tivesse alguma coragem moral, o ministro interino da Saúde, general Eduardo Pazuello, teria pedido demissão ao receber a ordem para esconder os números relativos à pandemia de covid-19", diz o Estadão, em editorial.

"Ao permanecer no cargo e cumprir a absurda determinação, Pazuello não apenas colaborou para desmoralizar ainda mais o Ministério da Saúde, como danificou a imagem das Forças Armadas, já que é militar da ativa (...).

Foi necessário afastar dois titulares da Saúde para que Bolsonaro finalmente encontrasse um ministro subserviente o bastante para transformar essa teoria da conspiração em política de governo."
Herculano
09/06/2020 07:24
EMPURRADO

Diante da má repercussão estadual - e até com manchetes nacionais - que trouxe vídeos e fotos inquestionáveis, não restou ao Ministério Público da Comarca de Gaspar mandar instaurar um inquérito para apurar o que aconteceu no Fazzenda Park Hotel durante o jantar onde estava o governador Carlos Moisés da Silva, PSL.

O MP de Gaspar não quer saber a razão pela qual o governador estava sem máscara em evento e ambiente privados, contrariando exemplos e pedidos seus em público para controle da Covid-19 em Santa Catarina, mas se o Hotel descumpriu o decreto do próprio governador.
Herculano
09/06/2020 07:06
FALANGE DA CONFUSÃO, editorial do jornal Folha de S. Paulo

Aparente recuo na sonegação de dados sobre a Covid-19 não elimina desconfianças

Até a tarde desta segunda (8), o público não sabia qual a informação oficial correta sobre mortes pelo coronavírus no dia anterior: 1.382 ou 525? Ambas as cifras haviam sido divulgadas pelo governo Jair Bolsonaro em curto intervalo.

Transcorreram mais 12 horas para que o Ministério da Saúde enfim esclarecesse que estava errada a primeira, muito alta para um domingo, quando se acumulam exames pendentes. A segunda seria, supostamente, a verdadeira.

A trapalhada aumentou a desconfiança por se somar ao novo e peculiar conceito adotado pela pasta a mando do Planalto: divulgar apenas as mortes efetivamente ocorridas no dia precedente.

A manobra do ministério expurgado de profissionais de saúde e loteado por militares minimiza o dado mais chocante da epidemia. Oculta os falecimentos causados pelo Sars-CoV-2 em datas anteriores e com diagnósticos confirmados nas últimas 24 horas.

A prestidigitação ideada pelo consultor Carlos Wizard e comandada pelo ministro interino, general Eduardo Pazuello, coroava a série de tentativas frustradas de mascarar a dimensão da Covid-19.

A divulgação de casos e mortes foi de início atrasada para tarde da noite, a fim de escamotear a notícia sinistra em horário nobre. O painel com informações saiu do ar por um dia; ao retornar, não trazia totais de casos e óbitos nem acessos para bases de dados detalhados.

A investida descarada para manipular números desencadeou pronta e enérgica reação. Vários grupos montaram sistemas transparentes para totalizar casos e mortes, a começar por secretários de Saúde de estados e municípios. Wizard sumiu de cena mais depressa do que entrou, refugando o posto de secretário no ministério que nem chegou a assumir.

Mesmo com o aparente recuo do governo federal, a confusão vertiginosa que armou produziu, paradoxalmente, um efeito salutar: aumenta a vigilância sobre as inconfiáveis estatísticas oficiais da epidemia no Brasil. Veículos de imprensa (Folha, O Estado de S. Paulo, O Globo, Extra, G1 e UOL), por exemplo, se uniram para compilar seu próprio levantamento diário.

Tais informações, cruciais para administrar a crise, estavam já contaminadas por imprecisão. Epidemiologistas estimam que mortes por Covid-19 sejam pelo menos o dobro do cômputo governamental.

Em lugar de combater o verdadeiro inimigo, um vírus letal e mal conhecido, militares postados no front da pior emergência sanitária em décadas aceitam a missão desonrosa de ocultar suas vítimas.
Herculano
09/06/2020 07:04
Ao Paulo:

Eu não tenho problema de interpretação de texto, especialmente neste caso. É que eu não sou pautado. E você parece que finge não entender.

Enquanto os políticos catadores de votos de dois em dois anos estiveram ausentes em Gaspar neste tempo todo, eu estive presente, levando bordoadas.

É a minha presença interpretativa de textos, mas principalmente o vigor de credibilidade do jornal Cruzeiro do Vale que dará chances para os políticos encontrarem a bandeira do errado na gestão pública por estas paragens.

Você como político, não é melhor do que os outros até ser eleito e provar ser diferente, como o que prega e quer. Aguardo ansiosamente e torço - e não é de hoje - pela sua eleição em outubro. Acorda, Gaspar!
Miguel José Teixeira
08/06/2020 22:10
Senhores,

Na mídia:

"Palácio do Planalto é alvejado com tinta vermelha."

Será que é sobra da mesma tinta vermelha que picharam o prédio onde mora a Ministra Carmen Lúcia em Belo Horizonte?

Nesse caso, os 300 não podem ser culpados, apesar de utilizarem o mesmo "modus operandi".

A não ser que, arremataram a sobra do MST e de forma ardil, estão tentando incriminar àquela corja.

Dessa gente pode se esperar de tudo!
Miguel José Teixeira
08/06/2020 21:55
Senhores,

A pátria armada agora é pátria rentista!

"Guedes diz a deputados que Bolsa Família se chamará Renda Brasil e será pago a informais" (FSP)

Uffa. . .por instantes pensei que passaria a se chamar "FamilyVoucher", haja vista a intimidade que o ministro tem com o idioma inglês.

"Yes, we are all rentiers!"

O ex e futuro presidiário lula está se mordendo!

Paulo Filippus
08/06/2020 19:53
Herculano, tens algum problema com interpretação de texto ou distorces de propósito?

Falei duas vezes, e essa será a terceira, de que a filiação do Sr. Adilson não foi aprovada PELAS PESSOAS que compõem o time de Gaspar, leia-se a pré-candidatos, comissão e membros do partido na cidade. Então me assinale a parte em que eu disse que fui EU que decidi isso sozinho ou que "aqui quem manda sou eu", por gentileza.

