Língua portuguesa e conhecimento - Jornal Cruzeiro do Vale

Língua portuguesa e conhecimento

03/04/2012 08:00

Percebo muitas dificuldades em falantes e escritores do idioma luso, certas vezes, no uso de : a, à, há. No que tange à crase, já fartei os sedentos com ampla explanação há dias. Esta, portanto, não mais oferece problemas.

Vamos a ? há ? Esta forma verbal vem do verbo haver e significa existir, estar presente. É assaz comum alguns usuários da língua portuguesa se valerem do verbo, para traduzir haver. Ter indica posse, nunca existir. Ouço dos incautos que em certo local = ?tem?= querendo dizer que existe. Na sala há muitos livros, nunca ?tem?. Outro dado significativo do verbo haver é que é impessoal, prestando-se para o singular e para o plural. Na casa há um árvore, na casa há diversas árvores. Usa-se de ? há ? também para indicar tempo passado. Por exemplo: Há dois anos, há uma hora, há pouco, há um segundo. A boa leitura supre as deficiências e sana todas as enfermidades no uso desta expressão.

Outra palavra que oferece dificuldades é -  o porquê. Quando se usa o porquê, com artigo, substantivado, escreve-se uma única palavra e recebe acento circunflexo no ?ê?. Há uma idade referida como a dos porquês. Neste caso específico é um substantivo.

Quando se faz uma pergunta direta, ou indireta,  vem sempre escrito em duas palavras: por que. Por que choras, menino.  Por que chove tanto. Se vem no final da frase pergunta, o ?e? é acentuado pela própria entonação da voz. Choras tanto por quê?  Viajamos de trem por quê?

Nas perguntas indiretas fica assim: Não sei por que duvidas de tudo. Queres descobrir por que olham com estranheza.  Nas respostas, na indicação de causa, escreve-se porque junto. Choro porque dói o dente. Cheguei tarde, porque perdi o ônibus.

Escreve-se, sempre, separado quando representa um pronome relativo. Assim: As causas por que lutas, pelas quais lutas. Os caminhos por que enveredamos acabam, muitas vezes, na esquina da vida. Nem tudo por que choramos é importante. 

Noto dificuldades, também, no emprego de mal e mau. A palavra mal pode ser advérbio, ou substantivo ? o mal. Mau é antônimo de bom. Um menino mau não gosta de um menino bom. Este tipo agiu mal, de maneira errada. O mal campeia pelo mundo, tanto mau, como bom. O feminino de mau é má. Homem mau e mulher má.

Sói ocorrer erro de uso com as palavras: mas e mais. Mais é um advérbio que indica sempre intensidade, ou soma. Em Matemática, dizemos 2 mais 2, igual a quatro. Este trabalho é mais complicado que o outro, demonstra um indicador maior. Ele é mais forte que os colegas. Alguns trabalham mais, outros menos.
Quanto à conjunção ? mas ? indica uma ideia adversa. O menino estuda, mas, pouco aprende. São sinônimos de mas: todavia, contudo, entretanto, porém, e outros. A palavra porém, no bom Português nunca inicia uma frase, vindo intercalada dentro da oração, sempre, entre vírgulas.  O chefe é bom, porém, nunca sorri. A viagem foi rápida, chegamos, porém, depois da hora.
                    
Alfredo Scottini
alfredo@scottini.com.br

Edição 1376

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