08/10/2018
Da esquerda para a direita: os candidatos Marcelo de Souza Brick, PSD e Pedro Celso Zuchi, PT, com os seus padrinhos derrotados, respectivamente, Décio Neri e Ana Paula Lima, PT, e Jean Jackson Kuhlmann, PSD
Gaspar tinha um candidato a deputado Federal: Marcelo de Souza Brick, PSD. Testado nas urnas, foi o pior, proporcionalmente, o seu desempenho do que quando candidato a prefeito quando chegou em segundo lugar – na frente, inclusive do PT que tentava emplacar Lovídio Carlos Bertoldi, como sucessor do reeleito Pedro Celso Zuchi.
Brick conseguiu na cidade 10.009 votos, ou seja 29,98% dos 33.385 votos válidos desta eleição para Federal, num colégio de 46.254 eleitores.
É pouco. O teste deveria - nas atuais circunstâncias para deputado Federal - começar aos 50% do eleitorado. Agora, há desculpas. Entre elas de que não trabalhou para se eleger, apenas para “ocupar espaços”. No estado todo, Brick conseguiu 12.511 votos.
Dois fatos estão bem claros para ele e seu grupo: uma eleição não é uma brincadeira e tem consequências. Pode ser uma armadilha no presente e perigosamente, no futuro. E sem trabalho, uma marca dele, não se chega a lugar nenhum, mesmo com muita sorte que sempre a acompanhou. A beleza e charme acabam um dia. E as chances que a vida nos reserva, normalmente, também.
A primeira consequência dessa “falta de empenho” é que Brick ficou sem trabalho. Ele, entretanto, tem mais uma chance, se trabalhar para isso. É que o seu padrinho o deputado Jean Jackson Kuhlmann, PSD, de Blumenau, onde foi derrotado duas vezes seguidas para prefeito, não se reelegeu. E pelo visto, também na dobradinha, pouco o ajudou nos votos de fora de Gaspar.
Agora, ambos, vão se agarrar aos santos empregadores deles e de políticos desocupados que sobraram. Os santos são Gelson Merísio, PSD, e João Pedro Kleinubing, DEM, onde Brick estava com um pé. Mas, Merísio tem um discurso de enxugamento da máquina pública derrubada pelos governos das duplas MDB – Luiz Henrique da Silveira, falecido – e Raimundo Colombo, morto no domingo nas urnas.
Se Merísio continuar com esse discurso, e agora mais necessário diante de um oponente que não precisa dele e carrega intrinsicamente este emblema, ambos terão que fazer uma reciclagem para disputar uma vaga no mercado de trabalho. A conferir.
O RETRATO EMBAÇADO DE ZUCHI E OS PADRINHOS LULA E OS LIMAS
Outro que se saiu mal na foto na Gaspar dividida, que ele próprio sempre a quis assim, para então da divisão, sempre se sair com chances, foi o ex-prefeito de três mandatos, que fez o PT nascer aqui, que não conseguiu fazer o seu sucessor na última eleição, Pedro Celso Zuchi.
Zuchi foi a deputado estadual. Soldado, alistou-se no grande esquemão dos seus padrinhos, o deputado Federal e presidente do diretório estadual do PT, Décio Neri de Lima e sua mulher, a deputada estadual, Ana Paula Lima. Todos fervorosos devotos do santo produtor de votos postes, Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente, mas atualmente cumprindo pena em Curitiba, por diversos crimes decorrentes da sua má ação em cargos públicos.
E tudo se saiu pior do que planejou e esnobou pelo PT de Gaspar, de Santa Catarina e Zuchi.
Quando foi para a rua, Zuchi não enxergou direito o mau tempo originado exatamente pela atuação dos seus gurus e padrinhos que tanto defendeu, entre eles, a própria ex-senadora Ideli Salvatti, outra referência dele, a tal ponto de um dia no final de setembro de 2010, sair de um computador da prefeitura de Gaspar que dirigia, uma pesquisa falsa às vésperas das eleições para animar a militância e eleitores analfabetos, ignorantes e desinformados.
Para encurtar: Zuchi obteve em Gaspar neste domingo apenas, repito, apenas 9.722 votos, ou seja 29,03% dos votos válidos, de um total que conseguiu no estado 12.137 votos. O grande líder, mostrou-se murcho. E como no caso de Brick, padrinhos e o grande esquemão do PT, pouco lhe ajudaram fora de Gaspar.
Lições? Muitas.
Entretanto, os petistas não são muito afeitos a isso. Escrevi ontem e corrigi hoje na área de comentários, que “a desculpa do amarelo, é que ele dorme com os pés descobertos”. Só para lembrar: a primeira cor que o PT usou para entrar em Gaspar e Blumenau foi o amarelo e não exatamente o vermelho raiz.
Ouvi ontem, depois da apuração, uma gravação do próprio Zuchi analisando o seu entediante e preocupante desempenho eleitoral por aqui. Atordoado disse ele que à falta de votos deveu-se ao que ouviu na campanha dos próprios gasparenses: não votariam nele, porque o querem candidato e prefeito eleito em 2020. Você acredita nisso?
RIA MACACO. O RABO É LONGO, MAS O GALHO É FRÁGIL
Então repito o que escrevi ontem à noite, corrigi hoje, e que muitos já leram.
Essa gente trata todos como analfabetos, ignorantes e desinformados. Impressionante. O mundo mudou. Então está na hora de uma autocritica sob pena de se terminar muito rapidamente os estoques de desculpas esfarrapadas.
Uma eleição – a de deputado - não exclui outra – a de prefeito daqui a dois anos. Ao contrário. É a reafirmação da força política e eleitoral do grupo que o cerca. Sempre foi assim. E apesar das mudanças, assim será.