E sobre eu ter Bolsonaro "como guru", novamente te desafio a mostrar onde escrevi isso. Ou simplesmente dizer que não me importo de me equiparares à ele num cumprimento pontual de ordem hierárquica confundida com autoritarismo e/ou dizer que ele "representa o Brasil profundo e eu me sinto representado por isso" é o suficiente pra chegares nessa afirmação?

O único homem que chegaria mais perto de ser "meu guru", e o qual eu tenho objetivo de viver à sua semelhança realmente, estudando e tentando praticar diariamente, já partiu desta terra tem 2020 anos.

Eu aprecio seu trabalho. Mas as vezes, como nessa, você realmente passa um pouco do ponto. Espero que tenha humildade em reconhecer e reconsiderar essas insinuações.
Miguel José Teixeira
08/06/2020 18:42
Senhores,

"Brasil é destaque no mundo por esconder dados de mortes por covid-19" (UOL)


Revisitando:

"Nunca-antes-na-história-desse-país" fomos tantas vezes manchetes internacionais por fatos negativos.

Parece-nos que a alteração na frase da Bandeira Nacional feita pelo "pentiunvirato zero-zero" está em vigor:

" ?"DIO E RETROCESSO "

"Dixitque Deus fiat lux et facta est lux"
(Gênesis 1:3)
Herculano
08/06/2020 18:15
A MESMA RÉGUA

Pensando bem... Se o diretório estadual do DEM tiver a mesma disposição "de que aqui quem manda sou eu" como explicitou o presidente provisório da executiva gasparense, o suplente de vereador Paulo Filippus, em comentário em relação a desfiliação do ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, e postado abaixo, que estaria exposto nesse ambiente, seria o próprio Paulo.

Paulo cita Bolsonaro como guru de suas decisões. Mas, Bolsonaro só esticou a corda depois de eleito e empossado. Então...
Herculano
08/06/2020 18:10
TOFFOLI COBRA TRÉGUA ENTRE PODERES E DIZ QUE "DUBIEDADE" DE BOLSONARO SOBRE DEMOCRACIA ASSUSTA

Presidente do Supremo também elogiou empenho do Congresso em evitar crises
Conteúdo de O Antagonista. Texto de Matheus Teixeira, da sucursal de Brasília. O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, afirmou, nesta segunda-feira (8), que ações do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo têm "trazido dubiedades que impressionam e assustam não só a sociedade brasileira, mas também a comunidade internacional".

Toffoli ressaltou que é necessário estabelecer uma "trégua entre os Poderes" para o devido enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. E avisou, em afirmação direcionada "diretamente e em especial" ao chefe do Executivo, que "não é mais possível atitudes dúbias".

O discurso ocorreu em evento por videoconferência em que associações de magistrados, de integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público e entidades da sociedade civil entregaram um manifesto de apoio ao Supremo e ao Judiciário.

O texto é considerado uma demonstração de força do STF em meio a atritos com Bolsonaro. Nele, as entidades afirmam que os ataques à Justiça ameaçam os valores democráticos do país, além de ressaltarem que a liberdade de expressão "não abarca discursos de ódio e a apologia ao autoritarismo, à ditadura e a ideologias totalitárias que já foram derrotadas no passado".

Um dos principais pivôs das disputas com o Palácio do Planalto, Alexandre de Moraes fez questão de participar da solenidade e foi o único ministro presente além de Toffoli.

No discurso, o presidente da corte destacou que o Brasil tem uma "imprensa livre" e que tem atuado com qualidade na "defesa das instituições".

Toffoli elogiou, ainda, a iniciativa de veículos de comunicação de se unirem para compilar os dados do novo coronavírus no Brasil.

Sobre a relação com Bolsonaro, o ministro lembrou que, ano passado, o chefe do Executivo foi "firme junto à sua base contra a abertura de CPI [sobre o STF] e se manifestou publicamente contra processos de impeachment" de ministros da corte.

Toffoli ressaltou que teve "relacionamento harmonioso" com Bolsonaro e seus auxiliares e disse ter certeza que são "democratas, chegaram ao poder pela democracia e pelo voto popular e merecem respeito".

O magistrado também elogiou o empenho do Congresso em evitar crises e adotar as medidas necessárias de combate à Covid-19. E disse que é momento de "diálogo, em vez de confronto, de razão pública no lugar das paixões extremadas".

"Os Poderes da República em todas as esferas da federação, as instituições públicas e privadas e a sociedade civil devem unir forças para, com diálogo, transparência e ciência, preservar vidas, vencer a pandemia e superar suas consequências nefastas nos âmbitos sociais e econômicas", disse.
Herculano
08/06/2020 15:42
PENSANDO BEM...

Gaspar começou a ser tornar manchete estadual. E pode continuar...
Herculano
08/06/2020 15:11
PF VAI INTERROGAR BOLSONARO

Conteúdo de O Antagonista. Com a autorização de Celso de Mello para prorrogar por 30 dias o inquérito sobre Jair Bolsonaro, a Polícia Federal poderá interrogar o presidente, ao final da investigação.

O ministro ainda não definiu quando e como será o depoimento, mas já indicou, em outro despacho, que, como investigado, não poderá marcar data e local nem responder por escrito.

Outra diligência pedida pela delegada Christiane Correa Machado é a obtenção de investigação envolvendo Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro.

O objetivo é apurar mais a fundo se houve vazamento e interferência do presidente no caso.
Herculano
08/06/2020 15:07
SEM PILOTO E INSTRUMENTOS?

Do ex-ministro da Justiça e Segurança do presidente Jair Messias Bolsonaro, sem partido, Sérgio Moro, no twitter nesta tarde:

Imagine um avião em pleno voo na tempestade que, de repente, perde o piloto, depois o substituto do piloto e, por fim, inverte a lógica dos instrumentos de navegação. Não tem como dar certo. Transparência e rumo são fundamentais, especialmente em cenário de crise.
Paulo Filippus
08/06/2020 14:43
Herculano, para clarear suas suposições, eu trago o enredo real do que aconteceu no dia da desfiliação do Sr. Adilson.

