O PODER COR-DE-ROSA - Jornal Cruzeiro do Vale

O PODER COR-DE-ROSA

26/10/2010 08:07

- Quando discuto com minha mulher, a última palavra é sempre minha... Sim senhora!

Piadinha velha. E bota velha nisso, mas sempre tem um bobalhão contando empolgado, como se ele mesmo a tivesse inventado. Uma brincadeira que normalmente se escuta em rodinhas masculinas, contada para sacanear aquele colega ?P.M.? - o famoso pau-mandado. Porém, a piada não passa da mais pura ironia, pois, na real, não existe homem que, sequer, admita a possibilidade de ser comandado por uma mulher.

Sinto informar aos machos machistas de plantão. O que não passava de uma anedota jocosa e inocente, está se tornando realidade. Se você ainda não recebe ordens de uma mulher, aguarde. Logo, logo, você sentirá o poder cor-de-rosa.

Todos devem estar pensando que o texto tem relação com a possível e provável - segundo os números das pesquisas - eleição da primeira mulher presidente do Brasil. Não, não tem! Entretanto não é mera coincidência. É só mais um sinal dos novos tempos. Prenúncio de que elas estão assumindo o controle.
E não é de hoje. Os primeiros passos para a revolução feminista datam o fim do século XIX. Uma busca por igualdade nas questões mais básicas como: contratos trabalhistas, direito a propriedade e a participação política através do voto. Na década de 60, os protestos com a queima de sutiãs em praça pública, aceleraram ainda mais o processo e de lá para cá, a luta e as conquistas da mulher na sociedade só evoluíram.

Para aqueles que achavam que o melhor movimento feminino era o movimento dos quadris; fiquem ligados. Atualmente as estatísticas não mentem. Em relação ao mercado de trabalho, por exemplo, praticamente não existe mais diferença na remuneração, quando homens e mulheres executam a mesma função. O que antes era desigual e um injusto, agora é equivalente. Além disso, os números comprovam que proporcionalmente as mulheres estudam mais, se aperfeiçoam e naturalmente, acabam ocupando os cargos de maior destaque nas grandes empresas.

Enfim, a mulher moderna é independente e está ganhando mais que os homens. Eu mesmo nem precisava de pesquisas para constatar este fato. Fico até meio constrangido em falar, mas aqui em casa, ela ganha três vezes o que ganho. ?Tá certo que eu sou professor, né...? Isto dispensa comentários, mas não dispensa as piadinhas.

De qualquer forma, aquele padrão tradicional de família, o qual o homem, mantenedor da casa, sai para trabalhar, enquanto a mulher fica em casa e cuida das crianças e dos afazeres domésticos, está praticamente extinto. É coisa do século passado, ou melhor, do milênio passado.

Claro que estas questões sugerem discussões sobre a instabilidade social, com a perda dos valores éticos e morais pela ausência da mulher em casa. Mas a sociedade tem que se acostumar e se reequilibrar, pois não tem mais volta. A realidade é que os novos casais dividem responsabilidades com igualdade de condições em seus papéis. Quem é casado sabe, e quem não é, trate de se interar. Não basta entrar só com a grana. Tem que, no mínimo, lavar uma loucinha, trocar uma fralda, pilotar um fogão, aprender a lidar com a máquina de lavar roupa, entre outras tantas funções que para muitos pode ferir o orgulho masculino.
O fato é que a tendência é piorar, ou melhorar, sabe lá? Quem trabalha no ensino sabe o que estou falando. Nas salas de aula, invariavelmente, os melhores alunos, são alunas. E de longe elas são superioras; mais dedicadas; mais comprometidas e, desde cedo, já sabendo ou procurando saber o que querem. Muito, mas muito, diferente dos moleques, que estão cada vez mais perdidos. Imaturos, demoram, cada vez mais, para virar borboleta. Prolongam a infância, prolongam a adolescência, procurando evitar responsabilidades. Uma geração de idiotas, que preocupa e compromete o futuro da classe.

Se antes, só com o poder que a natureza lhes deu elas já faziam o que queriam de nós, imaginem a agora. Por estas e por outras eu reitero. Companheiros, preparem-se para sentir na pele a ditadura cor-de-rosa. E aconselho, comecem a aprender baixar a tampa do vaso, não deixar as meias largadas em qualquer canto da casa. Apertou a pasta de dente no meio, toalha molhada na cama, marca da latinha de cerveja nos móveis da sala...?Tá ferrado!?

Michel Jaques - michel.jaques@yahoo.com.br

edição 1241

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