Vendas do varejo caem 0,9% em outubro, maior queda desde 2008 - Jornal Cruzeiro do Vale

Vendas do varejo caem 0,9% em outubro, maior queda desde 2008

13/12/2017
Vendas do varejo caem 0,9% em outubro, maior queda desde 2008

As vendas do varejo caíram 0,9% em outubro ante setembro, o maior recuo para o mês desde 2008, quando a queda registrada foi de 1% contra o mês anterior. O número foi divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e já considera ajustes sazonais.

O IBGE revisou os dados do varejo de setembro. Ao invés de um crescimento de 0,5% nas vendas, conforme havia sido divulgado, o avanço foi de 0,3%. A revisão ocorre por conta da atualização de informações.

No confronto com outubro de 2016, na série sem ajuste sazonal, o comércio teve alta de 2,5%. De acordo com Isabella Nunes, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, esta foi a sétima taxa positiva consecutiva nesta base de comparação, todavia a menor observada nos últimos seis meses.

No ano, porém, o varejo acumula alta de 1,4% nas vendas e, nos últimos meses até outubro, avanço de 0,3%.

Efeito Black Friday

Isabella apontou que a queda acentuada nas vendas em outubro pode ter relação direta com os anúncios de promoções da Black Friday, realizada em novembro. "Essa observação ganha mais força quando a gente observa os resultados por atividades".

Ela destacou que as três atividades que tiveram as quedas mais intensas em outubro foram a outros artigos de uso pessoal e doméstico (-3,5%), tecidos, vestuários e calçados (-2,7%) e móveis e eletrodomésticos (-2,3%). "Tradicionalmente, estes três setores têm estreita relação com as vendas eletrônicas", enfatizou a pesquisadora.

Segundo a pesquisadora, o deslocamento das vendas de outubro para novembro por conta da Black Friday aconteceu de 2014 para cá. "A magnitude dele neste ano a gente precisa esperar os resultados de novembro para poder avaliar", disse.

Varejo ampliado e mercado de trabalho

O comércio varejista ampliado, que inclui a venda de veículos, motos, partes e peças e também material de construção, teve queda de 1,4% em outubro em relação a setembro após crescer por quatro meses consecutivos. Frente a outubro de 2016, foi registrado crescimento de 7,5%. No ano, a alta acumulada é de 3,2% e nos últimos 12 meses, de 1,4%.

Segundo Isabella Nunes, o comércio varejista está 9,7% abaixo de seu patamar mais alto de vendas, observado em novembro de 2014. "Se a gente olhar o varejo ampliado, a distância é de quase 40% do patamar mais alto, que foi em agosto de 2012, por conta da queda na venda de veículos".

"A novidade do mês de outubro é que o volume de vendas acumulado em 12 meses interrompeu longas sequências de queda. No caso do comércio varejista, o resultado de 0,3% nesta base de comparação interrompeu 29 meses de taxas negativas. Já no ampliado, que avançou 1,4% puxado principalmente por automóveis, interrompeu 37 taxas negativas seguidas", avaliou Isabella.

Questionada sobre o que é preciso para reaquecer as vendas no comércio brasileiro, a pesquisadora foi enfática ao apontar o mercado de trabalho. “Ainda temos uma taxa de desemprego muito elevado. São mais de 12 milhões de pessoas de algum modo afastadas do poder de consumo”.

Ela ponderou, no entanto, que a melhora de outros indicadores econômicos, como a queda na taxa de juros e maior oferta de crédito, têm favorecido uma melhora nas vendas quando comparado com o ano passado.

Categorias que recuaram em outubro ante setembro

Outros artigos de uso pessoal e doméstico: -3,5%
Tecidos, vestuários e calçados: -2,7%
Móveis e eletrodomésticos: -2,3%
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -0,3%
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos: -0,7%

Categorias que cresceram

Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 3,4%
Combustíveis e lubrificantes: 2,4%
Livros, jornais, revistas e papelaria: 2,4%

Por região

As vendas do comércio caíram em quase todos os estados brasileiros em outubro ante setembro. Em apenas cinco houve crescimento, com destaque para Minas Gerais, onde o comércio avançou 2,1% no mês. Já as maiores quedas foram registradas em Roraima (-5,2%), Alagoas (-4,5%) e Mato Grosso (-3,3%).

 

Fonte G1

 

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