Dia 05 de Junho no final da tarde, trabalhando, eu recebi um print da sua coluna com o comentário se referindo a suposta filiação do Adilson. Eu respondi para essa pessoa que "se tratava duma mentira, pois fui eu que fiz e assinei as novas filiações, e não havia feito a dele". Mas em seguida me dei conta que ele poderia ter feito de outra forma, e pedi a pessoa então que "me aguardasse verificar a lista oficial". Mas continuei trabalhando, estava em cliente, lutando pelo meu pão de cada dia, ao contrário da maioria das pessoas que costumas citar aqui do poder atual de plantão que vivem às custas do erário. Gente que não saber fazer nada além de viver da política. Uma maioria que sequer já passou perto da nossa realidade na iniciativa privada que levanta antes das 6 e vai dormir muitas vezes depois da meia-noite, trabalhando sábados, domingos e feriados.

No mesmo dia, minutos depois, Adilson começa me ligar. Eu recuso todas ligações. Me lembro do assunto e vou até a lista oficial verificar. Em seguida eu mando uma foto da tela de desfiliação pra ele pelo whatsapp, questiono "quem o filiou e porque ele passou por cima de nós?". Ele responde minha pergunta e diz que "eu poderia desfilia-lo" se quisesse. Eu respondo que "já havia feito no mesmo instante que soube", pois "ele jamais deveria ter feito aquilo sem falar conosco na cidade". Ele pede desculpas, diz que tenho razão e agradece. Esse foi o enredo real, mais nada.

Sobre as equiparações com Bolsonaro, agradeço. Pois é comum que alguém que se oponha ao poder do establishment e todos os seus braços, como o politicamente correto cheios de não-me-toque no palavreado, seja taxado de autoritário, radical, louco ou qualquer adjetivo neste sentido. A velha tática comunista de "chame-o do que você é, acuse-os do que você faz" nunca fez tanto sentido. Eu não me importo, não me ofendo.

O Jair é um belo exemplo do Brasil profundo, raiz, inclusive no palavreado. E é justamente nisso que eu vejo verdade e me sinto representado, assim como a maioria dos brasileiros. Cansamos de políticos-atores.

Mas ser autoritário é bem diferente de exigir respeito a HIERARQUIA, como vejo ele fazer e este episódio em Gaspar comigo não foi diferente.

Ele o fez com dois ministros incompetentes, saúde e justiça, pela graça de Deus, pois ambos estavam prejudicando o povo. Um impedindo o uso da cloroquina, que agora está em vias de ser sugerida até pela própria OMS. O outro não estava deixando andar uma investigação que fosse contra os governadores que estavam aproveitando a crise pra roubarem na compra de respiradores, e foi só ele sair que as podridões começaram aparecer. E motivos a parte, convenhamos, era sua COMPETENCIA faze-lo, de mais ninguém. Quem o criticou pelas demissoes desconhece o significado de hierarquia e faz malabarismo retórico pra tentar justificar sua opinião em outra coisa.

E, como disse acima, aqui em Gaspar não foi diferente. Existe uma comissão que NÃO FILIOU o Sr. Adilson, e todo um time de pré-candidatos que não foi consultada pela filiação do mesmo. Tentar PASSAR POR CIMA de tudo isso é que significa AUTORITARISMO. Eu só ratifiquei com o meu login e senha, a vontade de todas essas pessoas envolvidas. Sem mais.

E sobre ter verificado a lista oficial antes, como você sugere que eu devesse ter feito. Eu sinceramente nunca tinha ouvido falar na filiação dele, Herculano. Menos ainda imaginava que ele fosse capaz disso. Essa é a verdade. O resto, de novo, é só imaginação sua.
Herculano
08/06/2020 12:35
O ESTADO E OS DADOS, por Ronaldo Lemos, advogado, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, no jornal Folha de S. Paulo.

Debate sobre qual regime de dados deve caracterizar o governo tem de ser público.

Até há pouco, gestores públicos precisavam se preocupar com questões concretas relacionadas ao patrimônio público: manutenção, consertos, reformas, ampliações etc. No entanto, o Estado - como toda e qualquer instituição no planeta - está sendo transformado e engolido pela economia dos dados.

Decidir qual é a posição que cada país terá com relação a essa questão guarda relação direta com a preservação da democracia e a promoção do desenvolvimento.

Há hoje uma decisão fundamental que cada país precisa tomar: se vai manter a gestão dos dados com que trabalha no âmbito do setor público ou do setor privado. Essa não é uma pergunta para a qual há resposta certa. Mas decidir por que lado seguir tem implicações profundas para cada comunidade política.
Países ricos passam fome na pandemia do novo cornavírus

Na Inglaterra e nos Estados Unidos, o caminho que vem sendo adotado com frequência é a cessão dos dados públicos para entidades privadas. Um exemplo recente são os dados coletados para permitir a resposta à Covid-19.

O governo inglês compartilhou uma lista de "datasets" com empresas privadas, cujo grau de detalhes impressiona. Abrangem o monitoramento de todas as chamadas telefônicas para serviços de emergência, dados de hospitais, dados de toda a cadeia de suprimentos de testes de Covid-19, listas de grupos específicos de pacientes e assim por diante.

Em vez de lidar com esses dados internamente, o governo inglês decidiu contratar empresas privadas (como a Palantir) para fazer o processamento.

A decisão não foi bem recebida. Entidades como a Privacy International enviaram uma série de objeções a esse arranjo e à parceria entre o sistema público de saúde e empresas sediadas no Vale do Silício. Uma das entidades questionou: "É inaceitável que um projeto de larga escala envolvendo dados de pacientes esteja sendo desenvolvido por empresas do Vale do Silício sem transparência pública".

A crítica é que toda essa operação estava sendo feita sem nenhuma transparência ou debate público prévio. Tanto é que o contrato entre o governo inglês e as empresas envolvidas só foi publicado na sexta (5), depois de muita pressão e ações judiciais.