Era hora de Zuchi, seu grupo e seu eleitorado insatisfeito com a atual gestão – como insinuou - mostrarem força, mesmo com o PT todo manchado. Era só usar, como usou esse mote. E não colou: nem para ele, nem para Brick. Afinal, o PT vende que em Gaspar há uma marca Zuchi de sucesso. Testada, dessa vez não atraiu muita gente.
Entretanto, esses minguados votos que Zuchi recebeu por aqui, podem sinalizar, como sinalizou, que algo não está bem no retrato atual do que Zuchi fez e deixou como legado, imagem e neste momento para os gasparenses. Ao menos, não foram reconhecidos nas urnas no domingo
Esta eleição, foi para Zuchi e o PT uma pesquisa em tempo real: a urna. E ela não é boa. E pode mudar? Pode! Vai depender dele e da continuidade no nível de zombaria do atual governo liderado pelo MDB e PP – Kleber Edson Wan Dall e Luiz Carlos Spengler Filho, respectivamente -, bem como de outras circunstâncias que ainda se definirão no segundo turno para o governo do estado e brasileiro. É cedo demais para traçar os quadros futuros.
Volto ao angu local. Zuchi deveria ter respondido à pergunta do seu interlocutor da seguinte forma:
- O jogo é jogado. Joguei e perdi. Mas, não fui derrotado. Estou vivo. Aprendi a lição. Vou mudar. Dois fatores foram preponderantes para o resultado aquém do que planejamos. O primeiro é que ninguém aguenta mais o PT e fui tragado pela onda do Bolsonaro e da Lava Jato. E para completar, o trabalho do MDB e PP de Gaspar foi bem feito para neutralizar o voto útil dos gasparenses num candidato da cidade, como eu, que já fiz isso no passado quando o PP criou o candidato de Gaspar, que quase se elegeu, Pedro Inácio Bornhausen”.
Então volto finalizo. Gaspar unida teve na sua história um deputado estadual: Francisco Mastella, com domicílio eleitoral aquei e quase um outro, Pedro Bornhausen, nascido aqui. O resto são experiências da divisão, a melhor marca de Gaspar, por enquanto.
Ainda vou escrever sobre os perdedores individuais nessa cidade fragmentada por diversos interesses e vaidades. Ilhota, por outro lado, teve mais coerência no desempenho de suas lideranças. Aguardem!
Curiosidade. Francisco Mastella (deputado) e Francisco Hostin (prefeito de Gaspar), quando eleitos pelo PDC, tinham o número 17.
É extremamente preocupante o que se fez nestas eleições em Gaspar. O deputado federal reeleito, Rogério Peninha Mendonça, MDB, usou uma lista de verbas de emendas parlamentares que teria mandado para Gaspar.
É do jogo. Mas, perigoso se a Justiça Eleitoral resolver olhar com lupa esse tipo de propaganda enganosa. Algumas ele só as pediu, mas aqui nem chegou ainda. E sem não chegar?
A mesma coisa aconteceu, com o reeleito deputado estadual e que já foi secretário de Infraestrutura, Luiz Fernando Cardoso, o Vampiro, MDB, lá do Sul do estado. A verba que ele disponibilizou para o asfaltamento de parte da Rua Pedro Simon, na Margem Esquerda, não chegou aqui. Se perdeu na burocracia.
Duas coisas aconteceram: a primeira é que se escondeu isso e se fez a obra com recursos próprios do município. E para a enganação ser maior, o governo do MDB de Gaspar a colocaram no tal projeto “Avança Gaspar” que nem aprovado na Câmara estava. E quando a verba chegar, se chegar? Haverá contabilidade criativa?
Com a derrota de Mauro Mariani, MDB, perdeu a esperteza montada pelo Mariani para ser candidato atropelando fatos e atos; o governo de Gaspar perdeu aquilo que já não tinha: tesão pelo candidato e agora está livre para ir de Comandante Moisés; perdeu o ex-prefeito Adilson Luiz Schmitt, que tinha proximidade muito antiga com Mariani, quando o MDB tinha vetado o nome dele na corrida pela Câmara.
Uma constatação e repetição óbvia. As redes sociais e principalmente os aplicativos de mensagens, com suas fake news, deram um banho nesta eleição. E em muitos casos, de desonestidade.
Na mídia tradicional, há séculos, existem várias seções que dividem as notícias, como economia, sociedade, política, cidade, polícia. Agora, é obrigatório se criar, urgentemente, outra para mostrar o que acontece nas trevas da internet. Vai ser sucesso. Vai ser esclarecedora. É necessário.
Uma pena que os jornalistas, cientistas políticos e a polícia ainda não se deram conta deste novo submundo, que pretende ter até um ministério no futuro governo para promover as notícias falsas, a se julgar pelo aconteceu nesta eleição e os discursos fundamentalistas de perdedores, mesmo ganhando.
Quer um exemplo simples do que se entranha perigosamente na sociedade feita de manipuladores? A notícia está nas páginas dos portais e jornais deste domingo e segunda-feira. Uma mesária foi presa interior do Paraná. Ela, do seu aplicativo, na sala de votação onde estava lotada, espalhava notícia de que a urna que cuidava, nascera com os votos preenchidos. Insistia.
Quando a polícia e os prepostos da Justiça Eleitoral chegaram lá para verificar esse fato gravíssimo, constataram que nada disso era verdade. Mais: a própria mesária que denunciava esse fato, assinou a ata que provava a abertura zerada da urna eletrônica que ela dizia estar preenchida de votos.
Este é apenas um exemplo. Há milhões. E alimentam as fantasias, a doença e os discursos de espertos, manipuladores de fanáticos, analfabetos, ignorantes, desinformados e os de intencionalmente má-fé. Como gente com essa índole criminosa, pode governar alguma coisa? Wake up, Brazil!
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