Esse caso demonstra que o gestor público hoje, além das preocupações com questões concretas de patrimônio, precisa sempre se fazer duas perguntas em qualquer contrato público: qual é o regime de acesso dos dados gerados a partir dos sistemas públicos e qual é o regime de propriedade intelectual (e governança) dos sistemas que regem esses dados.

Essas duas perguntas são extremamente relevantes para o Brasil. Na semana passada, circulou a notícia de que o Serpro, a empresa pública que processa dados do governo federal, está ampliando o uso e até vendendo serviços de empresas privadas com seus próprios serviços.

De novo, não há resposta certa ou errada para essa decisão. Mas, tal como no caso do governo inglês, medidas como essas não são triviais. Produzem impacto por décadas e podem ser em grande parte irreversíveis.

Debater publicamente qual o regime de dados deve caracterizar o governo brasileiro, nos termos da Constituição Federal, é discussão que precisa ser compartilhada de forma informada e prévia com os diversos setores da sociedade.

READER

Já era?
Esportes de espetáculo só no mundo real

Já é?
E-esportes (esportes digitais) e videogames virando espetáculo

Já vem?
E-esportes substituindo as temporadas "reais" de outro esportes durante a quarentena (como a E-Nascar)
Herculano
08/06/2020 10:22
GOVERNO REDUZ TRANSPARÊNCIA E AMPLIA SIGILO DE PARECERES DE MINISTÉRIOS

Conteúdo do Congresso em Foco. A Controladoria-Geral da União (CGU) restringiu o acesso a documentos solicitados por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). De acordo com reportagem do jornal O Globo, pareceres jurídicos elaborados pelos ministérios que forem enviados como recomendação à Presidência da República na sanção ou veto de projetos aprovados no Congresso serão considerados sigilosos a partir de agora.

O novo entendimento da CGU serviu para barrar o acesso às sugestões de veto encaminhadas pelos ministérios ao presidente Jair Bolsonaro no fim do ano passado, quando ele sancionou o projeto de abuso de autoridade, informa a reportagem de Francisco Leali. Na época, o então ministro da Justiça, Sergio Moro, e a CGU recomendaram o veto de parte do texto do Congresso. Nem todos foram acolhidos.

Esta não é a primeira vez que o governo Bolsonaro dificulta o acesso a informações que deveriam ser públicas. No início do ano passado um decreto assinado pelo então presidente em exercício, Hamilton Mourão, ampliou o rol de servidores com poder para classificar documentos como sigilosos. O decreto foi derrubado pelo Congresso.

Recentemente, já no meio da pandemia, o governo editou uma medida provisória para desobrigar órgãos públicos a responderem a pedidos de informação. A MP foi suspensa pelo Supremo Tribunal Federal.
Herculano
08/06/2020 10:15
da série: o estatizante dando lições. A centralização proposta é a que deu origem ao mensalão e principalmente o petrolão, do qual o PP do senador é um dos maiores sócios.

AMIM: "A GRANDE CAUSA ESTIMULANTE DE MORTES E CORRUPÇÃO FOI A NÃO AQUISIÇÃO CENTRALIZADA", por Diego Amorim, em O Antagonista.

O Antagonista perguntou a deputados e senadores, de todos os partidos, que visão eles têm hoje da pandemia e o que acham que ainda precisa e deve ser feito.

Chegamos ao início de junho com seguidos recordes diários de registros de mortes e a doença continua se espalhando pelo país sem previsão concreta de pico ou coisa que o valha.

O senador Esperidião Amin (PP), líder de bloco parlamentar no Senado, disse que "a grande causa estimuladora de mortes e de corrupção foi a não aquisição centralizada pelo governo federal, ainda que anunciada, de respiradores, equipamentos de proteção individual, testes e leitos.

Além disso, Amin acredita que o país se perdeu em "dúvidas e confrontos decorrentes da incompreensão de que somos uma Federação em um continente de desigualdades".
Herculano
08/06/2020 10:06
AS GRANDE CRISES ACELERAM A HISTóRIA, por Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do Conselho de Administração do Bradesco, no jornal O Estado de S. Paulo

O momento é oportuno para que iniciemos um debate sobre as lições que a pandemia nos trouxe e sobre o que devemos esperar dessa nova fase histórica

De uma coisa já se pode ter certeza neste momento tão marcado pelas dúvidas e pela angústia: passada ou amenizada a pandemia da covid-19, o mundo não será mais aquele que conhecemos até recentemente.

Muita coisa já está mudando ou vai mudar, e em praticamente todos os terrenos da atividade humana. Na economia, na pesquisa científica, nas relações interpessoais, nas formas de comunicação, na educação, na avaliação dos governos, nas prioridades sociais.

É bastante provável que alguma coisa mude também no campo dos valores, isto é, naqueles princípios que as pessoas elegem como bons e necessários para a condução da vida.

Grandes crises, como se sabe, têm o predicado de acelerar a história, e com esta não será diferente.

O momento, portanto, é oportuno para que iniciemos um debate sobre as lições que a pandemia nos trouxe e sobre o que devemos esperar dessa nova fase histórica. Como corrigir erros antigos e nos adaptar com eficiência a esse novo tempo. Como aproveitar as alternativas positivas para melhorar a qualidade de vida, os laços familiares, a coesão social e fortalecer nossas instituições para que possamos enfrentar os novos desafios?

É uma discussão necessária, pois teremos de escolher novos caminhos, e em breve.

Não devemos perder tempo.

Começo com este texto uma contribuição periódica com o jornal O Estado de S. Paulo. Trata-se de uma satisfação e um privilégio pelos quais desde já agradeço.

A crise provocada por um vírus até então desconhecido pelos pesquisadores, e para o qual ainda se busca um tratamento eficaz, foi inesperada, veloz em sua expansão, e de abrangência global. Do ponto de vista da saúde, não sabemos ainda como ela vai progredir, pois mesmo os países que já obtiveram algum sucesso nas medidas de isolamento social temem uma segunda ou terceira onda de contágio.

Este é o aspecto mais dramático da pandemia, mas há outras consequências importantes, e entre elas o problema econômico.

Aqui também temos de lidar com estimativas e avaliações preliminares, mas elas nos dão uma ideia dos desafios que teremos de enfrentar.

Instituições, analistas e entidades preveem quedas históricas para o PIB, só comparáveis ou até superiores à da Grande Depressão dos anos 1930.

Há preocupações correlatas, como o aumento do desemprego, o agravamento do protecionismo, a redução do comércio entre os países e a queda do investimento estrangeiro.

No Brasil, estima-se uma queda desoladora do PIB em 2020.

O impacto no emprego já se vê. Somente em abril, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a perda de empregos formais alcançou 860 mil vagas.

Para o setor público, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, estima déficit primário de RS$ 700 bilhões em 2020.

Lembremos que no início do ano o déficit previsto era de R$ 124 bilhões.

O caso é que crises como esta já ocorreram no século XX, foram superadas e delas resultaram coisas boas.

Foi assim na Grande Depressão americana, que se estendeu por boa parte da década de 1930.

A própria reconstrução dos países europeus após a Segunda Guerra Mundial nos dá outro exemplo. Mesmo num momento tão desafiador como o atual, o Brasil está encontrando suas soluções. Nosso sistema político, apesar de todas as fricções e tensões, confirma-se robusto o suficiente para dar respostas rápidas às necessidades sociais dessa emergência.

O nosso Estado democrático é uma âncora fundamental para o desenvolvimento econômico, a estabilidade macroeconômica e a confiança dos investidores estrangeiros.

O isolamento fez com que praticamente a totalidade das empresas tivesse de se reinventar ou rever as suas táticas e estratégias.

Há muitos relatos de ganhos de produtividade nos mais diferentes setores.

Os canais digitais se consolidam como pontes abertas para o futuro. As compras pela internet avançam no comércio em alta velocidade. Os clientes dos bancos incrementam seu relacionamento pelos canais digitais.

O home office, a educação à distância e as teleconferências, como se vê, vieram para ficar.

Esse já é o novo mundo.

Ganhos de eficiência em todas as atividades serão o caminho para se alcançar a porta de saída da crise. Quanto mais as pessoas e as companhias firmarem compromisso com o fazer melhor, e com empatia ao próximo, estaremos posicionados para os espaços que serão reabertos na tão desejada volta, em segurança, da economia.
Herculano
08/06/2020 10:05
É GRAVE A DECISÃO DE OCULTAR DADOS SOBRE A COVID-19, editorial do jornal O Globo

Governo Bolsonaro retarda divulgação de números, tenta omitir total de mortos, mas recua após pressão

Uma das atitudes elogiáveis do Ministério da Saúde, antes mesmo de o Brasil registrar o primeiro caso de Covid-19, era a transparência. Em entrevistas coletivas, o então ministro Luiz Henrique Mandetta orientava a população sobre como se prevenir de um vírus que já se anunciava devastador. Com a chegada da pandemia, em fins de fevereiro, os informes diários do ministério serviam para divulgar números, traçar um panorama da evolução da doença, fazer projeções sobre o fim da epidemia e desmistificar fake news que contaminavam as redes.

Porém, desde a saída de Mandetta e de seu sucessor, Nelson Teich, ambos por divergências com o presidente Jair Bolsonaro, a transparência se tornou artigo tão escasso quanto respiradores. As coletivas foram esvaziadas, o ministério passou a divulgar os números cada vez mais tarde, e a metodologia das estatísticas foi alterada. Desde sexta, omitiu-se o total de mortos e infectados. No domingo, diante da repercussão negativa do fato, a pasta recuou.

O governo alegou que o atraso era para evitar subnotificações e inconsistências. Mas Bolsonaro admitiu que a intenção era impedir que os dados fossem veiculados no "Jornal Nacional", da Rede Globo. Alguém precisa avisar ao presidente que manipular números da Covid-19 ou retardar a divulgação, para que não entrem no "JN", é inútil ?" até porque eles são informados em edições extraordinárias. A manobra não reduzirá o tamanho da tragédia.

A questão se torna mais grave diante do anúncio de que o governo iria recontar o número de mortos. O ex-futuro secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Carlos Wizard, disse que os dados são "fantasiosos ou manipulados". E que estados e municípios inflam as estatísticas para receber mais recursos. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) reagiu com indignação, dizendo que o governo "insulta" a memória das vítimas.

O ministro Gilmar Mendes, do STF, afirmou, no sábado, numa rede social, que a "manipulação de dados é manobra de regimes totalitários" e que "o truque não vai isentar a responsabilidade pelo eventual genocídio".

O Brasil está se tornando uma espécie de pária pelo comportamento de seu presidente e pelo desastroso gerenciamento da crise. Ocultar ou manipular dados sobre a Covid é ato de extrema gravidade. Governos precisam desses números para planejar o combate à doença, e a sociedade tem todo o direito de ser informada sobre a pandemia.

Felizmente, as instituições estão funcionando, e tentativas de manipulação não deverão surtir efeito. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, disse que o corpo técnico da Casa poderia tabular os números junto às secretarias estaduais de Saúde. O TCU também sinalizou que faria o mesmo.

Não há como escapar da realidade. Com mais de 37 mil mortos, e sem ter atingido ainda o pico da epidemia, o Brasil já é o terceiro país com maior número de óbitos, atrás apenas dos EUA e do Reino Unido. A cada minuto, morre um brasileiro vítima do novo coronavírus. Esconder esses números não fará desaparecer o letal Sars-CoV-2.
Herculano
08/06/2020 10:04
OLIGOPóLIO RESILIENTE, editorial do jornal Folha de S. Paulo

A despeito de avanços na competição, concentração bancária segue elevada demais

O relatório de economia bancária recém-apresentado pelo Banco Central indica algum aumento da concorrência no sistema financeiro, mas trata-se de progresso insuficiente que precisa ser acelerado.

Não houve, em particular, redução relevante no enorme grau de concentração do mercado em 2019. Os cinco maiores bancos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Itaú, Bradesco e Santander) concentraram 80,7% das operações de crédito, percentual não muito distante do medido em anos recentes.

Enquanto isso, o índice de custo do crédito (ICC, o custo médio de todas as operações vigentes sob a ótica do tomador) ficou praticamente estável, em 20,3% ao ano, mesmo depois de quedas consideráveis da taxa Selic, do BC.

Como resultado, a margem de lucro dos bancos cresceu a 16,5%, ante 14,8% em 2018.

A explicação para a estabilidade do ICC estaria na mudança de composição dos financiamentos, com aumento da participação de operações mais rentáveis para pessoas físicas e pequenas e médias empresas, enquanto as grandes companhias passaram a buscar emissões no mercado de capitais.

A concentração não é obstáculo insuperável para o aumento da competição. Tudo depende da regulação ?"e nesse sentido é possível identificar avanços a partir do trabalho realizado pelo BC.

Facilitar a portabilidade de crédito e outros produtos, melhorar o desenho regulatório do mercado, como nos casos do cartão de crédito e do cheque especial, são algumas medidas importantes. Outra iniciativa fundamental é a implantação do chamado open banking, que facilitará o acesso dos consumidores a serviços mais baratos.

Os resultados de algumas dessas ações começam a aparecer. A portabilidade de financiamentos imobiliários, embora ainda pequena, cresceu 200% no ano passado.

Tal pressão também força os bancos a renegociarem ?"30 mil contratos, somando R$ 9,1 bilhões, foram repactuados no período.

Da mesma forma, o BC estima que a alteração das regras do cheque especial, com limitação das taxas em 8% ao mês, poderá reduzir a despesa de juros em 24%.

Esses exemplos mostram que é possível, além de desejável, enfrentar o oligopólio dos bancos e obter resultados positivos. Cumpre, no entanto, persistir na agenda de reformas, com amplo apoio das autoridades também para a entrada de novos participantes no mercado.
Herculano
08/06/2020 10:03
BOLSONARO CRIOU 'PENEIRA' PARA INDICAÇõES POLÍTICAS, por Cláudio Humberto, na coluna que publicou hoje nos jornais brasileiros

O presidente Jair Bolsonaro parece haver se preparado para a fase "inevitável" de fazer acordos com partidos, inclusive do "centrão", para consolidar uma base de apoio no Congresso. Já em maio de 2019, ele criou por decreto o Sistema Integrado de Nomeações e Consultas (Sinc), uma espécie de "peneira eletrônica" que possibilita o controle e a análise de candidatos a cargos em comissão e funções de confiança. As novas regras são rigorosas para dar segurança a quem nomeia o indicado.

Só MESMO DRIBLANDO

Presidente do BNB por um dia, Alexandre Cabral não passou pelo Sinc, graças ao drible depois descoberto do padrinho Fernando Bezerra.

IDEOLOGIA CHECADA

O Sinc é bem mais amplo que o sistema anterior. Agora, se quiser, o presidente tem acesso ao histórico político e até ideológico do indicado.

ESTÁ TUDO LÁ

O levantamento mostra se o candidato ao cargo foi investigado, se foi processado e condenado, até mesmo conexões pessoais e profissionais.

ENTREVISTA DE EMPREGO

O sistema prevê também sabatina que avalia a qualificação técnica do indicado. A fase final é uma entrevista com o ministro ou chefe imediato.

PRó-BRASIL JÁ TEM LISTA DE OPÇõES PARA INVESTIDORES

O melhor gasto público do presidente Jair Bolsonaro, em 18 meses de governo, foi de longe sua viagem à Arábia Saudita, onde recebeu promessa de investimentos de US$10 bilhões no Brasil. O ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, que coordena o programa Pró-Brasil, já tem pronto uma espécie de "cardápio" de oportunidades com descrição minuciosa de cada projeto. Todos os que manifestaram interesse em investir no País, como os sauditas, já sabem o que fazer.

TUDO ORGANIZADO

Braga Netto se orgulha do trabalho de quatro técnicos da Casa Civil que deixam oportunidades de investimento no Brasil ao alcance de um clique.

TRIPLICOU A META

Após o encontro com Mohammed bin Salman, Bolsonaro transformou em US$10 bilhões os US$3 bilhões negociados antes da viagem.

MUITOS BILHõES

Os cerca de R$50 bilhões sauditas representam o maior investimento obtido na História por presidente brasileiro em visita oficial ao exterior.

ILUSTRE VÍTIMA DE FAKE NEWS

O procurador geral Augusto Aras anda amargurado. Apesar do rigor técnico de suas decisões, viajou ao inferno quando Bolsonaro admitiu indicá-lo a vaga no Supremo. Virou alvo a ser abatido. Até entrevistas concedidas de boa fé foram desvirtuadas de má fé, só para prejudicar.

ELES QUEREM IMUNIDADE

Deputados e senadores não estão preocupados com fake news. O teor dos projetos e declarações mostram que eles estão empenhados em uma solução que intimide críticos. Querem pintar e bordar sob aplausos.

TARA LEGISLADORA

Já são 101 os projetos de lei na Câmara sobre "fake news", quase todos loucos flertando com "limites" também à liberdade de imprensa. Só este ano foram 48 projetos, um recorde. Em todo o ano de 2019, foram 41.

FAKE DEMAIS

No mesmo dia em que apresentou projeto para criar "comitê" para dizer o que é ou não é fake news, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) virou alvo de denúncia de criar perfis fakes para espalhar... fake news.

QUANDO CONVÉM

Ex-secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo, agora no governo Dória (SP), reconhece que o Brasil prolongou a curva de contágio sem colapsar o sistema de saúde e, por isso, será possível flexibilizar antes de países europeus, que viveram outro quadro.

DEBATE DE ALTO NÍVEL

O diplomata Pedro Luiz Rodrigues, ex-secretário de Rel. Exteriores do DF, e articulista do Diário do Poder, participa de "live" com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e a economista e advogada Elena Landau para debater o papel da diplomacia na economia após a pandemia.

QUEM GANHOU, GANHOU

Após a maior queda semanal dos últimos 12 anos, o dólar fechou abaixo dos R$5 na sexta (5). A moeda norte-americana voltou ao patamar de meados de março, próximo do início da pandemia.

ENQUANTO ISSO

O ministro Rogério Marinho (Des. Regional) destacou importantes entregas de obras semana passada, do governo federal, que também liberou recursos para "mobilidade, saneamento e ações de defesa civil".

PENSANDO BEM...

...com lei contra fake news, difícil vai ser realizar campanha eleitoral.
Herculano
08/06/2020 10:02
da série: o povo? Que povo? Ou aqui, ao menos até ontem, a maior parte desse povo era feita vândalos. Mas, o presidente está contribuindo fortemente para que eles sejam minoria até as eleições de outubro quando o povo se manifestará contra seus erros, mesmo que indiretamente.

O POVO CONTRA O POPULISMO, por Vinicius Mota, secretário de Redação do jornal Folha de S.Paulo

Aqui e nos EUA, ruas pedem respeito, democracia e responsabilização de poderosos.

A batata do presidente Jair Bolsonaro vai assando lentamente. Neste fim de semana, com menos de 18 meses no cargo, conseguiu a proeza de reunir contra si um movimento de rua que tem tudo para engrossar nos próximos meses. De quebra, jogou mais lenha na fogueira dos crimes de responsabilidade ao interferir, com a sutileza de um Borat, nas estatísticas da pandemia.

Não é para qualquer um. Quando chega uma ameaça ao conjunto da sociedade, sob a forma de guerra ou de infecção mortal, o normal é a maioria da população sublimar divisões internas e cerrar fileiras com seu governante. Basta ter fosfato em volumes mínimos circulando no sangue para o mandatário surfar essa onda.

Na falta do mineral, outra opção seria o clássico "siga o líder". Durante a crise, Donald Trump tem mesclado a sua volúpia bravateira com acenos ao consenso médico. Não pensou duas vezes na hora de propagandear que a política adotada nos EUA para combater o coronavírus se diferencia da catástrofe brasileira.

Mas Trump tampouco tem se salvado da deterioração da imagem. A coisa já vinha ruim para o republicano antes de policiais sádicos asfixiarem George Floyd em Mineápolis. Agora, com manifestações diárias por todo o país, piorou um pouco.

A novidade é que, em várias cidades do mundo, o povo começou a sair às ruas para criticar governantes populistas. Não pede pão, mas respeito, democracia, igualdade diante da lei e equalização de oportunidades. Essa agenda embanana a cabeça binária de trogloditas aqui e alhures.

Ela fala ao coração dos princípios de governança e inclusão que o Ocidente promoveu a duras penas ao longo dos últimos séculos. Denuncia em seus adversários a adesão à violência, ao elitismo e à anulação de tudo o que lhes pareça estranho.

No Brasil e nos Estados Unidos, as ruas gritam pelas regras do jogo democrático, pela valorização da vida e pela responsabilização dos poderosos. Má notícia para as falanges de Jair Bolsonaro e Donald Trump: o segundo semestre não lhes será leve.
Herculano
08/06/2020 10:02
da série: quando a esquerda caviar do atraso começa a renegar seus ídolos que alimentam o populismo de conveniência ideológica, é porque a esquerda como um todo, perdeu a sua referência para influir por meio desses ídolos propositadamente alimentados, sobre os analfabetos, ignorantes, desinformados e fanáticos

UM CRUCIFIXA NO PEITO DE LULA, por Miguel de Almeida, editor e diretor de cinema, em O Globo.

Líder que enterrou a esquerda no Brasil já disse que jamais fará autocrítica

E lá vamos lá de novo...

O Fora Bolsonaro substitui o Fora Temer, que por sua vez vem no lugar do Fora Dilma e, antes, o Fora FHC. Ah, houve antes o Fora Collor e o (meu preferido) Abaixo a Ditadura, que seria uma espécie de Fora Milicos.

A política brasileira soa sempre como uma reprise de enredos, onde os bandidos de ontem passam a ser os mocinhos de antes. Ou vice-versa, conforme o gosto.

Os raciocínios também são bisados.

Senão, vejamos.

Das profundezas das tumbas do ABC, a voz de Lula surge para assacar contra os manifestos da sociedade civil, assinados por milhares de brasileiros, em defesa da democracia, e contra as bolsonarices de domingo a domingo.

É uma redundância política, calcada na mesma sintaxe solteira de pronomes: "a gente é contra", "a gente não lê nada em defesa dos trabalhadores" etc. e tal.

Redundante porque Lula domou o PT para não ir ao Colégio Eleitoral (que derrubou a ditadura militar), se recusou a assinar a Constituição de 1988 (embora haja embolsado salário como deputado constituinte), não quis apoiar a presidência de Itamar Franco (mas assoprou lulamente o nome de Walter Barelli como ministro do Trabalho)...

Agora reconhece estar velho para "ser maria vai com as outras".

Antes de atestar portar velhas ideias, o líder que enterrou a esquerda no Brasil, algo que Getúlio e os militares tentaram sem sucesso, já disse que jamais fará autocrítica.

Na recente narrativa lulista, alguns dos signatários dos manifestos em defesa da democracia, como Fernando Henrique Cardoso, são responsáveis pela assunção de Bolsonaro ao poder.

Há em Lula e no petismo de raiz uma total falta de empatia pelo dissabor alheio. Aquele ódio de classe ("nós e eles") escandido em centenas de discursos gosmentos e sobejamente populistas (ao final ficamos fora do butim da Petrobras e das empreiteiras) mascara somente a luta pelo poder em benefício próprio.

As cartadas de Lula desnudam um jogador cada vez mais de truques manjados. Os outros são os culpados. Os erros dele vão nas costas dos inimigos políticos.

Assim como Lula, Luís Carlos Prestes, todo-poderoso comandante do Partido Comunista, amargou um tempo atrás das grades. Não por corrupção. Em um episódio de teor humano difícil de compreender, deu apoio político ao seu algoz, Getúlio Vargas, mesmo após a ditadura varguista haver entregue sua mulher, Olga Benário, então grávida, aos nazistas, onde morreu num campo de concentração.

Em nome do cálculo político pessoal, Lula atrapalhou a candidatura de Fernando Haddad (que assinou o manifesto em favor da democracia...) e impediu no segundo turno o candidato petista de buscar apoio junto às forças de centro. Havia a proposta de convidar Armínio Fraga para ser ministro da Economia, caso vencesse.

Falta grandeza, falta empatia com o sofrimento do povo brasileiro.

Durante a Campanha das Diretas Já, caso houvesse eleição direta, havia espécie de consenso político de que Ulysses Guimarães seria o candidato do PMDB. E, não havendo, como ocorreu, Tancredo Neves seria o nome do partido no Colégio Eleitoral. Por quê? Ulysses reconhecia que não conseguiria votos suficientes para enterrar a ditadura. Abriu mão em benefício de Tancredo, e os militares tiveram de largar o osso (e o país em frangalhos, não podemos jamais esquecer).

O gesto gentil de Ulysses, o homem que comandou a movimentação das Diretas Já, ajudou o país a vencer uma ditadura de 21 anos.

Lula, o inverso. Sua política brindou o país com 12 milhões de desempregados e destampou a garrafa com o miasma da extrema direita bozonarista.

Ao impedir que o PT se junte às outras forças políticas democráticas e ainda criticar o teor dos manifestos pró-Brasil, Lula escande novamente seu amargor que levou à atual clivagem.

Na década de 1970, diante de um Richard Nixon cada vez mais reacionário, os intelectuais e políticos democratas sugeriram o que parecia ser o único caminho: durante a manhã, alguém deveria espetar em seu peito um crucifixo.

Lula desperta a mesma receita.
Herculano
08/06/2020 10:01
TOLSTóI VIA O CASAMENTO COMO FERRAMENTA SOCIAL DE DESTRUIÇÃO DA VIDA HUMANA, por Luiz Felipe Pondé, filósofo e ensaísta, no jornal Folha de S. Paulo

Autor não se sentia muito bem na vida social de salão, muito comum na aristocracia russa de sua época

O conde Liev Tolstói (1828?"1910) é conhecido pela sua dura crítica à civilização. Mas, antes de irmos à sua crítica social, lembremos que ele quase se matou.

Tolstói sofreu de depressão parte da sua vida, o que revela que pessoas portadoras desse quadro podem desenvolver grandes obras (e ter uma vida rica), exemplificando um daqueles casos que Freud chamaria de sublimação bem-sucedida: quando você faz do seu sintoma algo construtivo.

Tolstói não se sentia muito bem na vida social de salão, muito comum na aristocracia russa de sua época. Indicativo disso era o fato de que preferia viver na sua propriedade rural, onde nascera, Iasnaia Poliana, à vida urbana. E quando foi obrigado pela esposa a se mudar para a cidade, preferiu a provinciana Moscou à cosmopolita e capital do império, São Petersburgo. E em Moscou, comprou uma casa num bairro proletário, apesar de ser uma excelente propriedade. Tolstói era um homem rico.

Em 1882, Tolstói lançou "Uma Confissão", publicado aqui pela editora Mundo Cristão. Uma pérola. Neste breve relato de sua depressão, Tolstói vai das dificuldades do apetite e do sono à falta de libido e ao desejo de se matar, passando por discussões com Schopenhauer e seu pessimismo niilista em filosofia, chegando às duras críticas ao cristianismo morto, na sua opinião, da Igreja Ortodoxa Russa, apoiadora da monarquia autocrática czarista.

O grande russo não se matou, graças a Deus. Sua "cura" se deu quando cunhou sua peculiar concepção de cristianismo radicalmente anti-institucional, associado a uma certa idealização da vida do camponês russo, os mujiques, que ele bem conhecia, uma vez que era proprietário de terras e, em alguma medida, dos servos que nelas viviam. Chegou mesmo a criar uma escola para os filhos dos servos e se dedicou a uma vida próxima ao estoicismo, permeada por um culto à natureza e à vida simples, ainda mais arredio ao mundo urbano e civilizado.

Enfim, se curou, não só pela continuidade da sua obra, mas pelo vínculo com a terra e seus servos, num cotidiano muito próximo deles. É claro, Tolstói não era um santinho, teve amantes entre as servas e, provavelmente, filhos com algumas delas. Estamos longe da percepção puritana e infantil que forma o mundo da cultura hoje, que sonha com super-heróis e super-heroínas mortos para o Eros.

E sua crítica à civilização? A descrição da repressão do desejo feminino em Tolstói é muito conhecida em obras como "Anna Kariênina". Menos conhecidas, talvez, sejam as suas obras em que o grande russo descreve os modos de desespero dos homens dentro dessa mesma civilização. O sofrimento do homem é distinto do da mulher, mas não "menor". Apesar, é claro, que ao homem casado é permitido continuar a ter amantes, e à mulher casada, não. O esmagamento do homem se dá de outros modos.

Sabe-se que Tolstói via o casamento como uma ferramenta social de destruição da vida humana, por mergulhar os casais num tédio profundo. Aparentemente, sua utopia ao final da vida era uma espécie de vida fraterna e rural entre homens e mulheres, sem desejos carnais violentos, regados a comida vegetariana (ele tornou-se vegetariano). Não nos enganemos: Tolstói virou um niilista contra a vida civilizada conhecida e via com bons olhos uma espécie de socialismo cristão radical.

Em novelas curtas, como "A Morte de Ivan Ilitch" e "Sonata Kreutzer", Tolstói descreve a destruição de dois maridos pelo casamento e pela ambição masculina materialista.

O primeiro, que chega à morte "por rim móvel" (Tolstói debochava da medicina de sua época), vê o início da felicidade da sua mulher em se livrar do seu marido combalido, depois de ele se dedicar duramente a realizar todos os desejos da esposa continuamente entediada.

O segundo descreve o desespero do marido tentando evitar que sua mulher bela e jovem o traísse com homens jovens, uma vez que ele, o marido, se desgastara tentando "dar tudo do bom e do melhor" para sua família.

Enfim, a depressão e o tédio são doenças que nos invadem de modo invisível e podem ser mortais e contagiosas.

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